Paulo Evaristo Arns
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Dom Frei Paulo Evaristo Cardeal Arns, O.F.M., (Forquilhinha, 14 de setembro de 1921) é um frade franciscano, sacerdote católico brasileiro; décimo sétimo bispo de São Paulo, sendo seu quinto arcebispo e terceiro cardeal. Atualmente é arcebispo emérito de São Paulo.
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[editar] Estudos
Filho de Gabriel Arns e Helena Steiner, realizou seus estudos fundamentais em Forquilhinha. Depois ingressou no seminário franciscano , no Seminário Seráfico São Luís de Tolosa, em Rio Negro (Paraná). Em 1940, entrou no noviciado, em Rodeio (Santa Catarina). A Filosofia cursou em Curitiba e a Teologia, em Petrópolis.
[editar] Presbiterado
Foi ordenado presbítero no dia 30 de novembro de 1945, em Petrópolis, por Dom José Pereira Alves, arcebispo de Niterói.
[editar] Atividades antes do episcopado
Por cerca de uma década exerceu seu ministério, assistindo a população desfavorecida de Petrópolis, onde também lecionou no Teologado Franciscano de Petrópolis e na Universidade Católica de Petrópolis. Depois disto, foi para França, onde estudou na Sorbonne. Retornando ao Brasil, foi professor nas faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Agudos e Bauru. A seguir, retornou a Petrópolis, onde voltou a dar assistência aos desfavorecidos
[editar] Episcopado
Em 2 de maio de 1966 foi eleito bispo titular de Respecta e auxiliar de São Paulo, aos 44 anos. Recebeu a ordenação episcopal , em 3 de julho de 1966, na igreja matriz do Sagrado Coração de Jeus, em Forquilhinha, sendo sagrante principal Dom Agnelo Rossi, arcebispo de São Paulo, e consagrantes: Dom Anselmo Pietrulla OFM, então bispo de Tubarão, e Dom Honorato Piazera SCI, então bispo coadjutor de Lages. No dia 22 de outubro de 1970, o Papa Paulo VI o nomeou arcebispo metropolitano de São Paulo, tendo tomado posse a 1 de novembro de 1970, exercendo o cargo até 15 de abril de 1998, quando renunciou, por limite de idade, detendo o título de Arcebispo Emérito de São Paulo.
[editar] Cardinalato
No Consistório do dia 5 de março de 1973, convocado pelo Papa Paulo VI, na Basílica de São Pedro, Dom Paulo foi criado Cardeal-Presbítero, do título de Santo Antônio de Pádua, na Via Tuscolan. Como cardeal, participou dos dois conclaves de 1978. No Consistório de março de 1973, o Papa Paulo VI nomeou-o cardeal da Santa Igreja.
[editar] Brasão e lema
- Descrição: Escudo eclesiástico. Em campo de blau uma cruz em tau de jalde com um in-fólio aberto do mesmo, brocante sobre a cruz, e uma espada de argente, empunhada e guarnecida do primeiro metal, posta em pala, cosida sobre o livro; tendo, à dextra e à senestra, dois ramos de café "ao natural", ou seja de sinopla e frutado de goles. Em chefe, um Cálice de jalde encimado por uma Hóstia de argente. O escudo está assente em tarja branca, na qual se encaixa o pálio branco com cruzetas de sable. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada de duas travessas de ouro. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por quinze borlas cada um, tudo de vermelho. Brocante sob a ponta da cruz um listel de jalde com a legenda: EX SPE IN SPEM, em letras de blau.
- Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. O campo de blau (azul) representa o manto de Maria Santíssima sob cuja proteção o Cardeal pôs toda a sua vida sacerdotal, sendo que este esmalte significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A Cruz em Tau é própria da Ordem Franciscana, à qual pertence o cardeal e, sendo de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. O in-fólio com a espada representam São Paulo Apóstolo, numa referência ao padroeiro do Estado, da cidade e da Arquidiocese, sendo que o metal jalde (ouro) tem o significado acima descrito) e o metal argente (prata) da lâmina da espada simboliza: inocência, castidade, pureza e eloqüência; virtudes essenciais num bispo. Os ramos de café frutados representam o estado de São Paulo, "Terra do Café", cuja a capital é a sede episcopal do cardeal; sendo que as expressões "ao natural" e "de sua cor" são recursos para se colocar os ramos de café, naturalmente com a cor sinopla (verde), com frutos de goles (vermelho) sobre o campo de blau (azul), sem ferir as leis da Heráldica. Os ramos, por seu esmalte sinopla (verde) representam: esperança, liberdade, abundância, cortesia e amizade; e os frutos de café, por seu esmalte goles (vermelho) simbolizam o fogo da caridade inflamada no coração do cardeal, bem como, valor e socorro aos necessitados, e ainda o martírio de São Paulo Apóstolo. No chefe, a Hóstia de argente (prata) e o Cálice de jalde (ouro) lembram o santo sacrifício da missa, no qual o pão e o vinho são transubstanciados no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, com os significados destes metais, acima descritos. O lema: “EX SPE IN SPEM” (De Esperança em Esperança), traduz a certeza do cardeal de que em Deus esperou e não será confundido, numa referência ao Livro dos Salmos (Sl. 70,1), sendo uma expressão da total e confiante adesão a Cristo e do humilde abandono do cardeal nas mãos da Divina Providência.
