Rio Nilo
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Trajecto do rio Nilo |
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Comprimento | 6695 km | |||
Altitude da nascente | m | |||
Débito médio | 2000 m³/s | |||
Área da bacia | 3 349 000 km² | |||
Nascente | ||||
Foz | Mar Mediterrâneo | |||
Delta | Egito | |||
Curso de água - hidrologia |
O Nilo é um rio do nordeste do continente africano que nasce a sul da linha do equador e desagua no Mar Mediterrâneo.
A sua bacia ocupa uma área de 3 349 000 km2 abrangendo o Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quénia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Etiópia e Egipto. A partir da sua fonte mais remota, no Burundi, o Nilo apresenta um comprimento de 6695 km.
É formado pela confluência de três outros rios, o Nilo Branco (Bahr-el-Abiad), o Nilo Azul (Bahr-el-Azrak) e o rio Atbara. O Nilo Branco é formado principalmente do degelo do Monte Heha, que se torna um curso de água no Burundi com nome de Kagera e desagua no Lago Vitória, de onde nasce o Nilo Branco. O Nilo Azul (Bahr-el-Azrak) nasce no Lago Tana (Etiópia), confluindo com o Nilo Branco em Cartum, capital do Sudão.
O Nilo, desde tempos imemoriais, é a base de tudo para as populações ribeirinhas a ele. Era o Nilo que fornecia a água necessária à sobrevivência e do plantio do Egipto. No período das cheias, as águas do rio Nilo transbordam o leito normal, cerca de 20 km, e inundam as margens, depositando aí uma camada riquíssima de húmus, aproveitada com sabedoria pelos egípcios. Tão logo o período de enchente passa, aproveitam ao máximo o solo fértil para o cultivo. Actualmente, o Nilo garante a sobrevivência de um décimo da população africana.
Índice |
[editar] Etimologia
Para alguns autores a palavra Nilo pode estar relacionada com o raíz semítica "nahal", que significa vale. Em árabe e hebraico, duas línguas semíticas, rio diz-se nahrun e nehar/neharot respectivamente. Contudo, duas outras línguas semíticas, o amárico e o Ge'ez usam palavras pouco semelhantes a "nahal" para se referirem a um rio (felege e wonz).
Independente das incertezas, a palavra Nilo deriva do latim Nilus que por sua vez deriva do grego Neilos.
Os antigos Egípcios chamavam ao Nilo Aur ou Ar o que significa "negro", numa alusão à terra negra trazida pelo rio por altura das cheias.
[editar] Bacia
Tradicionalmente considera-se que o rio Nilo nasce no Lago Vitória. Contudo, o próprio Lago Vitória tem como principal tributário o rio Kagera, que é por causa disso considerado como fonte mais remota do Nilo.
O rio Kagera nasce no Burundi, a norte do Lago Tanganica, na confluência do rio Niavarongo e Ruvuvu.
[editar] O Nilo Vitória
O Nilo propriamente dito começa em Jinja (Uganda), na borda norte do Lago Vitória, correndo para norte através das quedas Ripon (que deixaram de existir desde a construção da barragem de Owen Falls em 1954), passando pelo Lago Kioga e pelo Lago Alberto. O ramo entre estes dois lagos é conhecido como o Nilo Vitória.
[editar] O Nilo Alberto
A partir do Lago Alberto e até Númula, no Sudão, o Nilo recebe a designação do Nilo Alberto.
[editar] O Al-Jabal
Em Númula e até se encontrar com o rio Sobat (um pouco acima de Malakal) o Nilo é conhecido como o Bahr al-Jabal, o Rio Montanhoso. Torna-se então mais sinuoso, recendo junto ao Lago No o rio Al-Ghazal (Gazela) como tributário. Porém, antes disso, o Nilo passou por entre um pântano, o Sudd.
[editar] O Nilo Branco e o Nilo Azul
Entre Malakal e Cartum, o Nilo é conhecido como o Nilo Branco. Em Cartum o Nilo Branco recebe as águas do Nilo Azul, oriundo dos altos planaltos da Etiópia.
A 322 quilómetros a norte de Cartum, o Nilo recebe o seu último grande afluente, o rio Atbara, oriundo igualmente do planalto abissínio. O rio avança então pelos penhascos da região da Núbia até chegar a Assuão no Egipto. A partir de Assuão o vale alarga até se atingir o Delta, que se inicia um pouco a norte da cidade do Cairo.
[editar] Delta do Nilo
O Delta do Nilo é uma região plana com um forma triangular, apresentando 160 quilómetros de comprimento e 250 quilómetros de largura. No Delta o Nilo bifurca-se em dois canais que levam as suas águas para o Mediterrâneo: a oeste, o canal de Roseta, e, a este, o de Damieta.
