Período Arcaico
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- Nota: Se procura o período da história do Antigo Egipto, consulte Época Tinita.
O Período Arcaico, período da Grécia Antiga de desenvolvimento cultural, político e social, situa-se entre c. 700 a.C. e 500 a.C., após a Idade das Trevas e antecedendo o Período Clássico. Nesta altura dão-se os primeiros avanços significativos para a ascensão da democracia e observa-se também uma revitalização da linguagem escrita.
Em termos artísticos o período caracteriza-se pela edificação dos primeiros templos inspirados nas habitações micénicas, pelas tipologias escultóricas kouros e kore, e pelo início do registo de pintura negra em cerâmica.
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[editar] A colonização
Um dos fenómenos mais importantes do Período Arcaico foi o da colonização, que espalhou os gregos um pouco por toda a área costeira da bacia do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro.
Os motivos que geraram este fenómenos foram variados. Entres eles podem ser referidos os excessos populacionais, as dificuldades da pólis em alimentar a sua população após um período de seca ou de chuvas torrenciais, os interesses comerciais ou a simples curiosidade e espírito aventureiro.
A colonização grega obedecia a um planeamento preciso, que implicava, para além da escolha do local que seria colonizado, a nomeação do comandante da expedição (o oikistes) que seria responsável pela conquista do território e que o governaria a colónia (apoika, "residência distante") como rei ou governador. Antes de partir com a sua expedição, o oikistes consultava o Oráculo de Apolo em Delfos, que aprovava o local sugerido ou propunha outro. O deus Apolo encontrou-se assim associado à colonização; muitas colónias na Ilíria, Trácia, Líbia e Palestina recebem o nome Apolónia em sua honra. Os colonizadores levavam da cidade mãe - a metrópole - o fogo sagrado e os elementos culturais e políticos desta, como o dialecto, o alfabeto, os cultos e o calendário. Por vezes as colónias poderiam fundar por sua vez outras colónias.
Uma das mais primeiras colonizações deste período data de 775 a.C., tendo sido uma iniciativa de gregos da cidades de Cálcis e Erétria que partem para a ilha de Ischia na baía de Nápoles. Na década de 30 do século VIII estão documentadas as fundações de colónias na Sicília: Naxos e Messina (por Cálcis) e Siracusa (por Corinto)
As costas do Mar Negro foram colonizadas essencialmente pela pólis de Mileto. As colónias mais importantes desta região foram Sinope (c. 700 a.C.) e Cízico (c. 675 a.C.). De Megara partem colonos que fundam em 667 a.C. Bizâncio.
No norte de África Cirene foi fundada por colonos da ilha de Tera por volta de 630 a.C.. Na região ocidental do Mediterrâneo, salientem-se colónias como Massalía (a moderna Marselha), Nice (de niké, vitória) e Ampúrias (esta última na Península Ibérica).
A colonização grega deve ser entendida de uma forma diferente da colonização realizada pelos Europeus na Idade Moderna e Contemporânea, na medida em que a colónia não tinha qualquer tipo de dependência política e económica em relação à metrópole. Entre a metrópole e a colónia existiam laços cordiais (era por exemplo chocante que ocorresse uma guerra entre as duas), mas os gregos que partiam para uma colónia perdiam a cidadania que detinham na cidade de onde eram oriundos.
[editar] O desenvolvimento do comércio
Uma das consequências da colonização será o desenvolvimento do comércio, não apenas entre a colónia e a metrópole, mas entre as colónias e outros locais do Mediterrâneo. Até então o o comércio não era uma actividade económica própria, mas uma actividade subsidiária da agricultura. Algumas colónias funcionam essencialmente como locais para a prática do comércio e sem um estatuto político: os empórios.
O incremento da actividade comercial gera por sua vez o fomento da indústria. Deste sector destaca-se a produção da cerâmica, sendo famosos os vasos de Corinto e de Atenas, que se tornaram os principais objectos de exportação.
No último quartel do século VII a.C. ocorreu o aparecimento na Lídia da moeda, que se espalhou lentamente por toda a Grécia.
