Serra da Saudade
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Município de Serra da Saudade | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Serra da Saudade é um município brasileiro do estado de Minas Gerais.
[editar] História
Quando os trilhos da antiga Estrada Ferro Paracatu (ramal hoje extinto da Viação Férrea Centro-Oeste) se aproximavam do sopé da serra da saudade, havia ali duas grandes fazendas, além de inúmeras pequenas propriedades. As duas eram a fazenda do Rancho e a fazenda da Serra da Saudade.
A primeira, fazenda do Rancho tinha esse nome derivado de um rancho que aí havia, e onde pernoitavam os viajantes, tropeiros e carreiros, que tinham de transpor a serra ou acabavam de transpô-la. Segundo a tradição local, o morador antigo dessa fazenda fora Pedro Félix, que a vendera a Manoel Ricardo dos Santos e, este, por sua vez, transferiu-a a José Zacarias Machado (Juca Machado). Quanto à fazenda da Serra da Saudade, o primeiro morador de que temos notícia é Miguel Furtando de Mendonça, ainda no século XVIII. Outros se foram estabelecendo, de modo que, em meados do século XIX, havia já aí grandes e pequenos proprietários: Ricardo Pinto Fiúza, Germano Rufo, Alexandre José do Amaral, Domingos Pinto Coelho, Francisco Soares Cardoso, Jerônimo Antunes Vieira e outros Antunes Vieira, Vicente Gomes da Silva etc.
Em 1882, apesar de haver já numeroso grupo de pequenas propriedades, verifica-se no cartório do 1º ofício de Dores do Indaiá, a divisão da fazenda da Serra da Saudade, com 1925 hectares. Esta fazenda foi, então, dividida em partes bem desiguais entre José Lopes Rodrigues Júnior, Elias Xavier Borges, D. Joana Vieira Fiúza, Joaquim Gomes de Morais e Manoel Gomes de Morais (oriundos estes dois de Barbacena), João Pedro da Silva, Ildefonso José Amâncio, José Luís dos Reis, Hermógenes Antônio da Costa, Vitoriano Pereira Pinto, Manoel Ribeiro de Paiva, Basílio Francisco Ribeiro, Serafim Alexandre de Carvalho, Maurício José de Souza, Ana Angélica da Silva, Jerônimo Ferreira da Silva, Jerônimo Vieira Fiúza e vários órgãos. O último mencionado, Jerônimo Vieira Fiúza, teve triste fim; tinha grande patrimônio e representado por algumas dezenas de escravos e, em certa ocasião, a bexiga dizimou-os a todos, deixando o fazendeiro em grande penúria.
Quem herdou a parte maior da fazenda da Serra da Saudade foi José Lopes Rodrigues Júnior, o primeiro mencionado; José Lopes vendeu suas terras para José Calixto Assunção e Joaquim Elias Pereira (os dois, de sociedade, compraram a fazenda com todas as benfeitorias e todo o gado por 70 contos de réis); mais tarde, José Calixto Assunção adquiriu a parte de sócio Joaquim Elias Pereira. E, quando faleceu, D. Maria Praxedes Assunção, sua filha única, herdou-lhe todos os bens.
Quando, a 28 de dezembro de 1922, é inaugurada, em Dores do Indaiá, a estação ferroviária, é dado início aos trabalhos de construção do trecho em direção à Serra da Saudade. O plano era levar a ferrovia até Paracatu e, daí, a denominação da estrada.
Antes de os trilhos chegarem ao sopé da serra, havia, portanto ali, duas grandes propriedades: a fazenda da Serra da Saudade, de D. Maria Praxedes Assunção, e a fazenda do Rancho, de José Zacarias machado. Este fez doação à estrada de dois alqueires de terras, para a construção da estação e demais dependências, com a condição de ser dada à estação o nome de melo Viana. A estação de Melo Viana foi inaugurada a 22 de julho de 1925 e, curiosa coincidência, no mesmo local onde estivera situado o rancho que dera nome àquela fazenda. Dentro do terreno doado surgiram as primeiras casas dos funcionários da estrada, ao mesmo tempo em que outros se iam apossando do mesmo terreno e nele construindo.
