Elizabeth I de Inglaterra
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Elizabeth I (7 de setembro de 1533 — 24 de março de 1603), também conhecida no Brasil sob a variante Elisabete I, e em Portugal como Isabel I, foi Rainha da Inglaterra e da Irlanda desde 1558 até à sua morte. Também ficou conhecida pelos nomes de A Rainha Virgem, Gloriana e Boa Rainha Bess.
Seu reinado é conhecido por Período Elisabetano (ou Isabelino) ou ainda Era Dourada. Foi um período de ascensão, marcado pelos primeiros passos na fundação daquilo que seria o Império Britânico, e pela produção artística crescente, principalmente na dramaturgia, que rendeu nomes como Christopher Marlowe e William Shakespeare. No campo da navegação, o capitão Francis Drake foi o primeiro inglês a dar a volta ao mundo, enquanto na área do pensamento Francis Bacon pregou suas idéias políticas e filosóficas. As mudanças se estendiam à América do Norte, onde se deram as primeiras tentativas de colonização, que resultaram em geral em fracassos.
Elizabeth era uma monarca temperamental e muito decidida. Esta última característica, vista com impaciência por seus conselheiros, frequentemente a manteve longe de desavenças políticas. Assim como seu pai, Henrique VIII, Elizabeth gostava de escrever, tanto prosa quanto poesia.
Seu reinado foi marcado pela prudência na concessão de honrarias e títulos. Somente oito títulos maiores: um de conde e sete de barão no reino da Inglaterra, mais um baronato na Irlanda, foram criados durante o reino de Elizabeth. Elizabeth também reduziu substancialmente o número de conselheiros privados, de trinta e nove para dezenove. Mais tarde, passaram a ser apenas catorze conselheiros.
A colônia inglesa da Virginia (futuro estado americano, após a independência dos EUA), recebeu esse nome em homenagem a Elizabeth I.
Índice |
[editar] Juventude
Elizabeth era a única filha viva do rei Henrique VIII com sua segunda esposa, Ana Bolena, marquesa de Pembroke, com quem casou secretamente, estima-se, entre o inverno de 1532 e janeiro do ano seguinte. Nasceu no palácio de Greenwich a 7 de setembro de 1533. Henrique preferiria um filho homem para assegurar a sucessão da Casa de Tudor, mas no momento de seu nascimento, Elizabeth era a presumida herdeira ao trono da Inglaterra. Depois da rainha Ana não ter gerado um herdeiro masculino, Henrique mandou que fosse executada, sob a falsa acusação de traição (a prática de adultério contra o rei era considerada traição), de incesto com seu irmão mais velho e de bruxaria. Elizabeth tinha então três anos de idade e foi declarada ilegítima, perdendo o título de princesa. Depois disso foi nomeada, simplesmente, como lady Elizabeth e viveu no exílio, enquanto seu pai casava e se divorciava de várias outras mulheres. A última esposa do rei, Catarina Parr, insistiu na reconciliação entre os dois, e Isabel, junto com sua meio-irmã Maria, filha de Catarina de Aragão, foi restabelecida na linha de sucessão depois do príncipe Eduardo.
A primeira tutora de Elizabeth foi lady Bryan, uma baronesa que Isabel chamava de "Muggie". Com quatro anos, a tutora da princesa passou a ser Catarina Chapernowne. Chapernowne desenvolveu um relacionamento próximo com Elizabeth e permaneceu sua confidente e amiga pelo resto da vida. Tinha sido indicada pela própria Ana Bolena antes de esta ser executada. Matthew Parker, o padre confidente de sua mãe, mantinha um interesse especial pelo bem-estar de Elizabeth, principalmente depois de Ana, já temendo pela morte, lhe confiar a paz espiritual da sua filha. Mais tarde, Parker se tornaria o primeiro Arcebispo da Cantuária a assumir o cargo depois da coroação de Elizabeth.
Henrique VIII morreu em 1547 e foi sucedido por Eduardo VI. Catherine Parr casou-se com Thomas Seymour e levou Elizabeth para sua casa. Seria aí que Elizabeth receberia a sua instrução formal. Dedicada, aprendeu a falar ou ler em seis idiomas: a língua do seu país, o inglês, francês, italiano, espanhol, grego e latim. Sob a influência de lady Parr e de seu professor Roger Ascham, converteu-se ao protestantismo.
