Ligas camponesas
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As ligas camponesas constituem um movimento político surgido a partir da década de 1950 no estado de Pernambuco. Sua origem remonta as antigas Ligas Camponesas da década de 1930, originárias da ação do Partido Comunista Brasileiro no campo. Com a volta do PCB a clandestinidade em 1945, as Ligas Camponesas foram extintas, sobrevivendo algumas, mas sem grande influência no campo.
Em 1954 se formou no engenho Galiléia, da cidade de Vitória de Santo Antão, a Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), com três fins específicos: auxiliar os camponeses com despesas funerárias — evitando que os camponeses falecidos fossem literalmente despejados em covas de indigentes ("caixão emprestado"); fornecer assistência médica, jurídica e educação aos camponeses; e formar uma cooperativa de crédito capaz de livrar aos poucos o camponês do domínio do latifundiário.
No engenho Galiléia trabalhavam cerca de 140 famílias de camponeses em regime de foro: em troca de cultivar a terra, deviam pagar uma quantidade fixa em espécie ao proprietário da terra. É importante frisar que esse engenho já se encontrava em "fogo morto", ou seja, inadequado para plantio de cana-de-açucar.
A SAPPP até recebera apoio, no começo, do proprietário do Galiléia, sendo chamado para a assumir um cargo de honra dentro do movimento, mas com outro proprietários da região o advertiu que tal movimento teria fins comunista e poderia ser perigoso. O proprietário do engenho ordena que o movimento seja desfeito imeditamente, ameaçando os foreiros de expulsão e até de aumentar o valor do foro. Os camponeses decidem resistir, mas sabem que permanecendo isolados no campo não conseguiram resistir por muito tempo. Resolvem então buscar o apoio na cidade, encontrando na figura do advogado Francisco Julião o apoio e o respaldo jurídico que tanto precisavam.
Francisco Julião (que já havia se pronunciado a favor dos camponeses), institucionalizaram a associação. No dia 1 de janeiro de 1955 a SAPPP passou a funcionar legalmente.
A imprensa conservadora rapidamente chamou a SAPPP de "liga", em associação aos movimentos da década de 1940. Em 1959 a SAPPP conseguiu a desapropriação do engenho. Enquanto isso, o movimento espalhava-se pelo interior do estado, e a vitória dos galileus estimulou bastante as lideranças camponesas a sonhar com uma reforma agrária. No início da década de 1960, as ligas já se espalhavam por 13 estados brasileiros, atigindo repercussão nacional e internacional.
FALTA RELATAR A PARTICIPAÇÃO DA PROFESSORA E POETISA PARAIBANA, MARIA CELESTE VIDAL BASTOS, QUE MORAVA EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO À ÉPOCA DO 'GOLPE MILITAR'. TEVE PARTICIPAÇÃO ATIVA, COMO IDEALISTA QUE ERA, JUNTO AOS CAMPONESES DA GALILÉIA E DO ENGENHO BENTO VELHO. FOI PRESA PELO 4º EXÉRCITO, TORTURADA FÍSICA E MORALMENTE. ERA CONHECIDA COMO "A LÍDER DOS CAMPONESES" ( VER JORNAIS RECIFENSES DA ÉPOCA). >>>>ampliar esta pesquisa<<<< Murilo VIDAL, em 09/08/2006. Porém, a instalação do regime ditadorial em 1964 acabou com o sonho camponês, pois as principais lideranças das ligas foram presas e o movimento ferozmente perseguido. De certa maneira, pode-se considerar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como o sucessor das ligas camponesas.