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Marco Licínio Crasso - Wikipédia

Marco Licínio Crasso

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Marco Licínio Crasso ou Marcus Licinius Crassus Dives (Latim: M·LICINIVS·P·F·P·N·CRASSVS·DIVES)(115 a.C. - 53 a.C.) foi, em sua época, um dos homens mais ricos de Roma e recebeu por isso o cognome Dives. Foi cônsul por duas vezes, em 70 e 55 a.C., ambas em parceria com Pompeu. Porém, sua influência no mundo político era limitada pelo fato de ser um homem ligado ao mundo dos negócios, o que não era considerado próprio para um senador. Assim, Crasso aliou-se ao jovem patrício Júlio César como seu provedor de fundos. Chega finalmente ao poder formando, com César e Pompeu, o primeiro triunvirato. Crasso morreu em batalha no comando de uma expedição contra os Partos que acabou em desastre completo, principalmente devido à falta de preparação da própria expedição, na Batalha de Carras, onde foi derrotado pelo nobre parto Suren. No dia seguinte, na negociação da rendição, não se sabe se por mal-entendido ou traição, explodiu uma briga, na qual os partos mataram-no. Todavia, ao contrário do que por vezes se diz, não derivou de seu nome a expressão 'erro crasso'. (Na verdade, tal expressão vem do significado da palavra crassus em latim: gordo, espesso e, também grosseiro. 'Erro crasso' = 'erro grosseiro'.) Crasso tinha inúmeros negócios e propriedades, mas uma de suas formas mais peculiares de ganhar dinheiro era a sua brigada anti-incêndio. Os incêndios eram relativamente comuns em Roma. Quando uma casa pegava fogo, a brigada de Crasso chegava com um carro pipa e extinguia o fogo. Porém, um pagamento era reivindicado. O imóvel passava a pertencer a Crasso e o antigo habitante passava ter de pagar aluguel.

Crasso foi também comandante das forças que extinguiram o levante de escravos liderado por Espártaco.


Índice

[editar] A Origem e Características de Crasso

Marcos Crasso era filho de um antigo censor, que conquistara grande renome, e foi criado numa casinha ocupada por dois irmãos casados, que viviam em comum e na melhor harmonia, valendo-se da mesma mesa. Isto, ao que parece, constituiu a causa principal da sua vida regrada e comedida, quando homem. Falecendo um dos dois irmãos, ele desposou a viúva, com a qual teve dois filhos. No que respeita às mulheres, ele foi a vida toda tão aferrado como nenhum outro romano de seu tempo, sendo mesmo em idade avançada, acusado pelo delator Plotino de haver mantido relações com Licíma, uma das religiosas da deusa Vesta. O que levou o delator a fazer mau juízo de Licínia foi o fato de possuir ela um lindo jardim com casa de recreio, perto da cidade, que Crasso cobiçava e visitava amiudadamente, a fim de ver se conseguia adquiri-lo a baixo preço. Convencidos de que só a avareza o arrastava àquele lugar, os juizes absolveram-no por completo do incesto de que era acusado, e ele só deixou a religiosa em paz quando conseguiu comprar-lhe a propriedade. Dizem os romanos ser a avareza o único vício que ele possuía, e que ofuscava todas as belas virtudes que o adornavam. Para mim, porém, ela constituía o seu maior vício, que deixava a perdei de vista todos os outros. Para demonstrar a grande cobiça que o dominava, apresentam dois argumentos principais: a maneira e o meio que ele punha em prática para lucrar, e o vulto dos seus haveres, pois, de início, ele não podia tetr cabedal superior a trezentos talentos. Ao tempo em que ele se ocupou dos negócios públicos, ofereceu a Hércules o dízimo de todos os seus bens, proporcionou um festim a todo o povo romano, e deu a. cada cidadão romano provisão de trigo para três meses. Entretanto, ao partir para guerrear os partas, dando um balanço em todo o seu haver, achou que, ele somava sete mil e cem talentos. Embora a verdade ofenda algumas vezes, cumpre-me dizer que a maior parte daquela grande riqueza ele conseguiu-a à custa de fogo e sangue, fazendo das calamidades públicas sua maior fonte de renda. Tendo tomado a cidade de Roma, Sila vendeu publicamente, em leilões, os bens dos que ele submeteu a morte, considerando-os e charnando-os seu lucro; e, para que alguns dos maiores e mais poderosos da cidade pactuassem da mesma culpa, Crasso nunca deixou de participar de tais leilões, para receber de presente os referidos bens ou para comprá-los.

