Umbanda
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Umbanda é uma religião formada dentro da cultura religiosa brasileira que sincretiza elementos vários, inclusive de outras religiões.
Os conceitos aqui relatados podem diferir em alguns tópicos por se tratar de uma visão generalista e enciclopédica. Por se tratar de um conjunto religioso com várias ramificações (como é o caso, por exemplo, do Cristianismo) as informações aqui expostas buscam informar aos leitores da forma mais abrangente possível e sem discriminação ou preconceitos, pois todas as "Umbandas" têm suas razões de existir e de serem cultuadas.
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[editar] Estrutura da Umbanda
[editar] Sincretismo
Historicamente as raízes da Umbanda surgiram nos Quilombos. Os Quilombos eram praticamente nações independentes do resto do Brasil , tinham sistemas públicos e instituições próprias , além de exército e sistema de defesa independente. Nos quilombos , além de escravos africanos e afrodescendentes fugidos e seus filhos nascidos nos quilombos , haviam uma população de brancos pobres e descontentes com o governo e instituições brasileiras e muitos índios que se ligavam ao Quilombo por questões comerciais e de segurança. De uma forma muito democrática resolviam suas questões em assembléias e tinham o mesmo templo para prática das diferentes religiões de seus habitantes de tantas origens. Como nem sempre havia padres disponíveis , pois os Quilombos muitas vezes tinham localização secreta , começou-se a fundir as religiões católica , africanas e indígenas num único culto , surgindo as macumbas(Mekumba=curandeiro, arte de curar, curandeirismo). Nas macumbas havia o contato com espíritos , porém nem sempre para o aprendizado e desenvolvimento espiritual , com a incorporação da doutrina espírita surgiu então a Umbanda em suas diferentes vertentes , que variam conforme as proporções das suas raízes umas em relação às outras .
[editar] Os Fundamentos
Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique. Na prática a Umbanda é uma expressão religiosa do espiritismo , seguindo seus fundamentos adaptados à metodologia e ritmo de trabalho umbandista.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa resalva e cuidado, generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:
- A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum ou Zamby; - A obediência aos ensinamentos básicos de Cristo:fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes; - O culto aos Orixás como manifestações divinas, em que cada Orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência; - A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "cavalos"; - O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas; - Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que exite para nortear os trabalhos de cada terreiro; - A crença na imortalidade da alma; - A Crença na reencarnação e nas leis cármicas;
[editar] Um Deus único e superior
Zâmbi, Olorum ou simplesmente Deus - Em sua benevolência e em sua força emanada através dos Orixás e dos Guias, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e social. Infelizmente deve-se aos limites da linguagem humana a falta de precisão em conceituar o que seria Deus. Isto por que uma das características da Divindade Suprema é ser Infinito, sem medidas, o que remete apenas conhecer parcialmente sua “Natureza”.
Mormente cabe ao homem a aventura de tentar decifrar a “Divindade”, pela fé, pelo amor e pela razão e é sobre esta Grande Aventura Humana é que pretendemos falar.
[editar] Os Orixás
Os Orixás não são deuses como muitas pessoas podem conceber, assim como em outras religiões, mas sim divindades criadas por um único Deus: Olorun (dentro da corrente Nagô) ou Zambi (dentro da corrente Bantu).
Uma interpretação mais objetiva coloca os Orixás espíritos que progrediram muito espiritualmente não necessitando mais do processo reencarnatório , que para darem continuidade no seu progresso espiritual possuem como missão organizar e orientar uma rede de espíritos com menos progresso espiritual do que eles ajudando-os a progredirem espiritualmente. Esses espíritos com menor progresso espiritual que os Orixás e subordinados à eles são os guias espirituais, os médiuns, e os espíritos elementais. Aliás, a maioria dos Orixás é conhecida pela classe de espíritos elementais que comanda , por exemplo a Orixá Yansã é conhecida como a Orixá dos ventos , dos raios e das tempestades , já Yemanjá é conhecida por comandar os oceanos, Oxum comanda os rios, lagos e cachoeiras.
