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Cookie Policy Terms and Conditions Corvo (Açores) - Wikipédia

Corvo (Açores)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Corvo
Brasão de Corvo Bandeira de Corvo
Brasão Bandeira
Localização de Corvo
Localização
Gentílico Corvense; Corvino
Área 17,13 km²
População 425 hab. (2001)
Densidade populacional 17,5 hab./km²
Número de freguesias 0 (ver texto)
Fundação do município 1832
Região Autónoma Região Autónoma dos Açores
Ilha Ilha do Corvo
Antigo Distrito Horta
Orago N. Sra. dos Milagres
Feriado municipal 20 de Junho
Código postal 9980-024 Corvo
Endereço dos
Paços do Concelho
Rua do Jogo da Bola
Sítio oficial www.cm-corvo.pt
Endereço de
correio electrónico
info@cm-corvo.pt
Municípios de Portugal

A Ilha do Corvo é a menor das ilhas do Arquipélago dos Açores, localizando-se no Grupo Ocidental, a norte da Ilha das Flores. A ela corresponde territorialmente o município do Corvo, o único dos concelhos da República Portuguesa que não tem qualquer freguesia, já que, nos termos do artigo 86.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, este nível de divisão territorial não existe na ilha. As funções dos órgãos de freguesia são assumidos pelos correspondentes órgãos municipais.

População do concelho do Corvo (1849 – 2004)
1849 1900 1930 1960 1981 1991 2001 2004
810 808 676 681 370 393 425 451


Índice

[editar] Geografia

A ilha ocupa uma superfície total de 17,13 km², com 6,5 km de comprimento por 4 km de largura. Situa-se a 39.º 40 de latitude Norte e 31° 05 de longitude Oeste. Dista da Ilha das Flores, 6 milhas náuticas. É formada por uma única montanha vulcânica extinta - o Monte Gordo, coroado com uma ampla cratera de abatimento chamada localmente de Caldeirão, com 3,7 km de perímetro e 300 metros de profundidade. Nela se podem observar várias lagoas e pequenas "ilhotas", duas compridas e cinco redondas. O ponto mais alto da ilha é o Morro dos Homens no rebordo Sul, com 718 metros de altura.

Todo o seu litoral é alto e escarpado, constituindo o cone central do vulcão, com excepção da parte Sul, onde numa fajã lávica se estabeleceu a Vila do Corvo, a única povoação da ilha. As terras imediatamente em redor desta povoação são as únicas em que é possível praticar a agricultura, enquanto as melhores pastagens para o gado ficam mais para Norte, nas chamadas Terras Altas. Na enseada Sul, denominada Enseada de N. Sra. do Rosário, existem três cais de desembarque - o Porto Novo (não usado) e o Porto do Boqueirão e o "Porto da Casa" o mais utilizado. O Portinho da Areia é o único areal da ilha. O clima é húmido com 915,7 mm de chuva anuais, mas ameno, com temperatura média de 17,6ºC.

[editar] Geologia

A ilha localiza-se sobre a placa tectónica norte americana, a oeste do rifte da Crista Média Atlântica (sigla CMA), edificada sobre fundo oceânico com cerca de 10 milhões de anos. As ilhas das Flores e do Corvo emergem do mesmo banco submarino, de orientação NNE-SSO. A sua tectónica é controlada por falhas orientadas aproximadamente Norte-Sul, paralelas à Crista Média Atlântica e por falhas transformantes com direcção Oeste-Este, que segmentam o vale do rifte. A ilha corresponde a um vulcão do tipo central, que começou a emergir à há cerca de 730 mil anos. O colapso da cratera terá sido a 430 mil anos. Antes da formação da cratera, estima-se que o cone central teria 1 000 metros de altitude.

Aliado à erosão marinha, a ilha enfrenta erosão provocada pelos ventos dominantes de Nordeste e Oeste. As vertentes do vulcão encontram-se parcialmente perservadas nos flancos Sul e Leste (com altitudes entre 150 a 250 metros), muito reduzidas pelo recuo das arribas litorais a Norte e completamente ausentes a Oeste (com altitudes entre 500 a 700 metros). O recuo das arribas já alcançou o bordo Oeste da caldeira. Na vertente Sul, sobressaem cones secundários - Coroínha, Morro da Fonte, Grotão da Castelhana e Coroa do Pico - que se encontram bem presevados da acção erosiva, resposáveis pelo derrames basálticos que formaram a fajã lávica (com altitudes entre 10 a 60 metros).=)

Fotografia de satélite da Ilha do Corvo (Landsat)
Fotografia de satélite da Ilha do Corvo (Landsat)