Em 1553, Eduardo morria com quinze anos, deixando um testamento que substituía o de seu pai. Contrariando o Ato da Sucessão de 1544, o documento excluía Maria e Elizabeth da sucessão ao trono e declarava lady Jane Grey sua herdeira. Lady Jane ascendeu ao trono, mas foi deposta menos de duas semanas depois. Apoiada pelo povo, Maria entrou triunfante em Londres, com a meio-irmã Elizabeth a seu lado.
Maria, depois de consolidar um casamento com o príncipe espanhol Filipe, futuro rei Filipe II de Espanha, passou a temer uma possível deposição e substituição por Elizabeth. A Rebelião de Wyatt em 1554 procurou impedir que Maria se casasse com Filipe. A rebelião foi reprimida e Elizabeth foi aprisionada na Torre de Londres. O espanhol exigiu a execução de Elizabeth, mas poucos ingleses teriam interesse na execução de um membro da tão popular dinastia de Tudor. Maria tentou remover Elizabeth da linha de sucessão, mas o parlamento não permitiu. Após dois meses na torre, Elizabeth foi posta em prisão domiciliar sob a guarda de Sir Henry Bedingfield. No fim desse mesmo ano, quando Maria pensava estar grávida, foi permitido a Elizabeth retornar à corte com o consentimento do próprio Filipe, já que este se preocupava com a possibilidade de que, em decorrência da morte da sua esposa durante o parto, esta fosse sucedida por Mary Stuart, que acabou por se tornar rainha da Escócia. Durante o tempo restante do seu reinado, Maria I (que era católica fervorosa) perseguiu os protestantes implacavelmente. Tentou converter Elizabeth, que fingiu ser católica, mantendo, na realidade, suas crenças protestantes.
[editar] Começo do Reinado
Em 1558, aquando da morte de Maria I, Elizabeth ascendeu ao trono. Era muito mais popular do que sua irmã. Diz-se que quando se soube da morte de Maria, várias pessoas saíram às ruas para comemorar.
Elizabeth foi coroada em 15 de Janeiro de 1559. Não havia um arcebispo da Cantuária na época para presidir à cerimônia. O último católico a ocupar o posto foi Reginald Cardinal Pole que morreu logo depois da rainha Maria. Como os principais bispos declinaram em participar na coroação (porque Elizabeth era filha ilegítima tanto sob a lei canônica quanto pela estatutária, além de ser protestante), foi Owen Oglethorpe, um bispo de menor importância, de Carlisle, quem a coroou. Já a comunhão não foi celebrada por Oglethorpe, mas pelo capelão pessoal da rainha, para evitar o uso dos ritos católicos. A coroação de Elizabeth I foi a última em que o latim foi usado durante a celebração, passando as celebrações posteriores a ser em inglês. Mais tarde, Elizabeth conseguiu convencer o capelão da sua mãe, o já citado Matthew Parker, a tornar-se arcebispo. Este aceitou, somente por lealdade e honra à memória da mãe da rainha, visto que considerava particularmente complicado servir a Isabel.
Um dos assuntos mais importantes durante o início do reinado de Elizabeth foi de matéria religiosa. O primeiro homem escolhido para tratar da questão foi sir William Cecil. O Ato da Uniformidade de 1559 requeria o uso do Livro de Oração Comum dos protestantes em serviços de igreja. O controle papal sobre a igreja da Inglaterra tinha sido restabelecido sob Maria I, mas foi anulado por Elizabeth. A própria rainha assumiu o título de "Suprema Governante da Igreja da Anglicana", em vez de "Cabeça Suprema", já que diversos bispos e outras figuras públicas consideravam que o título era impróprio para uma mulher. O Ato de Supremacia 1559 obrigava os oficiais públicos a fazer um juramento que reconhecia o controle da Soberana sobre a igreja, cuja quebra recebia punições severas.
Muitos bispos estavam insatisfeitos com a política religiosa elizabetana. Estes foram removidos da cadeira eclesiástica e substituídos por nomeados que mostravam maior subserviência em relação à supremacia da rainha. Apontou também um conselho privado inteiramente renovado, removendo muitos conselheiros católicos no processo. Sob o comando de Elizabeth, o faccionalismo no conselho e nos conflitos da corte diminuiu bastante. Os conselheiros principais de Elizabeth eram sir William Cecil, secretário de estado, e Sir Nicholas Bacon, Lorde Guardião do Grande Selo.
