Neoliberalismo chileno
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Neoliberalismo chileno é o termo que designa o sistema econômico que o Chile adotou após o golpe militar perpetrado por Pinochet.
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[editar] Introdução
O Chile, quando da vitória de Pinochet, em 1973, adotou um plano de ação chamado de O Ladrilho , que fora preparado pelo candidato da direita, com o auxílio de um grupo de economistas, chamados pela imprensa internacional da época, os Chicago Boys, provenientes da Universidade de Chicago. Este documento continha os fundamentos do que, depois, viria a ser chamado de neoliberalismo.[1]
[editar] História
A história de construção da estabilidade financeira do Chile foi marcada por muito mais tentativas e erros do que se costuma supor.
Uma primeira crise irrompeu logo após o golpe que levou Pinochet ao poder durante a primeira fase da crise do petróleo, de 1973. Outra, iniciada em 1975, foi causada pela queda dos preços do cobre e pela alta do petróleo na segunda fase de sua crise.
Em 1981 a economia do Chile passou por seus mais graves abalos, que fez cambalear o modelo econômico neoliberal dos técnicos de Chigago, durante os quais faliu a sólida refinaria de açúcar Vina del Mar, espalhando pânico no setor empresarial.
Diante disso, Pinochet decidiu contrariar os conselhos neoliberais, desvalorizando o peso de 39 para 46 por dólar. Em 1982 o PIB do Chile caiu 13.4% e o desemprego chegou a 19,6%. As pessoas cuja sobrevivência passou a depender exclusivamente de programas assistenciais chegaram a representar 30% da população - um em cada três chilenos.
O sistema bancário entrou em colapso, e houve uma corrida aos bancos. A fazenda teve que retroceder nas liberalizações, elevando a tarifa de importação de 9% para 20%.
Pinochet trocou três vezes de ministro da fazenda, até finalmente acertar com Hernán Büchi, que promoveu uma onda de privatizações e conseguiu, finalmente, colocar a economia chilena no rumo do desenvolvimento econômico, tornando-se famoso como o responsável pelo segundo milagre chileno.[2]
O Chile nunca seguiu cegamente as recomendações do FMI, tendo privatizado apenas a metade de suas minas de cobre. Na sua gestão, Büchi retornou a um certo liberalismo econômico, mas de forma muito mais controlada que a aplicada anteriormente pelos Chicago Boys, e sem o dogmatismo que movia seus predecessores.
Assim, contrapôs às medidas ortodoxas certas medidas intervencionistas como, por exemplo, uma forte desvalorização artificial do peso - que tornou-se sub-valorizado, favorecendo as exportaçãos e dificultando as importações - , o rígido controle da taxas de juros pelo Banco Central e uma lenta, porém contínua, redução das tarifas alfandegárias.
[editar] Os resultados
As sucessivas tentativas e erros de dosagem nas medidas recomendadas pelo modelo neoliberal custaram ao Chile uma queda 30% do seu PIB, até que Büchi encontrasse o caminho certo para o crescimento. [3] [4]
Quando ocorreu a democratização, em 1990, 38,6% da população chilena se encontrava abaixo da linha de pobreza. Pinochet privatizou a previdência social, e até hoje 39% da população - quase a metade dos chilenos - não dispõe de nenhum tipo de seguridade social.
Para começar a corrigir estas distorções o Chile adotou, a partir de 2001, uma medida que é considerada a chave para sua estabilidade atual: a lei do superavit estrutural, de 1% do PIB - um mecanismo anticíclico (no melhor estilo Keynesiano), através do qual o governo economiza receita nos anos bons para poder gastar mais nos anos de vacas magras.
[editar] Ver também
[editar] Referências:
- ↑ ((es)) VILLAROEL, Gilberto. La herencia de los "Chicago boys". Santiago do Chile: BBC Mundo.com - América Latina, 10/12/2006.
- ↑ Um Olhar Sobre o Modelo Chileno, in Relatório nº 065/2000, Ministério das Relações Exteriores, Especial O Estado de S. Paulo, edições de 22 a 25/10/2000
- ↑ ((en)) PALAST, Greg. Tinker Bell, Pinochet and The Fairy Tale Miracle of Chile. 10/12/2006, in Articles
- ↑ ((en)) HUDSON, Michael, Prof. Chile's Failed Economic Laboratory - an Interview with (Professor) Michael HUDSON. Petrolia, CA: CounterPunch, 20/10/2003