[editar] Vila do Corvo

Mapa da Ilha do Corvo
Mapa da Ilha do Corvo

A Vila do Corvo, também chamada erradamente de Vila Nova do Corvo, é uma das mais pequenas do País e a mais pequena dos Açores, com 425 habitantes (em 2001). A única povoação da ilha é constituída por um aglomerado de casas baixas com ruas estreitas e tortuosas que sobem as encostas, conhecidas localmente por "canadas". Sofreu devido à emigração, principalmente para os EUA e Canadá. A superfície do seu concelho corresponde a toda a superfície da ilha. O concelho mais próximo é Santa Cruz das Flores, tornando este o local habitado mais isolado de Portugal.

Durante o Inverno, as ligações marítimas, apesar de regulares, são fortemente condicionadas pelo estado do mar e pelo vento já que o Porto da Casa, o pequeno molhe que serve a ilha, não fornece abrigo que permita a operação com tempo adverso. No entanto, durante o Verão, chega a haver várias ligações por dia, usando barcos rápidos que fazem o trajecto entre o Corvo e Santa Cruz das Flores em cerca de 45 minutos. Em 28 de Setembro de 1983, é inaugurado o pequeno aeroporto do Corvo com uma pista de 800 metros. De início, as ligações aéreas entre o Corvo e a Terceira (Lajes) eram asseguradas por um avião C-212 Aviocar da Força Aérea Portuguesa (sigla FAP). Em 1991, é substituído pelo pequeno avião Dornier 228-212 da SATA Air Açores, fazendo as ligações com Santa Cruz das Flores, Horta e Terceira (Lajes). Faz escala na ilha 3 vezes por semana - na 2ª, 4ª e 6ª feiras.

[editar] Situação Política

O concelho do Corvo conta com 350 eleitores inscritos (Autárquicas 2005). Apenas votaram 287 eleitores, ou seja, 82% dos eleitores inscritos.

[editar] História

Nos mapas genoveses do Século XIV, é mencionado a "Insula Corvi Marini" (Ilha dos Corvos Marinhos), mas é improvável que esta designação se refira especificamente a esta ilha, apesar de ter sido a origem do nome. É provável ser uma designação para ambas as ilhas do Grupo Ocidental do Arquipélago dos Açores. Foi Diogo de Teive quem achou as ilhas do Grupo Ocidental dos Açores, no regresso de sua 2.ª viagem de exploração, em 1452. Terá sido descoberta em simultâneo com a Ilha das Flores, já que as ilhas são visíveis. A sua designação henriquina é Ilha de Santa Iria. Foi também chamada de "Ilhéu das Flores", e ainda de "Ilha do Marco", pela razão do monte do Caldeirão servir como referência geográfica para os marinheiros.

Em 12 de Novembro de 1548, Gonçalo de Sousa, 2.º Capitão donatário das ilhas das Flores e do Corvo, é autorizado a mandar para ilha escravos (mulatos, provavelmente oriundos da Ilha de Santo Antão, Arquipélago de Cabo Verde) de sua confiança como agricultores e criadores de gado. O povoamento inicial da ilha começou com o envio de uma expedição de 30 pessoas, chefiados pelo terceirense Antão Vaz de Azevedo. Por volta de 1580, colonos da Ilha das Flores se fixam na ilha. Os corvinos desde então levaram uma existência pacata em quase isolamento, dedicando-se à agricultura, à pastorícia e a pesca. Sofreu diversas incursões de corsários e piratas, mas os corvinos souberam impor-se.

Em 1587, o Corvo foi saqueado e suas casas queimadas pelos corsários ingleses, que haviam atacado as Lajes das Flores. No ano de 1632, a ilha sofreu duas tentativas de desembarque de piratas argelinos (território então parte do Império Otomano), no cais Porto da Casa. Duzentos corvinos usaram tudo ao seu dispor para repelir os atacantes que acabaram por desistir com baixas. A imagem de N. Sra. do Rosário foi colocada na Canada da Rocha e daí, diz a lenda que ela protegeu a população das balas disparadas. Foi o segundo pároco da ilha, o florentino Inácio Coelho, irmão do cronista frei Diogo das Chagas. Foi ele quem conseguiu que D. Martinho de Mascarenhas, 2.º capitão do donatário, assumisse o sustento do pároco, bem como a ele se deve a presumível redacção e divulgação dos factos e atribuição à Virgem Maria do milagre da vitória dos corvinos sobre os piratas. A partir de então, a imagem passou a ser chamada de Nossa Senhora dos Milagres.