Também há definições dos Orixás como manifestações de diferentes arquétipos universais, que seriam uma síntese de leis e princípios cósmicos e naturais, que representariam as diferentes manifestações da forças naturais expressos na forma de símbolos. Cada pessoa está ligada a um desses arquétipos (Orixás) e sua evolução deve seguir os padrões dessa síntese simbólica a qual a pessoa está relacionada.
A Umbanda Esotérica e Iniciática , por exemplo, possue a seguinte interpretação: Os Orixás são vibrações de Deus, vem Dele, mas não são Ele, são princípios irradiados da Suprema Inteligência, regem a Criação e a Evolução em todo.
[editar] Referências
Indígena, Africana, Católica, Espírita, outras. A Umbanda é uma junção de elementos Africanos (Orixás e culto aos antepassados), Indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo(o europeu que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, leis de causa e efeito, progresso espiritual, etc).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, a natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião.
A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".
[editar] O culto umbandista
A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos Orixás e das sessões espíritas , que na Umbanda se denominam giras.
O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou Sacerdotiza(pode ser também a Bá [o Babá], Iyalorixá, Diretor(a) de culto, Babalorixá, Mestre(a)- Não se fala mais Mãe/Pai de Santo dentro da Umbanda). São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento , normalmente fundadores do terreiro. São quem coordena as sessões/giras e que irá incorporar o guia chefe que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalho.
Como uma religião espírita , a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns. Na Umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade. Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão emprestar seus corpos para os guias e para os Orixás. Há também os Ogans, que transmitem a vibração da espiritualidade superior para os atabaques. Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos. Os Médiuns de Trunqueira são os responsáveis pela trunqueira(um local físico que delimita o campo energético das linhas de direita e de esquerda, onde se fazem alguns tipos de descarregos) e são denominado Guardiões da Trunqueira só para determinados trabalhos; caso contrário, são médiuns comuns, de comando na casa, ou não.
Segundo a umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser divididas entre:
- Guias:
Linhas de direita(guias iluminados): Pretos-Velhos|Pretas-Velhas, Caboclos, Boiadeiros, Mineiros, Crianças, Marinheiros, falangeiros de orixás, Ciganos, Baianos e Orientais. Linhas de esquerda (guias semi-iluminados): Exus|Pomba-giras|Exus-mirins e Malandros
[editar] As sessões
O culto nos terreiros é dividido em sessões, normalmente de desenvolvimento e de consulta, e essas, são sub-divididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos...As pessoas conversam com as entidades afim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos e para resolver problemas espirituais diversos. As ocorrências mais comuns nestas sessões são o "passe" e o descarrego. No passe, a entidade reorganiza o campo energético perispitual da pessoa energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar. O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa da pessoa. Então a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para a luz ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus para auxiliar a desobsessão.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária. Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes desenvolvem a mediunidade da corrente (de médiuns).
[editar] Médiuns
Médium é toda pessoa que, segundo a Umbanda, têm a qualidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela audição (ouvir) ou pela pscicografia (escrever movido pelos espíritos).
A Umbanda crê que o médium tem a responsabilidade e o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os guias e Orixás, ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia e não apenas no terreiro.
A mediunidade não deve ser vista ou vivenciada como um dom ou poder maior concedido ao médium , e sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou um forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.
Existem médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado, e se envaidecem agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como um mensageiro de Deus, dos Orixás e Guias. Ter um comportamento moral e profissional dígnos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estão na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria a regido através de um profundo estudo da religião e seguido pelo conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério suas missões e ter muito amor e dar valor ao que fazem, ter sempre boa vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida do dia-a-dia.
O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus Orixás e Guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Sobre o estudo da mediunidade e do médium, pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo, no ítem "Literatura Umbandista". Alguns terreiros utilizam-se das obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec).
[editar] Polêmicas dentro das umbandas
[editar] Umbanda e Umbandas, os donos da verdade
Infelizmente todas as religiões têm divergências. Sejam de origem inter-religiosa (umas com as outras) ou intrarreligiosas (divergências internas dentro da mesma religião ou de um conjunto religiosa).
