Georgy Zhukov
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Georgy Konstantinovitch Zhukov (em russo Георгий Константинович Жуков, transliteração Georgij Konstantinovič Žukov; 19 de novembro/1 de dezembro de 1896 em Strelkowka, Malojaroslawez, Kaluga – 18 de junho de 1974, Moscou), conhecido como Marechal da União Soviética, foi o comandante-em-chefe das Forças Armadas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial, repelindo a invasão da Alemanha nazista e levando-a à derrota.
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[editar] Um jovem promissor
A exemplo de Stalin, era filho de um sapateiro e de uma dona-de-casa. Aos 11 anos de idade, foi enviado a uma escola paroquial; mas não pôde prosseguir com os estudos religiosos por falta de recursos. Aprendeu o ofício de peleteiro - antes que a Primeira Guerra Mundial forçasse sua convocação, como milhões de jovens russos, pelo czar Nicolau II. Servindo na cavalaria, o jovem Zhukov alcançou o nível de suboficial, sendo condecorado por duas vezes com a Cruz de São Jorge, alta distinção militar do regime czarista. Com a queda deste governo pelas mãos da Revolução Russa, em 1917, ele se viu repentinamente envolvido na guerra civil que consolidou a formação da URSS. em 1923, Zhukov já alcançara o sub-comando da 7º Divisão de Cavalaria de Samara. Foi aconselhado a seguir cursos de preparação de oficiais, e em 1931 graduara-se como comandante-de-divisão. Sua competência à frente da cavalaria, arma tão admirada por Stalin, livrou-o do Grande Expurgo (enquanto 13 dos 15 generais-de-infantaria soviéticos foram assassinados por suposta oposição ao regime stalinista).
[editar] Prelúdio à "Grande Guerra Patriótica"
Ao final da década de 30, embora esforços diplomáticos levassem a União Soviética a assinar acordos de cooperação com o Japão, isso não significava que os russos deveriam descuidar de suas fronteiras orientais. Tendo os militares japoneses dado continuidade à sua ocupação predatória da China, Moscovo manteve tropas estacionadas na fronteiriça Mongólia, onde se supunha que os japoneses atacariam. Em 1939, um já experimentado Zhukov infligiu, em pleno solo mongol, dura derrota aos nipônicos na batalha de Khalkhin-Gol, quase na mesma época em que eclodia o conflito na Europa. A associação entre a infantaria e os blindados soviéticos ficou patentemente demonstrada na batalha, e o prestígio de Zhukov cresceu vertiginosamente nos círculos político-militares em seu país.
[editar] A "Operação Barbarossa" e a defesa de Moscou
A madrugada de 22 de junho de 1941 marcou o início de uma gigantesca ofensiva de Hitler. ansioso que estava por derrotar a Estado soviético. O avanço das tropas nazistas parecia irrefreável - até que o rigoroso inverno abateu-se sobre os despreparados alemães, a essa altura já às portas de Moscovo. Enquanto grande parte dos cidadãos da capital soviética já havia abandonado a cidade, Stalin e Zhukov permaneceram e organizaram a defesa. Em dezembro de 1941, com a temperatura na casa dos -20ºC, Zhukov levou a cabo um extenso contra-ataque que salvou a capital e fez a Wehrmacht recuar mais de 150 quilômetros.
[editar] Heroísmo e astúcia em Stalingrado
Na primavera de 1942, os alemães permaneciam na ofensiva. Em vez de desfechar outro ataque a Moscovo, Adolf Hitler instou seus generais a concentrar a ofensiva no sul da União Soviética, visando a captura dos poços de petróleo do Cáucaso. Stalingrado, nessa época, era uma cidade indústrial, cuja posição estratégia obcecava o Führer tanto pelo significado de seu nome ("Cidade de Stalin"). Em setembro de 1942, os alemães já ocupavam partes da cidade – mas a resistência hercúlea das forças russas defensoras é digna de nota. 19 de novembro foi a data escolhida por Zhukov para fazer saltar seu plano de salvar a cidade e deter a ofensiva alemã. Sabendo ele da volúpia nazista por tomar a cidade com o nome do maior inimigo de Hitler, ele informou a Stalin que desejava atacar os alemães em pinça, ao norte e ao sul de Stalingrado. Stalin concordou e o plano teve um sucesso entrondoso: 250 mil soldados alemães acabariam cercados em 23 de novembro de 1942. A 3 de fevereiro do ano seguinte, o general alemão Friedrich Paulus entregava sua espada e suas insígnias de posto aos russos. Começava uma longa jornada de expulsão dos invasores nazis do solo soviético.
[editar] Até Berlim
Stalingrado foi, definitivamente, o ponto da virada na frente oriental da guerra. Em 1943, Hitler ainda mantinha esperanças de reverter o avanço soviético. Mas suas ilusões parecem ter ido por terra na Batalha de Kursk, considerada a maior batalha campal de todos os tempos, por envolver mais de 3 milhões de homens de ambos os lados. E não apenas o Exército Vermelho desfrutava de ampla superioridade; os armamentos soviéticos já demonstravam superioridade em relação aos alemães. Como conseqüência, cidades e aldeias eram libertadas do horror nazista. Em fevereiro de 1945, as tropas do Exército Vermelho já haviam alcançado o território alemão. Em 30 de abril de 1945, data do suicídio de Hitler, os soldados russos hastearam o pavilhão vermelho no topo do Reichstag, o Parlamento teutônico. Em suas memórias Zhukov descreveu o momento: "...a paisagem inteira se acendeu ao disparo de milhares de canhões, morteiros; depois, 140 holofotes e milhares de foguetes de iluminação clarearam o campo de batalha com a intensidade de 100 milhões de lumens. Em toda minha vida, nunca senti nada parecido". Berlim havia caído.
[editar] O pós-guerra: desilusão e descrença
Imediatamente após a vitória sobre as hordas fascistas - celebrada a cada 8 de maio na Rússia, Zhukov foi condenado ao ostracismo por Stalin, receoso de que o grande Marechal da União Soviética estivesse acumulando poder demais. Além disso, Stalin estava disposto a exaltar o empenho do Partido Comunista soviético como o verdadeiro esteio da resistência ao nazismo. Zhukov passou o resto de seus dias relembrando antigos acontecimentos com camaradas de armas, antes de ser colhido por longa enfermidade em 1974. Dele escreveu certa vez Dwight Eisenhower, comandante aliado e presidente dos Estados Unidos entre 1953 e 1961: "Dia virá em que todos reconhecerão não apenas a genialidade militar, mas o exemplar caráter deste grande soldado e patriota".
[editar] Bibliografia
- CHANEY JR., Otto Preston. Zhukov: Marechal da União Soviética. Rio de Janeiro: Renes, 1974.
- KEEGAN, John. Barbarossa: a invasão da Rússia. Rio de Janeiro: Renes, 1973.