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Freguesia do Ó

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Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó

Freguesia do Ó é um distrito localizado na região noroeste de São Paulo, que servia de caminho entre a cidade e a região de Campinas e Jundiaí. Sendo um dos mais populosos e antigos bairros da cidade, conserva ainda fortes traços do período colonial na arquitetura de suas construções.

Abrange os bairros de Monteiro Soares, Vila São Vicente, Chácara do Rosário(antiga Vila Albertina), Vila Bancária Munhoz, Parque São Luís, Vila Júlio César, Nossa Senhora do Ó, Jardim Almanara, Itaberaba, Parque M. Soares, Vila Iório e Sitio Morro Grande.

Índice

[editar] História

A Freguesia do Ó foi fundada pelo bandeirante Manuel Preto em 1580, quando com sua família e índios escravos, tomou posse daquelas terras. O local, inicialmente era apenas para descanso dos bandeirantes que acreditavam que o Pico do Jaraguá tinha ouro. O primeiro nome do bairro foi "Citeo do Jaragoá", e era compreendido desde o próprio pico, passando por onde hoje ficam Pirituba, o próprio bairro, Limão, Casa Verde até Santana.

Em 1610 solicitou à sede da paróquia autorização para erguer uma capela em honra de Nossa Senhora do Ó, que deu nome ao lugar. Em 1615 a obra foi finalizada e este foi ano do primeiro registro oficial da existência do bairro.

Durante muitos anos o bairro foi considerado como pertencente ao chamado "Cinturão Verde" da Capital Paulista, tendo como característica, inclusive, um sotaque pronunciado em seus moradores, que eram considerados "caipiras" pela população dos bairros centrais.

No princípio, a principal cultura era a de cana-de-açúcar, principalmente para a produção de aguardente, que durante muitos anos foi seu principal negócio. Café, mandioca, algodão, milho e legumes eram outras culturas, porém utilizadas para a subsistência. A importância da cana foi tamanha, que ainda hoje algumas casas conservam uma minúscula plantação em seus quintais.

Um dos fatores que contribuíram para que o bairro mantivesse aspectos preservados foram as constantes enchentes do Rio Tietê, que também era de traçado tortuoso, da topografia íngreme e do seu relativo afastamento do centro de São Paulo. Por vezes, são características podem remeter a cidades do interior do Estado de São Paulo, como as edificações planas (casas ou invés de edifícios), ruas estreitas e sinuosas, calçamento feito com paralelepípedos, criação de bois, carneiros e galinhas, dentre outros fatores.

Para se dar um exemplo das dificuldades de locomoção entre o centro e o bairro, as tropas expedicionárias (os Voluntários da Pátria), que saíram no começo da manhã do centro paulistano (aproximadamente às 7 horas) com destino ao Paraguai, no final do século XIX, só atingiram o Largo da Matriz no fim da tarde, em torno das 18 horas. Isto por que era uma tropa militar no primeiro dia de deslocamento, marchando com regularidade e com apoio logístico.

Atualmente o bairro sofre um aumento do ataque especulativo de empresas construtoras. Um dos motivos se deve justamente a presença terrenos descampados e casas velhas simples, de baixo valor comercial, em comparação a outros bairros. Isto se deve em grande parte a retificação pela qual o Rio Tietê passou, durante a administração do prefeito Prestes Maia, além das obras que abriram as avenidas Inajar de Sousa e General Edgard Facó nos anos 80, e nelas, a canalização dos rios Cabuçu e Verde (respectivamente).

É considerado um dos bairros com melhor qualidade no fornecimento de água dentro da cidade de São Paulo.

[editar] A origem do nome do bairro

O nome do bairro é uma curiosidade a parte. Freguesia vem do latim Filli Eclesiae, e significa "filhos da igreja". Esta honraria foi a única que se manteve no nome oficial dentre os bairros paulistanos, e que foi concedida como uma forma de divisão do Episcopado, facilitando assim a vida dos fiéis moradores de bairos longínquos, que não mais precisariam se deslocar por horas para receberem amparo religioso. Os demais bairros, como o Brás, Penha e Santo Amaro, aos poucos deixaram de usa-lo nos nomes, e a Freguesia de Nossa Senhora do Ó passou a se chama simplesmente Freguesia do Ó.