Na Religião de Umbanda não é diferente. Existem diversas divergências, principalmente nas questões doutrinárias em que algumas vertentes tentam se apropriar da Umbanda fazendo ver que sua visão ou sua forma doutrinária é a Umbanda como um todo. Não se conformam que sua prática seja mais uma dentre tantas outras existentes. Elas querem impor sua visão, sua doutrina, suas práticas às outras formas de Umbanda.
Em decorrência do que foi exposto acima, podemos notar em várias publicações, sejam em livros ou mesmo em sites na Internet, a negação e a discriminação que existe. Afirmações de que isso é Umbanda e de que aquilo não é Umbanda, ligada a forma de culto, ritos, utilização de elementos, como: se a casa usa atabaques, isso não é Umbanda; se a casa pratica rituais de sacrifício animal, isso não é Umbanda; se a casa trabalha no culto aos Orixás e na sua incorporação, isso não é Umbanda; se a casa trabalha com Exus e Pomba-giras, isso não é Umbanda etc.
Como podemos ver existem várias polêmicas, mas todas são fruto de manifestações de grande falta de respeito e ignorância a respeito das diversas formas de Umbanda que existem. Discriminar essa ou aquela forma só porque a mesma é diferente da nossa, ou porque ela utiliza esse ou aquele ritual ou elemento, é discriminação, pois quem garante que aquilo que praticamos como Umbanda é ou não é Umbanda?
A grande realidade é que cada forma é rica em si mesma, e o respeito deve ser algo que deveria estar presente na mente de cada Umbandista, independente de sua doutrina, seus ritos, suas práticas.
Se os umbandistas começarem a se respeitar e passar por cima dos preconceitos internos existentes, se começarem a ver o outro como a si mesmos e o entenderem (uso da alteridade), poderemos um dia chegar a um patamar de união e de respeito mútuo. Fortalecendo cada vez mais a religião de Umbanda como um todo: união na diversidade, o respeito às diferenças.
[editar] Sacrifício Ritual de animais
Existem várias ramificações dentro da Religião de Umbanda. A Linha Branca não se utiliza de Sacrifícios de Animais. Há algumas ramificações que se confundem um pouco com o Candomblé,entre outros, e têm essa prática.
Na sua origem, o ritual era comum, mas hoje, a grande maioria já repudia o ato, por ser contra as formas da natureza. Seria como ir contra as próprias ideologias.
[editar] Uso de bebidas alcoólicas
Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:
- Os em que as entidades incorporadas não usam bebidas (muitas vezes por questão do próprio médium não estar preparado para este tipo de trabalho com bebida) criando uma espécie de tabu.
- Os em que elas bebem durante os trabalhos (tanto os que fazem o uso correto deste elemento, como os que abusam disto sem necessidade)
- Os que usam bebida em situações mais veladas (existindo um certo rigor quanto a sua utilização buscando coibir abusos de médiuns ainda em preparação)
Toda esta controvérsia é gerada pelo uso que as pessoas fazem das bebidas alcoólicas na vida diária, muitas vezes caindo no vício do alcoolismo, trazendo consequências graves para sua vida material e espiritual. Ocorre que médiuns predispostos ao vício podem, ao invés de atrairem espíritos de luz, afinizarem com espíritos de viciados que já morreram. Note que o álccol é um elemento usado na magia para trabalhos para o bem, mas abusos nunca são tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.
[editar] Vestimenta
Na umbanda os médiuns usam normalmente como vestimenta apenas roupas brancas , podendo estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade. Mas há Umbandas que também utilizam roupas com as cores de cada linha.Por exemplo, em giras de Ogum se utiliza camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas. Nas giras de esquerda as roupas são pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto. Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de preta velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos: isso visa proporcionar a que o médium se pareça mais com a entidade que o está incorporando. Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os caboclos costumam utilizar cocares, alguns utilizam machadinhas de pedra, chocalhos, etc.
Na umbanda original, por exemplo, aquela trazida pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas (incorporado no médium Zélio Fernandino de Moraes), não é comum o uso de fantasias, adornos, enfeites, objetos ou apetrechos brilhantes e coloridos, contudo, cada qual segue a sua ritualística própria.
Uma outra visão sobre a vestimenta e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.