Augusto
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Caio Júlio César Octaviano Augusto em Latim Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus (23 de Setembro de 63 a.C. - 19 de Agosto de 14 d.C.) foi o primeiro Imperador romano. Chega ao poder através do segundo triunvirato, formado com Marco António e Lépido. A relação dos três homens, no entanto, depressa se deteriora e, na batalha de Actium, Marcos Vipsânio Agripa, seu general e amigo pessoal, derrota António. Depois destes eventos, Augusto torna-se o único senhor de Roma.
Otávio, nascido em Roma, com o nome de Caio Octávio Turino (Gaius Octavius Thurinus), pertencia a uma das famílias mais abastadas da burguesia romana. Seu avô tinha sido banqueiro e o pai, Caio Otávio, foi edil e pretor em Roma e, mais tarde, procônsul na Macedônia. A mãe, Ácia, era sobrinha de César. Ácia, sua mãe, se casou com o nobre Felipe, senador de certo reconhecimento em Roma. Apesar do reconhecimento, Felipe era pouco influente e sua família estava fora dos círculos aristocráticos de Roma, e a única hipótese de progressão política era o tio-avô, então o homem mais poderoso de Roma. Este, interessando-se pela carreira do sobrinho-neto, deu-lhe educação aprimorada. César orgulhava-se do jovem, apresentando-o no Colégio de Pontífices, principal sacerdócio romano, quando tinha apenas 16 anos. Quando César, que adotara Otávio como filho em testamento, foi assassinado por um grupo de senadores, em 15 de Março de 44 a.C., Otávio estava em Ilíria, servindo no Exército. Ao retornar para a Itália, foi informado de que era o herdeiro adotivo de César.
É quando começa a busca de Otávio pelo poder. O assassinato de César deixou Roma em uma situação caótica. Otávio decidiu vingar seu pai adotivo e assegurar sua própria posição. Com apenas 18 anos, Otávio parte para Roma. Ao chegar em Brundísio, a Décima Segunda Legião jura lealdade a Otávio e, em discurso às tropas, Otávio declara ser filho adotivo de Júlio César. Em Roma, Marco Antônio, ambicioso companheiro de César, pede as tropas de Otávio em troca de proteção e privilégios políticos e Otávio recusa. Otávio reivindicara sua herança, apesar do perigo que corria, e lutou por ela contra Antônio, que se apropriara do dinheiro e dos papéis de César. Pagou do próprio bolso os legados do testamento e presidiu aos jogos em memória de César. Alia-se com Cícero, o qual começa a elogiar Otávio no Senado e atacar Marco Antônio.
Revoltado com a aliança, Marco Antônio acusa publicamente Otávio de planejar seu assassinato. Otávio publica então uma resposta ridicularizando a acusação. Otávio une-se a Bruto contra Antônio, que simplesmente junta todas as tropas que pode e fecha o cerco sobre Décimo Bruto em Módena.
Enquanto Marco Antônio se ocupava com a guerra, Otávio marcou uma audiência no Templo de Castor. O tribuno Tito Canúcio falou primeiro, atacando Marco Antônio. Logo depois Otávio começou seu discurso, que foi muito mal-aceito. Otávio, que derrotara Antônio em Módena, exige o consulado (a que não tinha direito, dada sua pouca idade). Agripa contornou a situação mas os senadores romanos deixaram de apoiar Otávio. Na mesma noite, Otávio foi obrigado a fugir de Roma.
Temporariamente se estabeleceu na Sabina, onde reuniu seu estado-maior e logo depois foi para Arezo, onde recrutou tropas para invadir Roma com a força das armas. Otávio marchou sobre Roma e impôs a própria investidura como cônsul (19 de agosto de 43 a.C.). Otávio fez a Corte sancionar a sua adoção (ver adopção em Roma) por Júlio César, se tornando Caio Júlio César Otaviano (Gaius Julius Caesar Octavianus) e passa a ser conhecido como Otaviano. Antônio, entrementes, aliara-se ao general Marco Emílio Lépido, governador da Gália.
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[editar] O Segundo Triunvirato
Otávio se entendeu com Antônio e Lépido e formaram, no final de 43 a.C. o segundo triunvirato para governar as províncias romanas, que o Senado reconheceu (por cinco anos). Seguiu-se a repressão: os trezentos senadores e dois mil cavaleiros, oponentes dos triúnviros, foram proscritos e numerosas propriedades confiscadas. Entre eles, estava o orador Cícero.