Além disso, notando que os estragos mais comuns doss edifícios de Roma eram produ zidos pelo fogo e desmoronamentos, devido ao raio e à quantidade de andares que possuíam, ele comprou uns quinhentos cativos, entre pedreiros, carpinteiros e construtores. Assim, quando o fogo da desgraça lavrava em alguma casa, ele ia logo comprá-la, bem como as que lhe eram vizinhas, cujos donos, vendo o perigo que corriam, vendiam-nas por uma insignificância. Eis porque, com o correr do tempo, grande parte das casas da cidade de Roma passaram a pertencer-lhe. Embora ele tivesse tantos cativos dedicados ao ramo de construções, a única casa que edificou foi aquela em que residia, sob o fundamento de que os que gostavam de construir destruíam-se por si mesmos, sem que ninguém os atacasse. As diversas minas de prata que possuía, as grandes e excelentes terras para a lavoura, cuidadosamente trabalhadas por avultado número de pessoas, nada significavam quanto ao valor e dedicação de seus numerosos escravos e cativos, entre os quais havia lentes, escritores, ourives, moedeiros, cobradores, mordomos, estribeiros e copeiros, que instruía pessoalmente sobre os afazeres domésticos, com clareza e concisão, a fim de ter neles elementos úteis, fieis e dedicados. Se agia como dizia, isto é, que o manejo e administração da casa deviam estar a cargo dos serviçais, e estes diretamente subordi¬nados à sua pessoa, não pensava mal, pois tudo o que foge daí, para apegar-se simplesmente ao ganho, é baixo e vil. Quanto à direção dos negócios públicos, porém, a sua opinião era má, pois só considerava e denominava rico ao homem que pudesse ter e sustentar um exército à sua custa. A guerra, segundo o rei Arquidamo, não se faz com quantia determinada, razão por que, para sustentá-la, há necessidade de dinheiro em quantidade ilimitada. Ele se achava, a tal respeito, muito afastado da opinião de Mário, que, tendo distribuído catorze jeiras de terra a cada indivíduo, notou que alguns descontentes queriam mais, e disse-lhes: "Admira que haja romano que considere pequena a porção de terra que lhe dará o bastante para viver".

Ainda assim, Crasso era afável com os estranhos, e sua casa estava sempre aberta a todos. Emprestava dinheiro a seus amigos, sem cobrar-lhes juros; mas, vencido o prazo estabelecido, exigia-o total e rigorosamente, de modo que a sua gratuiti-dade muitas vezes era mais molesta do que se ele exigisse juros elevados. Quando convidava alguém para comer em sua casa, sua mesa era muito simples, trivial, sem qualquer superfluidade; mas a delicadeza com que era servida e o bom acolhi¬mento dispensado às pessoas agradavam mais do que se o fizesse com opulência e abundância.

Quanto ao estudo das letras, ele dedicou-se principalmente à eloquência, e de modo particular à oratória, tornando-se um dos melhores oradores da Roma de seu tempo, superando, pela aplicação, esforço e zelo, os que por natureza pos suíam mais capacidade que ele. Dizem que nunca deixou de preparar e estudar as causas que lhe caíam às mãos, para defender, por menores e insignificantes que fossem, e que não raro Pompeu, César e o próprio Cícero vacilaram levantar-se, para contrapor-se à sua defesa. Por isso, ele era geralmente estimado como pessoa prestimosa, desvelada e caritativa.

Sua cortesia também era muito apreciada, porque ele cumprimentava, acariciava e abra¬çava gentilmente todo o mundo. Indo à cidade, não havia homem que o cumprimentasse, por pobre que fosse, e de baixa condição, que ele não respondesse ao cumprimento nomeando-o. Referem também ser ele muito versado em histórias, e que dedicou-se um pouco à filosofia, mesmo à de Aristóteles, que lhe lia um Alexandre, e que provou ser de natureza suave e paciente, pela convivência que teve com Crasso. Difícil seria dizer se ele tornou-se mais infeliz quando começou a visitá-lo ou depois de havê-lo feito longamente. Alexandre era seu amigo predileto, sem o qual nunca ia para o campo. Quando o fazia, emprestava-lhe uma liteira, para cobrir-se durante o trajeto, tomando-a sem demora, ao regressar.

[editar] A Politica em Roma

Sendo Cina e Mário mais fortes, e repondo-se a caminho da cidade de Roma, todos perceberam logo que eles não se dirigiam para ali em benefício da cousa pública, mas sim para a desgraça e morte das pessoas mais honestas do lugar, que foram de fato sacrificadas, achando-se entre elas o pai e o irmão de Crasso. Este, ainda muito moço, salvou-se da morte no momento de sua chegada. Percebendo que eles mantinham vigias em toda parte, para apanhá-lo, e que os algozes faziam-no procurar com insistência, ele, seguido por três de seus amigos e dez criados, ocultou-se o mais possível na Espanha, onde já havia estado com seu pai, quando este a administrara como pretor, conquis¬tando inúmeras amizades. Encontrando todo o mundo assustado ali, e temendo o ódio de Mário, como se este já lhe estivesse batendo à porta, ele não ousou dar-se a conhecer; meteu-se pêlos campos, e foi esconder-se numa grande caverna, ao longo da costa, de propriedade de Víbio Paciaco, a quem mandou um dos criados perguntar por quanto lhe forneceria alimentação, pois os seus víveres começa¬vam a escassear. Sabendo-o salvo, Víbio ficou satisfeito; e, informando-se do número de pessoas que estavam com ele, e do lugar em que se achava, ele não foi pessoalmente ao seu encontro, mas cha¬mou o escravo e cobrador que lhe administrava tal terra, e, levando-o até bem perto do esconderijo, ordenou-lhe que diariamente preparasse e levasse a comida junto ao rochedo em que se achava a caverna, sem nada dizer, sem indagar para quem e por que, sob pena de morte; mas, que se ele cum¬prisse fielmente suas ordens, dar-lhe-ia a liberdade. Esta caverna fica não muito longe da costa, entre dois rochedos, tendo altura e largura excelentes, e suficiente quantidade de água e luz. Uma fonte de excelente água corre ao longo dos rochedos, e as brechas naturais, existentes no ponto em que eles se unem, transmitem a claridade externa ao interior, bem como ar puro e seco, pois toda a umidade é absorvida pela espessura das rochas e pela água.

