Chita (tecido)
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Chita é um tecido de algodão com desenhos de grandes flores coloridas. O tecido surgiu na Índia e, há tempos, já servia de toalha de mesa em casas de pau-a-pique brasileiras. Hoje empresta sua estampa até para uma cadeira do designer-sensação Philippe Starck.
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[editar] O século das chitas
Nas três primeiras décadas do século XX, a indústria brasileira viveu uma fase intensa de desenvolvimento. A construção da malha ferroviária e de usinas hidrelétricas facilitava o crescimento, da mesma forma que a chegada de inovações técnicas, como o motor de combustão interna e o motor elétrico. Na área têxtil, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais passaram a concentrar a maior parte das indústrias, assim como o poder econômico que sua produção agropecuária lhes conferia.
Era a época da “política do café-com-leite”: os cafeicultores paulistas e produtores de laticínios mineiros tinham influência tão forte na política nas décadas de 10 e 20 que se alternavam no comando da nação, com um dos estados indicando o presidente a cada quatro anos.
[editar] Algodão brasileiro (1900 a 1929)
Até o final dos anos 20, a manufatura têxtil de algodão absorvia 40% do nosso capital e 23% de toda a nossa mão-de-obra empregada em nossa indústria. A estamparia ia a pleno vapor, e novamente a eficiência de nossa produção assustou o “império”, ou seja, os ingleses. Naquele ano, a produção de tecidos brasileira estava calculada em 378.619.000 metros; em 1908, fora de 256.982.203 metros, contra 20.595.375 metros no ano de 1885. As chitas já eram fabricadas em larga escala em grandes empresas. É possível identificar, no acervo do Museu Têxtil Décio Mascarenhas, da Cedro Et Cachoeira, amostras de tecido dos primeiros anos do século XX com estampas florais miúdas, que podem ter sido inspiradas no tecido inglês conhecido como Liberty.
Em 1912 surgiu a Companhia Fabril Mascarenhas. Começava ali a trajetória de uma empresa que não cresceria muito, mas que começaria a produzir a chita nos anos 70 e o chitão na década seguinte, mantendo essa produção em plena atividade até os dias de hoje – no momento, sob o comando do neto do coronel Mascarenhas, José Henrique Mascarenhas.
Enquanto isso, o cenário internacional vivia as crises que culminariam com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a vitória do comunismo na União Soviética (1917), enquanto nosso país era agitado por revoltas populares, envolvendo ex-escravos, agricultores e operários.
A Primeira Guerra Mundial, porém, teria efeito benéfico sobre a produção brasileira. Os paises europeus tiveram suas produções manufaturadas suspensas e se dedicaram à produção de armas. Logo, o Brasil começou a tomar lugar de destaque no comércio internacional de produtos manufaturados.
[editar] Crescimento e conflito (1930 a 1950)
A década de 30 chegou com Getulio Vargas no poder e a necessidade de solucionar graves problemas financeiros nacionais, reflexos da crise internacional.
De 1931 a 1938 a produção nacional de tecidos de algodão cresceu em cerda de 50%, alcançando os 963.757.666 metros anuais. É desse período a fundação da Fiação e Tecelagem São José, em Mariana, Minas Gerais. Nela começou a produção de chita e a gestação do chitão.
Enquanto isso, os EUA retomavam o crescimento econômico, o continente europeu assistia a marcha do nazismo e o Brasil caminhava para a ditadura Vargas. Em 1939 eclodia a Segunda Guerra Mundial, e mais uma vez o conflito favorecia a nossa industria têxtil.
Em 1944 era aberta em Contagem, perto de Belo Horizonte, a Estamparia S.A., que é uma das poucas empresas que ainda produz chita, mas apenas 100 mil a 150 mil metros por mês, o que corresponde a 5% de sua produção mensal de tecidos.
Com o fim da guerra, restava o aumento da especulação monetária e da inflação. Os frutos das novas tecnologias, desenvolvidas para a guerra, chegaram até nós e, na área têxtil, o náilon era o novo objeto de desejo. A chita continuava vestindo os trabalhadores braçais e os moradores das regiões rurais, e era o pano característico das festas populares. Também era usada nas periferias urbanas. Era a vestimenta do dia-a-dia ou a chamada roupa de brincar das crianças.
[editar] O batismo do chitão (anos 50)
O período denominado democracia populista vai de 1945 a [1964]] e se caracteriza pela instabilidade política. A economia e a indústria têxtil sofriam as conseqüências de tanta insegurança. Várias empresas continuavam a produzir e vender chita em abundância, muitas das quais deixariam de fabrica-la alguns anos depois.
As revistas femininas da época ditavam a moda – vinda de Paris – e ensinavam o comportamento feminino ideal: o de submissa rainha do lar. A drástica virada de mesa dos anos 60 ainda estava por vir, para mudar os rumos de lares, mulheres, rainhas, moda – e usos da chita.
A fábrica Bangu deixara de produzir Chita para pesquisar, desenvolver e produzir tecidos de qualidade à altura do mercado internacional, usando principalmente o algodão como matéria-prima. Encerraria, assim, sua função inicial de grande produtora de morins e chitas. Ainda hoje, porém, existe, na sede da fábrica, no Rio, a chamada Sala das Chitas. O prédio original de Bangu, onde ainda se produz um pouco de algodão, é utilizado como cidade cenográfica de produções de TV (como a novela Esperança, da Rede Globo em 2000) e cinema, graças à preservação impecável da construção original tipicamente inglesa.
No final da década de 50, a Fiação e Tecelagem São José voltou-se à demanda especifica de sua clientela, e começou a fazer testes para fabricar tecidos – entre os quais a chita – com largura maior.
A essa nova chita, mais larga, deu-se o nome de chitão, que “só deu certo e foi divulgado na década de 60, quando todo mundo começou a fazer também”, recorda-se Oziris Cimino, diretor comercial da Fiação e Tecelagem São José.
Hoje, o que caracteriza o chitão são as dimensões e as cores de suas estampas florais. Se alguém fizer essa estampa sobre outro suporte que não seja morim, certamente a referencia do novo tecido será “estampa de chitão”.
As características principais do chitão certamente são: cores primárias e secundárias em massas chapadas que cobrem totalmente a trama (disfarçando, inclusive, eventuais aberturas e imperfeições), tons vivos, grafite delineando os desenhos, predominância de uma cor.
[editar] Referência
- A Historia da Chita. Retirado do livro Que Chita Bacana.