Guerra contra Aguirre
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Conflitos na História do Brasil - Império - |
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Primeiro Reinado |
Guerra da Independência: 1822-1823 |
Independência da Bahia: 1821-1823 |
Confederação do Equador: 1824 |
Guerra contra as Províncias Unidas: 1825-1828 |
Revolta dos Mercenários: 1828 |
Período Regencial |
Federação do Guanais: 1832 |
Revolta dos Malês: 1835 |
Cabanagem: 1835-1840 |
Farroupilha: 1835-1845 |
Sabinada: 1837-1838 |
Balaiada: 1838-1841 |
Segundo Reinado |
Revoltas Liberais: 1842 |
Revolta Praieira: 1848-1850 |
Questão Christie: 1863 |
Guerra contra Oribe e Rosas: 1851-1852 |
Guerra contra Aguirre: 1864 |
Guerra do Paraguai: 1864-1870 |
Revolta dos Muckers: 1874 |
Revolta do Quebra-Quilos: 1874-1875 |
A chamada Guerra contra Aguirre, ocorrida no meado do século XIX, integra o conjunto das Questões Platinas, na História das Relações Internacionais do Brasil.
O conflito se inscreveu na defesa dos interesses do Império do Brasil naquela região, diante do rompimento das relações diplomáticas entre a Argentina e o Uruguai, em 1864.
Índice |
[editar] História
[editar] Antecedentes
Tendo a agitação política voltado a dominar o Uruguai, refletiu-se de forma negativa junto aos estancieiros brasileiros, na fronteira da então Província do Rio Grande do Sul, que passaram a ter as suas propriedades invadidas e o seu gado furtado durante operações de razia popularmente conhecidas como califórnias. Os cidadãos brasileiros estabelecidos naquele país, estimados em 40 mil pessoas, também passaram a ser alvo de perseguições e violência contra pessoas e propriedades, à época.
O governo imperial brasileiro tentou intervir diplomaticamente junto ao presidente uruguaio, Atanasio Cruz Aguirre, mas não logrou sucesso.
Foi formulado um ultimato, que não foi aceito. O Uruguai pretendia anular o Tratado de Limites de 1852, posição que abandonou diante da disposição brasileira em ocupar militarmente o território entre Quaraí e Arapeí.
[editar] A intervenção militar
Embora os efetivos militares nas linhas de fronteira tudo fizessem para evitar que as disputas no Uruguai se refletissem no Rio Grande do Sul, o general uruguaio Venâncio Flores, que disputava o poder, não conseguiu evitar que a violência atingisse o território brasileiro. Solicitou, desse modo, o apoio do Império, sob a forma de um empréstimo financeiro e a presença, em Montevidéu, de uma divisão do Exército brasileiro.
Organizou-se, assim, uma Divisão de Observação, transformada em seguida em Divisão Auxiliadora, integrada por um efetivo de quatro mil homens, sob o comando do brigadeiro Francisco Félix Pereira Pinto. Transpondo a fronteira em Março de 1864, atingiu a localidade de Unión em Junho, onde estabeleceu quartel.
Ao mesmo tempo, o Almirante Tamandaré e as forças brasileiras na fronteira receberam ordens de procederem a represálias e adotarem as medidas convenientes para proteger os interesses dos brasileiros na região.
Com estas medidas, ganhou-se tempo para que se coordenasse uma operação de invasão do Uruguai, iniciada a 16 de Outubro, por um efetivo de seis mil homens sob o comando do General João Propício Menna Barreto. Este efetivo marchou sobre Mello, dividido em duas divisões de Infantaria. Alcançado esse objetivo, as tropas brasileiras avançaram sobre Paysandú, sitiada por um mês, enquanto as forças brasileiras ali se concentravam.
Enquanto isso, com o apoio da Armada Imperial, as forças uruguaias sob o comando de Venâncio Flores sitiaram a vila de Salto no rio Uruguai, que veio a capitular, sem resistência, a 28 de Novembro desse mesmo ano.
Finalmente, às 9 horas da manhã de 31 de Dezembro de 1864, as tropas brasileiras (com as do Brigadeiro Antônio de Sampaio e as de Carlos Resin justapostas), com o apoio naval da esquadra brasileira, sob o comando de Tamandaré, lançaram o ataque final a Paysandú. As tropas brasileiras atacaram frontalmente e pelo flanco direito, e as do general Flores pelo esquerdo. A resistência de Paysandú foi denodada e pertinaz, tendo durado todo o dia e entrado pela noite. Na manhã de 1 de Janeiro de 1865 a povoação capitulou, tendo o seu comandante Leandro Gomes sido aprisionado, vindo a ser morto por seus compatriotas, em contradição às normas de conduta da guerra.
Conquistada Paysandú, as tropas imperiais brasileiras receberam ordens de marchar sobre a capital, Montevidéu.
Desesperado, Aguirre queimou públicamente os tratados assinados com o Brasil, e ordenou o ataque e conquista da cidade brasileira de Jaguarão, entre 27 e 28 de janeiro. Desse modo, uma força de mil e quinhentos uruguaios dividiu-se em dois Corpos, um sob o comando do General Basílio Muñoz e outra sob o do Coronel Timoteo Aparecido, vindo a enfrentar o efetivo brasileiro sob o comando do Coronel Manoel Pereira Vargas, composto por cavalarianos e infantes da Guarda Nacional. O ataque foi sustentado e repelido pelos brasileiros. Aguirre, numa manobra política, fez arrastar uma bandeira do Brasil pelas ruas de Montevidéu, afirmando ter sido a mesma apresada em Jaguarão; de nada lhe serviu, entretanto, esse estratagema. As tropas brasileiras, passando por Colônia do Sacramento, impuseram sítio à capital, Montevidéu, no dia 2 de fevereiro. Desse modo, a 15 desse mês, Aguirre foi deposto, constituindo-se um Governo Provisório dirigido pelo general Venâncio Flores. Este declarou nulos os atos contra o Brasil, desagravou a nossa bandeira, içando-a no Forte de São José e saudando-a com uma salva de 21 tiros, respondida, ao mesmo tempo, pela Corveta Bahiana, com a bandeira uruguaia içada no mastro grande.
Finalmente, a 20 de fevereiro de 1865, assinou-se a Convenção de Paz com a presença do Visconde do Rio Branco e do novo Presidente do Senado uruguaio, Tomás Villalba. Por ela, as propriedades confiscadas aos súditos brasileiros no Uruguai eram devolvidas.
[editar] Conseqüências
O governante do Paraguai, Francisco Solano López, pretendendo defender os legítimos interesses do Uruguai neste conflito, terminou por precipitar a eclosão da Guerra da Tríplice Aliança.