Tia Nastácia
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Tia Nastácia é uma personagem da obra de Monteiro Lobato. Foi de suas mãos que surgiu a boneca Emília.
[editar] Uma visão da época
Nas antigas casas de fazenda, como em muitas nas cidades, era comum a figura da velha matrona negra, solteirona, solícita e de pouca instrução.
Se por um lado é possível uma leitura racista por parte de Monteiro Lobato, por outro a figura de Tia Nastácia serve como retrato de um momento histórico do Brasil, onde a convivência racial era - e muitas vezes continua sendo - possibilitada pela subordinação hierárquica: a serviçal doméstica, que acaba "tornando-se da família".
[editar] A personagem
A extrema bondade de tia Nastácia dava-lhe, no contexto do Sítio do Picapau Amarelo, o verdadeiro ar de brasilidade, junto a uma Dona Benta de formação cultural européia. Enquanto esta falava de Hans Staden, e apresentava aos netos a Mitologia Grega, foi pela boca de tia Nastácia que dezenas de Histórias do folclore brasileiro foram sendo narradas, com deleite, aos meninos do Sítio. Por seus lábios, personagens menosprezados do rico fabulário popular encontraram meios de chegar aos leitores mirins do Brasil, e tia Nastácia tornou-se o centro das atenções, em "Histórias de tia Nastácia" - um dos livros da série.
Negra, de beiços grandes, assustada e medrosa, uma cozinheira de mão cheia. Sem os seus quitutes, a vida no Sítio não teria "sabor"... Mas isto quase a transforma numa "vilã", quando o assunto é o porco Rabicó - salvo da panela por Narizinho.
Supersticiosa, a tudo esconjura com um "cruz-credo". Ou, como resumiu Emília, num raro elogio:
- _Tia Nastácia é uma danada!
[editar] Racismo em Lobato
- "A boa negra deu uma risada gostosa, com a beiçaria inteira"
Lobato não poderia ter falado de forma diversa? Não, se forem considerados os valores da época. Entretanto, não se passa uma imagem pejorativa de tia Nastácia, senão aquela que realmente era vivida e sentida na sociedade de então.
Tia Nastácia reflete a um tempo um estereótipo, e por outro revela, numa personagem secundária, que a presença do negro em nossa literatura pouco tinha evoluído desde a "Bertoleza", de Aluísio Azevedo: uma figura quase caricata, simplória e subserviente.
Este artigo faz parte da antologia Monteiro Lobato |
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