Sucessão papal
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A Igreja Católica aguarda o início do conclave no próximo dia 18 de abril de 2005. O Papa João Paulo II, conforme o uso da Igreja, procedeu à instrução do processo sucessório através da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis de 22 de fevereiro de 1996.
Após a morte do Papa, dois prelados têm um papel primordial: o Camerlengo espanhol Eduardo Martínez Somalo (Cardeal que governa interinamente a igreja, entre a morte de um Papa e a eleição do seguinte) e o cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e decano do Colégio Cardinalício, por sua influência dentro da Igreja.
Morto um papa, elege-se outro - diz o velho ditado romano, numa escolha que ganha todos os contornos para se tornar um dos principais acontecimentos do início do século XXI, além de despertar muitas expectativas.
A escolha de um pontífice é feita pelos membros do Colégio Cardinalício, onde têm direito a voto todos os Cardeais com menos de 80 anos, (que em 2005 são 117), três a menos que o número fixado pelo Papa Paulo VI. Entre os prelados que podem eleger o próximo chefe da igreja, há 58 europeus (dos quais vinte são italianos), 14 norte-americanos, 21 latino-americanos, 11 africanos, 11 asiáticos e dois da Oceania.
O sucessor de João Paulo II tem que ser escolhido por dois terços dos participantes do Conclave (assembléia de cardeais), realizado a portas fechadas na Capela Sistina e durante o qual os prelados ficam incomunicáveis com o exterior.
A tradição canônica consiste em alternar um pontificado curto com um longo e este princípio parece favorecer a escolha de um religioso mais idoso para assegurar uma transição, já que o polonês Karol Wojtyla tinha 58 anos quando assumiu o trono de São Pedro.
Mas essa tradição não impede que os eleitores possam designar um prelado mais jovem para dar continuidade à obra realiza por seu predecessor.
Em relação ao futuro líder da Igreja Católica, surgem duas grandes tendências dentro do Vaticano: a volta de um papa italiano ou a eleição de um latino-americano, representante de uma região que reúne a maioria dos católicos no mundo e que assiste o crescimento do pentecostalismo.
Dentro dessa futura assembléia de cardeais é certo o confronto de posições entre conservadores e liberais, que divergem em questões simples, como a gestão mais colegiada da Igreja, o celibato dos sacerdotes, o diaconato feminino (direito das religiosas de exercerem as mesmas funções que os homens na igreja) e os métodos de contracepção.
Entre os nomes apontados como papabile estão cinco prelados italianos: os cardeais-arcebispos Dionigi Tettamanzi (Milão), 70, Angelo Scola (Veneza), 63, e Tarcisio Bertone (Gênova), 70. Também o secretário de Estado do Vaticano, Angelo Sodano, 77, e o prefeito da Congregação para os Bispos, Giovanni Battista Re, 71.
Fora da Itália, os mais citados são o cardeal colombiano Darío Castrillón Buracos, 75, prefeito da Congregação para o Clero, o hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Madariaga, 62, arcebispo de Tegucigalpa, o argentino Jorge Mario Bergoglio, 67, arcebispo de Buenos Aires, e o brasileiro Cláudio Hummes, 70, arcebispo de São Paulo.
Da África, continente onde a Igreja Católica luta para ser mais influente que a religião muçulmana e as seitas tribais, surge o nome do nigeriano Francis Arinze, 72, prefeito da Congregação para o Culto Divino.
Além desses nomes, "correm por fora" dois prelados considerados muito jovens: o cardeal-arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, 60, e o cardeal indiano Telesphore Placidus Toppo, arcebispo de Ranchi, 65.
Como "candidato secreto" surge o cardeal Ratzinger, o chamado "guardião do dogma", 77, que tem uma personalidade forte para que a igreja não sinta falta da autoridade de João Paulo II.
Mas a Igreja Católica dispõe de muitas opções, entre elas um cardeal de ascendência judaica, vários árabes e africanos e até um de procedência muçulmana, para liderar um rebanho que conta com mais de 1 bilhão de fiéis. Mas as surpresas de um conclave podem ser muitas e como diz o provérbio em Roma: "Aquele que entra papa no conclave, sai como cardeal".
Um exemplo desse fenômeno que ocorreu com freqüência na igreja foi registrado recentemente, recordam os vaticanistas. Quando era cardeal-arcebispo de Cracóvia, o polonês Wojtyla não era favorito mas foi eleito no terceiro turno do Conclave 16 de outubro de 1978 para ser o primeiro papa não italiano em 455 anos.