Vidas Secas
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texto a negrito
- Nota: Se procura filme de Nelson Pereira dos Santos de 1963, consulte Vidas secas (filme).

Vidas secas é o título do romance do escritor brasileiro Graciliano Ramos, publicado em 1938, considerado por muitos como a maior obra do autor.
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[editar] Sumário e descrição
O livro retrata a vida de pessoas que vivem no sertão nordestino e o sacrifício delas para sobreviver.
Tendo como tema a luta pela sobrevivência diante do flagelo da estiagem, o autor traz em seus personagens um pouco da alma nordestina nos traços de Fabiano e sua familia.
Foi publicado em 1938 e aborda a problemática da seca e da opressão social no Nordeste do Brasil. Ao contrário dos romances anteriores, é uma narrativa em terceira pessoa, com o discurso indireto livre predominante, com a finalidade de penetrar no mundo introspectivo dos personagens já que esses não têm o dominio da linguagem necessário para estabelecer a comunicação.
O romance tem um caráter fragmentário. São "quadros", episódios que acabam se interligando com uma certa autonomia. Como coloca o crítico Affonso Romano de Sant'Anna: "Estamos sem dúvida, diante de uma obra singular onde os personagens não passam de figurantes, onde a história é secundária e onde o próprio arranjo dos capítulos do livro obedece a um critério aleatório".[1]
Os principais personagens são: Fabiano, Sinhá Vitória, Menino mais Velho, Menino mais Novo e a cachorra, Baleia.
[editar] Trechos
- “Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda da pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.” Cap. 1
- “Se não fosse aquilo... Nem sabia. O fio da idéia cresceu, engrossou – e partiu-se. Difícil pensar. Vivia tão agarrado aos bichos... Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares. O demônio daquela história entrava-lhe na cabeça e saía. Era para um cristão endoidecer. Se lhe tivessem dado ensino, encontraria meio de entendê-la. Impossível, só sabia lidar com bichos.” Cap. 3
[editar] Cinema
- Nelson Pereira dos Santos dirigiu um filme de nome homônimo baseado na obra de Graciliano Ramos, ver Vidas Secas (filme).