Influenza
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Os vírus influenza, incluídos no grupo dos vírus causadores de infecções respiratórias são vírus ARN, classificados na família Orthomyxoviridae.
Esta família comporta apenas um género, Influenzavirus, composto por três serotipos, A, B e C.
Os serotipos de vírus influenza distinguem-se pelo facto dos seus antigénios internos apresentarem reacções antigénicas cruzadas entre membros de cada serotipo, mas não entre serotipos diferentes.
Há ainda importantes diferenças biológicas entre os três tipos de vírus:
- Enquanto que o vírus influenza B é quase exclusivamente humano, o vírus A tem sido isolado a partir de muitas espécies além do homem.
- As glicoproteínas de superfície dos vírus influenza A exibem uma maior variabilidade quando comparadas com os vírus B e C.
- Os vírus influenza A e B estão morfológica e molecularmente mais estreitamente relacionados, do que com o vírus C.
As estirpes epidémicas são classificadas como A ou B, dependendo das propriedades antigénicas das proteínas internas não glicosiladas. O vírus influenza C possui antigénios internos distintos daqueles, sendo o seu papel na morbilidade por gripe menor, uma vez que a sua circulação endémica é clinicamente pouco aparente.
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[editar] Morfologia e estrutura geral
Os vírus influenza A e B são morfologicamente muito semelhantes. O seu pleomorfismo permite que, através de exames por ultramicroscopia, se possam observar partículas esféricas (80 a 120 nm de diâmetro) ou filamentosas, conforme a origem de preparação dos isolados virais, são vírus do tipo ortomixovirus.
A característica mais marcante da estrutura destes vírus são as projecções radiais de espículas, que se observam em toda a sua superfície. Estas espículas correspondem às glicoproteínas hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA).
As glicoproteínas HA e NA estão ligadas através de sequências de aminoácidos hidrófobos ao invólucro lipídico que deriva da membrana citoplasmática da célula hospedeira. No interior do invólucro, encontra-se a proteína da matriz (M), a qual, por sua vez, rodeia 8 moléculas de ARN de hélice simples e polaridade negativa, associados com a proteína da nucleocápside ou nucleoproteína (NP) e três proteínas (PB1, PB2 e PA) responsáveis pela replicação e transcrição do ARN. Nestes vírus, encontram-se ainda duas proteínas não estruturais (NS1, NS2), cuja função é desconhecida.
[editar] Variações antigénicas
A capacidade que os vírus influenza têm em dar origem a surtos epidémicos ou epidemias, está associada às variações que podem ocorrer nos dois antigénios de superfície, a HA e a NA. Conhecem-se dois tipos de variações: as variações menores ou drift e as variações maiores ou shift.
[editar] Variações menores
Ocorrem tanto nos vírus do tipo A como B e são responsáveis por surtos epidémicos ou por casos esporádicos que ocorrem nos anos interpandémicos.
Estas variações são explicadas pela imunidade de grupo, pelo que o aparecimento de um novo vírus deve-se à sua selecção numa população imunizada contra a variante precendente, no qual as modificações dos seus antigénios de superfície, mesmo que ligeiras, lhe permitem escapar à pressão imunológica e difundir-se na população. As variações menores ocorrem por mutações localizadas e múltiplas no gene, devidas à acumulação de sequências modificadas de aminoácidos, que alteram os sites antigénicos, de modo a não serem reconhecidos pelo sistema imune do hospedeiro.
[editar] Variações maiores
Dizem apenas respeito à HA e NA dos vírus influenza do tipo A. Estas variações acontecem geralmente com intervalos de vários anos e o aparecimento do novo subtipo, numa população desprovida de anticorpos neutralizantes, pode dar origem a uma pandemia. Foi o que aconteceu em 1947 com subtipo H1N1, em 1957 com o subtipo H2N2 (gripe asiática), em 1968 com o subtipo H3N2 (gripe de Hong-Kong) em 1997 outra variação foi identificada, e em 2003 ela ressurgiu o H5N1 (gripe aviária).
Nas variações maiores, as alterações da estrutura da HA e NA pressupõem alterações importantes dos fragmentos genómicos. Várias são as hipóteses que tentam explicar o surgimento dessas variações:
- Recombinação genética entre estirpes humanas e animais no decurso de infecções mistas.
- O vírus causador de uma epidemia muitos anos antes poderá manter-se escondido durante longos intervalos de tempo e o seu regresso origina uma pandemia.
- Um vírus infectante dos mamíferos ou das aves pode, por qualquer circunstância indefinida, tornar-se infeccioso para o homem.
Apesar de todas estas hipóteses, não existem certezas sobre o modo como surgem os diferentes subtipos dos vírus de influenza A. É apenas razoável supor, em relação aos mecanismos referidos, que eventualmente cada um deles opere, numa altura ou noutra, para produzir uma variação maior nos vírus influenza.