Nossa Senhora do Ó era a Santa de devoção do Bandeirante Manuel Preto, porém o nome correto é Nossa Senhora da Expectação (ou Esperança). O invocativo Ó, faz parte de sete antífonas cantadas durante a novena, que é realizada todos os anos como preparação para o Natal.

[editar] Curiosidades locais

  • O plantio de cana-de-açúcar sempre foi a principal atividade rural da região, até a metade do século XX, antes da expansão da urbanização da cidade. Inúmeros alambiques asseguravam a produção de fina cachaça, conhecida como caninha do Ó.
  • Os moradores antigos do bairro tinham muitas relações com Pirapora do Bom Jesus, sendo tradicional a romaria anual a essa vila.
  • A Chácara do Rosário (antigamente chamada de Vila Albertina, depois alterado por homonimia com outro bairro) era a antiga chácara de Dona Veridiana Prado, senhora de tradicional família paulistana e ligada à Semana de arte moderna de 1922. A antiga sede foi doada à cúria e transformada em seminário para formação de padres católicos. O restante da área foi loteado, com projeto topográfico do então jovem engenheiro Prestes Maia, depois prefeito da capital.
  • A Escola de Samba Sociedade Rosas de Ouro, hexacampeã do carnaval, se situa no bairro.
  • Na década de 1960 a população do bairro passava horas agradáveis no Cine Clipper, o único cinema da região que deu origem ao nome do largo mais conhecido da região comercial da Freguesia, o Largo do Clipper, a praça onde a maioria dos moradores conhecem. O apelido da praça sobreviveu até hoje embora o Cinema não exista mais, e muitos nem ao menos saibam o verdadeiro nome do Largo (Oliveira Viana), ou sabiam também da existencia deste cinema (especialmente os mais jovens), onde hoje está instalado um Banco.
  • A Festa do Divino Espírito Santo, uma das mais tradicionais do calendário da Igreja Católica, faz da Freguesia do Ó uma das poucas localidas no Brasil onde ainda é celebrada esta Festa.
  • No Largo da Matriz Velha ainda se mantém em pé um casarão que pertenceu a Marquesa de Santos.
  • O invocativo Ó tornou-se inspiração para a canção "Punk da Periferia", de Gilberto Gil. Além de que, no início dos anos 80, havia um reduto punk no Largo da Matriz Velha.

[editar] Bibliografia

  • ALVIM, Murilo Lopes. Ó, a Freguesia. São Paulo: Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Fotografia, habilitação Fotografia Aplicada (SENAC), 2003.
  • BARRO, Máximo. Nossa Senhora do Ó. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1977.
  • BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.
  • BOSI, Ecléa. Memória e sociedade, lembranças de velhos. São Paulo: T.A. Queiroz Editor. 1979.
  • GOFF, Jacques Le. Memória – História. Lisboa: Imprensa Nacional, 1984.
  • KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989.
  • LUISI, Emídio. Ue' Paesà: 120 anos da imigração italiana no Brasil. São Paulo: Caixa Econômica Federal, 1997.
  • MACEDO, Carmem Cinira. Tempo de gênesis: o povo das comunidades eclesiais de base. São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • MAGNANI, José G. e TORRES, Lílian Lucca de. Na metrópole. São Paulo: Edusp Fapesp, 1996.
  • MARTINELLI, Pedro. Casas Paulistanas: pequenos tesouros da Mooca na transformação de São Paulo. São Paulo: 1° edição. 1998.
  • MARTINS, José de Souza. Subúrbio: vida cotidiana e história no subúrbio da cidade de São Paulo: São Caetano, do fim do Império ao fim da República Velha. São Caetano do Sul: Hucitec, 1992.
  • MASCARO, Cristiano. São Paulo. São Paulo: Editora Senac, 2000.
  • MEDINA, Cremilda de Araújo. Ó freguesia, quantas histórias. São Paulo: ECA/USP, 2000.
  • RIBEIRO, Suzana Barretto. Italianos do Brás, imagens e memória. São Paulo: Brasiliense, 1994.

[editar] Fotografias locais

[editar] Ligações externas

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