Charruas
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Os Charruas eram índios que habitavam os campos do território que hoje é o Estado do Rio Grande do Sul - ao lado dos Guaianás e os ramos dos Tupi-Guaranís - República do Uruguai e nordeste da Argentina especialmente na Província de Entre Ríos.
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[editar] Território ocupado
Inicialmente ocupavam as duas margens do Rio Uruguai desde Itapeiu até o Delta, mas já em época histórica estenderam seus domínios até as costas do Paraná e ocuparam o sul o Rio Grande do Sul. Acantonaram-se sobre a coxilha que dominava do Rio Quaraí até a região do atual Uruguai e para Leste até o Rio Negro- que nasce no Rio Grande do Sul e atravessa o Uruguai.
Em 1730 se aliaram aos Minuanos, que vinham de além do Rio Uruguai e se estabeleceram nas terras próximas à Lagoa Mirim e à Lagoa dos Patos . Os Guenoas ou Guanoas, que eram Charruas setentrionais. Os tres povos são de origem patagônica.
[editar] Tipo físico
Eram altos, com uma média de 1,68m para os homens e 1,67m para as mulheres, de aspecto sério, triste, taaciturno, porte duro e feroz. Os homens apresentavam barba como distintivo varonil e os caciques usavam, engastadas nela pedra e , após o contato com produtos da civilização européia, latas e vidros, como adorno. A tatuagem no rosto consistia em tres linhas que iam da raiz dos cabelos até a ponta do nariz e duas linhas transversais que iam de zigoma a zigoma. Para a guerra e festas pintavam a mandibula superior de branco.
[editar] Armas
Como armas usavam o arco, flecha com carcases, boleadeiras, funda e lança. As flechas tinham as pontas feitas de pedra lascada. após o contato com os espanhóis as boleadeiras , que eram atadas com corda de tucum, passaram a ser ligadas com tiras de couro.
[editar] Construções
As tendas primitivamente eram feitas com quatro estacas e esteiras de palha no teto e nas paredes. Após o contato com os espanhóis passaram a usar largos pedaços de couro .
[editar] Hábitos
Não eram agricultores. A alimentação era caça e frutos, e também foi modificada em contato com os espanhóis, passando a preferir a carne de cavalo.. O uso do fumo e erva-mate adveio do contato com os brancos, pois não há vestígios anteriores. Já em contato com os espanhóis, cobriam o corpo com uma camisa curta, sem mangas de pele curtida. No inverno, o pêlo era aplicado pelo lado de dentro e no verão vice-versa.As mulheres usavam uma saia de algodão até os joelhos.
Não sabiam fiar nem tecer. Os panos de algodão que passaram a usar foram adquiridos em contato com os Guaranis.
Eram polígamos. As mulheres cuidavam das tarefas domésticas e dos cavalos. O homem se dedicava à guerra e a caça.Faziam conselhos de família para decidir sobre assuntos de guerra ou de outros interêsses. aprenderam a montar com os espanhóis, tornando-se exímios cavaleiros, hábeis na guerra e na caça .Em domínio espanhol, atacavam fazendas, raptavam as mulheres para reprodução, castravam os meninos e os levavam para escravos e matavam os homens adultos.
[editar] Religião
Pouca informação se tem sôbre a religiosidade dêles, mas durante fartas libações invocavam um ser superior, que algumas vezes poderia se tornar visível. Aos médicos-feiticeiros atribuiam o poder de curar doenças, transbordar os rios, parar as feras; também haviam as velhas que curavam chupando a pelenos lugares doloridos. O funeral era entregue a uma velha que se encarregava de descarnar os osso e sepultar. As mulheres de parentesco mais próximo, esposas e filhas, na perda do familiar amputavam-se uma falange além de cravarem em si mesmas flechas que tinham pertencido ao morto. O costume de amputação de falange também é encontrado em povos primitivos da indonésia. O filho, quando havia a morte dos pais , oculta-va-se por dois dias em sua cabana; após isto, à noite, dirigia-se a outro índio que lhe trespassava com pedaços de taquara a pele do braço do punho até o ombro; após isto, saía nu no bosque; cavava um buraco no chão onde coubesse até o peito e alí passava a noite; pela manhã voltava à cabana onde lhe tiravam as taquaras e passava dois dias sem comer e beber; nos 10 dias seguintes os meninos da tribo lhe levavam água e aves de caça ; ao final deste tempo voltava ao convívio da tribo. O marido não aparentava dor pela morte da mulher nem o pai pela morte do filho.
[editar] Os Charruas de hoje
Desapareceram como tribo, sem nunca terem sido catequizados ou civilizados. A etnia misturou-se às demais da região.
Os uruguaios orgulham-se de que sua ascendência tenha contribuição também desta etnia, pelo caráter indômito .
Na Argentina, ao nordeste, encontram-se traços de sua descendência , na Província de Entre Ríos.
[editar] Bibliografia
Enciclopédia Rio Grandense - I volume (Porto Alegre)
Serafin Cordero , El Charrua (Montevideo)