Minas Gerais
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Hino | |||||
Localização | |||||
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Região | Sudeste | ||||
Capital | Belo Horizonte | ||||
Estados limítrofes | São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal | ||||
Mesorregiões | 12 | ||||
Microrregiões | 66 | ||||
Municípios | 853 | ||||
Características geográficas | |||||
Área | 586.528,293 km² | ||||
População | 20.595.499 hab. IBGE/2006 | ||||
Densidade | 30,43 hab./km² | ||||
Clima | Tropical Aw | ||||
Indicadores | |||||
Analfabetismo | 11% 2003 | ||||
Mortalidade infantil | 20,8‰ 2003 | ||||
Expectativa de vida | 73,8 anos 2004 | ||||
Índice Gini | ' | ||||
IDH | 0,773 PNUD/2000 | ||||
PIB | R$ 144.544.822 mil IBGE/2003 | ||||
PIB per capita | R$ 8.767 IBGE/2004 | ||||
Outros | |||||
Gentílico | mineiro | ||||
Sigla | BR-MG |
Minas Gerais é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Sua extensão territorial é de 588 384,30 km², equivalente à da França. Localiza-se no Sudeste e limita-se a norte e nordeste com a Bahia, a leste com o Espírito Santo, a sudeste com o Rio de Janeiro, a sul e sudoeste com São Paulo, a oeste com o Mato Grosso do Sul e a noroeste com Goiás, incluindo uma pequena divisa com o Distrito Federal. O atual governador do estado é Aécio Neves.
O estado é o segundo mais populoso do Brasil, com quase 21 milhões de habitantes.(IBGE/2006) Sua capital é a cidade de Belo Horizonte, que reúne em sua região metropolitana cerca de 5 milhões de habitantes.
Minas Gerais possui o terceiro maior Produto Interno Bruto do Brasil, atrás dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, embora em um importante indicador de capacidade econômica, a arrecadação de ICMS, Minas tenha superado o Rio de Janeiro no ranking nacional.
Minas Gerais é muito importante também sob o aspecto histórico: cidades erguidas durante o ciclo do ouro no século XVIII consolidaram a colonização do interior do país e estão espalhadas por todo o estado. Alguns eventos marcantes da história brasileira, como a Inconfidência Mineira, a Revolução de 1930 e o Golpe Militar de 1964 foram arquitetados em Minas Gerais.
Índice |
Geografia
Relevo, clima e vegetação
O Estado de Minas Gerais está localizado entre os paralelos de 14º13'58' ' e 22º54'00' ' de latitude sul e os meridianos de 39º51'32' ' e 51º02'35' ' a oeste de Greenwich. As terras mineiras estão situadas num planalto cuja altitude varia de 100 a 1500 metros, possuindo um território inteiramente planáltico, não apresentando planícies. As maiores altitudes estão nas serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da Canastra e do Caparaó, com terrenos acima dos 1700 metros. O ponto culminante do estado é o Pico da Bandeira, com 2.891,9 metros de altitude, situado na divisa com o estado do Espírito Santo.
Mais da metade do estado localiza-se no Planalto Atlântico, com relevos de "mares de morros", enquanto que, na sua porção noroeste, o estado apresenta os platôs do Planalto Central.
Os climas predominantes em Minas são o Tropical e o Tropical de Altitude. As regiões mais altas e o sul do estado apresentam as temperaturas mais baixas, chegando a atingir marcações próximas de 0°C. Nas regiões sul, sudeste, leste e central do estado são registrados os maiores índices pluviométricos. Em outro extremo, nas porções norte e nordeste, as chuvas escassas e as altas temperaturas tornam essas regiões muito susceptíveis à seca.
Originalmente, a cobertura vegetal de Minas Gerais era constituída por quatro biomas principais: Cerrado, Mata Atlântica, Campos rupestres e a Mata seca. O Cerrado ocupava praticamente metade do território do estado, ocorrendo nas regiões central, oeste, noroeste e norte. A segunda maior área de cobertura era representada pela Mata Atlêntica, nas porções sul, sudeste, central e leste mineiras, tendo sido severamente desmatada e atualmente reduzida a pequenas áreas.
Regiões hidrográficas
Minas Gerais abriga em seu território as nascentes de importantes rios brasileiros. O território do estado está inserido nas seguintes regiões hidrográficas brasileiras: São Francisco, Paraná, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste.
