Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti
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A Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti ou MINUSTAH (sigla derivada do francês: Mission des Nations Unies pour la stabilisation en Haïti), é uma missão de paz criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 30 de abril de 2004 por meio da resolução 1542[1], para restaurar a ordem no Haiti, após um período de insurgência e a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide.
A missão se encontra chefiada pelo diplomata chileno Juan Gabriel Valdés[2]. Os objetivos da missão são principalmente:
- Estabilizar o país.
- Pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes.
- Promover eleições livres e informadas.
- Formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti.[3]
A missão está no país desde julho de 2004, e a ONU renovou seu mandato por oito meses em fevereiro de 2007.[4]
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[editar] Histórico
[editar] Antecedentes
No ano de 2001, Jean-Bertrand Aristide venceu a eleição presidenciais, sendo que menos de 10% da população votou[5]. A oposição negava-se a aceitar o resultado, criando um impasse[6]. No ano de 2004, por meio de negociações mediadas pela comunidade internacional, em especial a OEA e o CARICOM, Aristide aceitou dissolver seu gabinete ministerial. No entanto, a oposição continuou insatisfeita, e a violência que surgiu no início do mês de fevereiro na cidade de Gonaïves se espalhou pelo país[7].
As forças rebeldes começaram a ocupar todas as cidades importantes do país, quase sem nenhuma resistência[8]. França e Estados Unidos[9] culpavam Aristide pela onda de violência, enquanto os países do CARICOM pediam pela manutenção da democracia no país, em uma tentativa de criar precedentes de golpes contra governos democraticamente constituídos na região.
Com a renúncia de Aristide[10] e seu quase imediato exílio na República Centro-Africana[11], o Conselho de Segurança das Nações Unidas cria a resolução 1592 de 2004, que solicita a criação de uma força internacional para assegurar a ordem e a paz no Haiti. No entanto, Aristide denuncia que fora seqüestrado por fuzileiros norte-americanos, sendo então forçado a renunciar por um grupo de haitianos e civis norte-americanos[12], informação negada pelos Estados Unidos[13]. Esta ação também teria tido o apoio do governo francês.
Após negociações, e por ter o maior contingente, o Brasil assumiu o cargo de coordenação da recém-formada Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti, ou simplesmente Minustah.
[editar] Início das atividades
As forças de paz foram comandadas pelo General de Divisão brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira[14].
Em um gesto de demonstração de boa-vontade das tropas brasileiras com o povo haitiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou a Seleção Brasileira de Futebol a participar de uma partida com a Seleção Haitiana de Futebol. Com o apoio da FIFA, o jogo foi realizado em 19 de agosto de 2004 na capital haitiana, Port-au-Prince. O time brasileiro ganhou de 6 a 0[15][16].
O Gen. Heleno Ribeiro foi substituído em 1º de setembro de 2005 pelo general Urano Teixeira da Matta Bacellar[17]. Em de 7 de janeiro de 2006, o General Bacellar foi encontrado morto em seu quarto de hotel[18][19][20]. Suspeita-se que tenha cometido suicídio. Com isto, o Exército Brasileiro envia uma delegação para investigar a causa da morte[21]. Assume como comandante interino das forças de paz o general chileno Eduardo Aldunate Herman[22].
No dia 9 de janeiro, os empresários e comerciantes de Port-au-Prince realizam uma greve-geral de um dia como protesto à violência no país, principalmente pela escalada de seqüestros no mês de janeiro de 2006.
Em 11 de janeiro de 2006, o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília divulga laudo do qual o general Bacellar cometera suicídio[23][24] Em 12 de janeiro, as Nações Unidas declaram o mesmo[25], corroborando a afirmação feita pelas autoridades brasileiras.

Em 18 de janeiro, o general brasileiro José Elito Carvalho Siqueira foi escolhido como substituto do general Bacellar pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan.[26]
[editar] Países contribuntes
Abaixo uma lista com os países que contribuem para a formação da força multinacional das Nações Unidas para a estabilização no Haiti.
[editar] Efetivos militares
Argentina, Benin, Bolivia, Brasil, Canadá, Chile, Croácia, Equador, Espanha, França, Guatemala, Jordânia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Sri Lanka, Estados Unidos e Uruguai.[27]
[editar] Civis e força policial
Argentina, Benin, Burkina Faso, Camarões, Canadá, Chade, Chile, China, Colômbia, Egito, El Salvador, França, Granada, Guiné, Jordânia, Madagascar, Mali, Maurícia, Nepal, Níger, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Romênia, Federação Russa, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Espanha, Togo, Turquia, Estados Unidos, Uruguai, Vanuatu e Iêmen.[27]
[editar] Baixas
Desde que a missão de paz começou em junho de 2004, 20 pessoas na missão morreram. O incidente mais recente ocorreuj perto de Cité Soleil em 10 de Novembro de 2006, quando homens com armas não-identificados abriram fogo em um veículo com dois soldados jordânios que haviam terminado um dia de patrulha e voltavam para a base. Ambos soldados foram mortos.[28]
Mortes por país:
- Militares
-
- Brasil – 1 (Além do suicídio do General Barcellar, faleceu no Haiti um cabo da Marinha do Brasil que não fazia parte do contingente da força de paz . Estava no navio brasileiro que levava mantimentos, equipamentos militares e soldados para o país caribenho e morrera quando fazia atividades físicas a bordo.[29])
- Jordânia – 6
- Nepal – 2
- Filipinas - 2
- Sri Lanka – 2
- Uruguai – 1
- Policiais civis
- Canadá – 1
- Empregados civis locais – 1
Atualmente, as tropas argentinas têm assento na cidade nortista de Gonaïves[30], uma das zonas de mais conflito no país. A presença militar chilena se concentra principalmente no porto de Cap Haitien[31][32], também ao norte do país.
