Força Aérea Portuguesa
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A Força Aérea Portuguesa (FAP) é o ramo aéreo das Forças Armadas Portuguesas. As suas origens remontam a 1912, altura em que começaram a ser constituídas as aviações do Exército e da Marinha. Em 1 de Julho de 1952, as aviações do Exército (Aeronáutica Militar) e da Marinha (Aviação Naval) foram fundidas num ramo independente denominado Força Aérea Portuguesa.
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[editar] Missão
A FAP tem como missões principais a defesa do espaço aéreo nacional e a cooperação com os outros ramos das Forças Armadas na defesa militar da Nação. Tem ainda como missões complementares a participação em missões no âmbito de compromissos internacionais e de interesse público de Portugal.
[editar] História
[editar] Cronologia Histórica
- 1909 – É fundado o Aero Club de Portugal, por um grupo de oficiais do Exército, com o objectivo de promover o desenvolvimento da Aeronáutica em Portugal, bem como o seu uso militar;
- 1911 – É criada a Companhia de Aerosteiros do Exército Português, em Vila Nova da Rainha (Azambuja) que se torna a primeira unidade aeronáutica militar portuguesa. A unidade, mais tarde transformada em Batalhão de Aerosteiros, tinha por missão principal a operação de aeróstatos, sobretudo balões de observação;
- 1912 – A título experimental, são integrados na Companhia de Aerosteiros os primeiros aviões, o primeiro dos quais um Deperdussin B, nascendo assim a aviação militar portuguesa;
- 1914 – No Exército Português é criado o Serviço Aeronáutico Militar e a Escola Militar de Aeronáutica (EMA), instalada em Vila Nova da Rainha, junto ao Batalhão de Aerosteiros;
- 1917 – Na Marinha Portuguesa é criado o Serviço e Escola de Aviação da Armada, bem como a primeira base aeronaval, o Centro de Aviação Marítima do Bom Sucesso, em Lisboa;
- 1917 – No âmbito da participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial é prevista a criação dos Serviços de Aviação do Corpo Expedicionário Português que não chegam a ser activados. A maioria dos aviadores enviados para França para formarem o serviço combatem integrados em unidades de aviação francesas e britânicas;
- 1917 – É enviada para Moçambique uma Esquadrilha Expedicionária para participar nas operações contra os alemães. A esquadrilha torna-se uma das primeiras unidades de aviação militar de África;
- 1918 – A aviação do Exército é reorganizada, passando a denominar-se Serviço de Aeronáutica Militar e integrando a Direcção de Aeronáutica directamente dependente do Ministro da Guerra, as Escolas Militares de Aviação e de Aerostação, as Tropas Aeronáuticas (de Aviação e de Aerostação) e o Parque de Material de Aeronáutica;
- 1918 – O Serviço de Aviação da Armada é reorganizado e passa a designar-se Serviços da Aeronáutica Naval;
- 1919 – É criado o Grupo de Esquadrilhas de Aviação "República" (GEAR) na Amadora. O GEAR é a primeira unidade operacional de aviação militar em Portugal, integrando esquadrilhas de combate (caças), de bombardeamento e de observação;
- 1924 – A aeronáutica do Exército passa a arma independente (em igualdade com a Cavalaria, Infantaria, Artilharia e Engenharia) com a designação de Arma de Aeronáutica Militar;
- 1931 – Os Serviços da Aeronáutica Naval são transformados nas Forças Aéreas da Armada;
- 1937 – A Aeronáutica Militar é reorganizada, passando a dispor de um comando autónomo, designado Comando-Geral da Arma da Aeronáutica, o que a torna praticamente num ramo independente, apesar de se manter administrativamente dependente do Exército. Anexo ao Comando-Geral é criado o Comando Terrestre de Defesa Aérea. Na nova organização os principais aeródromos militares passam a ser designados Bases Aéreas;
- 1941 – Com o fim de defender a neutralidade e a soberania portuguesa nos Açores, juntamente com outras forças militares, começam a ser enviadas Esquadrilhas Expedicionárias para o Arquipélago;
