Arquitectura do gótico
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Torre lanterna da Catedral de Rouen em França, onde podem ser observadas as nervuras e a clara progressão vertical características do gótico. | |
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O gótico é um estilo arquitectónico que se desenvolveu entre os séculos XII e XV, na Idade Média, e colocava especial ênfase na leveza estrutural na iluminação das naves do interior do edifício, e que surgiu em contraposição à massividade e à deficiente iluminação interior das igrejas românicas. Desenvolveu-se fundamentalmente na arquitectura eclesiástica: catedrais, monastérios e igrejas.
A palavra gótico vem de "Godo", no sentido pejorativo. Assim o batizaram os renascentistas, que somente consideravam arte à antiguidade clássica.
A arquitectura gótica teve sua origem em França e se difundiu através de suas catedrais, principalmente ao Sacro Império Romano Germânico e à Coroa de Castela. Na Inglaterra também penetrou o estilo francês, porém logo adquiriu um forte carácter nacional. Na Itália não teve muita aceitação, e seu impacto foi muito desigual nas distintas regiões; chegou tarde e muito rapidamente foi substituído pelo Renascimento.
Existem indícios de que o verdadeiro nome dessa expressão artística era, em latim, Opus Francigenum, "Obra Francesa". Inseriu-se no movimento cultural abrangente a várias expressões artísticas, que, por sua vez, surgiram no contexto mais amplo do chamado Renascimento do Século XII. Este estilo arquitectónico estendeu-se por um longo período de tempo da Idade Média e varia de local para local, sendo no entanto possível delimitá-lo desde meados do século XII a inícios do século XVI, quando do advento de um novo Renascimento que marcou o fim do período medieval. O primeiro gesto impulsionador da nova filosofia constructiva é dado em França, acabando por se estender a toda a Europa, no que ficou conhecido como o tempo das grandes catedrais.
[editar] Nascimento de um novo estilo
O gótico surge na Île de France, numa região que não era antes especialmente empreendedora arquitectonicamente. A lealdade de Cluny e Cister ao trono de S. Pedro era uma ameaça às intenções nacionalistas da casa real francesa. Pretendia-se um estilo arquitectónico próprio.
O Abade Suger, responsável pelo projecto de Saint Denis, faz a mediação entre a realeza e a igreja. Suger servia em primeiro lugar os reis na luta contra a nobreza feudal e ambições internacionais do império.
Saint Denis fica localizada no centro de domínio real. Foi com o projecto do Abade de Suger para a igreja abacial de Saint Denis que se iniciou o estilo gótico. A difusão do estilo tem relação directa com a ampliação da jurisdição do rei. As primeiras criações foram nas cidades de domínio real: Chartres, Amiens, Reims e Bourges.
Suger afirmava a novidade da sua obra arquitectónica em termos teológicos: novo coro e nova fachada para um novo edifício cristão. Saint Denis era também o apóstolo de França, o santo nacional. A sua igreja despertava sentimentos tão nacionalistas como religiosos. Tratava-se de uma arquitectura rica em significados: filosofia neoplatónica e teologia cristã. Simbologia da luz, pensamento racional e matemático. Usa-se a cruz latina em analogia ao corpo humano.
O gótico não é em si mesmo um estilo, é um sistema: usa a arquitectura como na catedral românica e nenhum dos seus elementos estruturais é invenção dos construtores góticos. A ogiva é uma invenção da Mesopotâmia trazida pelos cruzados para a Sicília e pelos Vikings para a Normandia. Era usada em caves e sítios escondidos. Há um salto conceptual difícil de explicar: num prazo de 40 anos torna-se num estilo maduro.
Era chamada obra franca, um estilo étnico relacionado com o território em que o mais importante era a luz associada aos nórdicos.
Um século depois de iniciado na França, o estilo gótico já domina toda a Europa.
[editar] Sistema estrutural
A arquitetura de estilo gótico surge de uma modificação estrutural importante da arquitetura românica. As construções típicas são os castelos fortificados, os torreões de defesa e as catedrais. Essas inovações se apresentam da seguinte maneira: as abóbadas são construídas com nervura de pedra e enchimento de tijolo (abóbada de aresta), o que as torna muito mais leves que as abóbadas românicas; o arco preferencial deixa de ser o arco pleno e passa a ser o arco quebrado (arco ogival); os contrafortes, devido aos empuxos menores, transformam-se em arcos botantes – braços externos perpendiculares à superfície do edifício, que sustentam, nas igrejas, a arquitectura central. Os arcobotantes são uma espécie de meios arcos construídos por cima da cobertura das naves laterais entre os extradorsos da abóbada central e os botaréus. Assim escorados, eles transferiam para o exterior: para os botaréus e deles para os alicerces, as pressões das abóbadas mais altas, tornando possível o seu equilíbrio. Com abóbadas mais altas adoptaram-se arcobotantes duplos ou de dupla arcada que neutralizavam as pressões do peso da abóbada.
As estruturas vazadas permitem a utilização de rosáceas e vitrais com cenas religiosas. Predomina a verticalidade. As plantas seguem a forma da cruz latina e as fachadas abrigam esculturas e relevos.
Na França e na Inglaterra prevalecem as igrejas góticas com torres truncadas, sem pontas; na Alemanha, altas torres pontiagudas. Entre as catedrais góticas francesas, destaca-se Notre Dame, em Paris, França; e entre as alemãs, a de Colônia, cuja construção começa em 1270 e se prolonga por 52 anos.
[editar] Ver também
- Estilo gótico, para visão abrangente das diversas expressões artísticas do movimento.
- Renascimento do Século XII, para uma noção do contexto histórico.