Território Livre de Trieste
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Lema | |||||
Línguas | italiano, croata, alemão | ||||
Igreja oficial | |||||
Capital | Trieste | ||||
Maior cidade | Trieste | ||||
Chefe de Estado | |||||
Área | 738 km² | ||||
População | 333.556 hab. | ||||
Duração | 1947 – 1954 |
O Território Livre de Trieste ou Estado Livre de Trieste (italiano Territorio libero di Trieste, esloveno Svobodno tržaško ozemlje, croata Slobodni teritorij Trsta, alemão Freies Territorium Triest) foi uma cidade-estado situada na Europa Central entre o norte da Itália e Iugoslávia, que teve o status de Estado independente entre 10 de fevereiro de 1947 e 5 de outubro de 1954.
Tinha 738 km² e sua população era 333.556 habitantes sendo 266.311 italianos, 48.714 eslovenos e croatas e 18.531 de outras nacionalidades.
Era dividido em duas zonas: a zona A com 222,5 km² e 242.406 habitantes, administrada pelo Governo Militar Aliado (AMG-FTT), e a zona B com 515,5 km² e 71.000 habitantes administrada pelo Governo Militar Iugoslavo (STT-VUJA).
O Território Livre de Trieste compreendia a cidade-porto de Trieste com uma estreita faixa de costa para o noroeste (zona A) e uma pequena porção da península da Ístria (zona B).
Índice |
[editar] História
Por séculos, Trieste foi parte do Império Austríaco (desde 1867 Império Austro-Húngaro), apesar de sua população majoritária ser italiana. De acordo com o censo austríaco de 1910, Trieste tinha 230.000 habitantes, com os seguintes grupos linguísticos:
- 51.8% italianos,
- 25% eslovenos,
- 5% croatas,
- 1.2% outros alemães, sérvios, gregos, etc.), e
- 16% estrangeiros de fora do Império (dos quais 75% eram da Itália)
Em 1921 (depois da Primeira Guerra Mundial), a Itália formalmente anexou Trieste, Ístria e parte do que hoje é o oeste da Eslovênia. Em 1924, a Itália adicionalmente anexou o Estado Livre de Fiume, hoje a cidade de Rijeka na Croácia.
A área rural de Trieste era povoada por eslovenos no norte e por croatas no sudeste, enquanto os italianos constituíam a maioria da população urbana. O mesmo acontecia em Rijeka e cidades da Ístria.
Durante os anos 20 e 30, a população eslava foi submetida a italianização e discriminação pelo governo fascista italiano. Eles foram também expostos a violência, inclusive com o incêndio do Clube Nacional Esloveno (Narodni dom) em Trieste em 13 de julho de 1920, como resposta à morte de dois marinheiros italianos pelos guardas aduaneiros iugoslavos durante tumultos em Split.
Muitos eslovenos e croatas emigraram para a Iugoslávia, enquanto alguns juntavam-se à organização de resistência TIGR, cujos método incluíram mais de 100 ações terroristas em Trieste e arredores durante os anos 1920s e 1930s.
A Itália aliou-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial. Quando o regime fascista caiu em 1943 e a Itália capitulou, Eslovênia e Croácia (que eram então partes da República Socialista Federal da Iugoslávia) formalmente anexaram o território, mas o exército alemão o ocupou. O 4o. Exército Iugoslavo, junto com o 9o Corpo Esloveno Corps capturou Trieste em 11 de maio de 1945. O exército neozelandês chegou nos dia seguinte e recebeu a rendição do exército alemão. Os soldados iugoslavos partiram em 12 de junho de 1945, devido ao acordo entre a Iugoslávia e os Aliados em 12 de maio.
[editar] O Território Livre
Em 10 de fevereiro de 1947, um tratado de paz foi assinado com a Itália, estabelecendo o Território Livre de Trieste. O território era, porém, dividido em duas zonas: Zona A, com 222.5 km² e com 262.406 residentes incluindo a cidade de Trieste, que era administrada por forças britânicas e americanas, e Zona B, que tinha 515.5 km² com 71.000 residentes incluindo o noroeste da Ístria, e que era administrada pelo Exército Nacional Iugoslavo.
A zona B, por sua vez, era dividida em duas partes separadas pelo riacho Dragogna: o distrito ítalo-esloveno de Capodistria/Koper (Koprščina) e o distrito ítalo-croata de Buie/Buje (Bujština). Trieste/Trst era a capital da zona A e Capodistria/Koper da zona B.
O Território, desta forma, nunca funcionou como um real Estado independente. Seu funcionamento dependia da nomeação de um Governador neutro (nem italiano, nem esloveno ou croata e nem triestino), escolhido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. A escolha do governador se estendeu por vários anos e os nomes propostos foram sistematicamente vetados ou pelos Aliados ou pelos russos. Ainda assim, o status formal do Território era respeitado e ele emitiu sua própria moeda e selos.
De acordo com estimativas publicadas pelo Governo Militar Aliado, em 1949, na Zona A havia cerca de 310.000 habitantes, incluindo 239.200 italianos e 63.000 eslovenos. Fontes italianas contemporâneas citavam um número muito menor de eslovenos (32.000-40.000).
De acordo com o censo iugoslavo de 1945 (considerado não confiável pelos Aliados Ocidentais), na parte da Ístria que se tornou a Zona B havia 67.461 habitantes, incluindo 30.789 eslavos, 29.672 italianos e 7.000 pessoas de nacionalidade não identificada. De acordo com fontes italianas contemporâneas, na Zona B havia de 36.000 a 55.000 italianos e 12.000 a 17.000 eslavos.
[editar] Divisão final do Território
Em 5 de outubro de 1954, um memorando de entendimento entre Itália e Iugoslávia foi assinado em Londres. Ele deu uma administração civil provisória da Zona A (com Trieste) à Itália e da Zona B à Iugoslávia. Em 1975, o Tratado de Osimo foi assinado em Osimo, dividindo definitivamente o ex Território Livre de Trieste entre Itália e a República Socialista Federal da Iugoslávia.
A Zona A corresponde à atual Província de Trieste, na Itália e a Zona B é agora dividida entre o litoral da [Eslovênia]] e o condado de Ístria na Croácia.
[editar] Ligações externas
- Stanford University, California - ITALY: The Trieste Crisis (May 1945) - em inglês
- The Ashburton Guardian - Old soldiers returning to battlefields - em inglês