Mantendo-se Crasso em tal lugar, o cobrador de Víbio levava-lhe diariamente o que lhe era indispensável à vida, não vendo as pessoas que atendia, nem as conhecendo, sendo, entretanto, bem visto por elas, que sabiam a hora que ele costumava levar-lhes as provisões, e ficavam à espreita. Ele, porém, não se resumia ao simples fornecimento da comida indispensável à vida, e em abundância, visto haver Víbio deliberado dar a Crasso o melhor tratamento possível, sem se descuidar dos deleites próprios da sua juventude. Sim, porquê provê-lo tão só do alimento necessário afigurava-se-lhe ocupação e tratamento de homem que o socorria mais por humanidade do que por admiração e afeto. Assim, arranjou duas raparigas, e levou-as consigo para a costa; e, ao chegar perto da caverna, mostrou-lhes por onde deviam seguir, ordenando-lhes que entrassem sem receio. Ao dar com as raparigas ali, Crasso temeu haver sido descoberto, e perguntoulhes quem eram e o que desejavam. Instruídas por Víbio, elas responderam que procuravam seu amo, ali escondido. Percebendo, então, que aquilo não passava de uma galantaria de Víbio, Crasso fê-las entrar, tratou-as o melhor possível, valendo-se delas, para fazer saber a Víbio o que desejava, isto, escreve Fenestela, foi-lhe várias vezes narrado por uma velha, com grande carinho.

Tendo permanecido durante oito meses escondido naquela caverna, Crasso retirou-se dali, logo que soube da morte de Cina. Dando-se a conhecer, grande número de guerreiros acercou-se dele, dos quais escolheu dois mil e quinhentos, com os quais passou por muitas cidades e saqueou a de Malaca, segundo escrevem muitos autores, que ele contesta e nega com veemência e firmeza. Depois, provendo-se de navios, ele dirigiu-se à África, a chamado de Metelo Pio, homem de grande repu¬tação e que havia reunido ali uma grande esquadra. Tendo tido alguma divergência com ele, não se deteve ali durante muito tempo, e retirou-se para junto de Sila, que recebeu-o e homenageou-o de modo como nunca fizera a ninguém. Passando-se à Itália, e desejando servir-se de todos os moços de famílias distintas que se achavam em sua compa¬nhia, Sila deu diversos encargos a uns e a outros, e mandou Crasso à região dos marsos, para ali recrutar guerreiros. Como Crasso lhe pedisse gente para garanti-lo, visto ter de passar por lugares próximos aos ocupados pêlos inimigos, Sila respondeu-lhe zan¬gado e brutalmente: "Dou-te por guardas teu pai, leu irmão, teus parentes e amigos, brutal e indigna-mente matados, que eu procuro vingar, perseguindo, a mão armada, os facínoras que lhes tiraram a vida". Duramente ofendido e ferido com estas palavras, Crasso partiu sem demora; e, passando audaciosamente através os inimigos, reuniu boa quan¬tidade de gente, e, a seguir, mostrou-se sempre pronto e bem disposto a Sila, em tudo quanto lhe foi atribuído. Dizem que foi daí que se originaram a rixa e a inveja de honrarias entre ele e Pompeu, que, sendo mais moço descendia de um pai mal reputado em Roma, e fora desprezado pelo povo até tornar-se adulto e saber impor-se pela virtude e pela prática de grandes ações. Eis porque Sila prestava-lhe grandes homenagens, que raramente concedia aos mais velhos e aos que lhe eram iguais, a ponto de levantar-se quando ele aparecia, de descobrir-se e de chamá-lo imperador, isto é, coman-dante-chefe. Isto irritava fortemente Crasso, embora Sila não fizesse a injustiça de preferir Pompeu a ele, por não ter ainda a devida experiência de guerra, e não ligasse à sua avareza, que estragava o que de bom e belo havia em seus feitos. No saque à cidade de Tuder, na Úmbria, que ele tomou, desviou em seu favor a maior parte da pilhagem sendo o fato levado ao conhecimento de Sila. Todavia, no último ataque de toda esta guerra civil, que foi o maior e o mais perigoso de quantos se realizaram, e diante da própria Roma, as forças de Sila foram derrotadas e expulsas. Crasso, porém, que comandava a ponta direita, venceu e expulsou os inimigos até alta hora da noite, e mandou dar notícias a Sila da vitória alcançada e pedir-lhe víveres para os seus soldados. Em contraposição, ele atraiu sobre si a nota infamante, na confiscação e leilão dos bens dos desterrados, comprando enor¬mes riquezas por uma ninharia, ou exigindo-as de presente. Dizem ainda que na região dos brucianos, antigos povos calabreses, ele desterrou um, que Sila não havia ordenado, para apoderar-se de seus bens. Sabedor disso, Sila não quis mais valer-se dele em qualquer serviço público.

