Madame Satã
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- Nota: Para outros significados de Madame Satã, ver Madame Satã (desambiguação).
João Francisco dos Santos (Glória do Goitá, 1900 - Rio de Janeiro, 1976) pernambucano, mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, adepto à vida noturna e marginal do Rio de Janeiro do início do século passado.
Filho de uma grande família de 17 irmãos, João Francisco chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Depois foi para Recife, onde viveu de bicos. Pouco mais tarde, mudou para o Rio, no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas. Viveu sempre às margens da sociedade por ser negro, pobre e homossexual.
Como era dotado de uma índole irônica e extrovertida, dos Santos logo pegou gosto pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1938, surgiu seu apelido ao desfilar no bloco-de-rua Caçador de Veados. O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de Cecil B. DeMille.
Era freqüentador assíduo do bairro da Lapa (reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930), na cidade do Rio de Janeiro, onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava das meretrizes para que não fossem estupradas ou agredidas por homens que freqüentavam a localidade.
Foi detido várias vezes, tendo estado no presídio da Ilha Grande. Freqüentemente, Madame Satã enfrentou a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra mais de um oficial, geralmente provocado quando insultado ou quando observava alguma injustiça feita aos marginalizados (mendigos, prostitutas, travestis, negros etc.). Por isso, tornou-se um ícone da contra-cultura durante o século XX.
Faleceu logo após a sua última saída da prisão.
No ano de 2002 foi rodado no Brasil um filme sobre a sua vida, que leva o também o nome de Madame Satã, o qual recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais.