Lourenço de Médici
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Lourenço de Médici (Florença, 1º de janeiro de 1449 — Careggi, 8 de abril de 1492), chamado o Magnífico, foi banqueiro e governante, literato, diplomata, estadista da República Florentina no período renascentista do quattrocento.
Neto de Cosme de Médici (o Velho), era filho de Pedro I de Médici e de Lucrécia Tornabuoni. Casou-se em 4 de junho de 1469 com Clarice Orsini, chamada Leo, nascida em 1450 e morta em 20 de julho de 1488. Era filha de Giacomo Orsini di Monterotondo. Teve sete filhos, dos quais Giovanni di Lorenzo de' Medici tornou-se o Papa Leão X.
Seu pai morreu em `1469, e os filhos, Lourenço e Juliano, foram designados «príncipes do Estado» ou principi dello Stato. O futuro parecia tranquilo até que em 1478 aconteceu a conspiração dos Pazzi, constituindo Lourenço um obstáculo a seus planos ambiciosos. Foi desenhado um plano para matar os dois irmãos Medici na catedral, domingo de Páscoa. Juliano morreu, Lourenço escapou.
Os autores do plano para lhe arrebatar o poder, entre eles Francesco Salviati, arcebispo de Pisa, foram linchados pelo povo enfurecido. O Papa Sixto IV, cujo sobrinho Girolamo Riario era cúmplice, interditou a cidade de Florença por causa dos assassinatos de Salviati e dos Pazzi, apoiando o rei de Nápoles, que desejava guerra. As hostilidades tinham começado, quando Lourenço partiu para Nápoles e, por seu talento diplomático, induziu o rei Afonso e Ferrante de Nápoles a firmarem a paz em 1480 (Pace di Lodi). Com isso, forçava o papa a aceitar também paz. Expôs a própria vida para restaurar a paz, segundo Maquiavel, indo pessoalmente negociar condições favoráveis. E mesmo depois de seu êxito, recusou tudo - desejou ser apenas o mais ilustre dos cidadãos de Florença. Com exceção de Siena, toda a Toscana passara a aceitar o governo de Florença, e oferecia o espetáculo de um extenso principado, governado por uma república de cidadãos livres e iguais.
Protetor de escritores, sábios e artistas, foi o impulsor das primeiras imprensas italianas. Organizador de festas suntuosas, seus gastos excessivos puseram em perigo a fortuna dos Médici e despertaram a ira de Jerônimo Savonarola. Seu filho Pedro II (Piero) (1471-1503) foi expulso do poder por uma revolta instigada por Savonarola, em 1494. Sua aliança com Carlos VIII de França não foi suficiente para recuperar a cidade.
Disseram dele: Senhor indisputável de Florença e seus domínios, enquanto prosseguiu na política interna e externa do avô, aumentou a influência de sua família por toda a Itália. Dirigiu sua hábil diplomacia de modo a obter paz na península, mantendo os cinco Estados principais unidos diante da ameaça crescente de uma invasão vinda dos Alpes. Florença não poderia ter um tirano melhor ou mais agradável, e o mundo jamais viu outro patrono de artistas e letrados como ele. Os poetas Pulci e Poliziano, o filósofo e místico João ou Giovanni Pico della Mirandola, outros grandes artistas como Botticelli e Ghirlandaio, todos encheram seu governo de glória.
Ao final da vida, Lourenço entrou em conflito com Savonarola, mas a lenda que este lhe recusou absolvição antes de morrer a menos que restaurasse a liberdade da cidade de Florença é afastada pelos historiadores — é mesmo lenda. Levou ma vida imoral, pelos padrões burgueses impostos desde o século XIX. A posteridade é que o batizou o Magnífico, traduzindo mal o título magnifico dado na verdade a todos os membros da sua família e durante o século XV aplicado a pessoas importantes na Itália a quem o título, mais alto ainda, de Excelência não se aplicaria.
[editar] Poeta
Lorenço reuniu em sua pessoa a melhor cultura do Renascimento. Diferentemente de muitos humanistas de sua época, apreciava os grandes clássicos italianos dos dois séculos anteriores e na juventude escreveu mesmo uma carta sobre assunto para Frederico de Aragão, enviando-a com uma coleção de poetas italianos antigos.
Seus poemas são classificados como ótimos, entre os críticos da literatura do século XV, variados em estilo e em assunto, desde canzoni do tipo de Petrarca e sonetos, à semi-paródia de Dante intitulada «I Beoni». Suas canzoni a ballo, ou canções populares para dançar dos florentinos, têm uma nota lírica elevada. São consideradas admiráveis suas composições em oitava rima: a «Caccia col Falcone», por exemplo, a «Ambra», fábula mitológica sobre o campo florentino, a «Nencia da Barberino», pintando o amor rústico de modo idílico. Seus «Altercazione», seis cantos em terza rima, discutem a verdadeira natureza da felicidade e encerram com uma prece a Deus de tom algo platônico. Suas «Laude» são de natureza puramente religiosa. Uma peça, «Rapresentazione di san Giovanni e san Paolo», tem curiosa apreciação, bastante moderna, sobre o imperador Juliano. Em enorme contraste, temos suas canções de carnaval, canti carnascialeschi, tão imorais que fazem relembrar a acusação de que Lourenço buscava rebaixar a moralidade dos florentinos de maneira a escravizá-los.
[editar] Posteridade
- Lucrécia de Médici (1470-1550)
- Pedro de Lourenço de Médici (1472-1503)
- Madalena de Médici (1473-1528)
- Giovanni de Médici (1475-1521), Papa Leão X
- Giuliano di Lorenzo de Médici, Duque de Nemours (1478-1516)
- Contessina de Médici (m. 1515)