É estranho que, sendo ele grande bajulador, quando desejava cair nas boas graças de alguém, facilmente se deixasse vencer pela adula¬ção, em qualquer empresa, e fosse dotado de pouca sorte, ao agir pessoalmente. Dizem que, sendo o homem mais avarento do mundo, ele possuía a par¬ticularidade de odiar e censurar asperamente os que lhe eram iguais. A glória que Pompeu diariamente conquistava no decorrer da guerra, e o fato de haver obtido a honra do triunfo antes de ser senador e de ser geralmente chamado pêlos romanos Pompeu Magno, isto é, o grande, desgostavam-no imenso.

Tanto assim, que, um dia, ouvindo alguém dizer em sua presença, ao ver chegar Pompeu, eis o grande Pompeu, ele perguntou-lhe em ar de mofa: "Que altura tem ele?" Todavia, não esperando poder igualá-lo em feitos guerreiros, Crasso entregou-se com afinco aos negócios públicos e à rabulice, defendendo os acusados, emprestando dinheiro aos que demandavam ou pediam concessões em favor do povo, adquirindo assim reputação e autoridade iguais às conquistadas por Pompeu no campo da luta. Deste modo, a fama e o poder de Pompeu eram maiores em Roma quando ele se achava ausente, porque, quando presente, mantinha certa gravidade e grandeza no seu modo de vida, evitava ser visto pelo povo, não frequentava lugares públi¬cos, interessava-se por reduzido número de pessoas, e ainda assim de má vontade, para só se utilizar do seu prestígio e autoridade em seu favor, quando tivesse necessidade. A presença de Crasso, pelo contrário, era vivamente louvada e desejada, por ser útil a muitos, por estar sempre a posto, por aten¬der a todos os que desejavam valer-se dos seus préstimos, esforçando-se por tornar-se agradável e querido. Assim, devido à sua simplicidade e grande familiaridade, ele excedia, em valia e consideração, a gravidade e majestade de Pompeu.

Quanto à dignidade pessoal, à facilidade e beleza do falar e à simpatia do rosto, dizem não haver disparidade entre os dois. Este ciúme, entretanto, nunca induziu Crasso a uma malquerença e inimizade declaradas. Sofria muito em ver Pom¬peu e César mais homenageados que ele, mas este ambicioso desgosto nunca foi acompanhado de ódio, nem de malvadez inata, embora César, surpreen¬dido certa vez por corsários na Ásia, e detido por eles prisioneiro, gritasse: "Como ficarás satisfeito, Crasso, quando souberes que estou prisioneiro!" Apesar disso, eles foram depois bons amigos, como ficou provado quando César, achando-se de partida para a Espanha, foi inesperadamente assaltado por seus credores, que lhe apreenderam toda a bagagem, visto ele não poder pagá-los. Crasso, porém, livrou-o de tal situação, respondendo por ele pela quantia de oitocentos e trinta talentos.

A cidade de Roma dividiu-se logo em três partidos: o de Pompeu, o de César e o de Crasso. Quanto a Catão, sua reputação e o apreço que devotavam à sua probidade eram superiores ao seu prestígio e poder, sendo a sua virtude mais admirada do que seguida. Os mais circunspectos e ajuizados alistaram-se no partido de Pompeu; mas os mais volúveis e prontos a empreender tudo teme-ràriamente seguiram os propósitos de César. Crasso, nadando no meio, valia-se de ambos; e, mudando constantemente de partido na administração pública, não era nem amigo ferrenho nem inimigo de morte de quem quer que fosse. Distribuía comodamente amizade e inimizade em tudo quanto pudesse tirar proveito, razão por que frequentemente viam-no, a curto espaço de tempo, louvar e censurar, defender e condenar as mesmas leis e os mesmos homens. Sua reputação tanto provinha do temor que lhe tinham como do aíeto que lhe dedicavam, conforme no-lo demonstra este simples fato: um Sicínio, que atormentava todos os governadores e árbitros dos negócios públicos de seu tempo, sendo um dia interpelado por que não se ligava a Crasso e o dei¬xava em paz, já que conseguia moer todos os outros, respondeu: "Porque ele tem feno no chifre. Era costume em Roma, quando se desejava marcar os chifres de um boi, rodeá-los de feno, para que ele não percebesse.