[editar] Transformações sociais e políticas
[editar] Consequências do desenvolvimento do comércio e da indústria
Com o afluxo a partir das colónias de quantidades elevadas de cereais e com a importância que a exportação do vinho e do azeite adquiriu, desenvolveu-se entre as classes mais abastadas a tendência para substituir o cultivo do trigo pelo da vinha e da oliveira.
Os camponeses com parcos recursos económicos ficam impossibilitados de proceder a esta substituição, uma vez a vinha e a oliveira necessitam de algum tempo até oferecerem resultados. Para além disso, estas culturas exigiam menos mão-de-obra e alguns trabalhadores tornaram-se excedentários.
Em resultado desta realidade económica nasce no Período Arcaico uma nova classe, a dos plutocratas, cujos membros, oriundos frequentemente das classes inferiores, enriquecem graças às possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento do comércio e da indústria, actividades desdenhadas pela aristocracia. Esta classe possui ambições políticas, que na época se encontravam relacionadas com a posse de terra. Como tal, os plutocratas procuram comprar terras. Os nobres, não pretendendo serem relegados para segundo plano, entram também na corrida à compra das terras. As consequências desta competição económica repercutem-se entre os camponeses de fracos recursos, cujas condições de vida se agravam.
[editar] Os legisladores
Perante os conflitos sociais que se acentuaram na segunda metade do século VII a.C., as póleis vão procurar resolver de forma pacífica os conflitos. As parte em conflito concordam em nomear homens com uma reputação íntegra que dotam as cidades de códigos de leis - os legisladores.
Até então as leis não eram escritas, o que dava azo a intepretações arbitrárias ao serviço da aristocracia. A exigência de um código escrito das leis parte das classes populares.
Os primeiros legisladores conhecidos surgiram nas cidades da Magna Grécia em meados do século VII a.C.. O mais antigo legislador conhecido é Zaleuco de Locros, figura com contornos lendários, que teria escrito o primeiro código de leis, aceite por cidades da Itália e Sicília.
Em Atenas os legisladores mais conhecidos foram Drácon e Sólon; o primeiro ficou conhecido pelo seu código de leis rigoroso (é do seu nome que deriva o adjectivo draconiano). As leis destes homens foram escritas em prismas de madeira rotativos (axones) que se encontravam expostos ao público.
[editar] Os tiranos
A obra dos legisladores não conseguiu resolver os conflitos sociais. Assim, quase todas as cidades gregas conhecem entre 670 e 510 a.C. o domínio dos tiranos. A palavra tirano não possuía a conotação negativa que hoje tem, significando apenas "usurpador com poder supremo"; entre os gregos, o termo só adquire um sentido negativo a partir do governo dos Trinta Tiranos em Atenas (404 a.C.), conhecidos pela sua crueldade.
Os tiranos conquistaram o poder através da violência e da força, recebendo o apoio das classes inferiores as quais passam depois a proteger. O fenómeno dos tiranos manifestou-se em primeiro lugar nas cidades comerciais. Os primeiros tiranos conhecidos foram Ortágoras em Sícion e Cípselo em Corinto. A Atenas do século VI conhece o tirano Pisístrato e Siracusa Dionísio, o Velho e Dionísio, o Novo.
Entre as medidas tomadas pelos tiranos encontram-se a partilha das terras, a abolição das dívidas e a isenção de impostos. Cunham a moeda e lançam grandes obras públicas, que permitem absorver a mão-de-obra excedentária e que embelezam as cidades. No campo da religião, procedem à centralização dos cultos.
Os descendentes dos tiranos acabaram por não manter o seu apoio às classes populares, tornando-se impopulares. Quase todos desaparecem antes de 500 a.C., derrotados por nobres ou por Esparta. Na Sicília a situação diferente, dado que perante a ameaça dos Cartaginenses os tiranos conseguem continuar no poder até ao século III a.C..
As tiranias serão substituídas por oligarquias ou democracias.
[editar] Bibliografia
- AUSTIN, Michel; VIDAL-NAQUET - Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Lisboa: Edições 70.
- SACKS, David - Encyclopedia of the Ancient Greek World. Nova Iorque: Facts on File, Inc., 1995.