Vinho da Madeira
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[editar] História
É um vinho fortificado, com elevado teor alcoólico, caracterizado pela adição de aguardente vínica, produzido na Ilha da Madeira há mais de 300 anos, tendo conhecido períodos de grande projecção internacional interpolados de situações de crise. Os períodos de crise foram provocados pelo aparecimento de doenças que dizimaram os vinhedos (Oídio em 1852, e a Filoxera em 1872), bem como falta de qualidade (aparecimento da "estufa" e dos híbridos produtores directos). Hoje, com as técnicas modernas de vitivinicultura, transporte, divulgação e comercialização, vem recuperando credibilidade e aceitação no mercado internacional.
[editar] Importância
Presentemente a Ilha da Madeira produz e exporta cerca de 4.000.000 de litros de vinho generoso da Madeira de alta qualidade, mundialmente reconhecida, que representavam em 1999, 43% das exportações e saídas, das principais mercadorias madeirenses (fontes: Vinho – Instituto do Vinho da Madeira, Bordados e Obra de Vime – Instituto do Bordado e Tapeçarias do Arquipélago da Madeira, Flores e Banana – Direcção Regional de Agricultura), distribuídos essencialmente pelos seguintes produtores: Madeira Wine Company, S.A., Vinhos Justino Henriques, Filhos, Lda., H. M. Borges, Sucrs, Lda., Henriques & Henriques, Vinhos, S.A., Artur de Barros & Sousa, Lda., Pereira d’Oliveira (Vinhos), Lda. e Vinhos Barbeito (Madeira), Lda. Este é o produto Agro-Industrial de maior peso na Economia Regional.
[editar] As principais castas
A produção de Vinho Madeira feita a partir da casta Tinta Negra Mole representa cerca de 90% do total, sendo os restantes 10%, o Sercial, o Verdelho, o Boal e o Malvasia, destinados a vinhos finos, em geral destinados ao envelhecimento em canteiro (envelhecimento natural em casco sem recurso à estufa), e mais tarde comercializados por melhores preços. O Sercial que terá de ser seco, o Verdelho meio seco, o Boal meio doce e o Malvasia doce, quando comercializados com o designativo da casta, têm de corresponder ao conteúdo, ou seja são monovarietais.
[editar] Uma ideia antiga adaptada aos tempos modernos
O grosso da produção, 90%, é no geral submetido à estufagem. É conhecido desde a antiguidade o efeito benéfico do calor no envelhecimento dos vinhos. Gregos e Romanos já o usavam, e, na época das grandes viagens marítimas dos portugueses, rapidamente se constatou que os vinhos da Madeira embarcados nos porões dos navios, mercê das altas temperaturas dos trópicos, regressavam claramente melhorados (os célebres vinhos de “Torna-Viagem”). Daí à tentativa de artificialmente produzir o mesmo efeito foi um passo, surgindo no século XVIII vários engenhos que se destinavam a consegui-lo, uns por aquecimento directo, outros pela circulação de ar quente e posteriormente pela utilização de vapor de água que circulava em serpentinas de cobre que mergulhavam no vinho.
As técnicas foram evoluindo e presentemente as estufas são construídas em aço inoxidável, com camisas de transmissão de calor, isotérmicas, poupando imensa energia, e quase não havendo choque térmico, dado que o líquido que circula nas camisas é água a cerca de 70º C. Assim o vinho que é aquecido com suavidade, permanece ao abrigo do ar (ambiente redutor) a cerca de 50º C, durante 90 dias, findos os quais inicia um período de estágio de outros 90 dias à temperatura ambiente. Durante este tempo, mercê de oxidações e reduções sucessivas, o vinho adquire um aroma e um paladar sui géneris e muda também de côr, perdendo densidade cromática e adquirindo laivos acastanhados ou amarelados, de várias tonalidades, que caracteriza o Vinho da Madeira novo. A partir daqui o vinho está apto a ser comercializado em consonância com um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos, adequados a cada situação. Estes vinhos também de alta qualidade, são comercializados apenas com a designação de “Madeira”. A eventual elucidação do tipo de vinho ao consumidor é efectuada pelos designativos, seco, meio seco, meio doce e doce, correspondendo respectivamente aos graus Baumé: <1.5, de 1.5 a 2.5, de 2.5 a 3.5 e >3.5.
[editar] Fortificação
Todos estes vinhos apresentam uma graduação alcoólica que varia de 17 a 22 % em volume, e um teor de açúcar compreendido entre 0 e cerca de 150 gramas por litro. Este açúcar residual é o resultado da interrupção da fermentação alcoólica, por adição de álcool vínico com o mínimo de 96,0 %, em momentos diferentes da fermentação alcoólica, consoante se necessite de vinhos secos ou doces.
[editar] Vinificação
O sistema de vinificação tradicional do Vinho da Madeira é a bica aberta, praticando-se na maioria dos casos a prensagem directa das uvas. Contudo, algumas empresas já dispõem de equipamento que lhes permite fazer vinificações com curtimenta, a que recorrem quando pretendem fazer vinhos, que prevêem ficar muitos anos em casco, pois dão vinhos melhor estruturados e de maior longevidade.
[editar] Consumo
O Vinho da Madeira, um vinho de todas as ocasiões, perfeitamente adequado às horas festivas e de convívio, só encontra às refeições um momento menos propício ao seu consumo, onde outros se inserem com mais naturalidade. Encontra porém como aperitivo e digestivo vocação privilegiada, podendo ser encontrado nas seguintes categorias: Corrente, Madeira sem adjectivação, Reserva, Old ou 5 anos, Reserva Velha, Very Old ou 10 anos, 15 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos, para além de outros com indicação da data de colheita.