Otávio e Marco Antônio começaram uma campanha contra os líderes do assassinato de César, os republicanos Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino, que culminou com o suicídio de ambos em 42 a.C., depois de sua derrota na Macedônia (batalha de Filipos). Para recompensar as legiões, Otávio confiscou as terras de 18 cidades italianas. O descontentamento resultante foi explorado pelos amigos de Antônio. Ajudado por Agripa, grande chefe militar, Otávio tomou Perusa (40 a.C.) e silenciou seus adversários.
Aproximadamente no ano 40 a.C., o controle do mundo romano foi dividido entre os triúnviros com os os acordos de Brindisi. Otávio assumiu a maior parte das províncias ocidentais, Marco Antônio as orientais e Lépido, a África. Marco Antônio e Otávio, que disputavam o controle da Itália, resolveram suas diferenças e, para selar o acordo, no ano 37 a.C., o segundo entregou sua irmã Otávia em matrimônio ao primeiro. Inaugurou-se, então, uma era de paz e em 37 a.C., o triunvirato foi renovado por mais cinco anos. Restava a ameaça de Sexto Pompeu, filho de Cneu Pompeu Magno e o último opositor importante do triunvirato. Com uma esquadra fornecida por Antônio, Otávio derrotou-o em Nauloque, na Sicília (36 a.C.). Pouco depois, sem consultar Antônio, que estava no Oriente lutando contra os partos, Otávio afasta Lépido do poder, deixando-lhe apenas a dignidade pontifícia.
Finalmente, o triunvirato foi dissolvido quando Marco Antônio devolveu Otávia a Roma e pouco depois desposou Cleópatra, a quem César tinha nomeado rainha do Egito. Mediante o reconhecimento de Cesarión — Ptolomeu XV — filho de Cleópatra e César, como seu co-dirigente, Marco Antônio, que permanecera no Egito e se instalara como potentado oriental, ameaçou a posição de Otávio como único sucessor de César e a guerra tornou-se inevitável. Otávio consolidou sua situação, pacificou a Ilíria e contribuiu para a prosperidade romana, com o desenvolvimento da agricultura. As campanhas orientais de Antônio serviram de pretexto para que Otávio proclamasse a traição do adversário e sua intenção de formar um reino independente de Roma. Esta declarou guerra ao Egito e Otávio foi nomeado cônsul para combater Antônio e Cleópatra, cujos exércitos foram vencidos na batalha de Áccio (31 a.C.). Depois da derrota, o território egípcio foi incorporado a Roma. No ano seguinte, Marco Antônio e Cleópatra se suicidaram. Cesarión foi assassinado. No ano 29 a.C., Otávio voltou para Roma triunfalmente como Senhor único do poder e recebeu, com o nome de Augusto (27 a.C.), os poderes repartidos até então entre os magistrados.
[editar] O Primeiro Cidadão
Apesar de assumir o poder, Otávio não aceitou a ditadura. Temendo ser vítima da mesma sorte de César, abdicou solenemente de todos os poderes extraordinários (exceto o consulado) e propôs um novo regime, de compromisso - o principado - que guardava as formas tradicionais mas correspondia no fundo a uma monarquia de fato. Longe de destruir as antigas magistraturas, assumiu-as quase todas e se fez reeleger cônsul, sem interrupção, até o ano 23 a.C. Na aparência, não passava, então, de um magistrado como os outros. Era apenas o primeiro, isto é, princeps, em autoridade.
O Senado lhe concedeu muitos títulos e poderes de que já tinham desfrutado diferentes funcionários da República. No ano 36 a.C., recebeu a concessão de inviolabilidade de um tribuno plebeu e, em 30 a.C., recebeu os poderes de um tribuno, com o qual passou a ter o poder de veto e controle sobre as assembléias. O Senado também lhe concedeu a máxima autoridade nas províncias. Em 29 a.C., recebeu o título de imperator (comandante-em-chefe das forças armadas). Em 28 a.C., recebeu o título de princeps senatus. No ano 27 a.C., o Senado romano deu a Otávio o título de augusto — "consagrado" ou "santo" — que mais tarde se converteu em sinônimo de imperador, e freqüentemente seu reinado é considerado uma diarquia, já que o Senado participava dele. O título passou desde então a identificar seu próprio nome e como Augusto tem sido reconhecido pela história. A partir do ano 23 a.C., Augusto renunciou também ao consulado, guardando apenas a qualidade tribunícia, que lhe foi conferida em caráter vitalício. Morto Lépido, tornou-se máximo pontífice, com controle sobre a religião, a pedido do povo. Seu poder era, assim, fundado de certo modo no consentimento geral. Apesar de sua preeminência, como bem o mostram os títulos de príncipe ou primeiro cidadão e imperador, Augusto teve o cuidado de não levar demasiado longe as prebendas da monarquia.