[editar] Atividade e contribuições
Sua atuação pastoral foi voltada aos habitantes da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades de base nos bairros, principalmente os mais pobres, e à defesa e promoção dos direitos da pessoa humana.
Enquanto bispo auxiliar, trabalhou na região norte, no bairro de Santana. Durante a ditadura militar, na década de 70, notabilizou-se na luta pelo fim das torturas e restabelecimento da democracia no país, junto com o rabino Henry Sobel, abrindo uma ponte entre o judaísmo e igreja católica em solo paulista. No mesmo período, também foi um dos escritores do livro "Brasil nunca mais" e integrou o movimento "Tortura nunca mais"
Renovou o plano pastoral da São Paulo, criando novas regiões episcopais, criou quarenta e trê novas paróquias. Em 1972 criou a Comissão Justiça e Paz, de São Paulo. Incentivou a Pastoral da Moradia a Pastoral Operária.
Em 22 de maio de 1977 recebeu o título de "Doutor Honoris Causa" (juntamente com o presidente norte-americano Jimmy Carter) na Universidade de Notre Dame, Indiana, Estados Unidos. A distinção, concedida também ao Cardeal Kim da Coréia e ao Bispo Lamont da Rodésia, deveu-se ao seu empenho em prol dos direitos humanos.
Em 3 de junho de 1980 recebeu , em São Paulo o Papa João Paulo II. Em 30 de novembro de 1984 inaugurou a Biblioteca Dom José Gaspar.
Em 1985, com a ajuda de sua irmã, a pediatra Zilda Arns Neumann, implantou a Pastoral da Criança.
Em 1989 a Arquidiocese de São Paulo, por decisão do papa João Paulo II, teve seu território reduzido com a criação das novas dioceses: Osasco, Campo Limpo, São Miguel Paulista e Santo Amaro. Especula-se que esta redução do território da Diocese de São Paulo por parte do papa tenha a ver com as afinidades que D. Paulo tinha com a Teologia da Libertação, movimento católico de caráter esquerdista-socialista que pregava a igualdade e a opção social pelos pobres, em oposição a um certo conservadorismo do papa.
Em 1992 ,Dom Paulo criou o Vicariato Episcopal da Comunicação, com a finalidade de fazer a Igreja estar presente em todos os meios de comunicação. Em 22 de fevereiro de 1992 inaugurou uma nova residência destinada aos padres idosos, a Casa São Paulo, ano em que também criou a Pastoral dos Portadores de HIV. Em 1994 criou o Conselho Arquidiocesano de Leigos.
Em 1996, após completar 75 anos, apresentou renúncia ao papa, em função das normas eclesiásticas, renúncia esta que foi aceita. A partir de então, tornou-se arcebispo emérito de São Paulo e foi substituído pelo Cardeal D. Claudio Hummes.
[editar] Bibliografia
- Autor de 49 livros, suas obras versam sobre a ação pastoral da Igreja nas grandes cidades e estudos da literatura cristã dos primeiros séculos, além de centenas de artigos escritos para as diversas revistas das quais foi redator, antes do episcopado.
- Umas das principais obras foi a pesquisa por ele organizada, em que foi abordada a tortura durante os Anos de Chumbo: Brasil, Nunca Mais.
[editar] Ordenações episcopais
O Cardeal Arns foi o principal sagrante dos seguintes bispos:
- Benedito de Ulhôa Vieira (1920-)
- Francisco Manuel Vieira (1925-)
- Joel Ivo Catapan, S.V.D. (1927-1999)
- Angélico Sândalo Bernardino (1933-)
- Mauro Morelli (1935-)
- Antônio Celso Queiroz (1933-)
- Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, S.J. (1930- 2006)
- Dom Geraldo Majella Cardeal Agnelo (1933-)
- Alfredo Ernest Novak, C.Ss.R. (1930-)
- Ricardo Pedro Paglia, M.S.C. (1937-)
- Aloísio Hilário de Pinho, F.D.P. (1934-)
- José Carlos Castanho de Almeida (1930-)
- Antônio Gaspar (1931-)
- Fernando Antônio Figueiredo, O.F.M. (1939-)
- Walter Bini, S.D.B. (1930-1987)
- Walter Ivan de Azevedo, S.D.B. (1926-)
- Irineu Danelón, S.D.B. (1940-)
- José Vieira de Lima, T.O.R. (1931-)
- Dom Leonardo Ulrich Steiner, O.F.M. (1950 -)
E foi consagrante de:
- Dom Luís Flávio Cappio O.F.M.
- Dom Manuel Carrado Parral
- Dom Pedro Luís Stringhini
[editar] Ver também
- Comunidades Eclesiais de Base
- Igreja progressista
- Santo Dias
- Teologia da Libertação
Precedido por Dom Agnelo Cardeal Rossi |
Cardeal-Arcebispo de São Paulo 1970-1998 |
Sucedido por Dom Frei Cláudio Cardeal Hummes |
[editar] Ligações externas