Teosofia
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Teosofia é o corpo doutrinário que sintetiza Filosofia, Religião e Ciência, e que tem como precedente histórico a corrente filosófica do Neoplatonismo dos séculos II e III, e que modernamente foi reintroduzido no último quartel do século XIX na Europa pela russa Helena Petrovna Blavatsky. Tem como base os princípios fundamentais do budismo, hinduísmo e do hermetismo. Seus pontos básicos são a busca da verdade, a origem espiritual das coisas e seres no mundo, a crença nas doutrinas da Reencarnação, Karma e Dharma, e da imortalidade da alma e em sua evolução.
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[editar] Significado e origem
Teosofia tem sua origem etimológica na palavra grega theosophia, de theos, Deus, e sophos, sabedoria, geralmente traduzida como 'sabedoria divina'. O termo Teosofia possui várias interpretações: tradição-sabedoria (a sabedoria presente em toda religião, filosofia e ciência); filosofia perene; puro altruismo, amor, compaixão, que pode ser compreendida somente através do despertar espiritual.
De forma mais restrita, designa as doutrinas filosófico-religiosas sistematizadas por Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), cuja principal referência é sua mais importante obra, "A Doutrina Secreta" de 1888, e divulgadas pela Sociedade Teosófica, instituição fundada em 1875 por ela, Henry Steel Olcott, William Quan Judge e outros. Blavatsky usava também, como sinônimo de "Teosofia", a expressão "Budismo Esotérico".
A Teosofia de Blavatsky traz a público ensinamentos que estão em consonância com as tradições filosóficas grega, neo-platônica, budista e hinduísta. Revela também o aspecto esotérico intrínseco a estas filosofias e mostra-o como sendo concordante, único e repetidamente contido em qualquer outra tradição, inclusive a judaica ou a cristã.
Na Grécia antiga, Sabedoria era uma das quatro virtudes cardinais de Platão. De acordo com Platão, a harmonia espiritual da alma estava relacionada às quatro virtudes cardinais, que ele considerava expressões das três energias básicas da alma. Sabedoria era um estado interior, uma expressão de uma das três energias da alma. Assim, a Sabedoria Divina ou Teosofia está relacionada à energia da alma e, conseqüentemente, segundo os teósofos, não pode ser compreendida senão interiormente. Neste sentido, a Teosofia tem relação com a gnose, que acredita na "salvação" pelo conhecimento interior.
Teosofia é um termo antigo. Diógenes Laércio comenta que o termo Teosofia era utilizado em um período que antecede a Dinastia Ptolomaica e nomeia como seu fundador um hierofante egípcio chamado Pot Amum. O termo foi utilizado novamente no terceiro século de nossa era por Amônio Sacas, o pai do neoplatonismo, e seus discípulos que iniciaram o sistema eclético teosófico. Eles eram conhecidos também como "amigos da verdade" (philaletheians, ou filaletes) e analogistas.
Na idade média, Jacob Boehme era conhecido como um teosofista e o termo "Teosofia" novamente foi utilizado nas "Transações Teosóficas da Sociedade de Philadelphia", publicado em 1697.
[editar] Teosofia atual
O movimento teosófico moderno, sistematizado por H. P. Blavatsky e representado pela Sociedade Teosófica, tem como princípios fundamentais:
- a existência de um princípio universal e absoluto de onde este mundo manifestado emanou (que Blavatsky chama de Parabrahman);
- a existência de uma essência imortal no homem (Atman);
- a fraternidade entre todos os homens
Constitui-se num corpo doutrinário, com forte base nas religiões orientais, mormente a tibetana, com aspectos religiosos, científicos e filosóficos. Acredita na reencarnação e na evolução do homem, que segundo definem, é composto de sete corpos. Diverge do Espiritismo por não acreditar no valor das manifestação mediúnicas como fonte para a verdade.
[editar] Comentários Anônimos
Uma jovem aristocrata russa, ousada, independente e fascinada pelo misticismo indiano: Helena Blavatsky. Alegando ter acesso a verdades esquecidas por meio de clarividência, acesso a espíritos desencarnados e obras secretas, combinou elementos do misticismo hindu e budista, esoterismo ocidental, elementos do discurso científico do século XIX e especulações pessoais em um sistema que chamou de teosofia.