O Rio São Francisco é o principal rio de Minas Gerais e um dos mais importantes do Brasil. Nasce na Serra da Canastra e drena quase metade da área do estado, incluindo as regiões central, oeste, noroeste e norte.
A porção de Minas Gerais inserida na região hidrográfica do Paraná é a responsável pela maior parte da energia elétrica gerada no estado através de usinas hidrelétricas. O rio Grande e o rio Paranaíba, formadores do rio Paraná, nascem em Minas Gerais, e suas áreas de drenagem abrangem as regiões oeste e sul do estado.
Outras importantes bacias hidrográficas de Minas Gerais são as dos rios Doce, Paraíba do Sul, Jequitinhonha e Mucuri.
Principais municípios
Minas Gerais é o segundo Estado mais populoso do país, com 19,2 milhões de habitantes (FJP,2005) que se distribuem por 853 municípios, sendo a unidade da federação brasileira com o maior número de municípios. Os municípios mineiros representam 51,2% dos existentes na região Sudeste e 15,5% dos existentes no Brasil.
A capital do estado é Belo Horizonte, concebida e planejada para substituir a colonial Ouro Preto ao final do século XIX, então saturada e esgotada em sua capacidade de infra-estrutura para sediar o governo. Dentre os inúmeros fatores que pesaram na criação de Belo Horizonte, a localização privilegiada foi determinante, por estar a capital quase centralizada no estado. Sua construção foi marcada pela formulação de planejamento urbano específico, espelhado no exemplo de Boston (EUA). Foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897 com o nome de Cidade de Minas.
Belo Horizonte é também a cidade mais populosa do estado, com 2,4 milhões de habitantes (FJP,2005). Juntamente com outros 33 municípios, constitui a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), com 4,9 milhões de habitantes, terceira maior aglomeração urbana do Brasil. Em relação às demais capitais brasileiras, sua distância máxima (até Boa Vista) não passa de 3.118 km, e em relação aos municípios mineiros não vai além de 865 km (Formoso). Sua localização faz com que por meio dela ou em suas cercanias passem rodovias federais muito importantes para a interligação nacional, como as rodovias BR-040, BR-262, BR-381, dentre outras.
Outras cidades mineiras importantes são Araguari, Araxá, Barbacena, Betim, Caratinga, Conselheiro Lafaiete, Contagem, Coronel Fabriciano, Curvelo, Diamantina, Divinópolis, Governador Valadares, Ibirité, Ipatinga, Itabira, Itajubá, Itaúna, Ituiutaba, João Monlevade, Juiz de Fora, Lavras, Manhuaçu, Montes Claros, Muriaé, Ouro Preto, Paracatu, Passos, Patos de Minas, Patrocínio, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Ribeirão das Neves, São João Del Rei, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Timóteo, Tiradentes, Ubá, Uberaba, Uberlândia, Unaí, Varginha, Vespasiano e Viçosa.
Segmentação territorial
Pelo critério do IBGE, o Estado de Minas Gerais pode ser dividido em 12 Mesorregiões, as quais são formadas por 66 Microrregiões.
O governo estadual, entretanto, utiliza desde 1985 outra segmentação territorial de Minas Gerais, dividindo seu território em 10 Regiões de Planejamento (RP's): Alto Paranaíba, Central, Centro-Oeste de Minas, Rio Doce, Jequitinhonha/Mucuri, Mata, Noroeste de Minas, Norte de Minas, Sul de Minas e Triângulo (Governo de Minas).
- origem: Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, de 1985.
Economia
O estado de Minas Gerais é o terceiro estado mais rico da Federação, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. A estrutura econômica do Estado apresenta um equilíbrio entre os setores industrial e de serviços, responsáveis respectivamente por 45,4% e 46,3% do PIB de Minas Gerais, enquanto a agropecuária contribui com apenas 8,3% (FJP).
Indústria
Minas Gerais possui o terceiro maior parque industrial do país, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. Os principais tipos de indústrias que atuam no estado são extrativa (mineração), metalúrgica, automobilística, alimentícia, têxtil, construção civil, produtos químicos e minerais não-metálicos (FJP). As regiões em que a indústria apresenta maior destaque são Central, Rio Doce, Zona da Mata, Sul e Triângulo.
