Armórica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Armórica ou Aremorica é o nome dado na Antiguidade à região da Gália que incluÃa a penÃnsula da Bretanha e o território entre os rios Sena e Loire, até um ponto indeterminado no interior. Este topónimo baseia-se na expressão gaulesa are mori "à beira-mar". Em bretão (idioma que, juntamente com o gaélico e o córnico são as lÃnguas vivas derivadas do gaulês) "à beira mar" diz-se war vor (e gaélico ar for), embora a forma mais antiga arvor seja usada para as zonas costeiras da Bretanha, em contraste com argoad (ar 'em', coad 'floresta' [em gaélico ar goed ('coed', floresta)], para designar o interior[1]. Esta utilização moderna permite deduzir que os Romanos contactaram inicialmente populações costeiras e partiram do princÃpio que o nome localizado Armórica dizia respeito a toda a região, tanto litoral quanto interior.
PlÃnio o Velho, na sua História Natural (2.17.105), indica que Armórica era o nome antigo para a Aquitânia, dizendo que a fronteira sul da Armórica chegava até aos Pirenéus. Tomando em conta a origem gaulesa do nome, esta asserção é perfeitamente lógica e correcta, uma vez que Armórica não denomina um paÃs, mas antes é uma palavra que identifica um tipo de região geográfica - uma região à beira-mar. PlÃnio enumera as seguintes tribos célticas que habitavam a penÃnsula: os Éduos e os Carnutenos como aliados de Roma; os Néldios e os Secusianos como tendo alguma independência; e os Bóios, Sénones, Aulercos (quer os Eburóvices quer os Cenomanos), os ParÃsios, Tricases, Andicavos, Viducasses, Bodiocasses, Venélios, Coriosvelites, Diablintes, Rédones, Turões, e os Atseuos.
O comércio entre a Armórica e a Grã-Bretanha, descrito por Diodoro SÃculo e implicitamente referido por PlÃnio [1] existia desde tempos muito recuados. Devido ao prolongado apoio dado pela aristocracia tribal dos Bretões à resistência ao domÃnio romano na Armórica, mesmo depois da campanha de Crasso em 57 a.C., Júlio César invadiu por duas vezes a ilha em 55 a.C. e 54 a.C. como retaliação. Pistas acerca das intrincadas redes de relações culturais entre a Armórica e as "Bretanhas" de PlÃnio são-nos dadas por César quando descreve Diviciacus dos Suessiões, como "o mais poderoso dos governantes de toda a Gália, controlando não só uma grande área desta região [a Armórica] mas também da Bretanha" (De Bello Gallico ii.4). Achados arqueológicos ao longa da costa sul da Inglaterra, especialmente em Hengistbury Head, provam relações com a Armórica até leste do rio Solent. Esta relação "pré-histórica" entre a Cornualha e a Bretanha continou chegada enquanto se falou o córnico (um dialeto do Bretão). Mais a Leste, no entanto, as ligações tipicamente continentais da costa britânica eram fundamentalmente com o vale do baixo Sena.
A arqueologia não tem sido tão esclarecedora quanto à Armórica da Idade do Ferro quanto a moeda, a qual foi estudada por Philip de Jersey (Coinage in Iron Age Armorica 1994, vol 2 of Studies in Celtic Coinage).
Sob o Império Romano, a Armórica era administrada como parte da Gália Lugdunense, cuja capital era Lugdunum, a actual Lyon ou Lião. Aquando da reorganização das provÃncias romanas levada a cabo por Diocleciano no século IV, a Armórica foi dividida entre as segunda e terceira divisões da Lugdunense. Depois de as legiões terem retirado da Bretanha em 407, a elite local expulsou os magistrados civis em 408; a Armórica revoltou-se na década de 30 do mesmo século e novamente na década seguinte, expulsando os governantes do mesmo modo que o tinham feito os Romano-Britânicos. A penÃnsula da "Bretanha" veio a ser colonizada com Bretões da Bretanha (ilha) durante os séculos V e VII, perÃodo do qual se guardam escassos documentos. Estes colonos, fossem ou não refugiados, deixaram a sua marca na toponÃmia das provÃncias mais ocidentais e atlânticas da Armórica: Cornouaille ("Cornualha") e Domnonea ("Devon").
No que toca à s relações entre as lÃnguas célticas da Grã-Bretanha, o córnico, o gaélico e o Bretão céltico, as quetões ainda não são pacÃficas. Martin Henig sugeria, em 2003, que houve na Armórica, tal como na Grã-Bretanha pós-romana, "uma quantidade considerável de criação de identidade no perÃodo das migrações. Sabemos que a população do Kent, mista apesar de predominantemente Britânica e Franca, se redenominou como Juta, e as populações britânicas das terras a lesta da Dumnonia (Devon e Cornualha) acabaram por se classificar como "Saxões Ocidentais". Na Armórica Ocidental a pequena elite que conseguiu impôr uma identidade à população era mais de origem Britânica que Galo-Romana, pelo que se tornaram Bretões". Há provas abundantes na lÃnguas e noutros elementos da continuidade significativa nessas áreas de lÃngua Britânica antes dos perÃodos romanos.
Com a evolução da Armórica Ocidental para a "Bretanha", quando os Vikings se estabeleceram na penÃnsula do Cotentin e no baixo Sena (em torno de Ruão) durante os séculos IX e X, e estas regiões tomaram o nome de "Normandia", a expressão "Armórica" caiu em desuso.
[editar] Ligações externas
- Barry Cunliffe, "Britain and the Continent : Networks of interaction"
- Martin Henig, artigo em British Archaeology 72 (Setembro de 2003)
- An Tour Tan- Dorioù Breizh – Cultura e tradições bretãs
- Gouelioù Breizh - Acontecimentos bretões
- Skingomz e Breizh – Radiodifusão bretã - e brezhoneg hag e galleg - em bretão e francês
- Sevenadur ha gizioù Breizh e saozneg - Cultura e tradições bretãs em inglês
- Skol uhel ar vro – Alto Instituto da Bratanha - Ti Istor Breizh – Casa pela História da Bretanha
- Ofis ar brezhoneg - departamento da lÃngua bretã
- Banniel Breizh – bandeira da Gretanha
- Personelezh Breizh e saozneg - Identidade bretã em inglês
- Keleier Breizh – notÃcias da Bretanha*
- Keleier diwar-benn Breizh – notÃcias da Bretanha
- Dorioù Breizh - Cultura bretã
- Douaroniezh Breizh – geografia da Bretanha