Sendero Luminoso
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O Sendero Luminoso ("caminho iluminado", em espanhol) é uma organização guerrilheira de inspiração maoísta fundada na década de 1960 pelos corpos discentes e docentes de universidades do Peru (especialmente da província de Ayacucho). Abimael Guzmán (professor de Filosofia da Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga) é considerado seu fundador por excelência, e adota o codinome Presidente Gonzalo.
O Sendero Luminoso é considerado o maior movimento revolucionário do Peru, e está entre os dois maiores grupos de ação da América do Sul (ao lado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC). O seu nome oficial é Partido Comunista do Peru (PCP), porém o nome Sendero Luminoso é mais popular por diferenciar o grupo dos diversos partidos comunistas no Peru. O seu objetivo era o de superar as instituições burguesas peruanas por meio de um regime revolucionário e comunista de base [[camponesa]camponês], utilizando-se do conceito [[maoísta]maoísmo] de Nova Democracia. Desde a captura de seu líder, Abimael Guzmán em 12 de setembro de 1992, o Sendero Luminoso teve apenas atuações esporádicas[1]. A ideologia e as táticas do Sendero Luminoso influenciaram outros grupos insurgentes de caráter maoísta como o Partido Comunista do Nepal (maoísta) e outras organizações associadas ao Movimento Revolucionário Internacional.
Após a prisão de Guzmán, vários líderes do Sendero também foram detidos nos anos seguintes, o que diminuiu bastante as atividades do grupo. Estas incluem principalmente ataques com bombas, além de assassinatos e possivelmente envolvimento com o comércio de pasta de coca. Degladiaram-se com os militares peruanos e grupos paramilitares supostamente treinados pelo Estados Unidos, os Sinchis. Além disso, opõe-se a outra grande força revolucionária do Peru, o Movimento Revolucionário Tupac Amaru.
Estima-se que o SL tenha cerca de 2000 guerrilheiros, e um grande número de membros em outras funções. O grupo é responsável pela morte de aproximadamente 31.000 pessoas, entre civis, camponeses, militares, e militantes de esquerda rivais.
[editar] História
O Sendero Luminoso (SL) surgiu em 1964 como uma dissidência (bandera roja, bandeira vermelha) do Partido Comunista do Peru (PCP), sob orientação do carismático professor Abimael Guzmán (conhecido por sua capacidade de engajar os alunos).
O nome Sendero Luminoso baseia-se em uma máxima do marxista peruano José Carlos Mariátegui: "El Marxismo-Leninismo abrirá el sendero luminoso hacia la revolución" ("O Marxismo-Leninismo abrirá o caminho iluminado para a revolução". Esta citação era usada no cabeçalho do jornal do grupo e no Peru os diversos partidos comunistas são diferenciados pelo título de suas publicações. Os historiadores e estudiosos em geral normalmente se referem ao Sendero Luminoso como PCP-SL.
Na década de 1970 o SL expandiu suas atividades, inicialmente restritas às universidades da província de Ayacucho, para outras universidades no Peru, ganhando força como movimento estudantil. Seguia a linha de outros movimentos revolucionários de então, ou seja: grupos estudantis de classe média ou média-baixa tentando estabelecer a revolução em bases camponesas. (O exemplo mais destacada é o da revolução cubana; no Brasil desenvolvia-se algo semelhante, na chamada guerrilha do Araguaia). Após algum tempo o movimento, no entanto, tentou abandonar suas raízes na universidade e proclamou-se um "partido em reconstrução".
Em 1977 o SL passou da guerrilha rural para a urbana. Nas eleições de 1980, as primeiras após 12 anos de governo militar, o partido recusou-se a participar e promovou ataques e o boicote às seções eleitorais. Em maio daquele ano chegou mesmo a esboçar o começo de uma revolução efetiva.
Na década de 1980 o grupo cresceu bastante, tanto em membros quanto em área ocupada. Suas áreas de dominação eram o centro e o sul do Peru, além de ter presença também nos subúrbios de Lima.
Com a captura de Guzmán em 1992 e demais lideranças até 1995, o Sendero perdeu muito da sua força. Chegou mesmo a enfrentar milícias de camponeses, aos quais supostamente representava. Suas ações passaram a ficar mais espaçadas, sendo as últimas delas um ataque a bomba contra a embaixada estadunidense em Lima (foram mortas 10 pessoas e 30 ficaram feridas) em 2002 e o sequestro de funcionários argentinos que trabalhavam em um gasoduto em Ayacucho (foram libertados após resgate), em junho de 2003.
[editar] Notas
- ↑ Rochlin, James F. Vanguard Revolutionaries in Latin America: Peru, Colombia, México. p. 3. Lynne Rienner Publishers: Boulder and London, 2003. (ISBN 1-58826-106-9).