Engenharia de produção
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A Engenharia de Produção dedica-se à concepção, melhoria e implementação de sistemas que envolvem pessoas, materiais, informações, equipamentos, energia e o ambiente. Ela é uma engenharia que está associada as engenharias tradicionais, porém, é a menos tecnológica na medida que é mais abrangente e genérica, englobando um conjunto maior de conhecimentos e habilidades, para que utilizando-se desse conhecimento especializado em matemática, física e ciências sociais, em conjunto com análise e projeto de engenharia, ela possa especificar, prever e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas.
De modo geral, a Engenharia de Produção, ao enfatizar as dimensões do produto e do sistema produtivo, encontra-se com as idéias de projetar produtos, viabilizar produtos, projetar sistemas produtivos, viabilizar sistemas produtivos, planejar a produção, produzir e distribuir produtos que a sociedade valoriza. Essas atividades, tratadas em profundidade e de forma integrada por esta engenharia, são de grande importância para a elevação da competitividade do país.
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[editar] História
Durante o século XIX ocorreu uma revolução que mudou para sempre a forma do homem trabalhar, de pensar, de produzir... mudou para sempre a relação do homem com a máquina. Essa revolução teve origem na Inglaterra e logo se espalhou para o resto do mundo. Esse fato histórico ficou denominado "Revolução Industrial". Com o progresso no setor industrial da época, surgiu a necessidade de organizar e administrar complexos sistemas de produção; nascendo aí a Engenharia de Produção, que em meio a esse processo, fincou suas bases. Contudo, foi no início deste século que a sua difusão foi intensificada, fundamentando-se basicamente na indústria metalo-mecânica. Outros fatores como o recente desenvolvimento japonês e a adoção da temática da Qualidade & Produtividade como pontos centrais nas empresas e organizações privadas, públicas, industriais, serviços e de governos, consolidaram essa difusão. Em sua origem, ela iniciou-se com o nome de Engenharia Industrial sendo preconizado por F.W. Taylor, Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt, Walter A. Shewart, Henry Fayol, dentre outros. Para mais tarde, com o advento da produção em massa, difundida por Henry Ford, a Engenharia Industrial ganhasse grande destaque mundial. No Brasil, desenvolveu-se com o nome de Engenharia de Produção, a partir de 1950.
A Engenharia de Produção nasceu dentro da Engenharia Mecânica e por isso se dedicou inicialmente aos sistemas físicos. Na década de setenta, notou-se mesmo no Brasil, que os conceitos e métodos próprios da Engenharia de Produção ganharam notável desenvolvimento e tornaram-se independentes de qualquer área tecnológica sendo aplicada a todas as áreas clássicas das engenharias. A Engenharia de Produção é uma habilitação específica derivada de qualquer uma das seis grandes áreas da engenharia. Assim, existem cursos de engenharia de produção elétrica, de produção civil, de produção mecânica, etc.
[editar] Mercado de Trabalho
A abertura da graduação do curso ocorreu em 1957, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). E, na situação atual de retração do mercado de engenharia no Brasil, o mercado de Engenharia de Produção, mesmo tendo pouco tempo, é o que desfruta da melhor situação. Todos os Engenheiros de Produção vêm conseguindo boas colocações no mercado principalmente em função do seu perfil que coincide com o que se está demandando nos dias de hoje: um profissional com uma sólida formação científica e com visão geral suficiente para encarar os problemas de maneira global.
Em 1970, o mercado de trabalho do Engenheiro de Produção no Brasil começou a se tornar bastante abrangente envolvendo todos os setores da economia, desde o primário (relativo às atividades de extrativismo, pecuária, agricultura, etc.), passando pelo secundário (toda a indústria de transformação) até o terciário (setor de serviços).
O ponto em comum entre os setores citados acima é o dinamismo e sua alta taxa de crescimento. São setores que têm crescido mesmo quando a economia como um todo tem se estagnado e todas as previsões são unânimes em considerá-los como extremamente promissores no futuro. O que chama a atenção dos estudantes que protagonizaram o aumento da procura desta área.
[editar] Organizações Empregadoras
- As indústrias de uma maneira geral, como a de construção, automóveis, alimentos, agroindústria, eletrodomésticos, equipamentos, etc.;
- Empresas de serviço de uma maneira geral, como a de transporte aéreo, Internet, consultorias, etc.;
- Grandes empresas privadas de petróleo, concessionárias de telefonia, bancos (na parte operacional), seguradoras, fundos de pensão, bancos de investimento, etc.