A paróquia do Corvo foi criada em 1674. Antes dessa data, era visitada anualmente por um padre das Santa Cruz das Flores. Foi primeiro pároco da ilha, o faialense Bartolomeu Tristão. No Século XVIII, com a chegada dos barcos baleeiros norteamericanos à Ilha das Flores para recrutar tripulação e arpoadores, os corvinos eram apreciados pela sua coragem.

Os corvinos tinham de pagar tributo aos seus capitães donatários e, a partir de 1759, com morte a 8.º Duque de Aveiro e Conde de Santa Cruz, à Coroa. Foi Mouzinho da Silveira, em 14 de Maio de 1832, foi quem reduziu para metade o pagamento em trigo e anulou o pagamento em dinheiro, fazendo assim a felicidade dos corvinos. Foi Manuel Tomás de Avelar, o chefe delegação de corvinos que foi a Angra do Heroísmo fazer a petição. Esse imposto é completamente abolido em 1835. Foi o príncipe Regente D. Pedro IV, que em 21 de Junho de 1832, elevou a povoação do Corvo a categoria de Vila e Sede de Concelho. Antes disso, esteve sob jurisdição de Santa Cruz das Flores.

Em 1886, o Governador Civil do Distrito da Horta, Manuel Francisco de Medeiros, quando visitou a Vila do Corvo indagou quais eram as suas aspirações. Foi-lhe pedido apenas uma Bandeira Nacional para saudar os barcos que por aqui passavam. O século XIX vê iniciar-se a emigração para os EUA e Canadá, com interregno entre 1925 e 1955, e que durou até ao início de 1980. Com a inauguração do tráfego aéreo comercial no Aeroporto da Ilha das Flores, em 27 de Abril de 1972, os corvinos começaram a sentir-se menos isolados do resto do mundo.

[editar] Monumentos e Museus

Do património arquitectónico existente, destaca-se a Igreja de N. Sra. dos Milagres construída em 1795, que veio substituir a primitiva ermida. No seu interior, podem admirar-se a estátua da padroeira, pertencente ao Século XVI, um Cristo em marfim e uma imagem em madeira de N. Sra. da Conceição. Além da sua igreja, é digna de ser visitada a Casa do Espírito Santo, fundada a 1871, e de conhecer os Moinhos Típicos do Corvo. Dos cerca de 7 moinhos que existiram na ilha, apenas 3 moinhos se mantêm em funcionamento. O casario da vila é um verdadeiro museu vivo, onde as pessoas mais antigas preservam no falar expressões arcaicas únicas com uma evolução linguística muito própria. Não deixe de ver o miradouro natural do Morro do Pão de Açucar e de subir ao Caldeirão, a cratera central. Foi ainda constituída a Zona de Protecção Especial da Costa e Caldeirão. A ilha possui 2 farolins para ajuda à navegação: na Ponta Negra (desde 1910), e o outro, no Canto da Caneira (desde 1965).

Ilha do Corvo e a parte Norte da Ilha das Flores. Foto tirada abordo do Vaivém Shuttle da NASA
Ilha do Corvo e a parte Norte da Ilha das Flores. Foto tirada abordo do Vaivém Shuttle da NASA

[editar] Tradições, Lendas e Curiosidades

As festividades da ilha são o Culto do Divino Espírito Santo, a Festa de São Pedro (24 a 26 de Junho), a Festa e Romaria de N. Sra. dos Milagres (15 de Agosto) na qual se integra o Festival de Verão dos Moinhos. Em 1938, é fundada a Banda Filarmónica Lira Corvina. Realizava-se no 1.º Domingo de Maio e no 1.º Domingo de Setembro, a Festa do Fio ou Tosquia das Ovelhas, cuja a tradição foi abandonada e ainda não foi recuperada. Gastronómicamente, são típicas as couves da Barca, o Feijão Assado à Corvo, os bolos de Erva do Calhau, a broa de milho e o queijo local. Do artesanato, destaca-se as barretas, mantas e as fechaduras de madeira.

[editar] Lenda da Estátua Equestre

Durante séculos falou-se de uma misteriosa estátua de um cavaleiro apontando para Oeste, como prova da presença de antigos e ignorados navegadores que tinham deixado esse memorial na ilha. A estátua certamente nunca terá existido, mas a lenda foi citada por historiadores renascentistas como um facto verídico. (Veja Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Vol. 6) A lenda da estátua equestre é considerado pelos historiadores modernos como um rochedo sugestivo ou um invenção com intuito de valorizar a ilha e instigar a curiosidade pelas terras a Ocidente. Contudo, é uma crença quase tão antiga quanto a colonização da ilha e faz parte do seu folclore local. A arqueologia não descobriu quaisquer indícios nos Açores, quanto à presença humana anterior ao povoamento dos portugueses.

