Emigração italiana
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A emigração italiana foi um fenômeno social iniciado nas últimas décadas do século XIX e que continuou grande até os primeiros anos do século XX.
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[editar] Histórico
O século XIX e o início do século XX foi um momento marcado por enormes ondas emigratórias na Europa. Entre 1800 e 1930, 40 milhões de europeus deixaram seus países em busca de melhores condições de vida, principalmente nas Américas.
Até meados do século XIX, a Península Itálica era dividida em diversos reinos, com dialetos e aspectos culturais distintos entre si. Em 1848 surgiu os primeiros passos para o processo da Unificação Italiana (Risorgimento), que só foi concluído em 1871. A Itália era um país formado por grandes disparates sociais: o Norte entrava em um âmplo processo de industrilização, enquanto o Sul tinha sua economia baseada na agricultura.
[editar] O início da emigração
Antes mesmo da unificação, já existia a emigração de pessoas do que hoje conhecemos como a Itália, porém esse primeiro movimento foi pouco expressivo. Partindo do Norte da Itália, um número considerável de italianos iam em busca de melhores condições de trabalho em outros países europeus, nomeadamente a França, Suíça e Alemanha. Eram em sua maioria pessoas do sexo masculino que partiam por conta própia e, após trabalharem por alguns anos nesses países, retornavam para a Itália.
[editar] O fenômeno da emigração
Com a unificação italiana em 1871, a emigração tornou-se um fenômeno social na Itália. Entre 1871 e 1875, 126.395 italianos emigraram. No início da década de 1880 a saída de italianos já alcançava cifras notáveis. Os fatores dessa saída foram vários, sendo principalmente por motivos sócio-econômicos, seguido de razões políticas e pessoais. Nos primeiras anos, 80% dos emigrantes partiam do Norte da Itália. O fênomeno emigratório só chegou ao Sul da Itália no início do século XX, e esse passou a dominar a fonte de saídas.
A emigração trans-oceânica passou a predominar neste momento, tendo os italianos três destinos principais: os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil. O Brasil absorveu a maior parte dos imigrantes italianos nos primeiros anos, sendo superado pela Argentina nos últimos anos do século XIX e os EUA tornaram-se o maior receptor de italianos no início do século XX.
O governo italiano nada fazia pelos emigrantes, que partiam à própia sorte e muitas vezes caíam em propagandas enganosas de emprego fácil para onde emigravam. A emigração só foi regulamentada em 1888, quando o governo passou a dar apoio àqueles que quisessem emigrar, porém, não lhes prestava nenhuma assistência se algo desse errado. O governo percebeu que a emigração era algo lucrativo: os emigrantes vendiam tudo o que tinham na Itália e mandavam dinheiro para os parentes que ficaram. Além disso, o governo estava se livrando de uma grande massa de camponeses e desempregados.
A maciça emigração italiana ocorreu até 1914. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o número de emigrantes italianos sofreu um processo de baixa, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Após as duas guerras, a Itália estava destruída e precisava de braços para reeguer o país, fazendo com que a emigração se tornasse pouco expressiva.
Emigração italiana |
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Nacionalidade | 1871-75 | 1876-80 | 1881-85 | 1886-90 | 1891-95 | 1896-00 | 1901-05 | 1906-10 | 1911-12 | 1913 | ||
Italianos | 126.395 | 108.796 | 154.141 | 221.699 | 256.510 | 310.434 | 554.050 | 651.288 | 622.645 | 872.598 |
[editar] A vida do emigrante italiano
[editar] Estados Unidos
Nos Estados Unidos, os italianos começaram a chegar em maior número de 1876 e chegaram aos milhões entre 1910 e 1920. Eram em sua maioria homens camponeses da Sicilia, que viraram trabalhadores urbanos no Nordeste do país, sobretudo na região de Nova Iorque. Vítimas de preconceito por serem católicos, os italianos se aglomeravam em bairros pobres nas periferias das cidades, fazendo trabalhos pouco remunerados, razão da qual muitos retornaram para a Itália. Agarrados às suas origens, os italianos se uniam em grandes comunidades, vivendo em bairros inteiros formados por italianos, como é o caso de Little Italy. A crescente indústria norte-americana precisava de trabalhadores e em pouco tempo a comunidade italiana tornou-se uma das mais prósperas dos EUA.
[editar] Argentina
Atraídos pela promessa de terras e empregos, os emigrantes italianos formaram o grosso da imigração na Argentina, superando inclusive os espanhóis. A maioria era proveniente do Sul da Itália (Sicilia, Campânia e Calábria) e se destinou à região urbana de Buenos Aires, enquanto outros tornaram-se agricultores nas províncias de Santa Fé, Rosário, etc.
Ano | População estrangeira | População italiana | % italianos sobre estrangeiros | % italianos sobre população total |
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1869 | 210.000 | 71.000 | 33,8 | 4,3 |
1895 | 1.007.000 | 493.000 | 48,9 | 12,5 |
1914 | 2.391.000 | 942.000 | 39,4 | 11,9 |
1947 | 2.436.000 | 786.000 | 32,3 | 4,9 |
1960 | 2.604.000 | 878.000 | 33,7 | 4,4 |
1970 | 2.193.000 | 637.000 | 29,0 | 2,7 |
[editar] Brasil
Os italianos emigraram em grande número para o Brasil entre o final do século XIX e início do século XX. Eram em sua maioria famílias inteiras de camponeses do Norte da Itália que foram atraídos pelo governo brasileiro para se tornarem agricultores no Sul do país e, posteriormente, trabalharem na colheita de café na região de São Paulo.
Imigração italiana para o Brasil Fonte: (IBGE) |
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Nacionalidade | 1884-1893 | 1894-1903 | 1904-1913 | 1914-1923 | 1924-1933 | 1945-1949 | 1950-1954 | 1955-1959 |
Italianos | 510,533 | 537,784 | 196,521 | 86,320 | 70,177 | 15,312 | 59,785 | 31,263 |