[editar] Perfil Profissional
Em 1966, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), surgiu o primeiro curso de Pós-graduação (mestrado). O que fez com que o campo de atuação do Engenheiro de Produção se diversificasse cada vez mais. Os aspectos relacionados à gestão dos sistemas produtivos, vindo a ser o que é considerado hoje como uma base tecnológica própria da Engenharia de Produção. Com as recentes mudanças estruturais e organizacionais desses sistemas de produção e a evolução dos cursos de Engenharia de Produção, os profissionais egressos desta modalidade têm se mostrado também, hábeis empreendedores e capazes de atuar nas mais diversas organizações da sociedade.
O perfil do Engenheiro de Produção pressupõe espírito crítico, criatividade e consciência em relação à sua atuação técnica, política, econômica e social. Pois bem, ele vem se mostrando um profissional versátil, considerando a interdependência entre os vários segmentos empresariais, levando em consideração o desenvolvimento de novas máquinas, novos processos de produção e sua manutenção, agindo no sentido de planejar, orientar, supervisionar, inspecionar e controlar a produção de bens e serviços, elaborar, executar e acompanhar projetos buscando a otimização dos sistemas produtivos. Outro aspecto observado neste profissional é a capacidade de adaptação rápida em diferentes funções, praticadas em ambientes altamente competitivos.
[editar] Competências Científicas
- Sólida formação em ciências básicas e formação fundamental profissional;
- Capacidade para enfrentar e solucionar problemas e para buscar contínua atualização e aperfeiçoamento;
- Capacidade de utilização da informática como instrumento de trabalho;
- Domínio das técnicas básicas de gerenciamento e administração dos recursos utilizados na profissão;
- Capacidade de trabalho em equipes multidisciplinares;
- Capacidade prática de abordagem experimental;
- Capacidade de analisar e otimizar processos.
- Formação ético-profissional.
É importante destacar que a formação do engenheiro não é apenas tecnológica, mas também de uma consciência crítico-social, capaz de manter vínculos humanísticos e técnicos, enfatizando que a Engenharia de Produção se presta ao serviço de sustentação, manutenção e promoção da pessoa humana e do seu ambiente de trabalho.
[editar] Competências Pessoais
- Capacidade de dimensionar e integrar recursos físicos, humanos e financeiros a fim de produzir, com eficiência e ao menor custo, considerando a possibilidade de melhorias contínuas;
- Capacidade de utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas de produção e auxiliar na tomada de decisões;
- Capacidade de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e processos, levando em consideração os limites e as características das comunidades envolvidas;
- Capacidade de prever e analisar demandas, selecionar tecnologias e know-how, projetando produtos ou melhorando suas características e funcionalidade;
- Capacidade de incorporar conceitos e técnicas da qualidade em todo o sistema produtivo, tanto nos seus aspectos tecnológicos quanto organizacionais, aprimorando produtos e processos, e produzindo normas e procedimentos de controle e auditoria;
- Capacidade de prever a evolução dos cenários produtivos, percebendo a interação entre as organizações e os seus impactos sobre a competitividade;
- Capacidade de acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a serviço da demanda das empresas e da sociedade;
- Capacidade de compreender a inter-relação dos sistemas de produção com o meio ambiente, tanto no que se refere a utilização de recursos escassos quanto à disposição final de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de sustentabilidade;
- Capacidade de utilizar indicadores de desempenho, sistemas de custeio, bem como avaliar a viabilidade econômica e financeira de projetos;
[editar] Áreas de Atuação
Em 1972 foram criados os cursos de doutorado na EPUSP e na COPPE/UFRJ. O que ajudou a dinamizar a área e os pontos de atuação do Engenheiro de Produção. Com maiores especializações, as atividades de atuação estão sendo relacionadas ao desenvolvimento de projetos, à aplicação de métodos gerenciais, ao uso de métodos para melhoria da eficiência das empresas e à utilização de sistemas de controle dos processos das empresas.
Assim, de uma forma geral, tudo o que se refere ao planejamento, programação e controle de compras, produção e distribuição de produtos constituem atividade da Engenharia de Produção.
[editar] Áreas de atuação destacadas
- Área de operações, envolvendo a distribuição dos produtos, controle dos suprimentos, etc.;
- Área de gestão agro-industrial, gestão da manutenção, gerenciamento da construção automação, etc.;
- Área financeira, incluindo o controle financeiro, o controle de custos, a análise de investimentos, etc.;
- Área de logística;
- Área de marketing, tratando do planejamento e desenvolvimento de produtos, mercados a serem atendidos, etc.;
- Área de planejamento, abrangendo os setores estratégico, produtivo, financeiro, etc.
[editar] Problemas tratados
- Melhoria e garantia da qualidade dos processos: implanta e desenvolve sistemas de garantia da qualidade (como os Sistemas ISO 9000), focando, sempre, a qualidade do produto e o cliente.