- 1950 – É criado o Subsecretariado de Estado da Aeronáutica com o objectivo de passar a tutelar toda a aviação militar portuguesa;
- 1952 – Sob tutela do Subsecretariado de Estado da Aeronáutica é criado o Comando-Geral das Forças Aéreas que passa a exercer o comando unificado sobre as aviações do Exército e da Marinha. A nova organização das forças aéreas passa a compreender Forças Independentes e Forças de Cooperação. As Forças de Cooperação abrangem as Forças Aeronavais (formadas com as unidades da antiga Aviação Naval) e as Forças Aeroterrestres. Considera-se este o marco da criação da Força Aérea Portuguesa como ramo independente;
- 1955 – No seio da FAP, é activado oficialmente o Batalhão de Caçadores-Pára-quedistas, a primeira unidade de tropas pára-quedistas das Forças Armadas Portuguesas;
- 1956 – O território nacional metropolitano e ultramarino é dividido em três grandes regiões aéreas, que passam a exercer o comando operacional das unidades aéreas estacionadas na sua área: 1ª Região Aérea, com comando em Lisboa, abrangendo Portugal Continental, Açores, Madeira, Guiné Portuguesa e Cabo Verde; 2ª Região Aérea, com comando em Luanda, abrangendo Angola e S. Tomé e Príncipe; 3ª Região Aérea, com comando em Lourenço Marques, abrangendo Moçambique, Índia Portuguesa, Macau e Timor. Mais tarde, dentro da 1ª Região Aérea, são criados dois comandos semi-autónomos: Zona Aérea dos Açores e Zona Aérea da Guiné e Cabo Verde;
- 1958 – As Forças Aeronavais e Aeroterrestres são completamente integradas na Força Aérea Portuguesa, deixando de ter qualquer ligação administrativa, respectivamente, à Marinha e ao Exército;
- 1960 – São criadas as primeiras bases aéreas em Angola (Luanda e Negage);
- 1961 – Ataques terroristas em Luanda e no norte de Angola dão início à Guerra do Ultramar em que a Força Aérea vai ter um papel muito activo, em operações de combate, reconhecimento, evacuação de feridos e apoio logístico às tropas e população civil;
- 1961 – O Subsecretariado de Estado da Aeronáutica é substituído pela Secretaria de Estado da Aeronáutica, cujo titular passa a ter assento no Conselho de Ministros, se bem que ainda mantenha um estatuto governamental inferior aos Ministros do Exército e da Marinha;
- 1961 – O general da Força Aérea Venâncio Deslandes é nomeado Governador-Geral e Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola. A função de Comandante-Chefe implicava o comando superior dos três ramos das forças armadas no respectivo Teatro de Operações, sendo o único caso na Guerra do Ultramar em que essa função foi exercida por um oficial não pertencente ao Exército;
- 1962 – Criação oficial das Formações Aéreas Voluntárias, organizações de milícia aérea civil auxiliar da Força Aérea na Guerra do Ultramar;
- 1974 – Dá-se o colpe militar de 25 de Abril que derruba o governo de Marcelo Caetano e pôe fim à Guerra do Ultramar. Na sequência da revolução são extintos os Ministérios do Exército e da Marinha, bem como a Secretaria de Estado da Aeronáutica. As Forças Armadas deixam de ficar subordinadas ao poder civil, passando à tutela do Conselho da Revolução. Os Chefes de Estado Maior dos três ramos das Forças Armadas passam a exercer o comando do ramo, com o estatuto de ministro. O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas passa a ter o estatuto equivalente ao de Primeiro-Ministro, ficando na dependência directa do Presidente da República;
- 1977 – A Força Aérea é reorganizada, sendo criados o Instituto de Altos Estudos da Força Aérea e a Academia da Força Aérea;
- 1982 – Na sequência da reforma constitucional onde é extinto o Conselho da Revolução, as Forças Armadas voltam a ficar subordinadas ao poder civil. A Força Aérea Portuguesa, tal como os outros ramos, é integrada no Ministério da Defesa Nacional.
