Reino de Tessalónica
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O reino de Tessalónica foi um Estado dos Cruzados que teve uma curta duração durante o século XIII. Foi criado na sequência da Quarta Cruzada.
Bonifácio de Montferrat, o comandante da Cruzada, era visto tanto pelos Cruzados como pelos Bizantinos como o mais provável imperador depois da tomada de Constantinopla em 1204. No entanto, os Venezianos acharam que Bonifácio tinha demasiados laços com o império, uma vez que o seu irmão Conrado pertencia, pelo casamento, à família imperial bizantina. Os Veneianos quiseram, portanto, um imperador que pudessem controlar mais facilamente, e escolheram Balduíno da Flandres como primeiro imperador do Império Latino.
Bonifácio aceitou, relutantemente, esta situação, e dicidiu ir conquistar Tessalónica, a segunda maior cidade bizantina. De início teve de competir com o imperador Balduíno, que também cobiçava a cidade, mas foi Bonifácio quem venceu a disputa, cedendo aos Venezianos os seus territórios em Creta. Tendo tomado a cidade em finais de 1204, Balduíno fundou um reino, nominalmente subordinado ao imperador Balduíno, muito embora o título de rei nunca tenha sido utilizado oficialmente. Fontes posteriores sugerem que Balduíno terá baseado os seus direitos ao trono de Tessalónica no facto de o seu irmão Renier ter recebido Tessalónica aquando do seu casamento com Maria Comnena em 1180. .[1]
O reino abarcava território ao longo da costas egeias da Trácia, da Tessália e da Macedónia, mas as fronteiras interiores eram indefinidas, uma vez que o reino estava permanentemente em guerra com os Búlgaros, que se esforçavam por conquistar território ao Império Bizantino, e com o Despotado do Épiro, um dos "estados sucessores" do Império, que por seu lado tentava reconquistar Constantinpla. O reino enfrentava também ataques do imperador deposto Aleixo III, que se refugiara em Corinto, embora tivesse sido rapidamente derrotado. Depois desta vitória Bonifácio capturou a ilha da Eubeia e ajudou outros Cruzados a estabelecer-se no Ducado de Atenas e no Principado da Acaia, que se tornaram estados vassalos do reino de Tessalónica.
O governo de Bonifácio durou menos de dois anos, ao fim dos quais o rei caiu numa emboscada de Kaloian da Bulgária e foi morto a 4 de Setembro de 1207. O título foi herdado pelo filho de Bonifácio, Demétrio, ainda um bebé, peo que o poder foi exercido de facto pelos nobres da corte. Estes revoltaram-se quase imediatamente contra o Império Latino, mas foram esmagados pelo imperador Henrique da Flandres em 1209. Eustáquio (Eustache), irmão de Henrique, tornou-se então regente em nome de Demétrio. Tirando partido desta situação, Miguel I do Épiro, anteriormente aliado de Bonifácio, atacou o rein em 1210, ao mesmo tempo que os Búlgaros faziam o mesmo. Henrique conseguiu derrotar ambas as invasões. Teodoro, irmão de Miguel, continou a atacar o reino depois da morte deste em 1215. Ao longo dos nove anos seguintes Teodoro foi conquistando gradualmente todo o território do reino à excepção da própria cidade de Tessalónica, desprovida de auxílio uma vez que o Império Latino dedicava todos os esforços a combater o mais poderoso Império de Niceia. Em 1224, quando Demétrio atingiu a maioridade, Teodoro conseguiu finalmente tomar Tessalónica e o reino de Tessalónica tornou-se parte do Despotado do Épiro.
O reino foi reclamado por diversos pretendentes da casa de Montferrat até 1284, e também pelos duques da Borgonha; Balduíno II de Constantinopla prometeu o título a Hugo IV caso recuperasse o trono do Império Latino.
Índice |
[editar] Reis de Tessalónica
[editar] Reis titulares de Tessalónica
- Demétrio de Montferrat (1225–1230)
- Frederico II, imperador do Sacro Império (1230–1239)
- Bonifácio II de Montferrat (1239–1253)
- Guilherme V de Montferrat (1253–1284)
- Hugo IV da Borgonha (1266–1271) (rival)
- Roberto II da Borgonha (1273–1305) (rival até 1284)
- Hugo V da Burgonha (1305–1313)
- Luís da Borgonha (1313–1316)
- Eudes IV, duque da Borgonha (1316–1320?) (os direitos à sucessão foram talvez vendidos, mas deixaram de ser reclamados depois de 1320)
[editar] Notas
- ↑ E.g. Salimbene de Adam, Crónica, edição de 1966, vol. 2 p. 790. Cf. Runciman, 1951-1954, vol. 3 p. 125, e para uma discussão aprofundada Haberstumpf, 1995, p. 56-67}}.
[editar] Bibliografia
- Dinastie europee nel Mediterraneo orientale. I Monferrato e i Savoia nei secoli XII–XV, Walter Haberstumpf, Turim,1995
URL=http://centri.univr.it/RM/biblioteca/scaffale/volumi.htm#Walter%20Haberstumpf
- A history of the Crusades, Steven Runciman, Cambridge University Press, Cambridge, 1951-1954
[editar] Ver também
Montferrat