A história do declínio e queda do império romano
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A História do declínio e queda do império Romano (The History of the Decline and Fall of the Roman Empire) é uma obra monumental de Edward Gibbon. É considerada um marco no campo da história e é frequentemente considerada a primeira obra "moderna" de história. Foi publicado em seis volumes. O primeiro volume foi publicado em 1776 e o último volume em 1788. Gibbon devotou grande parte da sua vida a esta obra.
Gibbon, como muitos historiadores antes do estabelecimento da ciência da arqueologia, dependia de fontes literárias. Ele recorreu muito raramente a fontes secundárias de historiadores ou literatos já falecidos, preferindo recorrer a contemporâneos ou quase-contemporâneos. Uma razão importante para que a obra de Gibbon tenha prevalecido no tempo foi o seu julgamento prudente e esclarecido quanto à fidelidade das fontes e ainda o seu esforço diligente na sistematização das afirmações de outros historiadores.
A obra é considerada a primeira da história "moderna" porque procura explicações para eventos históricos em termos de sociedade, cultura e política, em vez de seguir uma lógica de um plano divino. Autores cristãos prévios quase sempre explicaram acontecimentos em termos religiosos e não procuraram as explicações "neste mundo". Gibbbon manteve-se fiel a um cepticismo crítico e escreveu uma versão bem diferente da história.
Após a sua publicação inicial, provocou uma considerável controvérsia. Não apenas rejeitou a atribuição do curso da história a um plano divino, mas também escreveu extensivamente sobre a cristandade no seu início, em termos que apesar de serem historicamente precisos e detalhados, não são sempre favoráveis aos cristãos da antiguidade.
O excerto que se segue, do Capítulo XV, é o último parágrafo do volume I. Este excelente exemplo demonstra o estílo da escrita de Gibbon, o seu uso da ironia e de humor e o seu cepticismo acerca da história da cristandade num parágrafo:
- "Mas como deveremos perdoar a negligência indiferente do mundo pagão e filosófico que foram apresentadas, não para seu julgamento mas para os seus sentidos? Durante a época de Cristo e seus apóstolos, e dos seus primeiros discípulos, a doutrina que eles professavam era confirmada por inúmeros prodígios. Os coxos caminhavam, os cegos viam, os doentes eram curados, os mortos ressuscitavam, demónios eram esconjurados e as leis da Natureza eram frequentemente suspensas em benefício da igreja. Mas os sábios de Roma e da Grécia desinteressaram-se deste horrível espetáculo e, prosseguindo as suas ocupações normais da vida e do estudo, pareciam inconscientes de quaisquer alterações na moral e no governo material do mundo. Sob o reinado de Tibério, o mundo inteiro, ou pelo menos a celebrada província do Império Romano, estava envolvido na obscuridão sobrenatural. Mesmo este evento miraculoso, que deve ter apelado à curiosidade e devoção da humanidade, passou sem grande notícia numa época de ciência e de história. Aconteceu durante a vida de Séneca e de Plínio o Velho, que devem ter experienciado os efeitos imediatos ou recebido a informação mais privilegiada do prodígio. Qualquer um destes filósofos recolheu detalhadamente os fenómenos da natureza, tremores de terra, cometas e eclipses que a curiosidade infatigável pode recolher. Quer um quer outro omitiram uma menção ao maior fenómeno que algum mortal testemunhou desde a criação do globo."
Apesar da surpresa professada em ver que os contemporâneos de Cristo ignoraram tal evento, é óbvio que a intenção de Gibbon foi a de mostrar que não há evidência histórica de que os eventos recordados no Novo Testamento mencionando a ressurreição de cristo tenham verdadeiramente acontecido. No seu tempo, uma tal afirmação não seria bem recebida, para dizer o mínimo. Mesmo Edward Gibbon terá sentido a necessidade de obscurecer esta declaração em ironia.
A data de 476 d.C., ano da deposição do último imperador de Roma pelo Germânico Odoacro é apontada como Edward Gibbon como o ano da queda de Roma (Império Ocidental), o que é convencionalmente aceite.
Em 380 d.C., a religião cristã tinha sido tornada a religião oficial do Império Romano por Teodósio I.
[editar] Ver também:
- Constantino I (272-337) - Primeiro imperador romano a reconhecer o cristianismo
- Édito de Milão (313) - Documento histórico. O cristianismo deixa de ser perseguido
- Primeiro Concílio de Niceia (325) - Primeira conferência dos bispos da igreja com a tolerância (e mesmo o apoio) do imperador romano
- Santo Jerónimo (340-420)- Tradutor da Bíblia para o Latim. Um passo importante na expansão da religião cristã no Império Romano, imediatamente antes do colapso deste
- Cristianismo