[editar] Moedas Fenícias no Corvo

Quando, em 1749, foram encontradas várias moedas alegadamente fenícias ou cartaginesas na Ilha do Corvo, é natural que os defensores da tese da existência da Estátua Equestre tenham rejubilado. A lógica era: se havia moedas, é porque houvera, fenícios na Ilha do Corvo. É consenso que não há razões para duvidar da veracidade desse achado, nem da autenticidade dessas moedas de ouro e cobre. Isso por si só não prova que aquele povo do norte de África tenha alcançado as ilhas do Grupo Ocidental açoriano. O achado, a ter-se verificado, teve por certo outra origem, bem mais moderna e também mais fácil de sustentar.

A crer no relato do numismata sueco Johann Frans Podolyn a quem, no dizer do próprio, teriam sido oferecidas, em 1761, algumas dessas moedas, não restam dúvidas quanto à veracidade da descoberta. É o próprio Podolyn quem afirma: "No mês de Novembro de 1749, após alguns dias de ventos tempestuosos de Oeste, que puseram a descoberto parte dos alicerces de um edifício em ruínas na costa da Ilha do Corvo, apareceu uma vasilha de barro negro, quebrada que continha um grande número de moedas, as quais, juntamente com a vasilha, foram levadas a um convento [na Ilha das Flores?], onde as moedas foram repartidas por pessoas curiosas residentes na ilha. Algumas dessas moedas foram enviadas para Lisboa e dali mais tarde remetidas ao Padre Florez, em Madrid. O número de moedas contidas na vasilha não se conhece e nem quantas foram mandadas de Lisboa, mas a Madrid chegaram 9 moedas. ... O Padre Flórez fez-me presente destas moedas quando estive em Madrid em 1761, e disse-me que no todo do achado havia apenas moedas destas 9 variedades." (José Agostinho, Achados Arqueológicos nos Açores, in Açoreana, Vol. 4, fasc. 1, 1946, pág. 101-2. O Padre Enrique Flórez de Setién y Huidobro, (1701-1773), foi um conhecido historiador e numismata espanhol que pertenceu em vida à Ordem de Santo Agostinho.)

Quanto à autenticidade das 9 moedas encontradas no Corvo, o geógrafo alemão Alexander von Humboldt afirma não haver disso a menor dúvida, visto que os seus desenhos foram comparados com as moedas conservadas no gabinete do príncipe real da Dinamarca. (Exame Crítico da Arqueologia do Novo Mundo por Alexander von Humboldt, citado no Arquivo dos Açores, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1981, Ed. fac. pela Edição de 1881, Vol. 3, pág. 111-2). As gravuras dessas moedas foram publicadas, primeiramente, na revista sueca Memórias da Sociedade de Gotemburgo, e, no Século XX, reproduzidas na Açoreana, em 1946, e no Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, em 1947.

[editar] Economia

O sector primário é a principal área de actividade económica da ilha. A área agrícola ocupa cerca de de 17,5% da área do concelho. O cultivo é praticado em pequenas explorações, destacando-se as culturas forrageiras, as culturas permanentes de batata e citrinos, as culturas temporárias de cereais para grão - especialmente milho, as culturas hortícolas intensivas, os prados, as pastagens permanentes e os prados temporários. A pecuária é a principal actividade económica do sector primário, em que os bovinos, os suínos e as aves constituem as principais espécies de criação. O queijo e os lacticínios são os principais produtos. A pesca é também importante.

A região apresenta uma densidade florestal muito baixa - de 0,6%, que corresponde a uma área de 1 hectare, salientando-se as seguintes espécies: cedros, zimbros e loureiros. O concelho começa a apostar no Turismo (sector terciário), oferecendo como principais actividades e atracções turísticas a volta à ilha de barco, mergulho, pesca submarina, passeios pedonais na ilha, com destaque para a subida ao Caldeirão.

[editar] Links externos


Concelhos da Região Autónoma dos Açores Bandeira da Região Autónoma dos Açores
Angra do Heroísmo Calheta Corvo Horta Lagoa Lajes das Flores Lajes do Pico Madalena Nordeste Ponta Delgada
Angra do
Heroísmo
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Ilhas do Arquipélago dos Açores
Bandeira dos Açores

Grupo Oriental: Santa Maria | São Miguel
Grupo Central: Terceira | Graciosa | São Jorge | Pico | Faial
Grupo Ocidental: Flores | Corvo


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