Agropecuária
Na agricultura, apresentam maior destaque no Estado a produção de cana-de-açúcar, café, soja, milho, abacaxi, cebola, feijão e banana. Na pecuária, os maiores desempenhos são da bovinocultura de corte, suinocultura, avicultura e a produção de leite (FJP).
Energia
A capacidade instalada de geração de energia elétrica de Minas Gerais em 2000 era de 11.435 MW, representando cerca de 17% do total do Brasil. Prevê-se que até 2005 mais 2.300 MW sejam incorporados ao sistema energético do Estado.
A inaguração recente das usinas hidrelétricas de Irapé, Capim Branco I e Capim Branco II em 2006 ampliou essa capacidade.
Além da capacidade de geração instalada, Minas Gerais é importante no campo energético do Brasil pelo fato dos rios de maior potencincial hidroelétrico do pais nascerem no estado, incluive os rios que abastecem a Usina Hidrelétrica de Itaipu.
A principal concessionária de energia elétrica do Estado - distribui eletricidade para 97% do Estado - é a Companhia Energética de Minas Gerais S/A (CEMIG), que tem como maior acionista o Governo de Minas Gerais. A área de concessão da CEMIG compreende 774 das 853 municipalidades mineiras. Estão interligados ao seu sistema 5.415 localidades e 5,3 milhões de usuários. A rede de distribuição da Companhia é a maior da América Latina, estendendo-se por mais de 315.000 km. A CEMIG possui ações de várias outras empresas de energia espalhadas pelo Brasil, dentre elas a Light, do Rio de Janeiro, e suas ações são negociadas em São Paulo e Nova York.
Os demais 79 municípios do Estado são atendidos por outras quatro concessionárias, sendo a maior delas a Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina, qua atende a 67 municípios da Zona da Mata do estado.
Exportações
No acumulado de janeiro a outubro de 2006, Minas Gerais exportou 12,85 bilhões de dólares, volume equivamente a 11,33% do total brasileiro, abaixo de São Paulo (33,28%), e à frente do Rio Grande do Sul (8,58%), do Rio de Janeiro (8,34%) e do Paraná (7,28%).
Demografia
Como todos os demais estados da região sudeste do Brasil, Minas Gerais apresenta alta taxa de urbanização, que se acelerou em um crescimento explosivo entre os anos 60 e 80, o causou distorções com relação ao acesso universal à infra-estrutura urbana.
As regiões mais densamente povoadas são a Metalúrgica, Campo das Vertentes, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Zona da Mata e Sul.
O estado possui 12.680.584 (IBGE/2002)eleitores, o segundo maior colégio eleitoral do país, apenas atrás de São Paulo.
Etnias
Cor/Raça | Porcentagem |
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Brancos | 47% |
Negros | 7% |
Pardos | 43% |
No final do século XVIII, o historiador britânico Kenneth Maxwell escrevera que a sociedade mineira compunha um complicado mosaico de grupos e raças, de novos imigrantes brancos e de segunda e terceira gerações de americanos natos, de novos escravos e de escravos nascidos em cativeiros"(...).[1].
Atualmente, a maior parte da população mineira é descendente de colonos portugueses e/ou de escravos africanos que ali chegaram no século 18. Além desses, contruíram para a diversidade da população mineira índios, bandeirantes paulistas, italianos, alemães, sírios, libaneses e espanhóis.
Os indígenas
Os povos indígenas contribuíram de forma significativa para a formação do povo mineiro. Os índios mineiros foram dizimados aos milhares entre os séculos XVII e XVIII. Por esse fato, a miscigenação dos índios mineiros é um fato relativamente recente, que se deu sobretudo no século XIX: os grupos de ameríndios que restaram acabaram por sair de suas tribos em busca de melhores condições de vida na zona rural e até mesmo nas cidades. Com essa saída das tribos, os índios (e sobretudo as mulheres indígenas) acabaram se casando com os descendentes de portugueses.
Os bandeirantes
A região das Minas Gerais foi desbravada pelos bandeirantes paulistas no século XVII. As entradas eram iniciativas que visavam a procura de novas fontes de riqueza, em razão da grande pobreza que era a capitania de São Vicente. As bandeiras começaram ainda no século XVI, época em que as principais vítimas eram os indígenas, que eram laçados e obrigados a trabalhar como escravos. Em meados do século XVII, o número de indígenas já estava muito reduzido, então os paulistas partiram em buscar de novas riquezas, encontrando pedras preciosas nas região das Minas. Os bandeirantes tiveram o monopólio das minas de ouro até o início do século XVIII, quando eclodiu a Guerra dos Emboabas e acabaram por perdê-la.