[editar] Unidades Iniciais da FAP
Em 1952, quando a Força Aérea se tornou independente passou a ter a seu cargo todas as infra-estruturas aeronáuticas que eram pertença do Exército e da Marinha. As suas primeiras unidades foram:
Pertencentes à antiga Aeronáutica Militar:
- Grupo Independente de Aviação de Caça, em Espinho, com duas esquadrilhas de aviões Hurricane. As suas infraestruturas aeronaúticas foram transformadas no Aeródromo-Base Nº1 da FAP, sendo desactivadas em 1955;
- Base Aérea Nº1 em Sintra, vocacionada para a instrução;
- Base Aérea Nº2, na Ota, com uma Esquadrilha de transportes Junkers JU 52/3m e um Grupo de três esquadrilhas de caça, uma F-47 Thunderbolt e as outras duas com Spitfire;
- Base Aérea Nº3, em Tancos com a Esquadrilha de Reconhecimento e Cooperação equipada com aviões Lysander e um Grupo de esquadrilhas de caças Hurricane;
- Base Aérea Nº4, nas Lajes com missões de transporte, reconhecimento e busca e salvamento, equipada com os aviões B-17 e C-54 e com o primeiro helicóptero a operar em Portugal, o Sikorsky UH-19;
- Campo-Base de Lisboa, com aviões de transporte de vários tipos. Na FAP a partir de 1955 passou a chamar-se Aeródromo-Base Nº1, sendo em 1978 transformado em Aeródromo de Trânsito Nº1.
Pertencentes às antigas Forças Aéreas da Armada:
- Centro de Aviação Naval de S. Jacinto, perto de Aveiro, com aviões anti-submarino Curtiss Helldiver. Na FAP a unidade passou por várias designações, a mais longa das quais Base Aérea Nº7.
- Centro de Aviação Naval Comandante Sacadura Cabral, descendente do Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso, em Belém, transferido para o Montijo nos anos 50. A unidade estava inicialmente equipada com aviões Consolidated Fleet, North-American T-6 e Grumman. Na Força Aérea passou a designar-se Base Aérea Nº 6.
[editar] Organização
A Força Aérea Portuguesa está organizada em três níveis de decisão: estratégico, de programação e de execução.
O Nível de Decisão Estratégico compete ao Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, que exerce o comando da FAP, no que é apoiado pelo Estado-Maior da Força Aérea.
O Nível de Programação compete aos três comandos funcionais da FAP:
- Comando Operacional da Força Aérea;
- Comando de Pessoal da Força Aérea;
- Comando Logístico-Administrativo da Força Aérea.
O Nível de Execução está atribuido às unidades e orgãos dependentes dos três comandos funcionais.
[editar] Estado-Maior da Força Aérea (EMFA)
É o orgão de estudo e apoio à decisão do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA) e é dirigido por um Major-General que tem a designação de Vice-CEMFA. Tem sob o seu comando os seguintes orgãos:
- Inspecção-Geral da Força Aérea;
- Instituto de Altos Estudos da Força Aérea;
- Academia da Força Aérea;
- Direcção de Informática;
- Museu do Ar;
- Arquivo Histórico da Força Aérea;
- Banda de Música da Força Aérea.
[editar] Comando Operacional da Força Aérea (COFA)
O Comando Operacional da Força Aérea é dirigido por um Tenente-General e tem como missão o planeamento, direcção e controlo dos sistemas de armas e actividade de defesa aérea do território nacional. Compete ainda a este comando a segurança de todas as unidades e orgãos da Força Aérea.
[editar] Unidades e Zonas Aéreas
O COFA engloba as seguintes unidades:
- Bases Aéreas Principais:
- Base Aérea Nº 1, em Sintra,
- Base Aérea Nº 5, em Monte Real,
- Base Aérea Nº 6, no Montijo,
- Base Aérea Nº 11, em Beja;
- Bases Aéreas Avançadas:
- Aeródromo de Trânsito Nº 1, em Lisboa,
- Aeródromo de Manobra Nº 1, em Ovar,
- Base Aérea Nº 4, nas Lajes.
- Unidades de Vigilância e Detecção:
- Estação de Radar Nº1, em Foia,
- Estação de Radar Nº2, no Pilar,
- Estação de Radar Nº3, em Montejunto.
- Zonas Aéreas:
[editar] Esquadras de Voo
As aeronaves da FAP estão integradas em Esquadras de Voo dependentes das bases aéreas. Em teoria cada esquadra baseia-se em 25, 12 ou 6 aparelhos do mesmo tipo, conforme é, respectivamente, uma esquadra de aeronaves ligeiras, de aeronaves médias ou de aeronaves pesadas. Na prática, esta quantidade varia bastante, dependendo do material disponível. As esquadras com mais aeronaves dividem-se em esquadrilhas de 4 a 8 aparelhos.