Elizabeth reduziu a influência da Espanha sobre a Inglaterra. Embora Filipe II a tivesse ajudado a terminar as Guerras Italianas com a paz de Cateau-Cambrésis, Elizabeth permaneceu diplomaticamente independente. Adotou o princípio "Inglaterra para os ingleses". Seu outro reino, a Irlanda, nunca se beneficiou de tal filosofia. A implantação de costumes ingleses na Irlanda mostrou-se impopular entre os seus habitantes, bem como a política religiosa da rainha.
Logo após sua ascensão, muitos se questionaram sobre possíveis laços matrimoniais para Elizabeth. A razão para nunca ter se casado é imprecisa. Pode ter sentido repulsa, motivada pelos maus tratos que as esposas de Henrique VIII haviam recebido. Outra hipótese é de que tenha sido afetada psicologicamente pela suposta relação que teria tido com lorde Seymour durante sua infância. Boatos da época imputavam-lhe um defeito físico que estava receosa de revelar: talvez marcas deixadas por varíola.É também possível que Elizabeth não desejasse compartilhar o poder da coroa ou que, dada a situação política instável, temesse a luta contra rebeliões apoiadas por facções aristocráticas, no caso de estabelecimento de matrimónio com algum representante de alguma dessas facções. A única coisa que se sabe com certeza é que o casamento ser-lhe-ia particularmente dispendioso e custar-lhe-ia também alguma independência, já que todas as propriedades e rendas de Elizabeth herdadas de seu pai seriam suas somente enquanto fosse solteira.
[editar] Conflitos contra França e Escócia
A rainha encontrou uma rival perigosa em sua prima, a católica Mary Stuart, rainha da Escócia e esposa do rei francês Francisco II. Em 1559, Mary Stuart declarara-se rainha da Inglaterra, apoiada pela França. Na Escócia, a mãe de Mary Stuart, Marie de Guise, tentou aumentar a influência dos franceses na Grã Bretanha permitindo a construção de fortificações do exército francês em território escocês. Um grupo de senhores escoceses aliados de Elizabeth conseguiu depor Marie de Guise. Sob pressão inglesa, os representantes de Mary assinaram o tratado de Edimburgo, que ordenava que as tropas francesas se retirassem da Escócia. Embora Mary recusasse veementemente ratificar o tratado, este teve o efeito desejado, e a ameaça representada pela França foi removida da Grã-Bretanha.
Quando seu marido morreu, Mary Stuart retornou à Escócia. Enquanto isso, na França, a perseguição católica aos huguenotes deflagrou as Guerras Religiosas Francesas. Elizabeth, secretamente auxiliou os huguenotes. Fez a paz com a França em 1564, desistindo de reinvidicar a última possessão inglesa na França continental, Calais, após a derrota de uma expedição inglesa em Le Havre. Elizabeth, entretanto, não abriu mão da sua reivindicação à Coroa Francesa, que tinha sido mantida desde o reino de Eduardo III durante a Guerra dos Cem Anos (século XIV). Tal pretensão foi apenas renunciada pelos monarcas britânicos no reinado George III no século XVIII.
[editar] Crises e Rebeliões
No final de 1562, Elizabeth contraiu varíola, mas sobreviveu. Em 1563, alarmado pela doença quase-fatal da rainha, o Parlamento exigiu que ela se casasse ou nomeasse um herdeiro para impedir a guerra civil caso viesse a morrer. Ela recusou-se a fazer ambas as coisas, e em abril, prorrogou o mandato do Parlamento. O Parlamento não reinterviu até Elizabeth precisar do seu consentimento para aumentar impostos em 1566. A Câmara dos Comuns ameaçou reter fundos até que a rainha concordasse em indicar um sucessor, mas ela recusou-se novamente.
Diferentes linhas de sucessão foram consideradas durante o reinado de Elizabeth. Uma linha possível era a de Margaret Tudor, irmã mais velha de Henrique VIII, que passava por Maria I da Escócia (Mary Stuart). A outra alternativa provável descendia de uma irmã mais nova de Henrique, Mary Tudor, duquesa de Suffolk; nesse caso, a próxima rainha seria lady Catherine Grey, irmã de Jane Grey. Uma possibilidade ainda mais remota seria a ascensão de Henry Hastings, o conde de Huntingdon, que poderia reivindicar sua descendência de Eduardo III (século XV). Cada herdeiro possível tinha alguma desvantagem: Maria I era católica, lady Grey casara-se sem o consentimento da rainha e Lorde Huntingdon, que era puritano, nem sequer tinha quaisquer pretensões de aceitar a coroa.