- Produtividade focada em estratégias de manufatura: atua na organização e planejamento do fluxo de produção, redução de estoques, diminuição do tempo de atravessamento, otimização e racionalização de processos, entre outras atividades.
- Projeto de produtos ergonômicos: dedica-se a projeto de softwares ergonômicos, gestão de projetos e da inovação, redução do tempo de produção nominal em uma nova fábrica, transferência de tecnologia e de seu domínio efetivo.
- Organização do trabalho em sistemas complexos: volta-se para a formação, qualificação e desenvolvimento de competências adequadas a novas tecnologias.
[editar] Exemplos de atuação
[editar] Na gestão do trabalho e da empresa
- Elaboração de planos para avaliação de cargos e sistemas de incentivos;
- Elabora planos para identificar e resolver problemas de alocação de recursos;
- Atua em programas de higiene e segurança do trabalho;
- Participa e colabora na seleção e treinamento de pessoal;
- Realiza a interface entre as áreas administrativas e técnicas da empresa.
[editar] Na área de planejamento industrial
- Realiza estudos sobre a localização geográfica da empresa e planejando o arranjo físico de suas instalações;
- Desenvolve estudos de viabilidade técnico-econômica para aplicação de capital no processo industrial;
- Conduz programas de redução de custos;
- Elabora e calcula lotes econômicos e séries de produção, bem como previsões de venda;
- Estabelece políticas de administração e controle de estoques e reposição de equipamentos;
- Presta assistência no desenvolvimento de máquinas, ferramentas e produtos e no desenvolvimento de políticas e procedimentos;
- Acompanha e supervisiona a operação de materiais e equipamentos.
[editar] Como gestor do sistema produtivo
- Desenvolve projetos e faz o planejamento para controlar a produtividade ou eficiência operacional de uma empresa, conjugando os recursos humanos e materiais disponíveis, visando ao aumento da produção com o menor custo possível;
- Desenvolve métodos de otimização do trabalho;
- Cria procedimentos para programação e controle de produção;
- Desenvolve programas de controle da qualidade;
- Apresenta modelos de simulação para problemas administrativos complexos.
[editar] Disciplinas estudadas
O curso é estruturado por cinco conjuntos de disciplinas destinadas ao desenvolvimento das competências
- Básica (matemática, física, química, mecânica, processamento de dados, desenho, eletricidade, resistência de materiais e fenômenos de transportes);
- Geral (humanidades, ciências sociais e ciências ambientais);
- Profissional (incluindo matérias como organização industrial, controle da qualidade, pesquisa operacional, estudos de tempos e métodos, planejamento e controle da produção, logística, ergonomia, dentre outras) e;
- Complementar (abrangendo matérias de extensão ou desdobramento de matérias anteriores).
[editar] Informações Trabalhistas
Algumas importantes informações para a vida profissional ditadas pelo SENGE MINAS GERAIS (Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais) devido às assembléias e reuniões com representantes da legislação em vigor
- Relações de Trabalho: A Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelecem os direitos dos assalariados. No contrato e carteira de trabalho e no Acordo ou Convenção coletivas são fixados os direitos e deveres de empregados e empresas. A legislação profissional define a responsabilidade técnica do engenheiro.
- Contrato de Trabalho: É um pacto firmado entre a empresa e o engenheiro. Este vínculo deve ser registrado pela empresa na sua Carteira de Trabalho. Somente com o registro de Engenheiro na Carteira de Trabalho é possível ter acesso aos direitos e benefícios da categoria.
- Acordo Coletivo: É o acordo firmado anualmente entre sindicato representante da categoria e as empresas. Quando o acordo é feito com sindicatos patronais é chamado de Convenção Coletiva. Dentre outras coisas, o acordo trata de reajuste salarial, piso salarial, assistência médica, etc.
- Convenção Coletiva: Acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do trabalho.
- Data-Base: Data em que se inicia a vigência do acordo ou convenção coletiva de trabalho.
- Greve: O Art. 9º da constituição Federal diz sobre a greve: "É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio ele defender."
- Responsabilidade Técnica/Legislação: Lei 5194/66 .Art. 2º; O exercício no país, da profissão engenheiro... é assegurado a) aos que possuam diploma de faculdade de engenharia... sanções para quem não cumpre a legislação: Profissionais - advertência, multa ou suspensão. Civil - reparação dos prejuízos. Penais - em caso de culpa, sanção ou punição.
- Piso Salarial do Engenheiro: Lei 4950 Art. 5º;... Fica fixado o salário base mínimo de 6 vezes o salário mínimo. Art. 5º;... Acrescidas de 25% as horas excedentes das 6 horas diárias.