Vindos em grandes expedições, os paulistas fundaram vários povoados que existem até hoje, tal como Sabará, Mariana e Ouro Preto.
Os portugueses
Os descendentes de portugueses formam a maioria da população mineira. Os primeiros portugueses chegaram à região das Minas Gerais ainda no século XVII, porém só chegariam em grande número no século XVIII. Com o fim da Guerra dos Emboabas, os portugueses passaram a monopolizar as minas de ouro, o que atraiu pessoas de todos os cantos da colônia e principalmente de Portugal. As notícias sobre as riquezas encontradas no Brasil se alastraram por Portugal, trazendo um enorme contingente de lusitanos para a região das Minas.
A região do Minho, situada ao Norte de Portugal, estava sofrendo uma crise de superpopulação e desemprego. Isso contribuiu para que a maior parte dos portugueses que chegaram em Minas Gerais fossem minhotos.[2] Apesar de pouco estudada, a imigração de minhotos para as Minas Gerais no século XVIII foi um dos maiores fenômenos imigratórios da História. Além do Minho, vieram colonos da Beira Alta, Alto Trás-os-Montes, dos Açores, etc.
No século XVIII, havia portugueses de diversos segmentos em Minas Gerais: desde os ricos mineradores escravagistas, passando por comerciantes e chegando em mendigos miseráveis. O processo de miscigenação em Minas Gerais foi intenso: os portugueses mais pobres rapidamente se misturavam com mulheres negras e mestiças. Os homens de famílias mais ricas se casavam com mulheres portuguesas ou com brasileiras brancas de origem portuguesa. Todavia, havia um crescente número de mulatos, filhos de pai português e mãe africana.
Após a independência, a imigração de portugueses para Minas Gerais se tornou insignificante, pois 90% deles passaram a ir para o Rio de Janeiro ou São Paulo.
Os africanos
Depois dos portugueses, os descendentes de africanos são maioria no estado. A escravidão africana em Minas Gerais acompanhou o processo da mineração e a sua decadência. No início do ciclo do ouro, tentou-se usar da mão-de-obra livre, mas o trabalho árduo passou a afastar as pessoas e, então, o escravo africano passou a ser largamente trazido para a região. Os negros mineiros vieram em sua maioria de Angola, embora pertencessem a diversas etnias. Um escravo tinha média de vida de sete anos trabalhando na mineração, o que obrigava os colonos a trazer cada vez mais africanos, que passaram a compôr a maioria da população mineira no século XVII.
Por ser uma sociedade urbana, nas Minas Gerais colonial, ao contrário do Nordeste, os escravos possuíam mais chances de mudança de status social. Muitos escravos (chamados escravo de ganho) faziam trabalho remunerado, como de sapateiro, alfaiate, etc, e assim, conseguiam dinheiro para comprar sua carta de alforria. Além disso, também havia o contrabando de ouro e diamante, o que podia propocionar ao escravo uma maior ascenção social, embora fossem casos raros.
A miscigenação também contribuiu para uma maior ascenção social dos descendentes de escravos. Muitos mulatos eram educados e trabalhavam com remuneração, podendo obter sua liberdade.
A escravidão africana em Minas Gerais entrou em decadência junto com a mineração, no final do século XVIII, todavia, voltou a crescer com o desenvolvemente da agricultura e pecuária, no século XIX. Em 1870, mesmo depois do fim do tráfico de escravos, ainda havia 300 mil escravos em Minas.