Mary Stuart sofria com seus próprios problemas na Escócia. Elizabeth tinha sugerido que se casasse com o protestante Robert Dudley, primeiro conde de Leicester, como tentativa de influenciar a linha de sucessão da Escócia. Mary Stuart recusou e, em 1565, casou com o católico Henry Stuart, Lorde' Darnley. Lorde Darnley foi assassinado em 1567, depois de o casal já ter passado por várias brigas e disputas entre si. Mary, em seguida, casou-se com seu suposto assassino, James Hepburn, conde de Bothwell. Os nobres escoceses se rebelaram, aprisionando Mary e forçando-a a abdicar em favor de seu filho, que assumiu com o nome de James VI.
Em 1568 morreu Catherine Grey, a última herdeira viável ao trono inglês. Deixou um filho, mas foi considerado ilegítimo. Sua herdeira era sua irmã, lady Mary Grey. Elizabeth foi forçada novamente a considerar um sucessor escocês, da linha da irmã do seu pai, Margaret Tudor. No entanto Maria I (Mary Stuart), era impopular na Escócia, onde continuava aprisionada. Mais tarde, escapou de sua prisão e fugiu para Inglaterra, onde foi capturada por forças inglesas. Elizabeth se viu perante um dilema: enviá-la aos nobres escoceses seria considerado cruel demais; enviá-la França torná-la-ia um trunfo poderoso nas mãos do rei francês; restaurar-lhe o trono da Escócia poderia ser visto como um gesto heróico, mas causaria grande tensão entre os escoceses; aprisioná-la na Inglaterra permitiria a participação directa de Maria em conjuras contra a rainha. Elizabeth escolheu esta última opção: Mary foi confinada por dezoito anos, a maior parte deles no castelo e mansão de Sheffield, sob custódia de George Talbot.
Em 1569, Elizabeth enfrentou um grande levante conhecido como a rebelião do Norte, instigada por Thomas Howard (duque de Norfolk), Charles Neville (conde de Westmorland) e Thomas Percy, (conde de Northumberland). O papa Pio V apoiou a rebelião católica excomungando Elizabeth e declarando-a deposta em uma bula papal. A bula da deposição, Regnans in Excelsis, foi emitida somente em 1570, quando a rebelião já tinha sido derrotada. Entretanto, depois deste ato pontifício, a política de Elizabeth de tolerância religiosa se tornou impraticável. Passou a perseguir seus inimigos religiosos, o que levou ao surgimento de novas conspirações católicas para removê-la do trono.
O inimigo seguinte a enfrentar Elizabeth foi seu cunhado, Filipe II, rei da Espanha. Depois de Filipe ter lançado um ataque da surpresa aos navios corsários dos capitães Francis Drake e John Hawkins em 1568, Elizabeth requisitou a captura de um navio do tesouro espanhol em 1569. A atenção da Espanha já estava voltada para a Holanda onde tentava debelar uma rebelião e não tinha recursos disponíveis para declarar uma guerra contra a Inglaterra.
Filipe II participou de mais de uma conspiração para destronar Elizabeth, ainda que de forma relutante nalguns casos. O quarto duque de Norfolk se envolveu também no primeiro destes complôs: a Conspiração de Ridolfi de 1571. Depois desta conspiração católica ter sido descoberta e frustrada, o duque de Norfolk foi executado e Mary Stuart perdeu a pouca liberdade que lhe restava. A Espanha, que vinha estabelecendo relações cordiais com Inglaterra desde a união de Filipe à antecessora de Elizabeth, passou a mostrar-se hostil.
Em 1571, Lorde William Cecil tornou-se barão de Burghley e em 1572 foi elevado à importante posição de tesoureiro-mor. Seu posto como secretário de estado foi ocupado pelo chefe da rede de espionagem de Elizabeth, Sir Francis Walsingham.
