Beija-flor
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- Nota: Para outros significados de Beija-flor, ver Beija-flor (desambiguação).
Trochiliformes |
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Ilustração de vários colibris, retirada do livro Kunstformen der Natur |
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Classificação científica | ||||||||||
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Géneros | ||||||||||
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Trochiliformes é uma ordem de aves que inclui apenas a família Trochilidae e respectivos 108 géneros, onde se classificam as 322 espécies conhecidas de beija-flor ou colibri. No Brasil, alguns géneros recebem outros nomes, como os rabos-brancos do género Phaethornis, ou os bicos-retos, do género Heliomaster. No antigo sistema clssificativo, a família Trochilidae integrava a ordem Apodiformes, juntamente com os andorinhões. Entre as características distintivas do grupo contam-se o bico alongado, a alimentação à base de néctar, 8 pares de costelas, 14 a 15 vértebras cervicais, plumagem iridescente e uma língua extensível e bifurcada.
O grupo é originário das Américas e ocorre desde o Alasca a Norte à Terra do Fogo, no extremo Sul do continente, numa grande variedade de habitats. A maioria das espécies é tropical a subtropical e vive entre as latitudes 10ºN e 25ºS. A maior biodiversidade do grupo encontra-se no Brasil e Equador que contam cerca de metade das espécies conhecidas de beija-flor. Os troquilídeos estão ausentes do Velho Mundo, onde o seu nicho ecológico é preenchido pela família Nectariniidae (Passeriformes).
Índice |
[editar] Características físicas
Os beija-flor são aves de pequeno porte, que medem em média 6 a 12 cm de comprimento e pesam 2 a 6 gramas. A maior espécie conhecida é o beija-flor-gigante da Patagónia, que, mesmo assim é de tamanho diminuto em comparação com outras aves, com 19 a 21 gramas de peso. O bico é normalmente longo, mas o formato preciso varia bastante com a espécie e está adaptado ao formato da flor que constitui a base da alimentação de cada tipo de beija-flor. Uma característica comum é a língua bifurcada e extensível, usada para extrair o néctar das flores.
O esqueleto e constituição muscular dos beija-flor estão adaptados de forma a permitir um voo rápido e extremamente ágil. São as únicas aves capazes de voar em marcha-atrás e de permanecer imóveis no ar. O batimento das asas é muito rápido e as espécies menores podem bater as asas 70 a 80 vezes por segundo. Consequentemente, o batimento do coração é também muito acelerado, podendo atingir 1000 batimentos por minuto. Em contraste, as patas dos beija-flor são pequenas demais para a ave caminhar sobre o solo.
O grupo apresenta dimorfismo sexual. As fémeas são em geral maiores que os machos, mas apresentam coloração menos colorida e iridescente. Os machos podem ter penas ornamentais que estão sempre ausentes nas fémeas.
[editar] Reprodução e comportamento
Os beija-flor são aves poligínicas e solitárias. Na época de reprodução, os machos fecundam diversas fémeas e não tomam parte na nidificação nem nos cuidados parentais das crias. O ninho é construido apenas pela fémea, ao nível do solo ou na copa das árvores, dependendo da espécie, e pode ser reaproveitado de ano para ano. Cada postura contém 2 ovos, brancos e elípticos. O período de incubação dura entre 16 e 25 dias. Os juvenis chocam sem penas, cegos e incapazes de regular a temperatura corporal. Durante os primeiros 23 a 26 dias permanecem no ninho e são alimentados pela progenitora, com uma dieta de néctar e artrópodes. Após saírem do ninho ficam com a mãe cerca de um mês e tornam-se gradualmente independentes. A esperança de vida de um beija-flor é de 6 a 12 anos. Os beija-flor têm um metabolismo rápido e passam grande parte do seu tempo pousados sobre um ramo. São aves muito curiosas, principalmente interessadas em objectos coloridos que investigam como possíveis fontes de alimento. A actividade dos beija-flor decorre durante o dia. De noite, e para poupar energia, estas aves entram num torpor metabólico e a sua temperatura corporal pode descer até aos 20-30ºC, com cerca de 50 batimentos cardíacos por minuto e respiração irregular. As espécies tropicais são sedentárias, mas os beija-flor da América do Norte são migratórios.
Tal como a maioria das aves, o sentido do olfacto não está muito desenvolvido nos beija-flor; a visão, no entanto, é muito apurada. Para além de poderem identificar cores, os beija-flor são dos poucos vertebrados capazes de detectar cores no espectro ultravioleta.
A alimentação dos beija-flor é baseada em néctar (cerca de 90%) e artrópodes, em particular moscas, aranhas e formigas. Em habitats com várias espécies de beija-flor em coexistência, a competição é evitada através de especialização, com cada espécie de ave adaptada a um determinado tipo de flor. A correspondência entre formato das flores e o bico de beija-flor é um dos melhores exemplos de coevolução. A relação entre beija-flor e flores é mutualística e, em troca de alimento, a ave representa um papel importante na polinização das flores de que se alimenta. As flores polinizadas por beija-flor são em geral inodoras e têm corolas longas e tubulares.
[editar] Atração de beija-flores
Aproveitando a grande necessidade que os beija-flores têm de um alimento energético de rápida utilização, como o néctar, que contém carbohidratos em concentração variável em torno de 15 a 25%, é possível atraí-los para fontes artificiais de soluções açucaradas, os chamados "bebedouros" para beija-flores. Trata-se de recipientes com corolas artificiais onde é colocada uma solução açucarada cuja concentração recomendada é de 20%. Uma crença, que tudo indica foi iniciada a partir de uma publicação de autoria do naturalista Augusto Ruschi, diz que o uso desses bebedouros pode ocasionar doenças nessas aves, podendo até matá-las. Porém não há, na literatura ornitológica, nenhum trabalho científico comprovando isto. Essa crença tornou-se extremamente difundida na população. A doença à qual Ruschi se referiu seria a candidíase, infecção oportunista causada pelo fungo Candida albicans, que acometeria a boca dos beija-flores. É possível que esse autor tenha de fato observado essa doença em seus beija-flores, mantidos em viveiros, pelo fato de se encontrarem imunodeprimidos pelas próprias condições do cativeiro. De qualquer forma, é aconselhável que todos que forem se utilizar desse artifício para atração de beija-flores para seus jardins, sacadas, etc, que procedam à limpeza diária dos bebedouros e troca da solução açucarada preparada sempre com açúcar comum, evitando utilizar mel, açúcar mascavo e outros preparados, com maior facilidade de fermentação.
[editar] Conservação
Duas espécies de beija-flor extinguiram-se no passado recente: esmeralda-de-Brace (Chlorostilbon bracei) e esmeralda-de-Gould (Chlorostilbon elegans). Das 322 espécies conhecidas, a IUCN lista 9 como em perigo crítico de extinção, 11 como em perigo e outras 9 como vulneráveis. As maiores ameaças à preservação do grupo são a destruição, degradação e fragmentação de habitats.
[editar] Referências culturais
Os beija-flores estão representados
- No brasão de armas e moedas de 1 centimo de Trinidade e Tobago
- Nas linhas de Nasca
- Cédula de dinheiro do Brasil, R$1,00 Real.
[editar] Géneros
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[editar] Algumas espécies
- Chifre-de-ouro (Heliactin cornuta)
- Beija-flor-brilho-de-fogo (Topaza pela)
- Asas-de-sabre (Campylopterus spp.)
Ordens da Classe Aves (segundo Sibley-Ahlquist) |
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[editar] Referências
- Animal Diversity Web – Trochilidae (14 Junho 2006)