Os italianos
A imigração italiana em Minas Gerais durou menos de dez anos, mas foi o suficiente para trazer cerca de 70 mil italianos para o estado. [3]. Os primeiros italianos chegaram ao estado na década de 1880, e rumaram para Juiz de Fora e São João del-Rei, para trabalharem nas colheitas de café, mas enquanto em outros estados brasileiros os italianos já se faziam presentes há décadas, em Minas Gerais só começaram a chegar em maior número no ano de 1892, quando o governo de Minas criou um lei que favorecia a entrada desses imigrantes. Entre 1892 e 1897, o governo fez alguns contratos que trouxeram milhares de italianos para o estado. De fato, Minas Gerais recebeu o terceiro maior contingente de italianos no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Ao contrário do que aconteceu em São Paulo, os italianos em Minas Gerais não vieram para trabalhar exclusivamente nos cafezais, pois foram atraídos principalmente para ocuparem colônias agrícolas, semelhantes àquelas criadas no Sul do Brasil. Mas em Minas Gerais, os italianos rapidamente saíram dessas colônias e passaram a se dedicar à outras atividades. Em Belo Horizonte, os primeiros italianos chegaram para trabalhar na construção da nova capital, em 1897. Nos arredores de Belo Horizonte foram criadas três colônias agrícolas: Barreiros, Carlos Prates e Américo Werneck. Ali foram assentadas famílias italianas, com o intuito de trabalharem na agricultura para abastecer a cidade com alimentos. Com o crescimento da cidade, essas colônias foram engolidas e urbanizadas e muitos italianos passaram a se dedicar à fabricação de tijolos, enquanto outros se tornaram industriais e comerciantes.
A imigração italiana foi de fundamental importância para o desenvolvimento do sul de Minas Gerais. Atraídos para trabalhar nas fazendas de café após o fim da escravidão, os italianos fincaram raízes em diversos municípios, como Ouro Fino, Monte Sião, Lavras, Andradas, Poços de Caldas, São João del-Rei, Juiz de Fora, Leopoldina, etc. Hoje os descendentes dos imigrantes italianos formam a maioria da população em diversas localidades do sul de Minas. Muitos passaram a se envolver com a produção de café, onde vários se tornaram ricos fazendeiros.
Os italianos em Minas Gerais eram largamente originários da Emília-Romanha, do Vêneto, da Calábria e Campânia. Estima-se que cerca de dois milhões de mineiros sejam descendentes de italianos.
Os alemães
Embora de forma discreta, houve uma significativa imigração alemã em Minas Gerais. Em algumas cidades mineiras, a presença dos imigrantes alemães foi fundamental para seu desenvolvimento. Em 1856, chegaram 2.091 alemães em Teófilo Otoni, no Nordeste de Minas. Foram trabalhar na construção de uma ferrovia e, posteriormente, receberam lotes de terras. Em 1858 chegaram 1.193 imigrantes alemães em Juiz de Fora. Essas foram as duas únicas colônias alemãs de Minas Gerais. Além dos alemães, outros germânicos como suíços e austríacos também viriam, mas em número reduzido. Com o passar do tempo, a grande maioria dos descendentes acabam por perder os costumes germânicos dos antepassados e se integraram completamente à sociedade mineira.
Os sírio-libaneses
A imigração de povos árabes para Minas Gerais se fez notar no início do século XX. Embora chamados de turcos, eram provenientes da Síria e Líbano e, segundo o censo de 1920, 8.684 sírio-libaneses viviam em Minas. Dedicados em sua imensa maioria ao comércio, os árabes chegaram a monopolizar o comércio de várias cidades do interior de Minas Gerais. Em cidade grandes, como Belo Horizonte e Juiz de Fora, também participaram ativamente no comércio.
Os espanhóis
Depois dos italianos, foram os espanhóis o grupo de imigrantes que chegou em maior número em Minas Gerais no final do século XIX, somando cerca de dez mil imigrantes. Trabalharam sobretudo nos núcleos coloniais nos arredores de Belo Horizonte.
Os mestiços
A miscigenação de raças sempre fez parte da História do povo mineiro. Hoje em dia, pode-se dizer que os mineiros são fruto de uma intensa miscigenação de antigos colonos portugueses, com os índios nativos, os escravos africanos e, mais recentemente, com imigrantes de várias partes do mundo, principalmente italianos.
Regiões culturais
São Francisco
- Geografia: Cortada pelo rio São Francisco, de clima tropical quente e formado por depressões, é uma das regiões mais pobres de Minas Gerais.
- Economia: A economia é altamente agrícola, com destaque para a produção de milho, mandioca e feijão, além da criação de gado.
- Povoamento: O povoamente da região se deu no século XVII, quando foram criadas as primeiras fazendas de gado.
- Grupos étnicos: A população é formada pela miscigenação de portugueses, africanos e índios e, em menor medida, de árabes sírio-libaneses.
Nordeste de Minas
- Geografia: Possui características da Região Nordeste do Brasil, sendo a parte mais pobre de Minas Gerais. O clima é quente, beirando o semi-árido, formada por Planalto Atlântico.
- Economia: A economia é baseada na pecuária e extrativismo vegetal.
