Pelasgos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Escritores da Grécia Antiga usavam o termo Pelasgos (em grego, pl. Πελασγοί, Pelasgoí; s. Πελασγός, Pelasgós) referindo-se a grupos de povos que precederam os helenos e viviam ainda, até o século V a.C. em várias localidades da Grécia continental, Creta e em outras regiões do Egeu, sendo vizinhos dos helenos. As referências aos pelasgos encontradas no grego antigo são confusas. Contudo, concorda-se de forma geral que os pelasgos haviam falado uma língua que não era inteiramente compreensível para os falantes dos diferentes dialetos gregos da época.
Se a língua pelásgica era pré-indo-européia ou não, e se porventura chegava a constitur-se de uma única língua ou não, são disputas atuais, coloridas por disputas nacionalistas. Entre as nações cuja descendência pelásgica tem sido defendida estão os albaneses, os gregos e os romenos. Há também uma teoria que sugere que os filisteus (ou Peleset) do antigo Levante encontravam-se ligados mais profundamente aos pelasgos. Os acadêmicos então terminaram por usar o termo "pelasgos" quase indiscriminadamente, para indicar todos os habitantes autóctones das terras egéias antes da chegada dos gregos; um número de outras teorias mais recentes quanto à natureza dessa povo são discutidas abaixo.
Índice |
[editar] Uso no Grego Clássico
[editar] Em Homero
O gentílico Pelasgoí (Pelasgos) tem etimologia desconhecida, aparecendo pela primeira vez nos poemos de Homero: na Ilíada os pelasgos aparecem como aliados de Tróia. Na seção conhecida pelos acadêmicos como Catálogo de Naus, famosa por preservar uma estrita configuração geográfica, os pelasgos encontram-se entre as cidades helespontinas e as trácias do sudeste da Europa - ou seja, na fronteira helespontina da Trácia (2.840-843). Homero chama a cidade onde vivem de "Larissa" e a caracteriza como de natureza fértil, e seus habitantes como especialmente celebrados por sua habilidade com o dardo. O poeta registra seus chefes como Hípotos e Pileu, filhos de Leto (filho de Teutamo). Na Ilíada (10.428-429) diz-se que acamparam entre a cidade de Tróia e o mar.
A Odisséia (17.175-177) localiza os pelasgos em Creta, juntamente com dois povos aparentemente indígenas e dois imigrantes (os aqueus e os dóricos)), mas não fornece qualquer indicação quanto à classe a qual pertencem os pelasgos. Em Lemnos (Ilíada, 7.467; 14. 230) não há pelasgos, mas uma dinastia miniana. Duas outras passagens aplicam o adjetivo "pelásgico" a um distrito chamado Argos, perto do Monte Ótris no sul da Tessália; e também ao tempo de Zeus em Dódona, no Épiro. Porém, nenhuma passagem chega a mencionar os próprios pelasgos; helenos e aqueus povoam especificamente a Argos tessálica, enquanto Dódona abriga perebos e eniênios (Iliad, 2.750), que não são jamais descritos como pelasgos. Tem-se a impressão, portanto, de que o termo "pelasgos" era usado na épica homérica de forma conotativa, significando ou "anteriormente ocupado por pelasgos" ou simplesmente como "de época imemorial".
[editar] Pós-Homérico
Estrabão cita Hesíodo como um alargamento da frase homérica, chamando Dódona de "assento dos Pelasgos" (fragmento 225); o filósofo também fala dum epônimo Pelasgo, o pai de um herói cultural da Arcádia, Licaão. Após Hesíodo, um certo número de autores antigos decompõem sua curta afirmação. Um genealogista antigo, Ásio, descreve Pelasgo como o primeiro homem, literalmente nascido da terra para criar uma raça de homens. Um poeta antigo, Hecateu, faz Pelasgo rei da Tessália (interpretando Iliad 2.681-684); Acusilao aplica essa passagem homérica à chamada "Argos do Peloponeso", a Argólida, e implanta o Pelasgo de Hesído, pai de Licaão, numa genealogia peloponésica.
Helânico repete esta identificação uma geração mais tarde, reconhecendo este Pelasgo argivo ou arcadiano com o Pelasgo tessálico de Hecateu. Ésquilo considera Pelasgo como nascido da terra (As Suplicantes I, sqq.), como fê-lo Ásio, e governante dum reino que se extendia de Argos a Dódona e ao Estrímão; porém, em Prometeu Acorrentado 879, os "pelasgos" dão origem ao gentílico tirrenos, aparentemente como sinônimo de "pelasgos". Eurípedes chama os habitantes de Argos "pelasgos" (Orestes 857 e 933, se autêntico).
[editar] Em Heródoto
Como Homero, Heródoto possui usos tanto denotativos como conotativos. O autor descreve os pelasgos como um povo contemporâneo a ele, falante de dialetos mutualmente ininteligíveis:
- na Plácia e na Escilácia, na costa asiática do Helesponto;
- perto de Creston no Struma; é nesta área que estão os vizinhos "tirrenos" (Guerras Persas 1.57).