Também em 1572, Elizabeth fez um aliança com a França. O Massacre da noite de São Bartolomeu, em que milhares de protestantes franceses foram mortos, fragilizou a aliança mas não a quebrou. Elizabeth até mesmo começou negociações sobre uma união com Henrique, duque de Anjou (e depois rei Henrique III de França e Polônia). Mais tarde, negociou outro casamento com o irmão mais novo de Henrique, François, duque de Anjou e de Alençon. Conta-se que durante uma viagem posterior a França em 1581, Elizabeth "retirou um anel de seu dedo e o pôs na mão do duque de Anjou, como indicativo de determinadas condições existentes entre os dois". O embaixador espanhol relatou que ela realmente tinha declarado que o duque de Anjou seria seu marido. Entretanto, Anjou, que diziam ser homossexual, retornou a França e morreu em 1584 antes que pudesse se casar.
[editar] Guerra contra a Espanha
Em 1580, o papa Gregório XIII enviou forças para ajudar as rebeliões de Desmond na Irlanda que, no entanto, falharam. A rebelião foi dada como terminada em 1583. Enquanto isso, Filipe II conquistou Portugal e, junto com o trono português, recebeu o comando de alto-mar. Após o assassinato do estadista holandês William I, a Inglaterra começou a apoiar abertamente as Províncias Unidas dos Países Baixos, que se rebelavam na época contra o domínio espanhol. Esta situação, em conjunto com o conflito econômico com a Espanha e a pirataria inglesa contra colônias espanholas, conduziu à deflagração da guerra Anglo-Espanhola em 1585. Em 1586 o embaixador espanhol foi expulso da Inglaterra por sua participação em conspirações contra Elizabeth. Temendo tais conspirações, o parlamento promulgou o Ato da Associação de 1584, que ditava que qualquer associado numa conjura para assassinar o soberano seria imediatamente excluído da linha de sucessão. A despeito do Ato, uma tentativa posterior de golpe contra Elizabeth tomou forma e ficou conhecida como a Conspiração de Babington. A conspiração foi descoberta por Sir Francis Walsingham, responsável pela rede de espiões inglesa. Mary Stuart foi acusada de cumplicidade e foi executada no castelo de Fotheringhay em 8 de fevereiro de 1587.
Em seu testamento, Mary deixou para Filipe sua reivindicação ao trono inglês. Filipe começou então a planejar uma invasão. Em abril de 1587, Sir Francis Drake queimou a frota espanhola em Cádiz, retardando os planos espanhóis. Em julho de 1588, a Armada Espanhola, uma grande frota de 130 navios carregando cerca de 30 000 homens, lançou velas na esperança de ajudar o exército espanhol, sob o comando do duque de Parma e que estava na Holanda, a atravessar o canal da Mancha e começar a invasão. Elizabeth tentou incentivar suas tropas com um discurso notável: o discurso às tropas em Tilbury onde ficou famosa a frase: "sei que tenho o corpo de uma mulher fraca e frágil; mas tenho também o coração e o estômago de um rei - e de um rei de Inglaterra!".
O ataque espanhol foi repelido pela frota inglesa, comandada por Charles Howard e por Sir Francis Drake, ajudados pelo mau-tempo no dia da batalha. A Invencível Armada foi forçada a retornar a Espanha. A popularidade de Elizabeth aumentou de forma extraordinária com a vitória. A batalha, entretanto, não foi decisiva, e a guerra com a Espanha continuou. A guerra foi travada também nos Países Baixos, que continuaram a lutar pela independência, e na França, onde um protestante, Henrique IV, reivindicou o trono. Elizabeth enviou 20 000 homens e subsídios de £300 000 para apoiar Henrique IV, além de 8 000 tropas e subsídios de £1 000 000 para os holandeses. Mesmo depois de Henrique quebrar sua promessa e se converter ao catolicismo, Elizabeth permanesceu ao seu lado.
Os navios corsários ingleses continuaram atacando navios do tesouro espanhóis vindos das Américas. Os corsários mais famosos foram Sir John Hawkins e Sir Martin Frobisher. Em 1595 e em 1596, uma expedição desastrosa levou às mortes tanto de John Hawkins quanto de Francis Drake. Também em 1595, uma força espanhola desembarcou na Cornualha. Depois de queimarem algumas vilas e saquear suprimentos, retornaram a Espanha.