- Povoamento: O povoamento da região se deu sobretudo no século XVII, em razão da exploração de pedras preciosas.
- Grupos étnicos: A população é formada pela miscigenação de africanos, índios e portugueses.
Região Metalúrgica
- Geografia: Clima quente e úmido no verão e, no inverno, frio e seco. Tem relevo de planalto e serras.
- Economia: É a região mais rica de Minas Gerais e a economia é diversificada e altamente industrializada. Foi importante pólo aurífero na época do ciclo do ouro.
- Povoamento: O povoamento começou com a mineração no século XVII. Com a sua decadência, no final do século XVIII, a região ficou estagnada. No final do século XIX, com a fundação de Belo Horizonte, houve um novo surto de povoamento.
- Grupos étnicos: A população é formada principalmente por descendentes de portugueses, africanos,índios e, em menor medida, italianos, alemães, e árabes.
Zona da Mata
- Geografia: Relevo de planalto e serras, clima tropical com verão úmido e inverno seco. Está próxima à divisa com os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, nos vales dos afluentes dos rios Paraíba do Sul e Doce.
- Economia: Destacam-se as indústrias, a criação de gado leiteiro e plantações de cana-de-açúcar, café, milho e feijão.
- Povoamento: Iniciou-se no final do século XVIII quando, durante a decadência do ouro, vários exploradores da região mineradora e suas famílias se deslocaram para a região, e foi impulsinado ao longo do século XIX pela expansão da lavoura cafeeira.
- Grupos étnicos: A população é formada principalmente por descendentes de portugueses,africanos e, em menor medida, de imigrantes italianos, alemães e sírio-libaneses.
- Ensino: A região possui algumas instituições de ensino superior, destacando as universidades federais de Viçosa e de Juiz de Fora, além de diversas outras particulares.
Triângulo Mineiro
- Geografia: É uma das regiões mais desenvolvidas de Minas Gerais, com clima quente e formada por planaltos, serras e chapadas.
- Economia: A sua economia é altamente industrializada e destaca-se a criação de gado de corte.
- Principais cidades: Uberlândia, Araguari, Uberaba.
- Povoamento: O povoamento ocorreu no século XVIII por tropeiros em busca de riquezas.
- Grupos étnicos: A população é formada por descendentes de portugueses, índios, africanos e, em menor medida, italianos.
Alto Paranaíba
- Geografia: Clima tropical e relevo com trechos aplainados e ondulados, é nessa região que nasce o rio Paranaíba.
- Economia: Principalmente agrícola, com produção de café, soja e milho. Também a atividade extrativista é importante e a industrialização é crescente, principalmente a produção de embalagens e telhas.
- Principais cidades: Patos de Minas, Araxá, Patrocínio e Monte Carmelo e nesta região está localizada uma importante cidade histórica de Minas Gerais: Estrela do Sul.
- Povoamento: iniciou no século XVIII com os bandeirantes em busca de diamantes e pedras preciosas.
- Grupos Étnicos: descendentes de portugueses, japoneses e espanhóis com alguma presença indígena.
Sul de Minas
- Geografia: É bastante semelhante ao interior do estado de São Paulo, possuindo grandes altitudes, um clima frio e chuvoso.
- Economia: A economia é altamente agrícola, com destaque para as plantações de café.
- Povoamento: O povoamento se iniciou no século XVII por bandeirantes ilustres como Fernão Dias e cresceu no início do século XX com a chegada de ondas de imigrantes.
- Grupos étnicos: A população é formada principalmente por descendentes de italianos e portugueses e, em menor medida, africanos, espanhóis, alemães, árabes, índios e franceses.
História
O desbravamento da região teve início no século 16, por bandeirantes paulistas que buscavam ouro e pedras preciosas. Em 1693, as primeiras descobertas importantes de ouro provocaram uma corrida cheia de incidentes,sendo o mais grave a Guerra dos Emboabas (1707-10). Desde que foi descoberto ouro, acorreram multidões. Já na correspondência do embaixador francês em Lisboa, Rouillé, há a primeira menção ao ouro chegado na frota em 1697, quando se referiu a ouro peruano, equivocadamente - haviam chegado 115,2 quilos de ouro do Brasil, seguramente. Faltam elementos para julgar o ouro entrado no Reino de 1698 a 1703 mas Godinho, sem citar a fonte, menciona em 1699 725 quilos e em 1701 1.785 quilos.