[editar] Cataratas do Nilo
O Nilo possui várias cataratas, mas na Antiguidade distinguiam-se seis cataratas clássicas do Nilo que estavam situadas entre Assuão e Cartum.
A primeira catarata situa-se em Assuão, constituindo hoje em dia a única catarata do Nilo em território egípcio. Esta catarata era na Antiguidade a fronteira sul do Antigo Egipto, pois a partir dali começava a Núbia.
A segunda catarata, perto de Uadi Halfa, encontra-se hoje submergida. O faraó Senuseret III ordenou a construção nas suas redondezas das fortalezas de Semna e Kumma.
A sexta catarata situa-se a aproximadamente 50 km a norte da cidade de Cartum.
[editar] Barragens do Nilo
Ao longo do curso do Nilo existem algumas barragens, sendo uma das mais importantes a Grande Barragem de Assuão.
Entre 1899 e 1902 construiu-se, com recurso a capitais ingleses, a primeira barragem de Assuão, que foi alargada em 1911 e 1934.
Entre 1959 e 1970 construiu-se a Barragem de Assuã, a cerca de oito quilómetros da primeira barragem, graças ao apoio fornecido pela União Soviética.
[editar] Estudo e exploração do Nilo
Julga-se que os Antigos Egípcios conheciam o Nilo até ao ponto de confluência do Nilo Branco com o Nilo Azul, em Cartum. Embora não tenham explorado o Nilo Branco, acredita-se que conheceriam o Nilo Azul até à sua nascente no Lago Tana.
Em meados do século V a.C., o historiador grego Heródoto realizou uma viagem ao Egipto, tendo percorrido o rio até Assuão, a fronteira tradicional do Antigo Egipto.
No século II a.C. Eratóstenes desenhou um mapa que mostrava de forma bastante precisa o percurso do Nilo até Cartum, no qual também se mostravam dois afluentes, o Atbara e o Nilo Azul. Eratóstenes foi o primeiro a postular que a nascente do Nilo estaria em lagos equatoriais.
Em 25 a.C. o geógrafo Estrabão e Aelius Gallus (governador do Egipto romano) exploraram o Egipto até Assuão. Estrabão descreveu também o rio no Livro 17 da sua Geografia, aludindo às teorias de Eratóstenes.
Em 66 d.C., na época do imperador Nero, o exército romano tentou encontrar a nascente do rio. Porém, e segundo Séneca, o pântano do Sudd, impediu o exécito de avançar. Ainda no século I um mercador grego chamado Diógenes relatou ao geógrafo Marino de Tiro que durante uma viagem pela costa oriental africana decidiu penetrar pelo continente, tendo ao fim de vinte e cinco dias chegado junto a dois grandes lagos e a uma cadeira de montanhas cobertas de neve de onde o Nilo nasceria. No século II Ptolomeu utilizou esta informação para fazer um mapa onde se mostrava o Nilo Branco a nascer desses lagos, que recebiam as suas águas das Montanhas da Lua (Lunae Montes). É provável que estas montanhas sejam os montes Ruvenzori, situados entre o Uganda e o Zaire.
No século XII Muhammad Al-Idrisi atribui como nascente do rio Nilo e do rio Niger um lago. No século XVI conhece-se uma expedição árabe que procurou atingir as nascentes do Nilo pelo Sahara e Sudão.
Em 1618 o jesuíta Pero Paris (ou Pedro Páez) foi o primeiro europeu a localizar as nascentes do Nilo Azul no Lago Tana, tendo falecido na Etiópia vítima de malária. Em 1770 o escocês James Bruce realizou uma viagem de exploração do Nilo Azul no Lago Tana, ficando com a fama de descobridor da sua nascente, embora como exposto o jesuíta ali chegou primeiro.
A partir do ano de 1821 o vice-rei do Egipto Mehmet Ali e os seus filhos seriam responsáveis por várias viagens de exploração do Nilo.
Em Dezembro de 1856 Richard Francis Burton convidou John Hanning Speke para participar numa expedição aos grandes lagos da África Oriental. Em resultado da expedição Burton e Speke tornaram-se os primeiros europeus a chegar ao Lago Tanganica em Fevereiro de 1858. Na viagem de regresso Speke viajou em sentido norte e descobriu o Lago Vitória (que recebeu este nome em honra da rainha Vitória) e que considerou como nascente do Nilo.
Em 1860, sob os auspícios da Royal Geographical Society, Speke realiza uma nova expedição à região acompanhado por James Grant, da qual resultaria a descoberta do rio Kagera e do local de saída do Nilo a partir do Lago Vitória (as Quedas de Ripon, 1862).