[editar] A Revolta de Espártaco

A revolta dos gladiadores de 74 a.c., que alguns denominam guerra de Espártaco, e as correrias e pilhagens que eles fizeram pela Itália, originou-se do seguinte: havia, na cidade de Capoue, um tal Lêntulo Batiato, cuja ocupação consistia em alimen¬tar fartamente e manter grande número de comba¬tentes, que os romanos denominam gladiadores, em sua maior parte gauleses e tracianos aprisionados por simples perversidade de seu chefe, que os comprara e os obrigava a combater ao extremo, uns contra os outros. À vista disso, duzentos deles deliberaram fugir. Descoberto o seu intento, setenta e oito não aguardaram qualquer ordem do chefe; dirigiram-se a uma casa de venda de carne assada, arrebatan¬do-lhe espetos, machadinhas e facas de cozinha, e puseram-se às pressas fora da cidade. Pelo caminho encontraram casualmente carretas carregadas de armas usadas pêlos gladiadores, que levavam de Cápua para qualquer outra cidade. Apoderando-se delas à força, armaram-se, ocuparam um lugar de excelente situação, e escolheram entre eles três comandantes. O primeiro escolhido foi Espártaco, natural da Trácia, terra dos que erram pelo país com suas bestas, sem nunca se deter definitivamente num lugar. Ele não só era robusto e de bom coração, como prudente, calmo e humanitário, qualidades pouco comuns aos indivíduos de sua terra. Logo de início repeliram alguns homens que saíram de Cápua no seu encalço, para tornar a prendê-los; e, tendo-lhes arrebatado as armas de soldados, ficaram satisfeitos em poder substituir por elas as suas de gladiadores, que jogaram fora, como sendo bárbaras e desprezíveis.

Depois foi mandado contra eles um pretor romano chamado Clódio, com três mil homens, que sitiou-os em seu forte, um outeiro de subida penosa e estreita, guardada por Clódio, rodeado de altos rochedos talhados a pique, tendo no cimo grande quantidade de videiras selvagens. Os sitiados cortaram os rebentos mais longos e fortes de tais videiras, fizeram com eles compridas escadas que roçavam a planície, e, amarrando-as no alto, por elas desceram todos sossegadamente. Um deles apenas ficou em cima, para jogar-lhes as armas, findo o que também se pôs a salvo. Os romanos não suspeitaram tal; pelo que, rodeando o outeiro, os sitiados atacaram-nos pela retaguarda, afugen¬tando-os apavorados, e tomaram-lhes o acampa¬mento. Muitos boiadeiros e pastores que guardavam seus rebanhos" juntaram-se aos fugitivos, sendo uns armados por eles e outros mandados a espionar.

Nessa ocasião foi mandado a Roma outro comandante, Públio Varino, para desbara¬tá-los, do qual primeiramente derrotaram em com¬bate um tenente denominado Fúno, com dois mil homens, e a seguir um outro, denominado Cossínio, que lhe haviam impingido como conselheiro e com¬panheiro, e com grande poder. Vendo Espártaco que ele se banhava num lugar chamado Salinas, procurou aprisioná-lo, mas o comandante conseguiu salvar-se, embora a custo. Não obstante, Espártaco apoderou-se de toda a sua bagagem, e, perseguindo-o tenazmente apoderou-se do seu acampamento, com a morte de muitos dos seus homens, entre os quais Cossínio. Tendo também vencido em muitos encontros o próprio pretor-chefe, e aprisionado os sargentos que conduziam os machados à sua frente, bem como seu próprio cavalo, Espártaco adquiriu tal valor que todos o temiam. Todavia, calculando cuidadosa¬mente suas forças, e vendo que elas não podiam superar as dos romanos, levou seu exército para os Alpes, sendo de parecer que, uma vez transpostos os montes, cada qual voltasse para sua terra, isto é, para a Gália e para a Trácia. Seus homens, porém, fiados em seu número, e prometendo grandes realizações, não o quiseram atender, e recomeçaram a percorrer e a saquear toda a Itália.

Achando-se o senado inquieto, não só pela vergonha e afronta de serem seus homens vencidos por escravos sublevados, como pela apreen¬são e pelo perigo em que se achava toda a Itália, mandou para ali os dois cônsules, como se se tra¬tasse de uma das mais árduas e perigosas guerras que deveriam enfrentar. Gélio, um dos cônsules, atacando de surpresa uma tropa de alemães, que por altivez e desprezo, se havia separado e afastado do acampamento de Espártaco, submeteu-a toda ao fio de espada; Lêntulo, seu companheiro, com nume¬rosas forças sitiou Espártaco e todos os que o seguiam, atacou-os, venceu-os, e apoderou-se de toda a sua bagagem. Razão por que, avançando para os Alpes, Cássio, pretor e governador da Gália do subúrbio do Pó, enfrentou-o com um exército de dez mil homens. Travou-se um grande combate, no qual ele foi derrotado, tendo perdido muitos soldados, e conseguido salvar-se a muito custo e às pressas. Ciente disto, o senado declarou-se bastante descontente de seus cônsules; e, ordenan¬do-lhes que não mais se envolvessem nesta luta, atribuiu todo o encargo a Crasso, que foi seguido por numerosos moços nobres, graças à sua elevada repu¬tação e à grande estima que lhe votavam.

Crasso foi assentar seu acampamento na Romanha, para esperar a pé firme Espártaco, que se dirigia para ali, e mandou Múmio, um dos seus tenentes, com duas legiões, envolver o inimigo pela retaguarda, ordenando segui-lo sempre no encalço, e proibindo-lhe expressamente atacá-lo e escaramuçá-lo de qualquer modo.