Em 1596, a Inglaterra se retirou por fim da França, com Henrique IV já plenamente estabelecido no trono, depois de desfeita a liga católica que a ele se tinha oposto. Elizabeth enviou 2 000 tropas adicionais para França depois da tomada espanhola de Calais. A Inglaterra tentou atacar os Açores em 1597, mas falhou. Algumas batalhas ainda ocorreram até 1598, quando França e Espanha fizeram finalmente as pazes. A guerra Anglo-Espanhola entrou num impasse depois da morte de Filipe II naquele ano. Em parte por causa da guerra, as tentativas ultramarinas de colonização, por parte de Raleigh e de Gilbert falharam, e os assentamentos norte-americanos se estagnaram até James I negociar a paz no tratado de Londres (1604).
[editar] Últimos anos
Em 1598, o principal conselheiro de Elizabeth, Lorde Burghley, morreu. O seu cargo político foi então herdado por seu filho, Robert Cecil, que já ocupava a secretaria de estado desde 1590. Elizabeth tornou-se um tanto impopular por causa de sua prática de conceder monopólios reais, o que motivava constantes reclamações por parte do parlamento. Em seu famoso "Discurso Dourado", Elizabeth prometeu reformas. Logo depois, doze monopólios reais foram extintos por decreto real. Mas estas reformas foram superficiais e a prática de obter fundos das concessões de monopólios continuou.
Ao mesmo tempo que enfrentava a Espanha, a Inglaterra enfrentou também uma rebelião na Irlanda, conhecida como Guerra dos Nove anos. Hugh O'Neill, conde de Tyrone, proclamara-se rei, pelo que foi declarado um traidor em 1595. Na tentativa de evitar duas guerras, Elizabeth fez uma trégua com Tyrone, que imediatamente procurou auxílio junto do rei espanhol. A Espanha tentou enviar duas armadas para a Irlanda, mas ambas as expedições falharam. Em 1598, Tyrone ofereceu uma trégua. Depois dessa trégua expirar, os ingleses enfrentaram sua pior derrota, durante a rebelião irlandesa na batalha de Yellow Ford.
Um dos principais membros da marinha, Robert Devereux, conde de Essex, foi nomeado Lorde-tenente da Irlanda e foi incumbido de esmagar a rebelião irlandesa, em 1599. Falhou completamente e retornou a Inglaterra sem a permissão da rainha em 1600, sendo punido por isso com a perda de todos os seus cargos políticos. Um ano depois, conduziria uma revolta contra a rainha e acabou sendo executado. Charles Blount, barão de Mountjoy foi, então, enviado à Irlanda para substituir o conde de Essex. Lorde Mountjoy tentou bloquear as tropas de Tyrone e submetê-las pela fome. Nesse momento, a Espanha enviou 3 000 tropas para ajudar os irlandeses. A coroa espanhola justificava a intervenção lembrando que Elizabeth anteriormente tinha ajudado a rebelião holandesa contra a Espanha. Mountjoy derrotou as tropas espanholas e irlandesas na batalha de Kinsale. O Conde de Tyrone rendeu-se alguns dias depois da morte de Elizabeth.
[editar] Morte
Elizabeth I adoeceu em fevereiro de 1603, sofrendo de fraquezas e insônia. Morreu em 24 de março no palácio de Richmond. Com sessenta e nove anos de idade, foi a mais longeva monarca a governar a Inglaterra até sua época. Sua marca só foi superada quando George II morreu com setenta e sete anos em 1760. Elizabeth foi enterrada na abadia de Westminster, ao lado de sua irmã Maria I. O epitáfio de seu túmulo é a inscrição latina "Parceiras no trono e na sepultura, descansamos aqui duas irmãs, Elizabeth e Mary, na esperança de uma ressurreição".
O testamento deixado por Henrique VIII declarava que Elizabeth devia ser sucedida pelos descendentes de sua irmã mais nova, Mary Tudor, duquesa do Suffolk, em detrimento dos descendentes escoceses de sua irmã mais velha, Margaret Tudor. Se sua vontade fosse atendida, Elizabeth seria sucedida então por lady Anne Stanley. Se, entretanto, as regras da primigênie masculina prevalecessem, o sucessor seria James VI, rei de Escócia. Outros nobres podiam ainda reinvidicar o trono. Incluíam-se entre estes Edward Seymour, barão de Beauchamp (filho ilegítimo de lady Catherine Grey) e William Stanley, conde de Derby (tio de Anne Stanley).
