Gaspar da Silveira Martins
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Gaspar da Silveira Martins (Cerro Largo, República Oriental do Uruguai, 5 de agosto de 1834 — Montevidéu, 23 de julho de 1901) foi um magistrado e político brasileiro.
Foi deputado provincial, deputado geral, presidente de província, ministro da Fazenda e senador do Império do Brasil de 1880 a 1889.
[editar] Biografia
Advogado e político, Gaspar Silveira Martins iniciou sua vida pública como juiz municipal no Rio de Janeiro no período de 1858 até 1859. Depois, foi deputado, senador, ministro da Fazenda, presidente do Rio Grande do Sul e também conselheiro de Estado. Homem da fronteira, o local de seu nascimento é controverso, sendo por muitos tido como tendo visto a luz em Bagé-RS, mas em realidade, nasceu na estância de seu avô, situada na faixa de fronteira, sendo registrado na paróquia de Cerro Largo, no país vizinho.
Sua imensa capacidade oratória muito auxiliou em sua projeção política. No início da carreira, era antimonarquista e liberal, fazendo duras críticas aos governos conservadores da década de 1870. No entanto, com o desenrolar político da época e a subseqüente divisão da política nacional em monarquistas e republicanos, Silveira Martins acaba por se alinhar com os monarquistas.Em 1862 foi eleito deputado provincial pelo Rio Grande do Sul e em 1865 fundou, em Porto Alegre, o jornal A Reforma. Este jornal, depois transferido para o Rio de Janeiro, foi o órgão oficial dos federalistas gaúchos. Em 1872 era deputado-geral. Em 1873 demitiu-se poucos meses após assumir o Ministério da Fazenda por não aceitar um projeto do governo de tornar inelegíveis os cidadãos não-católicos. Em 1880 elegeu-se senador e em sua terra natal enfrentava a dura concorrência política com Júlio de Castilhos, seu histórico adversário.
Na medida em que o choque entre monarquistas e republicanos era cada vez mais inevitável, Gaspar Silveira Martins optou pelo parlamentarismo, transformando-se em um de seus maiores defensores. Pouco tempo antes da proclamação da república, foi conselheiro de Estado e logo depois presidente da província do Rio Grande do Sul.
Em 1889, é o pivô da crise que culmina com a proclamação da República: o Marechal Deodoro, amigo do Imperador, concorda em participar da quartelada apenas para depor o gabinete do Visconde de Ouro Preto e volta para casa; no entanto, Benjamin Constant informa como certo, o que não era verdade, que Silveira Martins, desafeto de Deodoro, seria o escolhido para suceder Ouro Preto. Tal fato terminou por precipitar a Proclamação da República, pois Deodoro da Fonseca não aceitava ver um inimigo, que o chamava pejorativamente de sargentão, como primeiro ministro. Com isso, o Marechal aquiesce em assinar o decreto que institui o governo provisório republicano.
Com a deposição de Dom Pedro II, Silveira Martins parte para um exílio na Europa.Em 1892, com a anistia concedia por Deodoro, Silveira Martins está de volta em sua terra natal para logo se indispor com a conduta dos governantes republicanos, por ele chamados de ditadores comtistas.
Num congresso em Bagé, propõe uma reforma constitucional e a adoção do parlamentarismo. Não era sua intenção pegar em armas e lutou para que não houvesse conflito. Foi, contudo, voto vencido. Era o início da Revolução Federalista, que durou de 1893 até 1895.
Com a vitória de Júlio de Castilhos e a conseqüente pacificação, Silveira Martins ainda teve fôlego para organizar um novo congresso federalista em Porto Alegre. A partir de então, passou a dar mais atenção para sua vida na estância Rincón Pereyra, que possuía no Uruguai, tendo falecido repentinamente, num quarto de hotel em Montevidéu.
Paulo José Pires Brandão, neto materno e afilhado do Conselheiro Antonio Ferreira Viana, conheceu Silveira Martins em casa do avô. Em seu livro Vultos do Meu Caminho, assim o descreve:
"Alto, corpulento, grandes óculos, barba toda aberta e branca, pele muito vermelha. Voz de trovão, gesto largo, não sabia falar baixo, e mesmo quando palestrava era em tom de discurso, e a sua voz clara, sonora e forte invadia a sala onde estava, os corredores, o hall, a casa inteira, atravessando a rua. Não falava ao ouvido de ninguém, não dizia segredos, nem os tinha, mesmo porque a sua voz não dava diapasão para sussurros, não murmurava: tonitroava".