Martinho de Dume
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São Martinho Dume | |
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Representação de São Martinho de Dume numa miniatura do Códice Albeldensis, c. 976 (Biblioteca do Mosteiro de San Lorenzo de El Escorial, Madrid). À esquerda, junto da cabeça do santo, pode-se ler Martinus episcopus bracarensis. | |
Nascimento | 518 |
Falecimento | 20 de março de 579 |
Festa litúrgica | 6 de Agosto |
Portal dos Santos |
Martinho de Dume, Martinho Dumiense ou ainda Martinho de Braga (ou Martinho Bracarense) são os vários nomes por que é conhecido Martinho da Panónia, um bispo de Braga e de Dume considerado santo pela Igreja Católica.
Martinho nasceu na Panónia, actual Hungria, no século VI. Estudou grego e ciências eclesiásticas no Oriente. De volta ao Ocidente, dirigiu-se para Roma e para a França, onde visitou o túmulo do seu conterrâneo Martinho de Tours. É tido como o apóstolo dos Suevos, responsável maior pela sua conversão do arianismo ao catoliscismo.
Estabeleceu um mosteiro numa aldeia das proximidades de Braga, Dume, a partir do qual começou a irradiar a sua pregação. Estabeleceu a diocese de Dume (caso único na história cristã - confinada ao mosteiro a que presidia), da qual foi primeiro bispo e, depois, por vacatura da diocese bracarense, foi feito metropolita de Braga, então capital do reino suevo.
Reuniu o Concílio de Braga em 563, tendo proibido que se cantassem muito dos hinos e cantos de carácter popular que estavam incluídos nas missas e noutras celebrações. Ao longo dos anos, a música litúrgica foi sendo fixada no Cantochão, mas o povo, apoiado num substrato musical muito antigo, apoderou-se de alguns destes cânticos da Igreja e popularizou-os, dando-lhes a sua interpretação própria.
Para além de batalhador pela ortodoxia contra os arianos, foi também um fecundo escritor. Entre as principais obras, citamos: Escritos canônicos e litúrgicos. Destacou-se também como tradutor (designadamente, dos Pensamentos dos padres egípcios). Morreu no dia 20 de março de 579 e foi sepultado na catedral de Dúmio. Para si compôs o seguinte epitáfio: Nascido na Panônia, atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza, sagrado bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a celebração da missa. Tendo-te seguido, ó patrono, eu, o teu servo Martinho, igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo.
Martinho de Dume é também uma figura de capital importância para a história da cultura e língua portuguesas; de facto, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado e Domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã.
Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por Martinho e seus sucessores na subsituição dos nomes.
Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos.
[editar] Obras
- Pro Repellenda Iactantia (Em favor da jactância que deve ser repelida)
- Item de superbia (Acerca da soberba)
- Exhortatio humilitatis (Exortação da humildade)
- Sententiae Patrum Aegyptiorum (Sentenças dos Padres Egípcios)
- De ira (Da Ira)
- De correctione rusticorum (Da Correcção dos rústicos)
- Formula vitae honestae (Fórmula da vida honesta)
[editar] Ver também
[editar] Bibliografia
- CALAFATE, Pedro - História do Pensamento Filosófico Português. Idade Média (Volume I)
- COSTA, Avelino de Jesus - S. Martinho de Dume. (XIV Centenário da sua chegada à Península). Braga, Ed. Cenáculo, 1950.
Cota: HG 5.460 (10) V
- SILVA, Lúcio Craveiro da - Estudos de cultura portuguesa. Braga, Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, 2002 (biografias São Martinho de Dume, D. Diogo de Sousa, Francisco Sanches, Cassiano Abranches, Bacelar e Oliveira e Júlio Fragata
- SOARES, Luís Ribeiro - A linhagem cultural de S. Martinho de Dume. Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1997.
Cota: BPB 152.020
Precedido por criação do bispado |
Bispo de Dume 556 - 579 |
Sucedido por João |
Precedido por Lucrécio |
Bispo de Braga 562 - 579 |
Sucedido por Pantardo |