Demografia de Minas Gerais
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Em 2000, Minas Gerais apresentava população total de 17.891.494 habitantes, sendo 8.851.587 homens e 9.039.907 mulheres. Como todos os demais estados da região sudeste do Brasil, apresenta alta taxa de urbanização, que se acelerou em um crescimento explosivo entre os anos 60 e 80, o causou distorções com relação ao acesso universal à infra-estrutura urbana. As cidade mais populosa é a Capital Belo Horizonte, com mais de 2 milhões de habitantes, em seguida Uberlândia, com 600.368 habitantes, e depois Contagem, com 600.236 habitantes (que faz parte da regíão Metropolitana de Belo Horizonte)
As regiões mais densamente povoadas são a Metalúrgica, Campo das Vertentes, Triângulo, Alto Paranaíba, Zona da Mata e Sul.
O estado possui 12.680.584 (IBGE/2002)eleitores, o segundo maior colégio eleitoral do país, apenas atrás de São Paulo.
Índice |
[editar] Grupos étnicos
No final do século XVIII, o historiador britânico Kenneth Maxwell escrevera que a sociedade mineira compunha um complicado mosaico de grupos e raças, de novos imigrantes brancos e de segunda e terceira gerações de americanos natos, de novos escravos e de escravos nascidos em cativeiros"(...).[1].
O povo mineiro foi formado por uma grande diversidade de povos, que inclue índios, bandeirantes, portugueses, africanos, italianos, alemães, sírios, libaneses e espanhóis.
[editar] Os indígenas
Os povos indígenas contribuíram de forma significativa para a formação do povo mineiro. Os índios mineiros foram dizimados aos milhares entre os séculos XVII e XVIII. Por esse fato, a miscigenação dos índios mineiros é um fato relativamente recente, que se deu sobretudo no século XIX: os grupos de ameríndios que restaram acabaram por sair de suas tribos em busca de melhores condições de vida na zona rural e até mesmo nas cidades. Com essa saída das tribos, os índios (e sobretudo as mulheres indígenas) acabaram se casando com os descendentes de portugueses.
[editar] Os bandeirantes
A região das Minas Gerais foi desbravada pelos bandeirantes paulistas no século XVII. As entradas eram iniciativas que visavam a procura de novas fontes de riqueza, em razão da grande pobreza que era a capitania de São Vicente. As bandeiras começaram ainda no século XVI, época em que as principais vítimas eram os indígenas, que eram laçados e obrigados a trabalhar como escravos. Em meados do século XVII, o número de indígenas já estava muito reduzido, então os paulistas partiram em buscar de novas riquezas, encontrando pedras preciosas nas região das Minas. Os bandeirantes tiveram o monopólio das minas de ouro até o início do século XVIII, quando eclodiu a Guerra dos Emboabas e acabaram por perdê-la.
Vindos em grandes expedições, os paulistas fundaram vários povoados que existem até hoje, tal como Sabará, Mariana e Ouro Preto.
[editar] Os portugueses
Os descendentes de portugueses formam a maioria da população mineira. Os primeiros portugueses chegaram à região das Minas Gerais ainda no século XVII, porém só chegariam em grande número no século XVIII. Com o fim da Guerra dos Emboabas, os portugueses passaram a monopolizar as minas de ouro, o que atraiu pessoas de todos os cantos da colônia e principalmente de Portugal. As notícias sobre as riquezas encontradas no Brasil se alastraram por Portugal, trazendo um enorme contingente de lusitanos para a região das Minas.
A região do Minho, situada ao Norte de Portugal, estava sofrendo uma crise de superpopulação e desemprego. Isso contribuiu para que a maior parte dos portugueses que chegaram em Minas Gerais fossem minhotos.[2] Apesar de pouco estudada, a imigração de minhotos para as Minas Gerais no século XVIII foi um dos maiores fenômenos imigratórios da História. Além do Minho, vieram colonos da Beira Alta, Alto Trás-os-Montes, dos Açores, etc.
No século XVIII, havia portugueses de diversos segmentos em Minas Gerais: desde os ricos mineradores escravagistas, passando por comerciantes e chegando em mendigos miseráveis. O processo de miscigenação em Minas Gerais foi intenso: os portugueses mais pobres rapidamente se misturavam com mulheres negras e mestiças. Os homens de famílias mais ricas se casavam com mulheres portuguesas ou com brasileiras brancas de origem portuguesa. Todavia, havia um crescente número de mulatos, filhos de pai português e mãe africana.
Após a independência, a imigração de portugueses para Minas Gerais se tornou insignificante, pois 90% deles passaram a ir para o Rio de Janeiro ou São Paulo.