Maria Praxedes Assunção distribuiu em vida, entre os filhos, a maior parte de sua fazenda (cada um deles ficou sendo grandes fazendeiros), reservando para si pequena parcela; dessa pequena parte, doou um alqueire para a construção da igreja de N. Sª. do Carmo, que logo foi realmente levantada; e ainda vendeu vários lotes para novos moradores que desejavam construir. Surgiram as primeiras casas comerciais, as pensões, as vendas. Juca Machado abriu a primeira casa comercial; outras se seguiram, como a de Luís Machado, José Domingos de Camargos etc.; José Gonçalves da Costa deu início a pequenas indústrias, com máquinas de beneficiar café, arroz, fábrica de fubá etc. e outras residências foram surgindo e outras ruas se foram formando, ficando uma praça principal, ao redor da estação ferroviária.
Surgiu a rodovia Belo Horizonte – Uberaba, atravessando o arraial de melo Viana; aliás, a inauguração oficial dessa rodovia foi festejada no alto da Serra da Saudade, com a presença do Presidente Getúlio Vargas. Vida nova ganhou, então, o povoado; eram restaurantes bons que se instalaram melhores casas comerciais foram abertas.
Serra da Saudade singulariza-se, desde a formação de seus povoados, pela tenacidade de seus primeiros habitantes que se empenharam na luta para domar o agreste da serra.
Originada por duas fazendas que ali se estabeleceram desde 1882, e que depois se desmembraram passando ao poder de diversas famílias, Serra da Saudade, outrora Melo Viana, foi motivada pelo desdobramento da ferrovia que foi inaugurada em dezembro de 1922 em Dores do Indaiá, quando se iniciaram os trabalhos de construção do trecho ferroviário em direção à Serra da Saudade, com destino a Paracatu. Reafirmava-se assim, que aquele ponto de parada de velhos tropeiros e trilhas de boi carreiro teria seu destino marcado pelo progresso.
A estrada de ferro não só alcançou a Melo Viana daqueles velhos tempos, como prosseguiu sua rota e foi esbarrar para sempre em Barra do Funchal, esplanada ao pé da grande serra, onde bifurcavam dois rios, Indaiá e Funchal. Entre esse trecho foram escavados na rocha dois enormes túneis que permanecem até os dias atuais.
As obras sustadas por força da crise gerada por causa incontestável, a II Guerra Mundial, de 1939 a 1945, nem por isso aquela estrada deixou de prestar relevantes serviços no transporte de cargas das regiões do Alto Paranaíba, já que naquele tempo a região era penalizada pelas conseqüências da guerra, como racionamento de petróleo e outros bens de economia. A antiga Estrada de Ferro Paracatu foi, indiscutivelmente, uma excelente solução.
Com ocorrer dos anos e as mudanças dos tempos e os governos a ferrovia foi classificada com antieconômica, tendo seus trilhos arrancados definitivamente em 1969, juntamente com toda a Viação Centro-oeste, Bom Despacho – Paracatu, e com eles o coração de um povo que é símbolo de tantas tradições.
Afinal, a lei nº. 336, de 27 de dezembro de 1948, elevou o arraial de Melo Viana a distrito do município de Dores do Indaiá, cm a denominação de Comendador Viana, nome inteiramente estranho para aquela gente, sem qualquer significado para a população local. Foi solene e festiva a instalação do distrito de Comendador Viana.
Ao ser discutida a última divisão administrativa do Estado, na Assembléia Legislativa, pessoas do lugar pediram fosse retirado aquele topônimo que nada representava para a povoação. E a lei nº. 2764, de 30 de dezembro de 1962, contendo a nova divisão administrativa do Estado, elevou o distrito a município, desmembrado de Dores do Indaiá, dando-lhe a denominação que tem hoje, Serra da Saudade, nome belíssimo, talvez o mais belo topônimo do Brasil e que, na verdade, é o nome da fazenda primitiva, onde se localizaram os primeiros povoadores. A 30 de agosto de 1963, foi instalado o município de Serra da Saudade; na mesma data foi empossado seu primeiro prefeito, José Ribeiro da Silva.
Em 1 de março de 1963, foi fundada a prefeitura Municipal sendo administrado pela Sra. Elza Gonçalves Moreira, designada pela Secretaria do Interior e Justiça até que foi eleito pelo povo em 3 de junho o primeiro prefeito, José Ribeiro da Silva.
Serra da Saudade, um dos pontos geográficos de grande beleza, plantado no pé da milenar Serra da mata da Corda, e berço de uma história que guarda em suas páginas o tropel das caravanas de levas que conduziram nossos antepassados até os confins dos sertões da velha província das Gerais.