Parque Estadual Serra do Brigadeiro
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O Parque Estadual Serra do Brigadeiro está localizado na região da Zona da Mata, Minas Gerais, Brasil.
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[editar] História
Criado em 27 de setembro de 1996 pelo Decreto Estadual n.º 38.319.
[editar] Geografia
Distante cerca de 290 Km de Belo Horizonte, esta unidade de conservação tem 13.210 hectares de matas nativas e uma paisagem dominada por montanhas, vales, chapadas e encostas e diversos cursos d’água que integram as bacias dos rios Paraíba do Sul e Doce.
O Parque Estadual Serra do Brigadeiro ocupa terrenos dos municípios de Araponga, Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Pedra Bonita, Muriaé e Divino, na Serra da Mantiqueira, e tem vários Picos: o do Soares (1.985 metros de altitude), o Campestre (1.908 m), o Grama (1.899 m) e o Boné (1.870 m). A altitude e o relevo amenizam a temperatura local e a neblina cobre os picos durante quase todo o ano, formando uma das mais belas imagens do Parque.
A Mata Atlântica, principal formação vegetal da área, está intercalada com os Campos de Altitude e afloramentos rochosos, formando um belo cenário. Considerado um paraíso botânico, o Parque constitui um ecossistema rico em espécies vegetais como bromélia, orquídea, cedro, candeia e palmito doce.
A unidade de conservação também é refúgio de espécies da fauna ameaçadas de extinção, como o sauá, o mono-carvoeiro ou muriqui, a onça-pintada, a jaguatirica, o sapo-boi. Também podem ser observadas diversas espécies de aves, como o pavó, o papagaio-do-peito-roxo e a araponga.
[editar] Acesso e infra-estrutura
A infra-estrutura do Parque foi construída em parceria com o Programa de Proteção da Mata Atlântica de Minas Gerais (Promata) com recursos da Cooperação Financeira Internacional Brasil-Alemanha, repassados através do Banco Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW). Foram investidos R$ 1,25 milhão na construção de um centro de pesquisa, posto da polícia ambiental, laboratório, alojamento para pesquisadores, centro administrativo e de educação ambiental, residências para funcionários e administrador e reforma de antiga construção colonial, transformada em casa de hóspede.
O Parque foi aberto à visitação em março de 2005. O Parque não possui área de camping e a visitação deve ser feita no período diurno. Horário de Funcionamento: 8 às 17 horas Telefone de contato: (32) 3721.7491
[editar] GEOLOGIA DO PARQUE DO BRIGADEIRO-MG
Conforme observado por Benites (1997), estudando a região do Pico do Boné, a paisagem da Serra do Brigadeiro experimenta um processo de rejuvenescimento condicionado pelo contínuo soerguimento das serras, desmonte e re-deposição de materiais pré-intemperizados. O mesmo ocorre em diversas áreas elevadas da Mantiqueira, corroborando a existência pretérita de uma grande superfície intemperizada (SIMAS et al., 2004) Complexo Rupestre de Altitude Nas áreas mais elevadas, acima de 1600 metros, sobre os pontões e cristas estruturais em migmatitos, ocorrem manchas disjuntas da formação campestre altomontanas, com elevada biodiversidade florística e com graus variáveis de preservação, em função da acessibilidade. Os solos das partes mais elevadas são Neossolos Litólicos, com 10-20 cm de horizonte A hístico em áreas mais úmidas como brejos e grotas de altitude (Perfis 4, 7 e 10) ou húmico nas partes mais secas. O horizonte A repousa sobre um saprolito altamente intemperizado (horizonte Cr) ou sobre o substrato rochoso pouco alterado (horizonte CR ou R), especialmente quando este se apresenta mais quartzoso. Apesar da elevada exposição aos ventos, do isolamento, e do extremo climático, com elevada insolação e ambiente nebular, tais ambientes mostram-se riquíssimos em espécies altamente adaptadas, com seus diversos micro-ambientes, desde ruderais até hidrófilos (brejos), com plantas pioneiras e uma sucessão notável das linhas de drenagem aos topos mais expostos. Tais campos são formações edafo-climáticas e denotam características reliquiares. Mostram certa similaridade aos ambientes altomontanos de Caparaó e Ibitipoca, mas são particularmente distintos dos campos rupestres quartzíticos do Espinhaço (Ouro Branco, Cipó), tanto em termos florístico quanto fisionômico (SCHAEFER, 1996). Em parte, tal diferença pode ser atribuível ao fato dos migmatitos e charnorquitos que embasam geologicamente a Serra do Brigadeiro serem rochas quimicamente bem mais ricas que os quartzitos e metapelíticos proterozóicas, dominantes no Espinhaço (SCHAEFER, 1996). Em comum, mostram-se sempre substratos muito rasos, e fracamente pedogenizados. Os solos possuem, tanto no horizonte A quanto em sub-superfície, teores fito-tóxicos de Al, sendo invariavelmente ácido e pobre em nutrientes (BENITES et al,)
