Inocentes
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[editar] Biografia
Na década de 80, a cena músical paulista assistia a um movimento cultural fortemente influenciado pela ressaca da ditadura. A face extrema desse norte eram as bandas com postura desafiadora e olhar punk - apesar do rótulo hoje ferir tanto aos puristas quanto aos inovadores.
Circulando pela noite paulista, em casas como Madame Satã, Carbono 14 e Espaço Retrô, e no ABC, região no Estado famosa pelos movimentos trabalhistas, vários grupos mostravam um som cru, afastados dos cosméticos tão facilmente audíveis atualmente. Os Inocentes faziam parte desse meio, e nasceram da união de duas bandas da periferia de São Paulo, o Condutores de Cadáveres e o Restos de Nada. O marco inaugural em vinil do punk brasileiro, a coletânea Grito Suburbano, trazia os Inocentes com dois outros ícones da época, o Olho Seco e o Coléra.
Há 6 anos com a mesma formação - e 20 de Gibsons plugadas em Marshalls -, os Inocentes têm Clemente na voz e guitarra, uma figura já parte da história do punk rock brasileiro, Anselmo no baixo, Ronaldo na outra guitarra, e Nonô na bateria. A nova casa Músical do grupo é a Abril Music, que editou os dois mais recentes CDs dos Inocentes, Embalado a Vácuo, de 1999, e O Barulho dos Inocentes, do ano passado. Ao todo, foram 10 álbuns, alguns por grandes gravadoras, como a Warner, e dirigidos por midas da atualidade, como Liminha (Pânico em SP, de 1986, Adeus Carne, de 1987, Inocentes, de 1989). Até mesmo o Barão Vermelho Roberto Frejat já manejou os faders da mesa de som para o grupo, na produção do disco Inocentes, de 1989.
[editar] Um pé na popularidade, outro no underground
Isso tudo só quer dizer uma coisa, que independente da postura aguda do som, os Inocentes sempre 'tiveram um pé na popularidade. Aliás, esse é o eterno ponto de confronto de bandas que surgiram do cenário punk brasileiro: assim que os Inocentes colocaram suas assinaturas em um contrato com a Warner, ganharam o notório carimbo de "traidores do movimento". Assim como outros tantos, os Inocentes já nem gastam mais saliva para falar no assunto. O fato é que o EP (disco menor que um LP em números de faixas) Pânico em SP foi o primeiro disco de punk distribuído por uma multinacional fonográfica.
E se isso tivesse sido um problema, teriam sido na realidade três, pois a Warner lançou mais Adeus Carne, de 1987, e Inocentes, de 1989. Algumas das músicas do grupo que permanecem na memória da década de 80: Não Acordem a Cidade, Pânico em São Paulo, Pátria Amada e Garotos do Subúrbio.
Logo depois, voltaram para uma camada mais subterrânea de negócios, fora das multinacionais, que já viraram alvo das alfinetadas dos Inocentes. Estilhaços, Subterrâneos e Ruas foram produzidos nessas condições, ao longo dos cinco anos seguintes, até 1998, quando a Abril Music acertou com Clemente e gang. Aliás, como um item nostálgico de colecionador, recentemente a banda masterizou em CD uma antiga demo tape de 1985, na realidade o ingresso para a Warner: chama-se Garotos do Subúrbio. Outra curiosidade é que o intermediador informal do negócio todo com a gravadora foi Branco Mello, do Titãs.
[editar] Outra história
Bem, quase 16 anos depois da demo registrada no estúdio de 8 canais, a história é outra. A banda já colocou sua marca sonora nas telas em curtas como Opressão, média Punks e longa Cidade Oculta. Mixaram sua bagagem com a dita vertente alternativa paulistana da MPB, em versões punk de músicas como Pesadelo, remodelaram Pânico em São Paulo para a sonoridade de Thaíde e DJ Hum em Testemunha Ocular, além de uma Intolerância com X, do Câmbio Negro.
O trabalho atual, Barulho dos Inocentes, deixa transparecer a maturidade ideológica e músical do grupo. Além de Clemente, Nonô, Ronaldo e Anselmo, o disco traz participações de músicos convidados como Jota Moraes, que conduziu um arranjo de um quarteto de cordas para a canção Quanto Vale a Liberdade, além de DJ Branco, ex-Pavilhão 9, na música Periferia.
O texto original foi escrito por Ricardo Ivanov e se encontra em:
Terra Chat Show [1]
[editar] Discografia
- Grito Suburbano (1982) - Punk Rock Discos
- O Começo do Fim do Mundo - (1983) - SESC
- Miséria e Fome EP (1983) - Inocentes Discos
- Life is a Joke (1984) - Weird System
- Volks Grito (1984) - Vinnyl Boogie
- Pânico em SP (1986) - Warner
- Adeus Carne (1987) - Warner
- Miséria e Fome (1988) - Devil Discos
- Inocentes (1989) - Warner
- Estilhaços (1982) - Camerati
- Subterrâneos (1994) - Eldorado (2002) -RDS
- Ruas (1996) - Paradoxx
- Embalado a Vácuo (1999) - Abril Music
- Garotos do Subúrbio (1999) - RDS
- O barulho dos Inocentes (2000) - Abril Music
- Vinte anos ao vivo (2002) - RDS
- Labirinto (2004) - Ataque Frontal