Samuel Wainer
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Samuel Wainer (São Paulo1, 12 de janeiro de 1912 — São Paulo, 1980) foi um jornalista brasileiro. Foi fundador, editor-chefe e diretor do jornal Última Hora. Foi casado com a modelo e jornalista Danuza Leão.
Imagem:*http://www.siciliano.com.br/capas/8576650835.jpg
Filho de judeus da Bessarábia radicados na capital paulista, Wainer tem uma importância inegável na história do jornalismo brasileiro, um claro exemplo sendo o papel político que exerceu no segundo governo de Getúlio Vargas. Originalmente um jornalista da Esquerda não-comunista, ligado ao grupo de intelectuais congregados em torno da revista Diretrizes , Wainer era um repórter dos Diários Associados de Assis Chateaubriand quando veio a entrevistar Vargas durante a campanha eleitoral de 1950, formando com ele uma amizade política, movida à base de interesses mútuos, que viria a resultar na criação do Última Hora.
Vargas havia concebido a necessidade de um orgão de imprensa que pudesse sustentar as posições do populismo varguista contra uma imprensa virulentamente anti-populista e anti-varguista. Consciente do talento individual de Wainer, e sabendo da sua insatisfação com o trabalho nos Diários Associados, onde estava sujeito às humilhações quotidianas que implicava o trato diário com Assis Chateaubriand e suas práticas amorais, Vargas sabia poder contar com a lealdade pessoal daquele a quem havia apelidado de "Profeta". Para tal,uma vez eleito garantiu que o Banco do Brasil fornecesse um crédito a Wainer para a constituição do jornal em condições favorecidas.
O Última Hora, desde sua origem, colocou-se abertamente como orgão pró-Vargas e oficioso: na sua primeira edição, o jornal estampava uma carta de felicitações assinada pelo prório Getúlio Vargas. Foi um jornal que introduziu uma série de técnicas, bem sucedidas que o tornavam mais atrativo às clsses populares: a seção de cartas dos leitores, o uso de uma editoria específica para tratar de problemas locais dos bairros do Rio de Janeiro. Era, ao mesmo tempo, um jornal conhecido pelo seu corpo de articulistas: Nelson Rodrigues e seus folhetins, a coluna de análise política de Paulo Francis, mesmo uma coluna do futuro animador de televisão Chacrinha.
A oposição a Vargas, comandada por Carlos Lacerda, não podendo impugnar a legalidade do empréstimo favorecido que viabilizara o jornal (como lembraria o próprio Wainer em suas memórias, toda a imprensa brasileira beneficiava-se de tais créditos irregulares) procurou impugnar o próprio Wainer. Coube a Carlos Lacerda a tarefa de procurar negar a Wainer o direito de dirigir um jornal, alegando que o jornalista teria nascido na Bessarábia (a atual Moldova, na época um território disputado entre a Roménia e a URSS),em 1910 e que haveria recebido uma certidão de nascimento falsa em território brasileiro, que o daria como nascido em 1912. Sendo brasileiro naturalizado, e não nato, Wainer estaria, nos termos da lei, impedido de ser proprietário de um jornal. A campanha contra Wainer -que combinava direitismo anti-getulista e um toque de anti-semitismo - levou a uma longa batalha judicial que prolongou-se para além do suicídio de Vargas em 1954 e terminou com a absolvição do jornalista da acusação de falsidade ideológica.
Wainer permaneceu uma figura jornalística importante no pré-1964 brasileiro, permanecendo ligado ao populismo e contando com a simpatia dos presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart. Homem de uma certa elasticidade moral (por ele mesmo admitida), era no entanto um jornalista competente(entre outras realizações, foi o únco jornalista brasileiro a cobrir o Julgamento de Nuremberg) e um mundano consumado, cuja reputação de dandy foi muito beneficiada pelo seu casamento com uma modelo de beleza exótica, grande dama da sociedade boêmia da época. Até o Golpe Militar de 1964, havia conseguido estruturar um verdadeiro império jornalístico, com várias edições regionais do seu jornal. Após 1964- apesar de um brilhante exílio dourado em Paris entre 1964 e 1968 - teve seu património dilapidado pelas perseguições da ditadura, e acabou por vender a edição nacional do Última Hora em 1972. Em 1975, passou a residir em São Paulo, onde morreria, empobrecido, como jornalista assalariado da Folha de S.Paulo. Deixou um livro de memórias - Minha Razão de Viver - editado postumamente por sua filha Débora ("Pinky") Wainer, no qual absteve-se de decifrar o enigma do seu local e data de nascimento.
[editar] Fontes
Samuel Wainer, Minha Razão de Viver, eds. Augusto Nunes & Pinky Wainer, Planeta, 2005. Danusa Leão, Quase Tudo, S.Paulo, Cia. das Letras, 2005.
1:O lugar de nascimento de Wainer é incerto, pois muitos apontam que ele teria chegado ao Brasil com dois anos de idade, tendo nascido na Bessarábia.