Mario Quintana
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Mario Quintana (Alegrete, 30 de Julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de Maio de 1994) poeta, tradutor, jornalista e escritor brasileiro. Em 2006, comemora-se o centenário de seu nascimento.
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[editar] Biografia
Era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana. Fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias.
Trabalhou na Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.
Considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica, trabalhou como jornalista quase que a sua vida toda. Traduziu mais de cento e trinta obras da Literatura Universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs.Dalloway de Virginia Woolf e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Em 1940 lançou o seu primeiro livro de poesias, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966 foi saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manoel Bandeira, e obteve o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores pela obra Antologia Poética.
Viveu grande parte da vida em hotéis, sendo que o Hotel Majestic ou Majestoso Hotel no centro Velho de Porto Alegre foi tombado e transformado em centro cultural e batizado Casa de Cultura Mario Quintana em sua homenagem ainda em vida. Em seus últimos anos de vida, era comumente visto caminhando nas redondezas.
Segundo o próprio poeta, em entrevista a Eddla Van Steen em 1979, seu nome não tem acentuação.
Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no Estado do Rio Grande do Sul.
[editar] Obras
- Obra poética
- A Rua dos Cataventos - Porto Alegre, Editora do Globo, 1940
- Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946
- Sapato florido - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
- O aprendiz de feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950
- Espelho mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
- Inéditos e esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953
- Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962
- Caderno H - Porto Alegre, Editora do Globo, 1973
- Apontamentos de história sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976
- Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976
- A vaca e o hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977
- Esconderijos do tempo - Porto Alegre, L&PM, 1980
- Baú de espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
- Preparativos de viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987
- Da preguiça como método de trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987
- Porta giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988
- A cor do invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989
- Velório sem defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990
- Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001
- Livros infantis
- O batalhão das letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948
- Pé de pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
- Lili inventa o mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983
- Nariz de vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984
- O sapo amarelo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1984
- Sapato furado - São Paulo, FTD Editora, 1994
- Antologias
- Antologia poética - Rio de Janeiro, Ed. do Autor, 1966
- Prosa & verso - Porto Alegre, Editora do Globo, 1978
- Chew me up Slowly (Caderno H) - Porto Alegre, Editora do Globo / Riocell, 1978
- Na volta da esquina - Porto Alegre, L&PM, 1979
- Objetos perdidos y otros poemas - Buenos Aires, Calicanto, 1979
- Nova antologia poética - Rio de Janeiro, Codecri, 1981
- Literatura comentada - Editora Abril, Seleção e Organização Regina Zilberman, 1982
- Os melhores poemas de Mario Quintana (seleção e introdução de Fausto Cunha)- São Paulo, Editora Global, 1983
- Primavera cruza o rio - Porto Alegre, Editora do Globo, 1985
- 80 anos de poesia - São Paulo, Editora Globo, 1986
- Trinta poemas - Porto Alegre, Coordenação do Livro e Literatura da SMC, 1990
- Ora bolas - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 1994
- Antologia poética - Porto Alegre, L&PM, 1997
- Mario Quintana, poesia completa - Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2005
[editar] Mario Quintana por ele mesmo
Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas… Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu… Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.
[editar] Homenagem
O poeta Manuel Bandeira dedicou-lhe um poema, onde se lê:
-
- Meu Quintana, os teus cantares
- Não são, Quintana, cantares:
- São, Quintana, quintanares.
-
- Quinta-essência de cantares...
- Insólitos, singulares...
- Cantares? Não! Quintanares!