Apresentando-se como síntese das sabedorias ocidental e oriental, a teosofia misturou mitos hindus e budistas com hipóteses da ciência de meados do século XIX, elevadas a dogmas e acrescidas de detalhes fantasiosos. Em particular, adotou uma variante da concepção da evolução do homem cujo racismo, latente em Blavatsky, tornou-se mais explícito em seguidores como C. W. Leadbeater, Annie Besant e W. Scott-Elliot.
Depois de passar por formas fantasmagóricas, a humanidade teria se materializado na forma de ciclopes hermafroditas de quatro braços que teriam vivido na tal Lemúria, onde "evoluíram" para formas sexuadas, menores e de aparência mais humana. Ramos "avançados" dessa "raça" teriam sido "selecionados" - não pelo ambiente, mas por "espíritos superiores" - para constituir uma nova "raça" que viria a ser a dos "atlantes", cujo continente teria emergido enquanto Lemúria afundava. Outros lemurianos "degeneraram": seus remanescentes seriam os aborígines australianos e outras raças "primitivas".
As primeiras raças "atlantes" teriam sido negras e sua mestiçagem com lemurianos "degenerados" teria originado os negros africanos. Em seguida, foi selecionada a raça "vermelha", construtora da Atlântida de Platão, cujos remanescentes seriam os toltecas do México e os incas do Peru. Desta, foram extraídas as raças "amarelas" e a primeira raça "branca", a dos "verdadeiros semitas".
Enquanto Atlântida encolhia e afundava, uma estirpe foi selecionada para criar uma nova civilização exatamente no ponto onde Bailly havia localizado a dispersão das raças "arianas", identificado pelos teósofos com Shambala, mito budista tibetano que também inspirou o Shangri-La de Horizonte Perdido. Os ramos da raça "ariana", por ordem de "evolução", seriam os hindus, os árabes (sic!), os iranianos, os celtas e os teutônicos. Quanto aos hebreus, descenderiam de um ramo degenerado dos "semitas", que teria recusado a ordem divina de se misturar aos "arianos" para evoluir...
Essas concepções influenciaram muitas pessoas que desejavam trocar o mito judaico-cristão por outro mais "moderno". Várias dissidências e imitações nasceram do tronco da teosofia, alterando mais ou menos profundamente suas teses. Dessas, a menos insensata talvez seja a antroposofia, fundada na Alemanha por Rudolf Steiner, em 1912.
Mas no mesmo país, em 1918, uma certa Sociedade de Thule parece ter retomado a noção de uma Atlântida ártica, hiperbórea, como origem da "raça ariana". Entre seus membros, estavam Alfred Rosenberg, Rudolf Hess, Julius Streicher e Dietrich Eckart - os principais mentores de Adolf Hitler e ideólogos do movimento nazista, com o qual essa sociedade se fundiu no ano seguinte.
[editar] Principais autores
- Charles Webster Leadbeater - Autor, dentre outros, de Compêndio de Teosofia e O Plano Astral.
- A. P. Sinnet - Autor de Budismo Esotérico.
- Annie Besant - Autora de O Homem e seus Corpos, Reencarnação, Os sete princípios do homem, etc.
[editar] Personalidades influenciadas pela Teosofia
- Alexander Scriabin, músico
- D. H. Lawrence, escritor
- Fernando Pessoa, poeta
- L. Frank Baum, escritor.
- Piet Mondrian, pintor
- Wassily Kandinsky, pintor
- William Butler Yeats, poeta
[editar] Ver também
- Conscienciologia
- Projeciologia
- Waldo Vieira
- Helena Petrovna Blavatsky
- Sociedade Teosófica
- A Doutrina Secreta
- Ocultismo
- Esoterismo
- Hinduísmo
- Budismo
[editar] Ligações externas
- Em português
- Sabedoria do Oriente
- Sociedade Teosófica no Brasil
- Loja Esotérica Virtual
- SETE - Sociedade de Estudos Teosóficos
- Em inglês