Em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, que, em 1720, foi desmembrada em São Paulo e Minas Gerais.
Na primeira metade do século XVIII, tornou-se o centro econômico da colônia, com rápido povoamento, com destaque para as chamadas Vilas do Ouro - Grão Mogol, Ouro Preto, (estudada em História de Ouro Preto com mais pormenores), Mariana, Serro, Caeté, São João del-Rei, Pitangui, Sabará e Tiradentes. No entanto, a produção aurífera começou a cair por volta de 1750, o que levou Portugal a buscar meios para aumentar a arrecadação de impostos, provocando a revolta popular, que culminou na Inconfidência Mineira, em 1789.
Encerrada essa fase, a política de isolamento, antes imposta à região mineradora como forma de exercer maior controle sobre a produção de pedras e metais preciosos, ainda inibia o desenvolvimento de qualquer outra atividade econômica de exportação, forçando a população a se dedicar a atividades agrícolas de subsistência. Por decênios, apesar dos avanços alcançados na produção de açúcar, algodão e fumo para o mercado interno, Minas Gerais continuou restrito às grandes fazendas, autárquicas e independentes. A estagnação econômica da província, como de toda a colônia, somente foi rompida com o surgimento de uma nova e dinâmica atividade exportadora, o café.
A introdução da cafeicultura em Minas Gerais ocorreu no início do século XIX. Localizou-se, inicialmente, na Zona da Mata, onde se difundiu rapidamente, transformando-se na principal atividade da província e agente indutor do povoamento e do desenvolvimento da infra-estrutura de transportes. A prosperidade trazida pelo café ensejou um primeiro surto de industrialização, reforçado, mais tarde, pela política protecionista implementada pelo Governo Federal após a Proclamação da República Brasileira. Por essa época, Juiz de Fora figura como um dos principais centros urbanos mineiros, com a construção de hidrelétricas e rodovias para atender às demandas industriais.
As indústrias daí originárias eram de pequeno e médio portes, concentradas, principalmente, nos ramos de produtos alimentícios (laticínios e açúcar), têxteis e siderúrgicos. No setor agrícola, em menor escala, outras culturas se desenvolveram, como o algodão, a cana-de-açúcar e cereais.
O predomínio da cafeicultura só vai se alterar, gradualmente, no período de 1930 à 1950, com a afirmação da natural tendência do Estado para a produção siderúrgica e com o crescente aproveitamento dos recursos minerais. Ainda na década de 50, no processo de substituição de importações, a indústria ampliou consideravelmente sua participação na economia brasileira. Um fator que contribuiu para essa nova realidade foi o empenho governamental na expansão da infra-estrutura - sobretudo na área de energia e transportes - cujos resultados se traduziram na criação, em 1952, da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e no crescimento da malha rodoviária estadual, com destaque para a inauguração da Fernão Dias, que liga Belo Horizonte a São Paulo, no fim da década.
Na década de 60, a ação do Governo cumpriu papel decisivo no processo de industrialização, ao estabelecer o aparato institucional requerido para desencadear e sustentar o esforço de modernização da estrutura fabril mineira.
A eficiente e ágil ofensiva de atração de investimentos, iniciada no final da década de 1960, encontrou grande ressonância junto a investidores nacionais e estrangeiros. Já no início da década de 1970 o Estado experimentou uma grande arrancada industrial, com a implantação de inúmeros projetos de largo alcance sócio-econômico. O parque industrial mineiro destacou-se nos setores metal-mecânico, elétrico e de material de transportes.
Entre 1975 e 1996, o Produto Interno Bruto (PIB) mineiro cresceu 93% em termos reais. Em igual período, o País registrou um crescimento de 65%. Esse relevante desempenho verificou-se, sobretudo, no setor de transformação e nos serviços industriais de utilidade pública. Na indústria extrativa mineral, a supremacia mineira durou até 1980, quando o País passou a explorar, entre outras, as jazidas do complexo Carajás. Entretanto, em 1995, o Estado ainda respondia por 26% do valor da produção mineral brasileira do setor de metálicos.
Cultura de Minas Gerais
Literatura
Escritores mineiros famosos incluem:
- João Guimarães Rosa - autor de Grande Sertão: Veredas e Sagarana entre outros.
- Fernando Sabino - autor de O Encontro Marcado, O Grande Mentecapto e diversos livros de contos e crônicas.