Não obstante todas estas determinações, logo que Múmio se viu na possibilidade de fazer alguma coisa, atacou-o, sendo derrotado, com perda de muitos dos seus homens. Os que conseguiram salvar-se na fuga, apenas perderam suas armas. Crasso irritou-se bastante com ele; e, recolhendo os fugitivos, deu-lhes outras armas, exigindo-lhes fiadores que garantissem seu melhor serviço dali por diante, coisa que nunca fora feito antes. E, os quinhentos que estiveram nas primeiras filas, e que foram os primeiros a iniciar a fuga, ele dividiu-os em cinquenta dezenas, em cada uma das quais sorteou um, sujeito à pena de morte. Reviveu assim o antigo modo dos romanos castiga¬rem os soldados cobardes, coisa que de há muito havia sido abandonada, por ser ignominiosa, e pro¬duzir horror e espanto à assistência, quando reali¬zada publicamente.

Castigando assim seus soldados, Crasso lançou-os diretamente contra Espártaco, que recuou sempre e tanto que, pela região dos lucanianos, chegou à costa, encontrando alguns navios de corsá¬rios cilícios no estreito do Farol de Messina. Isto animou-o a ir à Sicília; e, tendo ali lançado dois mil homens, reacendeu a guerra dos escravos, que viviam aparentemente calmos e que de pouco preci¬savam para se reanimar. Tendo estes corsários pro¬metido auxiliá-lo em sua passagem, recebendo por isso presentes dele, enganaram-no e afastaram-se para longe. Razão por que, lançando-se inesperada¬mente longe da praia, ele foi assentar seu acampa¬mento na península dos régios, onde Crasso foi encontrá-lo; e, vendo que a natureza do lugar mos¬trava-lhe como devia agir, decidiu cercar de mura¬lhas o istmo da península, dando assim ocupação aos seus homens e impedindo que os inimigos rece¬bessem víveres. Trabalho demorado e difícil, que ele executou em bem pouco tempo, contra a opinião de todo o mundo, e fez abrir uma trincheira através da península, de quinze léguas de comprimento, quinze pés de largura e quinze pés de profundidade. Sobre a trincheira fez construir uma muralha muito alta e forte, da qual Espártaco a princípio zombou. Quando, porém, sua pilhagem começou a falhar, e se viu na impossibilidade de obter víveres em toda a península, devido àquela muralha, numa noite bastante áspera, de neve espessa e vento impetuoso, ele mandou encher de terra, pedras e galhos de árvores um trecho não muito extenso da trincheira, por onde fez passar um terço do seu exército. A princípio Crasso receou que Espártaco tomasse a resolução de seguir para Roma; logo, porém, tran-quihzou-se, pois soube haver seno desentendimento entre eles, e que uma grande tropa, amotinada contra Espártaco, separara-se dele e fora acampar junto a um lago da Lucânia, cuja água de tempos a tempos torna-se doce, e a seguir tão salgada que não pode ser bebida. Tendo-os atacado, Crasso expulsou-os dali, mas não conseguiu matar grande número, nem afastá-los para muito longe, porque Espártaco apa¬receu de repente com seu exército, e fez cessar a perseguição.

Crasso, que havia escrito ao Senado ser necessário chamar Lúculo da Trácia e Pompeu da Espanha, arrependido de havê-lo feito, esforça¬va-se o mais possível de dar fim a esta guerra antes que eles chegassem, por saber que atribuiriam toda a glória da sua conclusão ao recém-chegado que lhe fosse em auxílio, e não a ele. Por isso ele resolveu primeiramente atacar os que se haviam revoltado e entrincheirado à parle, às ordens dos capitães Caio Canício e Casto. Para tal, fez seguir seis mil sol¬dados de infantaria, para assenhorear-se de uma eminência, ordenando-lhes que tudo fizessem para não serem vistos nem descobertos pêlos inimigos. O que eles procuraram realizar o melhor possível, cobrindo seus morriões e elmos. Não obstante, eles foram percebidos por duas mulheres que às escon¬didas faziam sacrifícios em favor dos inimigos, e estiveram em risco de ficar todos perdidos. Crasso, porém, socorreu-os a tempo, dando aos inimigos o - combate mais áspero de quantos se realizaram naquela guerra.

Na luta pereceram doze mil e tre¬zentos homens, lutando valorosamente frente a frente, sendo encontrados unicamente dois mortos pelas costas.

Depois desta derrota Espártaco reti-rou-se para as montanhas de Petélia, perseguido e escaramuçado sem trégua, pela retaguarda, por Quinto, um dos tenentes de Crasso, e seu tesoureiro Escroía.

