Pierre Lévy
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Pierre Lévy, nascido na Tunísia em 1956, uma ex-colônia francesa, é um filósofo da informação que se ocupa em estudar as interações entre a Internet e a sociedade.
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[editar] Vida
Pierre Lévy nasceu numa família judaica. Fez mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação, na Universidade de Sorbonne, França. Trabalha desde 2002 como titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva na Universidade de Ottawa, Canadá. É membro da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).
Em seu livro A Revolução Contemporânea em matéria de Comunicação, Lévy faz uma análise da evolução da humanidade, abordando o desenvolvimento da Internet e a digitalização da informação.
[editar] Filosofia
De acordo com Levy, antes da popularização da internet o espaço público de comunicação era controlado através de intermediários institucionais que preenchiam uma função de filtragem entre os autores e consumidores de informação. Hoje, com a internet quase todo mundo pode publicar um texto sem passar por uma editora nem pela redação de um jornal. No entanto, essa liberdade de publicações que a internet oferece, acarreta no problema da veracidade, da garantia quanto a qualidade da informação. A cada minuto, novas pessoas assinam a Internet, novos computadores se interconectam, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se estende, mais universal se torna. Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática.
Segundo o filósofo, “as redes de computadores carregam uma grande quantidade de tecnologias intelectuais que aumentam e modificam a maioria das nossas capacidades cognitivas”, ou seja, o computador é um instrumento de troca, de produção e de estocagem de informações, tornando-se desta forma, um instrumento de coloboração. A televisão, ao contrário, para Lévy, é um meio de comunicação passivo, pois não proporciona ao receptor nem troca de informação, nem interatividade, pois ao assistir uma programação na TV, o receptor apenas absorve as informações, mas não consegue interagir com o emissor.
Lévy afirma ainda que “a comunicação interativa e coletiva é a principal atração do ciberespaço”. Isso ocorre porque a Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Ela possibilita a partilha da memória, da percepção, da imaginação. Isso resulta na aprendizagem coletiva e na troca de conhecimentos entre os grupos.
Dois pontos importantes podem ser destacados em sua teoria:
- Universalização
- Conceito que aparece com a criação da escrita, sua principal característica e o rompimento com o tempo e espaço, ou seja, as informações não estavam mais limitadas ao meio oral. Agora a escrita fixa a mensagem no papel e esta não fica presa nem a questões geográficas ou temporais, podendo chegar a qualquer lugar do planeta, universalizando a mensagem. Antes do surgimento da escrita, a forma de comunicação era oral, ou seja, o emissor e o receptor estavam inseridos no mesmo ambiente havia uma interação entre as partes. Consequentemente as informações e o conhecimento necessitavam de estar em um circulo oral, para não cair no esquecimento. Com a criação deste novo meio, surge uma nova forma de comunicação, com ela não há a necessidade do emissor e do receptor encontra-se no mesmo espaço físico ou temporal. Por outro lado, a escrita também criou o segundo conceito.
- Totalização
- A escrita possibilitou com que a interação que havia no meio oral deixasse de existir, com isso em um texto escrito há uma totalização, ou seja, somente o emissor e que fala, segundo o seu entendimento sem a possibilidade de interação do seu receptor. Da mesma forma, os meios de comunicação de massa seguem este regime totalitário, onde não existe espaço para uma interação e há uma forma linear e pré-determinada de raciocínio. Com a Internet, a universalização continua, todavia, por outro lado, a totalização some, pois neste meio a interatividade é contínua, ou seja, não há mais um saber autoritário, monolítico e centralizado.
- Mais conceitos importantes
- Virtual/Atual
- O conceito de virtual é amplamente pensado como desprovido de realidade. Lévy nos mostra que essa visão é errônea já que o virtual é real e não se opõe ao mesmo, ainda que não esteja nas categorias de tempo e espaço (é desterritorializado e atemporal). Segundo Deleuze o virtual é real sem ser atual. Podemos pensar Virtual como uma problemática sem forma definida e o atual como a resposta a essa problemática. O exemplo dado pelo próprio Lévy é que "o problema da semente..." "é fazer brotar uma árvore. A semente é um problema mesmo que não seja somente isso. Isto significa que ela "conhece" exatamente a forma da árvore que expandirá sua folhagem acima dela."(O que é o virtual,1998). Um exemplo prático da falta de território e tempo da virtualidade pode ser dado por uma conversa por telefone ou por MSN. Qual é o lugar onde acontecem essas conversas? Digamos que as duas pessoas que se comunicam estejam em pontos opostos do globo, qual seria a hora? A resposta é em qualquer lugar e a qualquer tempo. Assim como ocorre com o acesso a qualquer arquivo da Internet, você pode ler este texto em qualquer lugar e a qualquer tempo.
[editar] Obras
- Em português
- As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. 1. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1992. 263 p.
- As árvores de conhecimentos. São Paulo: Escuta, 1995. 188 p. (em co-autoria com Michel Authier)
- O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1996. 160 p.
- A ideografia dinâmica: para uma imaginação artificial? Lisboa: Instituto Piaget, 1997. 226 p.
- A ideografia dinâmica: rumo a uma imaginação artificial? São Paulo: Loyola, 1998. 228 p.
- A máquina universo: criação, cognição e cultura informática. São Paulo: ARTMED, 1998. 173 p.
- Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. 260 p.
- A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2000. 212 p.
- Filosofia world: o mercado, o ciberespaço, a consciência. Lisboa: Instituto Piaget, 2000. 212 p.
- A Conexão Planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: Editora 34, 2001. 189 p.
- Ciberdemocracia. Lisboa: Instituto Piaget, 2003. 249 p.
- Em francês
- La machine univers, Paris: La Découverte, 1987
- Les technologies de l'intelligence. Paris: La Découverte, 1990.
- L'idéographie dynamique. Vers une imagination artificielle ?. Paris: La Découverte, 1992.
- De la programmation considérée comme un des beaux-arts. Paris: La Découverte, 1992.
- Les arbres de connaissances, Paris: La Découverte. 1993
- L'intelligence collective. Pour une anthropologie du cyberespace. Paris: La Découverte, 1994.
- L'universel sans totalité. In: Magazine Littéraire. 1966-1996. La passion des idées, 1996.
- Cyberculture. Paris: Odile Jacob, 1997.
- Qu'est-ce que le virtuel ?. Paris: La Découverte, 1998.
- World Philosophie (le marché, le cyberespace, la conscience) . Paris: Odile Jacob, 2000.
- Cyberdémocratie (Essai de philosophie politique). Paris: Odile Jacob, 2002.
[editar] Ver também
- Luciano Floridi
- Paul Virilio
- Internet
- Computador
- Semiótica
- Meme
- Memética
- Noosfera
- Ideosfera
- Infosfera
- Inforg
- Ciberespaço
- Criptoespaço
- Consciência coletiva
- Inteligência coletiva
- Inteligência artificial
- Próxima Natureza
- Filosofia da informação
- Ciência da informação
- Tecnologia da informação
- Sistemas de informação
- Sociedade da informação
- Antropologia
- Sociologia
- Semiótica
- Think tank
[editar] Ligações externas
- Revista Nova Escola. "Estamos todos conectados: o filósofo francês diz que a Internet vai nos permitir construir uma Inteligência Coletiva"
- Centro de Referência em Educação Mário Covas. "Pierre Lévy, o defensor da Inteligência Coletiva"
- "A cibercultura e o surgimento de novas formas de sociabilidade"
- "O novo mundo da cibercultura"
- "A cibercultura como culpa"
- Recensão do livro "O que é o virtual?"
- Textos francês e português
- Vídeos e áudios on line