Após a batalha de Filipos, Otaviano conhecera o poeta Virgílio e passara a financiar sua arte. Além de Virgílio, o historiador Tito Lívio e os poetas Horácio e Ovídio foram protegidos por Augusto e por seu ministro Mecenas. Por isso, no plano cultural o Século de Augusto foi muito produtivo e cheio de promessas criadoras, inaugurando uma época clássica para a arte européia, um classicismo latino que, ainda na Renascença, mil anos depois, estaria dando frutos. Augusto fundou bibliotecas públicas; a literatura latina, primitivamente, influenciada pelos gregos, adquiriu independência e se tornou uma das mais brilhantes do mundo ocidental.

Conservador e austero, Augusto fez um governo de ordem e hierarquia. Lutou contra a decadência dos costumes, reorganizou a administração e as forças armadas, tornando-as permanentes e fixando-as nas fronteiras. Como adepto das virtudes romanas em tempos em que era cada vez maior a tolerância, tentou controlar a moral pública mediante a aprovação da lei suntuária e do casamento. Criou organismos governamentais (conselho do príncipe, prefeitos), dividiu Roma em 14 regiões, para facilitar o censo e a cobrança de impostos, reorganizou a administração das províncias, dividindo-as em províncias senatoriais e províncias imperiais, medidas que tiveram como resultado o aumento da centralização. Em Roma e na Itália esforçou-se para fazer reviver as virtudes esquecidas das antigas tradições e religião. Deu privilégios aos pais de família e combateu o celibato. Construiu o foro que leva seu nome e, no campo de Marte, ergueu as primeiras termas, o Pantheon e outros templos. Seu amor pela arquitetura foi revelado por seu orgulho em "ter encontrado Roma enladrilhada e a ter deixado coberta de mármore". Elevaram-se templos à deusa Roma e a Augusto em todo o império. No âmbito econômico, fomentou o desenvolvimento da agricultura na Itália e saneou as finanças do Estado.
Ordenou expedições militares, geralmente felizes, à Espanha, à Récia, à Panônia, à Germânia (onde, entretanto, seu lugar-tenente Varo foi derrotado), à Arábia, à Armênia, à África. Pacificou a Espanha e os Alpes, conseguiu a anexação da Galácia e da Judéia e conquistou, graças a Tibério, as terras austríacas do Danúbio, que formaram as províncias de Récia e Vindelícia, mas sua campanha na Germânia fracassou. Tibério debelou uma insurreição na Ilíria e Varo foi aniquilado com três legiões na floresta de Teutberg.
Augusto se casou três vezes; sua terceira esposa foi [[Lívia Drusilla], que já tinha dois filhos, Tibério e Druso, o Germânico, de um matrimônio anterior. Augusto, por sua vez, tinha uma filha, Júlia, também de um matrimônio anterior.
A tentativa de Augusto de conseguir um grande sucessor fracassou, pois seu sobrinho Marcelo morreu jovem. Agripa, cujo casamento com sua filha Júlia tinha forçado, morreu em 12 a.C. Os filhos menores de Agripa morreram em 2 e 4 da era cristã. Druso e Júlia também faleceram. Restava Tibério. Adotando-o, Augusto deu-lhe participação cada dia mais ativa nos negócios do Estado. A partir de 13 da era cristã, Tibério tinha poderes quase iguais aos do imperador. Quando Augusto morreu, em Nola, na Compania, em 19 de agosto do ano 14, já era o enteado quem de fato governava Roma.
A obra de Augusto foi imensa, na paz como na guerra. O reinado de Augusto marca uma das épocas mais brilhantes da história romana (século de Augusto). O mês Agosto foi baptizado como Augustus em sua homenagem; até então designava-se Sextilis. Após a morte de Augusto, o Senado Romano decretou a sua divinização, passando a ser adorado como "Divus Augustus" (Divino Augusto) e abrindo um precedente em Roma que seria seguido pela maioria dos seus sucessores.
Tanto os escritores antigos como os mais recentes discordam quanto à importância de Augusto. Alguns condenaram sua cruel luta pelo poder. Outros, dentre os quais se inclui o fiel partidário da República, Tácito, reconhecem suas boas ações como dirigente. Às vezes, os pesquisadores atuais criticam seus métodos pouco escrupulosos e seu estilo autoritário, mas normalmente reconhecem suas realizações no estabelecimento de uma administração eficiente e um governo estável, bem como na obtenção de segurança e prosperidade para o império romano.
Precedido por nenhum |
Imperador romano 27 a.C. — 14 d.C. |
Sucedido por Tibério |
[editar] Ver também
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