No fim do dia, porém, tudo mudou de repente, e Espártaco derrotou os romanos, sendo o tesoureiro gravemente ferido e salvo a custo. Esta vantagem obtida sobre os romanos deu origem à ruína final de Espártaco, porque seus guerreiros, quase todos escravos fugitivos, encheram-se de tama¬nho orgulho e audácia que não quiseram deixar de combater, nem obedeceram mais seu comandante. Pelo contrário, como se achavam a caminho, cerca¬ram-nos e disseram-lhes que, quisessem ou não, era preciso que voltassem depressa e os conduzissem pela Lucânia contra os romanos, que era o que Crasso pedia, pois sabia que Pompeu se aproximava, e que muitos em Roma discutiam e brigavam por sua causa, dizendo que a vitória final desta guerra lhe era devida, e que logo que ele ali chegasse tudo seria decidido com um único combate. Por isso, procurando combater, e aproximando-se o mais possível dos inimigos, Crasso mandou um dia abrir uma trincheira, que os fugiti¬vos procuraram impedir, carregando furiosamente sobre os que se ocupavam de tal tarefa. A luta tor¬nou-se violenta. E, como, a todo momento, chegas¬sem reforços de parte a parte, Espártaco viu-se obrigado a lançar mão de todos os recursos. Sen¬do-lhe levado o cavalo em que devia combater, ele desembainhou a espada, e, matando-o à vista de todos, disse: "Se eu for vencido neste combate, ele de nada me servirá. E, se eu for vitorioso, muitos deles, belíssimos e excelentes, terei dos inimigos à minha disposição". Isto feito, lançou-se através da pressão dos romanos, procurando aproximar-se de Crasso, sem o conseguir, e matou dois centunÕes romanos que o enfrentaram. Por fim todos os que o rodeavam fugiram, e ele permaneceu firme em seu posto, completamente cercado, lutando valente¬mente, sendo retalhado. Embora Crasso fosse muito feliz e satisfizesse todos os seus deveres de bom comandante e de homem valente, expondo-se a todos os perigos, não pôde impedir que a honra do termo daquela guerra fosse atribuída a Pompeu, porque os que escaparam deste último combate caíram-lhe às mãos e ele aniquilou-os, escrevendo ao Senado que Crasso vencera os fugitivos em combate regular, mas ele destruíra todas as raízes desta guerra! Pompeu teve assim entrada triunfal em Roma, por haver vencido Sertóno e reconquistado a Espanha. Crasso não só exigiu o grande triunfo como também o pequeno, que os latinos denominam Oüatio, por fazerem-no vencer, indigna e desumanamente, escra¬vos fugitivos.


[editar] O Consulado

Depois disso em 70 a..c., tendo sido Pompeu elevado ao consulado, Crasso não hesitou em pedir-lhe a ajuda, esperançado, como estava, de também ser eleito cônsul. Pompeu aquiesceu de boa vontade, porque desejava, de qualquer modo, que Crasso lhe fosse devedor de algum favor. Tanto assim que favoreceu-o com tal carinho, que decla¬rou publicamente, perante a assembleia da cidade, ser tão grato ao povo, se lhe desse Crasso por com¬panheiro no consulado, quanto o era por havê-lo eleito cônsul. Eles, entretanto, não prosseguiram nesta benevolência, quando na posse de seus cargos, mantendo frequentes discussões, e divergindo em quase todas as coisas. O que fez com que todo o seu consulado transcorresse sem qualquer fato digno de nota, a não ser o grande sacrifício que Crasso fez a Hércules, dando um banquete de mil mesas ao povo romano e distribuindo a cada cidadão trigo para três meses.

Ao findar seu consulado, ao reali-zar-se a assembleia da cidade, um indivíduo cha¬mado Onácio ou Caio Aurélio, cavaleiro romano, pouco conhecido por manter-se quase sempre nos campos, alheio aos negócios públicos, assomou à tri¬buna durante os debates, e contou ao povo uma visão que lhe aparecera em sonho: "Tendo me aparecido Júpiter esta noite (declarou), ordenou-me que vos dissesse publicamente que não deveis admitir que Crasso e Pompeu abandonem seu consulado, sem que primeiro se hajam reconciliado". Nem bem ele terminou de proferir esta palavra, o povo orde¬nou-lhes que se reconciliassem. Pompeu manteve-se firme como uma estátua, sem proferir palavra. Crasso, porém, estendeu-lhe a mão, e, dirigindo-se ao povo, falou em voz alta: "Não pratico nenhuma cobardia ou indignidade, senhores romanos, sendo o primeiro a rebuscar a amizade e carinho de Pompeu, visto que vós mesmos o cognominastes grande, antes que lhe despontasse qualquer fio de barba, e lhe concedestes a honra do triunfo, antes que ele pertencesse ao Senado".

Foi tudo quanto se realizou de notável durante o consulado de Crasso, cuja censura decorreu completamente apagada e de todo inútil, embora tivesse por companheiro o mais civil e tratável dos homens existentes então em Roma.


[editar] Catilina

À conspiração de Catilina, que foi de grande consequência e quase arruinou e destruiu a cidade de Roma, Crasso foi tido como suspeito, e houve um dos cúmplices que o apontou, mas ninguém lhe deu crédito. O próprio Cícero, em um dos seus discursos, dá o maior relevo à sus¬peita sobre Crasso e César, mas tal discurso só foi publicado depois da morte de ambos. No que ele proferiu para dar conta dos atos do seu consulado, ele declara que certa noite Crasso procurou-o, levan¬do-lhe uma missiva na qual mencionava Catilina, como a confirmar-lhe que a conspiração que pesqui¬savam era certa. Tanto assim, que, depois, Crasso sempre quis mal a Cícero; mas seu filho Públio Crasso, estudioso e amante das letras, que não se afastava de Cícero, impediu-o de buscar aberta¬mente os meios capazes de prejudicá-lo, para se vingar. De modo que, quando quiseram instaurar processo contra ele, Públio tanto pediu a seu pai, secundado por muitos moços de boa família, que ele reconciliou-se com Cícero.