[editar] Os africanos
Depois dos portugueses, os descendentes de africanos são maioria no estado. A escravidão africana em Minas Gerais acompanhou o processo da mineração e a sua decadência. No início do ciclo do ouro, tentou-se usar da mão-de-obra livre, mas o trabalho árduo passou a afastar as pessoas e, então, o escravo africano passou a ser largamente trazido para a região. Os negros mineiros vieram em sua maioria de Angola, embora pertenciam à diversas etnias. Um escravo tinha média de vida de sete anos trabalhando na mineração, o que obrigava os colonos a trazer cada vez mais africanos, que passaram a compôr a maioria da população mineira no século XVII.
Por ser uma sociedade urbana, nas Minas Gerais colonial, ao contrário do Nordeste, os escravos possuíam mais chances de mudança de status social. Muitos escravos (chamados escravo de ganho) faziam trabalho remunerado, como de sapateiro, alfaiate, etc, e assim, conseguiam dinheiro para comprar sua carta de alforria. Além disso, também havia o contrabando de ouro e diamante, o que podia propocionar ao escravo uma maior ascenção social, embora fossem casos raros.
A miscigenação também contribuiu para uma maior ascenção social dos descendentes de escravos. Muitos mulatos eram educados e trabalhavam com remuneração, podendo obter sua liberdade.
A escravidão africana em Minas Gerais entrou em decadência junto com a mineração, no final do século XVIII, todavia, voltou a crescer com o desenvolvemente da agricultura e pecuária, no século XIX. Em 1870, mesmo depois do fim do tráfico de escravos, ainda havia 300 mil escravos em Minas.
[editar] Os italianos
A imigração italiana em Minas Gerais durou menos de dez anos, mas foi o suficiente para trazer cerca de 70 mil italianos para o estado. [3]. Os primeiros italianos chegaram ao estado na década de 1880, e rumaram para Juiz de Fora e São João del-Rei, para trabalharem nas colheitas de café, mas enquanto em outros estados brasileiros os italianos já se faziam presentes há décadas, em Minas Gerais só começaram a chegar em maior número no ano de 1892, quando o governo de Minas criou um lei que favorecia a entrada desses imigrantes. Entre 1892 e 1897, o governo fez alguns contratos que trouxeram milhares de italianos para o estado. De fato, Minas Gerais recebeu o terceiro maior contingente de italianos no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Ao contrário do que aconteceu em São Paulo, os italianos em Minas Gerais não vieram para trabalhar exclusivamente nos cafezais, pois foram atraídos principalmente para ocuparem colônias agrícolas. Mas ao contrário do que aconteceu no Sul do Brasil, os italianos rapidamente saíram dessas colônias e passaram a se dedicar à outras atividades. Em Belo Horizonte, os primeiros italianos chegaram para trabalhar na construção da nova capital, em 1897. Nos arredores de Belo Horizonte foram criadas três colônias agrícolas: Barreiros, Carlos Prates e Américo Werneck. Ali foram assentadas famílias italianas, com o intuito de trabalharem na agricultura para abastecer a cidade com alimentos. Com o crescimento da cidade, essas colônias foram engolidas e urbanizadas e muitos italianos passaram a se dedicar à fabricação de tijolos, enquanto outros se tornaram industriais e comerciantes. No sul de Minas Gerais, os italianos passaram a se envolver com a produção de café, onde muitos se tornaram ricos fazendeiros.
Os italianos em Minas Gerais eram largamente originários da Emília-Romanha, do Vêneto, da Calábria e Campânia. Estima-se que cerca de dois milhões de mineiros sejam descendentes de italianos.
[editar] Os alemães
Embora de forma discreta, houve uma significativa imigração alemã em Minas Gerais. Em algumas cidades mineiras, a presença dos imigrantes alemães foi fundamental para seu desenvolvimento. Em 1856, chegaram 2.091 alemães em Teófilo Otoni, no Nordeste de Minas. Foram trabalhar na construção de uma ferrovia e, posteriormente, receberam lotes de terras. Em 1858 chegaram 1.193 imigrantes alemães em juiz de Fora. Essas foram as duas únicas colônias alemãs de Minas Gerais. Além dos alemães, outros germânicos como suíços e austríacos também viriam, mas em número reduzido. Com o passar do tempo, a grande maioria dos descendentes acabam por perder os costumes germânicos dos antepassados e se integraram completamente à sociedade mineira.
[editar] Os sírio-libaneses
A imigração de povos árabes para Minas Gerais se fez notar no início do século XX. Embora chamados de turcos, eram provenientes da Síria e Líbano e, segundo o censo de 1920, 8.684 sírio-libaneses viviam em Minas. Dedicados em sua imensa maioria ao comércio, os árabes chegaram a monopolizar o comércio de várias cidades do interior de Minas Gerais. Em cidade grandes, como Belo Horizonte e Juiz de Fora, também participaram ativamente no comércio.
[editar] Os espanhóis
Depois dos italianos, foram os espanhóis o grupo de imigrantes que chegou em maior número em Minas Gerais no final do século XIX, somando cerca de dez mil imigrantes. Trabalharam sobretudo nos núcleos coloniais nos arredores de Belo Horizonte.