[editar] Outras missões da ONU no Haiti
- UNMIH (1993 a 1996)
- UNSMIH (1996 a 1997)
- UNTMIH (1997)
- MIPONUH (1997-2000)
[editar] Participação de Militares Femininas
Esta missão caracterizou-se por possuir as primeiras mulheres brasileiras militares em uma Missão de Paz da ONU.
Com a chegada do 6º Contingente Brasileiro, Força Jauru no final de 2006[33], a presença feminina se fez presente em território Haitiano, através das seguintes militares:
- Capitão - Tenente (MD) Stella Beatriz Kruger - Marinha do Brasil
- Primeiro - Tenente (MD) Ana Beatriz - Exército Brasileiro
- Primeiro - Tenente (MD) Silvana - Exército Brasileiro
- Primeiro - Tenente (CD) Michelle - Exército Brasileiro
[editar] Referências
- ↑ Minustah tenta controlar situação no Haiti com 9.400 homens - Folha Online, acessado em 26 de fevereiro de 2007
- ↑ Comunicado de imprensa - Exército Brasileiro
- ↑ Primeiro projeto "Quick Impact Project" da MINUSTAH inaugurado em Porto Príncipe pela Brigada Haiti - Defesa.net
- ↑ ONU renova mandato de missão no Haiti BBCBrasil.com, acessado em 15 de fevereiro de 2007
- ↑ Aristide vence eleições no Haiti BBCBrasil.com
- ↑ Oposição haitiana faz pressão pela renúncia de Aristide - BBCBrasil.com, acessado em 26 de fevereiro de 2007
- ↑ Rebeldes já controlam nove cidades no oeste do Haiti BBCBrasil.com
- ↑ Sem resistência, rebeldes desfilam pela capital do Haiti BBCBrasil.com
- ↑ EUA estão 'decepcionados' com Aristide, diz Powell BBCBrasil.com
- ↑ Aristide renunciou formalmente, afirma Paris UOL Últimas Notícias
- ↑ Aristide viaja para a República Centro-africana (alto funcionário) UOL Últimas Notícias
- ↑ Aristide diz que foi forçado a sair do Haiti pelos EUA BBCBrasil.com
- ↑ EUA dizem que é 'absurda' acusação de golpe no Haiti BBCBrasil.com
- ↑ Uma homenagem a quem aconteceu e fez acontecer A Continência
- ↑ Haitianos são goleados, mas fazem festa BBCBrasil.com
- ↑ 18/08/2004 - 18h34 Brasil não 'dá bola' para Lula e goleia Haiti por 6 a 0 UOL Esporte
- ↑ Um novo comandante para a MINUSTAH - Exército Brasileiro Acessado em 15 de fevereiro de 2007
- ↑ Brasileiro chefe militar de missão da ONU no Haiti é encontrado morto, mas causa não foi descoberta
- ↑ General brasileiro morre no Haiti Wikinotícias. Acessado em 15 de fevereiro de 2007
- ↑ Nota oficial do Exército
- ↑ Avião da FAB leva investigadores para o Haiti
- ↑ Chileno vai assumir comando das tropas no Haiti BBCBrasil.com
- ↑ Laudo preliminar do IML de Brasília aponta suicídio de Urano no Haiti Diário Vermelho, acessado em 17 de fevereiro de 2007
- ↑ Laudo indica que Bacellar cometeu suicídio BBCBrasil.com, acessado em 15 de fevereiro de 2007
- ↑ HIGHLIGHTS OF THE SPOKESMAN'S NOON BRIEFING Nações Unidas (em inglês), acessado em 15 de fevereiro de 2007
- ↑ ONU convida brasileiro para comandar tropas no Haiti BBCBrasil.com, acessado em 15 de fevereiro de 2007
- ↑ 27,0 27,1 Haiti - MINUSTAH - Facts and Figures
- ↑ Jacobs, Stevenson. "2 U.N. Peacekeepers Mourned in Haiti", Associated Press, 16/11/2006. Acesso em 20/11/2006. (inglês)
- ↑ 1q Tropa do Brasil atua em incêndio - Ministério das Relações Exteriores
- ↑ Tropas brasileiras ajudam vítimas de tempestade no Haiti - BBCBrasil.com
- ↑ CUMPLIENDO EXITOSAMENTE SU PLANIFICACIÓN, FUERZAS CHILENAS SE ENCUENTRAN EN FASE FINAL DE DESPLIEGUE - Estado Mayor de la Defensa Nacional
- ↑ ACTIVIDADES BATALLÓN CHILE II - Estado Mayor de la Defensa Nacional
- ↑ Força Jauru assume a missão brasileira no Haiti (pdf) pp. 7 (dezembro 2006). Acessado em 11 de março de 2007.
[editar] Ver também
- Lista das missões de manutenção da paz das Nações Unidas
- Forças Armadas do Brasil
- Exército brasileiro
- Política externa do Brasil
[editar] Ligações externas
- ((fr)) Site oficial da Minustah
- ((en)) Site da Minustah no Departamento de Operações de Manutenção da Paz das Nações Unidas
- ((en)) Foto da Minustah/Haiti