As esquadras recebem uma numeração de 3 algarismos, em que o primeiro indica a sua missão primária, do seguinte modo:
- 1 - esquadra de instrução;
- 2 - esquadra de caça;
- 3 - esquadra de ataque;
- 4 - esquadra de reconhecimento;
- 5 - esquadra de transporte;
- 6 - esquadra de patrulha marítima;
- 7 - esquadra de busca e salvamento;
- 8 - esquadra de função especial.
O segundo algarismo indica o tipo de aeronave operado pela esquadra, do seguinte modo:
- 0 - asa fixa;
- 1 - misto;
- 5 - asa móvel.
Desta forma, destacam-se:
- esquadras de instrução: Esquadras 101 e 103 baseadas na BA11 em Beja;
- esquadras de caça: Esquadra 201 baseada na BA5 em Monte Real;
- esquadras de ataque: Esquadra 301 baseada na BA5 em Monte Real;
- esquadras de reconhecimento: Esquadra 401 baseada na BA1 em Sintra;
- esquadras de transporte: Esquadras 501 e 504 baseadas na BA6 no Montijo, Esquadra 502 baseada na BA1 em Sintra e Esquadra 522 baseada na BA11 em Beja;
- esquadras de patrulha marítima: Esquadra 601 baseada na BA6;
- esquadras de busca e salvamento: Esquadra 711 baseada na BA4 e Esquadra 751 baseada na BA6;
- esquadras de função especial: Esquadra 802 dependente da Academia da Força Aérea e baseada na BA1 em Sintra.
[editar] Comando de Pessoal da Força Aérea (CPESFA)
É comandando por um Tenente-General que tem por missão administrar os recursos humanos da Força Aérea. Para atingir esse objectivo tem sob o seu comando os seguintes orgãos:
- Direcção de Pessoal;
- Direcção de Instrução;
- Direcção de Saúde;
- Serviço de Justiça e Disciplina;
- Serviço de Acção Social;
- Serviço de Assistência Religiosa;
- Instituto de Saúde da Força Aérea;
- Hospital da Força Aérea;
- Centro de Medicina Aeronáutica;
- Centro de Psicologia da Força Aérea;
- Centro de Recrutamento e Mobilização;
- Base do Lumiar;
- Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea.
[editar] Comando Logístico e Administrativo da Força Aérea (CLAFA)
É comandado por um Tenente General que tem por missão assegurar a administração dos recursos materiais e financeiros. Para atingir esssa finalidade tem sob o seu comando os seguintes órgãos:
- Direcção de Abastecimento
- Direcção de Electrónica
- Direcção de Finanças
- Direcção de Infraestruturas
- Direcção de Mecânica de Aeronáutica
- Repartição de Transportes
- Serviço Administrativo do CLAFA
- Repartição de Armamento
- Depósito Geral de Material da Força Aérea
- Grupo de Engenharia de Aeródromos da Força Aérea
- Centro de Manutenção Electrónica
[editar] Equipamento
A Força Aérea Portuguesa é hoje, em termos internacionais uma força de média dimensão, com equipamento ao nível dos mais modernos do mundo. Contrariamente a outras forças aéreas, a FAP não atribui uma designação própria às suas aeronaves, adoptando normalmente a designação do fabricante ou fornecedor.
Actualmente, a FAP possui o seguinte material de voo:
[editar] Aeronaves de Luta aérea
[editar] Aeronaves de Luta Anti-Superfície
[editar] Aeronaves de Apoio
- CASA C-212-100 Aviocar;
- CASA C-212-300 Aviocar;
- Cessna FTB-337 G Skymaster;
- Lockheed C-130 H/H-30 Hercules;
- Marcel-Dassault Falcon 20;
- Marcel-Dassault Falcon 50;
- Aerospatiale SE-3160 Alouette III;
- Aerospatiale SA-330 Puma;
- Agusta-Westland EH-101 Merlin.
[editar] Aeronaves de Instrução
- Aérospatiale Epsilon-TB 30;
- CASA C-212-100 Aviocar;
- OGMA Chipmunk Mk 20 (modificado);
- Dassault-Dornier Alpha-Jet;
- Aerospatiale SE-3160 Alouette III;
- ASK-21;
- L-23 Super Blanik.
[editar] Ver também
- Lista de equipamento da FAP utilizado durante a Guerra do Ultramar
- Lista de aviões que serviram a Força Aérea Portuguesa
- Poder Aéreo
- Componentes do poder aéreo
- OGMA
[editar] Ligações externas
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