A Serra do Brigadeiro encontra-se inserida nas áreas cristalinas dobradas e falhadas da faixa móvel Atlântica, localizada ao longo de uma zona de sutura de direção aproximadamente N/S, entre dois grupos geológicos complexos (Grupo Juiz de Fora e Piedade). A parte montanhosa da Serra é formada por migmatitos e gnaisses charnoquíticos do Grupo Juiz de Fora, sendo as rochas mais intensamente falhadas da região (Almeida, 1967; Brasil, 1983). Constitui-se em continuação da Serra da Mantiqueira ao sul, e do Caparó a nordeste, sendo caracterizada por um conjunto de serras alinhadas no sentido Norte/Sul e Nordeste/Sudoeste separando inúmeros vales estruturais montanos e altimontanos. Observa-se um forte controle estrutural sobre as formas de modelado, influenciando a distribuição dos solos e da vegetação. Atribui-se o relevo atual a reativação de falhas no sentido N/S formadas pela colisão entre as placas do São Francisco e do Congo durante o ciclo orogenético Brasiliano, no pré-Cambriano (600 milhões de anos atrás). Durante a separação entre a América do Sul e África iniciada pelo rifteamento Juro-Cretácico (200 milhões a.c.), houve a reativação destas falhas e fraturas (Almeida Abreu, 1995; Benites, 1997). A presença de falhas de pequeno rejeito preenchidas por materiais latossólicos, de níveis erosivos, superfícies escalonadas e escarpas alcantiladas preservadas indicam ainda reativações neo-tectônicas ocorridas durante o cenozóico (últimos 12 milhões de anos) (Schaefer, 1996). 3.2. Geologia e Geotectônica do PESB Após o desenvolvimento das atividades de campo da avaliação ecológica rápida do PESB, foram identificadas e mapeadas as unidades geológicas abaixo, já descritas na literatura referente à geologia do leste de Minas Gerais (Barbosa 1954; Grossi Sad 1968; Silva et al. 1987; Oliveira et al. 1997; Costa el al. 1997; Renger et al. 1997; Knauer 1997). \ 3.2.1 Gnaisse Piedade Ocorre fora dos limites do PESB, nas regiões de relevos de dissecação homogênea, de mar de morros, menos montanhosos. Como descrito em Silva et al. (1987), o domínio Piedade corresponde a uma das fácies da Série Barbacena de Barbosa (1954), segundo divisão proposta por Ebert e colaboradores. A denominação Piedade é devida ao fato destes gnaisses terem sido inicialmente descritos no município de Piedade de Ponte Nova, no Estado de Minas Gerais. No PESB, ocorrem rochas referidas ao Gnaisse Piedade na borda oeste, já em seu entorno. Este domínio é constituído, segundo estes autores, por rochas que mostram foliação bem desenvolvida, bandamento gnáissico marcante, definido pela disposição seguindo bandas máficas e félsicas, com espessura variando de deci- a centimétrica. A porção máfica destes gnaisses é caracterizada pela presença de biotita e/ou hornblenda, com ou sem granada (biotita e/ou hornblenda gnaisses). 11 Na região da Serra do Brigadeiro, em sua porção oeste, ocorrem níveis de anfibolitos e rochas charnoquíticas, além de milonitos de composição tonalítica. Já a porção félsica deste domínio é descrita como sendo constituída por gnaisses quartzo-feldspáticos de composição granítica a granodiorítica, ocorrendo eventualmente intercalações de calcissilicáticas e raros quartzitos. A transição entre o Gnaisse Piedade e os migmatitos do Grupo Juiz de Fora é de difícil definição, pela gradativa migmatização sofrida pelos paragnaisses na diração da Serra. Mas há uma nítida separação entre os dois domínios do ponto de vista geomorfológico: os migmatitos e charnoquitos mostram sempre um relevo escarapado e montanhoso, que é a base da prórpria Serra do Brigadeiro. No campo foram identificados tipos gnáissicos bem foliados, com bandeamento gnáissico marcante, com uma alternância de bandas máficas e félsicas e espessuras variando de deci- a centimétrica, até migmatitos. Dentre os tipos encontrados, observa-se uma predominância dos tipos biotíticos, de granulação variando de fina a média. Tipos leuco- a mesocráticos, com presença de microclina e quartzo, indicativo de formação provavelmente a partir de grauvacas, foram encontrados. Intercalações calcissilicáticas foram observadas. Bandas granadíferas alternam-se com bandas ricas em piroxênio (diopsídio). Com frequência observa-se a presença de diques preenchidos por material granitóide ou às vezes apenas por material quartzoso. Rochas leucocráticas, quartzosas e quartzo-feldspáticas sustentam muitos dos pontões mais elevados do PESB, com evidente controle estrutural (Figura 3). Faixas Kinzigíticas ocorrem em alinhamento com as falhas de direções Brasilianas, e parecem marcar os limites entre o Gnaisse Piedade e os Migmatitos e Charnoquitos do Grupo Juiz de Fora. Figura 3 – Pontão residual constituído por rocha migmatizada rica em bandas quartzosas. 12