Febre tifóide
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A Febre Tifóide é uma doença contagiosa causada pela bactéria Salmonella typhi. A febre tifóide é uma doença distinta e não relacionada com o Tifo.
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[editar] Salmonella typhi
As Salmonella são bacilos Gram-negativos, móveis e anaérobios facultativos, pertencentes à familia Enterobacteriaceae. Tem altos niveis de metabolismo em comparação com outras bactérias.
Na verdade Salmonella typhi não é uma espécie, mas antes a designação comum do serovar Salmonella enterica typhi (S.enterica subespécie typhi), que inclui vários outras subespécies que não causam esta doença. O serovar Salmonella enterica paratyphi causa uma doença semelhante, a febre paratifóide.
Como todas as bactérias Gram-negativas, elas têm lipopolissacarideo (LPS) que é um poderoso indutor de resposta imunitária despropositada, com vasodilatação sistémica e possivel morte por choque séptico. Além disso a sua disseminação e multiplicação nos orgãos pode causar danos graves.
[editar] Epidemiologia
A doença é exclusiva do ser humano, não sendo encontrada em nenhuma outra espécie animal. É sempre transmitida via oral-fecal, ou seja pela contaminação por fezes de alimentos ou objectos levados à boca.
Muitos casos são devidos à preparação não higiénica da comida, em que um individuo portador (com a bactéria no intestino mas saudável e sem sintomas por períodos prolongados) suja os dedos com os seus próprios detritos fecais e não lava as mãos antes de manusear os alimentos. A personagem Maria Tifóide, que trabalhava numa pastelaria infectando os clientes, é famosa. Cerca de 5% dos doentes não tratados com antibiotico tornam-se portadores após resolução da doença.
[editar] Transmissão
É transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminados, o mais comum, ou então pelo contato direto com os portadores através de um beijo por exemplo. Seja qual for a origem a única porta para a sua entrada é a via digestiva.
[editar] Progressão e Sintomas
As bactérias são ingeridas e a partir do lúmen intestinal invadem um tipo especializado de célula do epitélio do órgão, a célula M, por mecanismos de endocitose ou invasão directa, passando depois à subserosa. Aí são fagocitadas por macrófagos, mas resistem à destruição intracelular. Como estas células linfáticas são altamente móveis, são transportadas para tecidos linfáticos por todo o corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado, pele e medula óssea. A sua disseminação é inicialmente pela linfa, e depois sanguínea.
Os primeiros sintomas, aumentando ao longo da primeira semana, são febre de cerca 40ºC, dores de cabeça, fadiga, bradicardia, e agitação durante o sono. Podem aparecer manchas rosas na pele. Após cerca de 3 semanas, o enfermo pode apresentar falta de apetite (anorexia), hemorragia nasal (epistaxe), diarréia e vómitos, esplenomegália, tosse, delírios e estado de torpor, surgindo depois quadros de septicémia, com possível choque séptico mortal.
Se não for tratada, a febre tifóide pode complicar-se em hemorragia ou até perfuração intestinal e inflamação da vesícula biliar. A mortalidade chega a 25% nos casos não tratados, sendo freqüentemente causada pela septicémia e choque (perda catastrófica da tensão arterial com isquémia fatal dos órgãos).
[editar] Diagnóstico
É feito por analise de amostras de sangue, fezes ou da medula óssea com um teste serologico de Widal (demonstração de anticorpos anti-salmonela). Em países pobres é usado o teste de detecção de diazo na urina.
[editar] Tratamento
A febre tifóide deve ser tratada com antibióticos específicos, mais comummente o cloranfenicol, ampicilina ou quinolonas. São tratadas as complicações de acordo com a sua condição, caso hajam.
Os doentes que se tenham curado sem tratamento antibiótico devem ser isolados, já que mesmo curados podem tornar-se portadores do bacilo por meses, até mesmo anos. São-lhes administrados antibióticos que eliminam as bactérias remanescentes.
[editar] Prevenção
Além da vacinação, para evitar o contágio da febre tifóide é necessário tratar a água e os alimentos, controlar o lixo, observar boas condições de higiene. É importante no seguimento de qualquer epidemia identificar os portadores e eliminar as bactérias que transportam com antibióticos.
Por ser uma doença altamente contagiosa, normalmente isola-se o infectado, isolando assim também a doença em locais de prática clínica e de higiene adequada evitando sua proliferação através da água, um dos mais importantes vetores de contágio em todo mundo.
[editar] História
A Salmonella typhi é também conhecida como bacilo de Elberth, assim chamado em homenagem a Karl Joseph Elberth que o descreveu pela primeira vez em 1880.
Em 1907, Mary Mallon (a original "Maria Tifóide") foi o primeiro portador a ser identificado após uma epidemia, nos EUA.
A tifóide matou várias personagens famosas, incluindo o compositor Franz Schubert, o consorte da Rainha Vitória do Reino Unido Alberto de Saxe-Coburg-Gotha e Wilbur Wright, um dos primeiros aviadores.
[editar] Ligações relacionadas
[1] - Link da Universidade Federal do Rio de Janeiro de livre acesso onde há dados mais completos a respeito dessa doença.