Revolução marginalista
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Revolução Marginalista é o nome que se deu ao surgimento, (quase ) simultâneo e independente, no final do século XIX, de uma série de obras que trouxeram os fundamentos para uma nova concepção da Economia, e que contribuiram para transformá-la numa ciência exata.
Essa pretensão programática - a transformação da Economia Política em Economia (Ciências Econômicas) - tem nas obras de Menger (1871), Jevons (1871) e Léon Walras (1874) seus momentos decisivos, e é justamente para designar essa explosão múltipla que se cunhou o nome Revolução Marginalista.
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[editar] Histórico
A teoria moderna de valor começou com Adam Smith (1776), David Ricardo (1817) e vários outros autores que compõe o grupo da Escola Clássica de Economia.
Estes autores explicavam a formação dos preços, basicamente, pelos seus custos de produção. Se uma mercadoria "A" custava, para ser produzida, o dobro que a mercadoria "B, o preço de "A" seria duas vezes maior que o preço de "B".
Mas ficava evidente que essa análise era muito imperfeita. Como os custos dependem do volume de produção, e (na maioria dos casos) quando o volume de produção aumenta os custos caem, uma análise da teoria dos preços precisaria levar em consideração a demanda pelas mercadorias.
O estudo da demanda de um produto é relacionado com sua utilidade. Mas os economistas clássicos tinham uma certa dificuldade para lidar com o conceito de utilidade na formação dos preços. Criaram o paradoxo do pão e do brilhante: como o pão, que é tão útil, é tão barato e o brilhante, de utilidade relativa, é tão caro? - perguntavam-se eles, sem obter resposta.
[editar] A criação da Teoria da Utilidade Marginal
A criação do conceito de utilidade marginal, que floresceu no final do século XIX, veio trazer a resposta ao paradoxo e hoje é a base teórica da análise econômica da demanda.
O valor da utilidade marginal se define como sendo o valor, para o consumidor, representado por uma unidade adicional de alguma mercadoria.
Para exemplificar: para um consumidor que esteja com fome, a primeira fatia de pão tem uma utilidade enorme. Essa utilidade vai decrescendo à medida que se vai adicionando mais unidades. A décima fatia de pão já representará uma utilidade bem menor que a primeira. A trigésima fatia de pão terá uma utilidade quase nula e a centésima poderá até ter uma utilidade marginal negativa se causar, em nosso consumidor, uma indigestão.
[editar] Os criadores do conceito de Utilidade Marginal
A análise da demanda se tornou possível pela teoria da utilidade, inventada primeiramente por Hermann Heinrich Gossen (1810-1858) na Alemanha em 1854, que criou, num raro e desconhecido livro em alemão [1], a "Primeira Lei de Gossman". Seu trabalho, entretanto, permaneceu totalmente desconhecido. Na década de 1870 Karl Menger na Áustria (1871), Léon Walras na França (1874-77) e W. S. Jevons na Inglaterra (1871), quase que simultaneamente, recriaram de forma independente o conceito inicialmente descoberto por Gossen, que então foi amplamente divulgado.
Mais tarde Alfred Marshall, na Inglaterra, aprofundou essas análises em seu livro Principles of Economics (Princípios de Economia) - 1890 e passou a considerar que os preços são determinados simultaneamente por fatores de custos e de demanda. A análise de Marshall também reconhece as complexas interdependências que ocorrem num sistema de preços, com a demanda e a oferta de várias mercadorias interagindo e se afetando reciprocamente.
[editar] Ver também
- Alfred Marshall
- Carl Menger
- Escola austríaca
- Escola historicista alemã
- Eugen von Boehm-Bawerk
- Léon Walras
- William Stanley Jevons
- Joseph Schumpeter
- Teoria do Equilíbrio Geral
[editar] Ligações externas
[editar] Referências
- ↑ GOSSEN, Hermann Heinrich. The Laws of Human Relations and the Rules of Human Action Derived Therefrom.Translated by Rudolph C. Blitz; introduction by Nicholas Georgescu-Roegen. Cambridge, MA: MIT Press, 1983. ISBN 0262070901
[editar] Bibliografia
- GOSSEN, Hermann Heinrich. The Laws of Human Relations and the Rules of Human Action Derived Therefrom.Translated by Rudolph C. Blitz; introduction by Nicholas Georgescu-Roegen. Cambridge, MA: MIT Press, 1983. ISBN 0262070901