[editar] O Triunvirato

Por fim, achando-se César ao termo do seu governo, preparou-se para pedir o consulado; e, percebendo que Pompeu e Crasso se haviam lovamente inimizado, não quis, pedindo a um que auxiliasse em sua pretensão, incorrer na inimizade ie outro, e também não esperava alcançar o seu desejo sem o auxílio de um deles. Por isso, ele procurou estabelecer um acordo entre os dois, demonstrando-lhes que a sua inimizade só conseguia aumentar o prestígio e a autoridade de um Cícero, de um Catulo e de um Catão, que nada valeriam se eles se unissem, pois, com os elementos que pos¬suíam, podiam, unidos, manejar à vontade tudo quanto se relacionasse com os negócios públicos. Tendo-os convencido e reconciliado, César fez dos três partidos uma força invencível, que arruinou o Senado e o povo romano. Esta fusão de partidos deu grande força e poder a Pompeu e Crasso, e foi de enorme valia a César; porque, nem bem eles começaram a protegê-lo, ele foi eleito cônsul sem a menor dificuldade. Tendo-se portado bem no con¬sulado, findo o mesmo entregaram-lhe o comando de grandes exércitos e submeteram a Gália ao seu domínio, na esperança de poder repartir entre ambos o produto do saque a que desejavam sujeitar a cidade.

O que induziu Pompeu a cometer esta falta foi a sua desmedida ambição. Crasso, porém, além da sua velha e inseparável avareza, deixou-se levar pela inveja que lhe causavam os grandes feitos guerreiros de César, e que o acompanhou até à morte, pois não podia suportar que, sendo-lhe superior em tudo, não o superasse também nas armas. Tendo César descido da província de Gália à cidade de Luca, muitos romanos foram-lhe ao encontro, inclusive Pompeu e Crasso, que, con¬luiados com ele, deliberaram submeter ao seu domí¬nio todo o império romano, ficando César com as forças que já possuía, e ncarregando-se Crasso e Pompeu de organizar outros exércitos e de apode¬rar-se de outras províncias. Para tal conseguir, era indispensável que Pompeu e Crasso obtivessem um novo consulado, no que César devia ajudá-los, escrevendo aos seus amigos de Roma, e mandando para ali bom número de soldados, a fim de garan¬tirem a eleição.

Devido a isso Pompeu e Crasso regressaram a Roma, onde logo desconfiaram do acontecido, correndo por toda a cidade que o encon¬tro de Luca não fora bem intencionado, pelo que, em pleno Senado, Marcelino e Domício pergunta¬ram a Pompeu se ele desejava o consulado, e ele respondeu-lhes que em parte sim e em parte não. Refeita a pergunta, ele respondeu que o aceitaria em favor dos bons e não dos perversos. Estas res¬postas não foram consideradas satisfatórias, mas sim pretensiosas e arrogantes. Crasso, porém, respondeu modestamente que, se fosse para o bem público, ele o aceitaria, caso contrário não. A estas palavras, ninguém teve a ousadia de, como Domício, mani-festar-se contra. Mas depois, quando eles se decla raram abertamente pretendentes, todos se manifesta¬ram favoráveis à sua pretensão, exceto Domício, que Catão, seu parente e amigo, não conseguiu demover da sua oposição, porquanto viu nela um combate em defesa da liberdade, pois o que Crasso e Pompeu aspiravam não era propriamente o con¬sulado, mas sim ú elemento capaz de levá-los à tirania, de organizar exércitos e de arrebatar e domi¬nar províncias.

Bradando sobre tais propósitos, e acreditando firmemente neles, Catão sondou à força, por assim dizer, Domício na praça, conseguindo o apoio de muita gente de bem, pois ninguém atinava a razão por que Pompeu e Crasso ambicionavam um segundo consulado, e fizessem questão de estar juntos e não com outros, quando havia ali tantos que não eram indignos de figurar em tal posto ao lado de qualquer dos dois. Devido a isso, crente de não conseguir o que almejava, Pompeu não duvidou em praticar as coisas mais desonestas e violentas do mundo. Entre elas, no dia da eleição, quando Domício e seus amigos se dirigiam, de madrugada, para o local em que devia ser realizada, o lacaio que conduzia o archote à sua frente foi morto por pessoas propositalmente colocadas de emboscada, e muitos da comitiva, entre os quais Catão, foram feridos. Os que não conseguiram fugir foram cer¬cados e presos, e encerrados em uma casa até serem os dois eleitos cônsules, A seguir, apoderando-se da tribuna pelas armas, expulsaram Catão da praça, mataram alguns oposicionistas que não quiseram fugir, prorrogaram por mais cinco anos o domínio de César na Gália, e fizeram o povo nomeá-los governadores das províncias da Síria e da Espanha. Depois, tirada a sorte, o da Sina coube a Crasso e o da Espanha a Pompeu. Crasso que invejava a glória de César e Pompeu parti para a conquista da Pártia. Em 53 a.C., confiante na superioridade numérica de seus centuriões numa batalha contra os sírios, e disposto a estraçalhar logo o inimigo, Crasso decidiu ganhar tempo cortando caminho por um vale estreito. Foi a decisão mais estúpida da história militar: os sírios fecharam as duas únicas saídas do vale e o exército de Crassus, ele incluído, foi massacrado. O que sobrou dele foi apenas a expressão "erro crasso".



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