- Carlos Drummond de Andrade - um de seus poemas mais conhecidos é "Itabira é só um retrato na parede, mas como dói.", referindo-se a ele estar morando há muito no Rio.
- Darcy Ribeiro - autor de romances como Maíra, Migo e de diversas obras voltadas à Educação, Antropologia e Etnologia.
- Rubem Fonseca - autor de Agosto e Bufo & Spalanzani, entre outros.
- Ziraldo - humorista e criador do Menino Maluquinho.
- Roberto Drummond - autor de Hilda Furacão e colunista de esporte no Estado de Minas.
- Pedro Nava - autor de Baú de Ossos, Chão de Ferro, Beira-mar, entre outros.
- Mário Palmério - autor de Vila dos Confins e Chapadão do Bugre.
- Maxs Portes - autor de várias coleções infantis como: Natureza, Itororó, surpresa e outros
Cinema
João Carriço se destaca na história do cinema mineiro. Com o lema "Cinema para o povo" Carriço lança a Carriço Filmes, em Juiz de Fora. A empresa produz documentários no início do séc. XX. O Cinema, onde entrava quem pagava o que podia e quem não pagava porque não podia, hoje é um estacionamento - estacionamento Santa Luzia - situa-se na Avenida Paulo Sérgio, em Juiz de Fora.
Música
Minas Gerais tem uma rica tradição musical. No século XVIII se destaca a obra barroca de José Emerico Lobo de Mesquita. A partir do século XIX as bandas de música (ou Euterpes) se desenvolvem a ponto de serem hoje um dos marcos de identidade cultural do Estado. Na primeira metade do século XX se destacam o samba (com Ary Barroso e Rômulo Paes), o sertanejo tradicional e o chorinho.
Nos anos 70, surge em Belo Horizonte o movimento Clube da Esquina, cujas maiores influências eram a bossa nova e os Beatles. Nos anos 80, a banda de heavy metal Sepultura tornou-se a primeira banda brasileira a fazer sucesso no exterior, e ocorre também uma revalorização da cultura dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri com Paulinho Pedra Azul, Saulo Laranjeira e Rubinho do Vale.
Nos anos 90, surgiram diversas bandas de pop rock em Minas,como Skank, Jota Quest, Pato Fu e Tianastácia. Mais recentemente merecem destaque a cantora de MPB Ana Carolina (de Juiz de Fora), o violeiro Chico Lobo (de São João del-Rei) e Tambolelê e Maurício Tizumba (de Belo Horizonte), com uma mistura de congado e pop. Cadu de Andrade também é uma revelação mineira que fez sucesso no exterior.
Hino
Esporte mineiro
- O Minas Tênis Clube, com sede em BH, tem times competitivos em vôlei, basquete, futsal e abrange grande número de nadadores.
- Há pelo menos três grandes ginásios em minas:o Mineirinho, a Arena da Rua da Bahia (de propriedade do MTC) e o Ginásio Divino Braga, em Betim.
- Os grandes clubes do futebol mineiro são (em ordem alfabética):
- América Mineiro, de Belo Horizonte: Deca campeão mineiro.
- Atlético Mineiro, de Belo Horizonte: Primeiro campeão brasileiro, em 1971. É o maior campeão mineiro, vencendo em 38 oportunidades. É também bi-campeão da Copa Conmebol. No futsal, é bi-campeão mundial.
- Caldense, da cidade de Poços de Caldas: É campeã mineira.
- Cruzeiro, de Belo Horizonte: É bi-campeão da Taça Libertadores da América (em 1976 e 1997). É campeão brasileiro (em 2003) e tetra-campeão da Copa do Brasil (1993, 1996, 2000, 2003). Além disso, é também campeão da Taça Brasil (em 1966).
- Ipatinga, da cidade de Ipatinga.
- Mamoré, da cidade de Patos de Minas.
- Uberlândia, da cidade de Uberlândia.
- Tupi, da cidade de Juiz de Fora.
- URT, da cidade de Patos de Minas.
- Villa Nova, da cidade de Nova Lima.
Ver também
- Lista de governadores de Minas Gerais
- Lista de municípios de Minas Gerais por população
- Rodovias de Minas Gerais
Ligações externas
- Assembléia Lesgislativa de Minas Gerais
- Governo de Minas Gerais
- Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
- Vídeo sobre a história de Minas Gerais (requer Real Player)
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