Algumas fontes históricas referem que Elizabeth nomeou James seu herdeiro em seu leito de morte. De acordo com uma história duvidosa, quando questionada sobre quem nomearia como herdeiro, Elizabeth teria respondido, "quem poderia ser, além de meu primo da Escócia?". De acordo com outra, disse, "quem além de um rei poderia suceder uma rainha?". Finalmente, uma terceira lenda sugere que permaneceu em silêncio até sua morte. Não há nenhuma evidência para provar qualquer desses episódios. Em todo caso, nenhum dos herdeiros alternativos reivindicou trono. James VI, o único sucessor viável, foi proclamado rei de Inglaterra com o nome de James I algumas horas após a morte de Elizabeth. A proclamação de James I abriu um precedente histórico porque foi feita, não pelo próprio monarca, mas por um Conselho de Ascensão, já que James se encontrava na Escócia. Os conselhos de ascensão e não os novos monarcas, continuam a fazer a proclamação dos reis na prática moderna.
[editar] Legado
Elizabeth provou ser um dos monarcas mais populares da história da Inglaterra. Ela ocupou o sétimo lugar na lista dos Cem Maiores Britânicos, que foi organizada pela BBC em 2002, superando todos os outros monarcas que apareceram no ranking.
Já os historiadores em geral parecem não admirar tanto o reinado de Elizabeth. Embora durante este período a Inglaterra tenha obtido muitas vitórias militares, Elizabeth foi uma figura bem menos central do que outros monarcas como, por exemplo, Henrique V. Elizabeth foi criticada também por apoiar o tráfico de escravos na Inglaterra. Seus problemas com a Irlanda servem também para manchar seus registros.
Por outro lado, Elizabeth foi uma rainha bem sucedida, ajudando firmemente a nação, mesmo herdando um enorme débito nacional de sua irmã Maria. Sob o seu comando, a Inglaterra evitou uma invasão espanhola. Elizabeth também conseguiu impedir a deflagração de uma guerra religiosa ou civil no solo inglês. Suas realizações, entretanto, foram exageradamente louvadas após sua morte. Foi descrita alguns anos mais tarde como uma grande defensora do Protestantismo na Europa quando, na realidade, hesitava frequentemente antes de vir em auxílio de seus aliados protestantes. Como sir Walter disse em relação à sua política estrangeira, "sua Majestade fez tudo pela metade".
Muitos artistas glorificaram Elizabeth I e mascararam sua idade em seus retratos. Elizabeth frequentemente era pintada vestida em ricos e estilizados vestidos, e em alguns segurando uma peneira, símbolo da virgindade.
Benjamin Britten escreveu uma ópera, Gloriana, sobre o relacionamento entre Elizabeth e Lorde Essex, composta para a coroação de Elizabeth II do Reino Unido.
Foram abundantes as interpretações notáveis de várias atrizes no papel de Elizabeth, tanto no cinema como na televisão. De fato, é a monarca britânica que mais vezes aparece como personagem em filmes. Provavelmente, a primeira atriz a representá-la nas telas foi a francesa Sarah Bernhardt em Amours de la reine Élisabeth. Mais recentemente, Cate Blanchett (no filme Elizabeth) e Judi Dench (no filme Shakespeare Apaixonado), voltaram a desempenhar esse papel. Os dois filmes são de 1998 e Dench ganhou o Óscar pela sua interpretação. Recentemente, em MMV, a BBC produziu a série televisiva " A Raínha Virgem", talvez a melhor obra cinematográfica sobre a soberana, já pelas interpretações soberbas, com especial destaque para uma crua e espantosa empersonificação da raínha, como também pela veracidade histórica das cenas, diálogos, figurinos e cenários como é timbre desta estação televisiva. ( www.bbc.co.uk/drama/virginqueen )
Muitos romances foram escritos sobre Elizabeth. Entre estes, podemos citar Elizabeth, de Rosalind Miles e Queen of this Realm, de Jean Plaidy. A escritora Margaret Irwin escreveu uma trilogia que trata exclusivamente da juventude de Elizabeth: Young Bess, Elizabeth, Captive Princess e Elizabeth and the Prince of Spain.
[editar] Ver também
Precedida por: Maria I |
Rainha de Inglaterra 1558 — 1603 |
Sucedida por: Jaime I de Inglaterra (VI da Escócia) |
BIOGRAFIAS |
---|
A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z |