Antônio Teles da Silva
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Antônio Teles da Silva foi governador-geral do Brasil. Militar, iniciara sua carreira provavelmente em Goa, antes. Católico devoto, desejou estabelecer no Brasil um Tribunal do Santo Ofício, como o que conhecera em Goa.
Substituiu o Marquês de Montalvão, D. Jorge de Mascarenhas, como governador geral, em agosto de 1642 e permaneceu no posto até dezembro de 1647 quando foi substituído por Antônio Teles de Menezes, conde de Vila Pouca de Aguiar.
Permaneceu entretanto na Bahia, assistindo ao novo Governador-Geral, ao mesmo tempo em que dava prosseguimento a seus negócios com açúcar e as atividades comerciais que desde 1645 desenvolvia, associado a João Fernandes Vieira.
Seu governo foi marcado pelo empenho na Restauração em Pernambuco. A despeito da inexistência de auxilio direto da Coroa, ainda dedicada a uma política de negociação com os holandeses, envolveu-se pessoalmente no auxílio ao grupo contrário à presença flamenga em Pernambuco, com apoio precioso do mestre-de-campo Francisco Barreto de Menezes.
O grupo pernambucano era liderado pelo opulento senhor de engenho João Fernandes Vieira, contando com apoio do sargento-mor André Vidal de Negreiros e do índio, governador e capitão-mor dos índios, D. Antônio Filipe Camarão, cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1635.
O Governador ordenou o incêndio dos canaviais de Pernambuco para negar aos holandeses lucro posterior e com o intuito de que os moradores da terra ficassem mais desembaraçados para fazer a guerra. Tentou também organizar as forças militares em outras regiões da América Portuguesa. Contatou o governador do Rio, Salvador Correia de Sá e Benevides que, no entanto, optou por se esquivar do confronto, preferindo seguir diretamente para a Europa sob alegação de que não dispunha de força militares suficiente para combater os holandeses. Teles da Silva interpretou tal resposta como fruto da pouca lealdade de Salvador à Restauração.
Entregou em julho de 1647 o mando a Antônio Teles de Menezes, o conde de Vila Pouca de Aguiar mas ficou ainda no Brasil até 1650.
Morreu tragicamente, afogado, forte tempestade na viagem de volta a Portugal na nave «Nossa Senhora da Conceição», na frota do Conde de Castelo Melhor.
[editar] Exemplo das atividades comerciais de um governador no Brasil
Virgínia Rau estuda o caso deste governador como paradigmático, na «Revista Portuguesa de História», Tomo VIII, Coimbra, 1959 num artigo intitulado «Fortunas ultramarinas e a nobreza portuguesa no século XVII».
Antônio era filho de Luís da Silva, morto em 1636, e neto portanto de João Gomes da Silva; sua mãe, Mariana de Lencastre, era filha de D. Francisco de Faro, senhor de Vimieiro, e de D. Guiomar de Castro. Antônio era o caçula, havia irmãos mais velhos: João Gomes da Silva, Fernão Teles de Menezes e Francisco da Silva, além de sete irmãs. Pertencia a uma das «mais gradas famílias de Portugal». Foi destinado à Religião de Malta mas ali não professou, preferindo a carreira das armas.
Diz Rau que, morto solteiro e sem descendência, legou sua fortuna ao irmão Fernão Teles - entretanto nada herdara da legítima do pai, pois era filho caçula! Seus 23 anos no serviço púbico fizeram com que em seu testamento legasse 80 mil cruzados. E Rau estuda como: enviava anualmente do Brasil açúcar e couros para vender em Lisboa, paus de jacarandá e tabaco, que homens de negócio por ele encomendados manejavam havilmente. Assim a nobreza portuguesa no século XVII, não obstante primogenituras e vinculações, era renovada pelas mais variadas atividades ultramarinas. Sem o influxo ultramarino, as casas nobres de Port teriam muitas se estiolado financeiramente. Arredada dos «negócios», contornaria o impedimento social confiando a gerência de suas fortunas a negociantes para vender e comprar mercadoria, aceitar e passar letras, emprestar dinheiro a juros. Assim uns tinham as mãos limpas, e sujas as de outros. Mas a capitalização nobre se aplicava em rendas fixas e morgados, e não como ingleses e holandeses, de modo dinâmico. A cada fortuna vinculada se interrompia um circuito. O capital nobre fixado não voltava a movimentar futuras transações comerciais e somente assegurava a proeminência sócio-econômica da estirpe.
Outro ANTÔNIO TELES DA SILVA foi filho do 2º Marquês de Alegrete, Fernão Teles da Silva, irmão do 3º Marquês do mesmo nome que o pai e de João Gomes da Silva, conde de Tarouca. Tais nomes se repetem em toda sua família. Diz sobre ele a «Bibliotheca Lusitana» de Diogo Barbosa Machado, Tomo I, página 406:
«Nos primeiros anos deu manifestos indícios da sublimidade do talento com que a natureza se empenhou a ornar os filhos desta ilustre Casa sendo discreto, afável, liberal e cortesão. Depois de receber o Militar Hábito da preclaríssima Ordem de Malta, passou a Coimbra, em cuja Universidade brilhou com tanto excesso a delicadeza do seu juízo unida à profundidade de sua especulação que foi ornado com as insígnias doutorais na faculdade do Direito Pontificio sendo Conductário com privilégios de Lente a 6 de março de 1695».
Foi arcediago na catedral de Lisboa e Deputado na Inquisição de Lisboa provido em 4 de fevereiro de 1695. Morto em 21 de agosto de 1699 aos 32 anos, jaz enterrado na sacristia do convento do Carmo da Corte.
[editar] Bibliografia
- 1 - «Dísticos Latinos», gravados sobre «os porticos dos Geraes da Universidade de Coimbra quando novamente se eficiaram no ano de 1696, nos quais compete a elegância do metro com a agudeza do conceito».
- 2 - «Vários Sonetos Portugueses e Castelhanos» que se conservam com seus irmãos o marquês de Alegrete e o conde de Tarouca «em um volume que existe na livraria desta grande Casa».