Transição demográfica
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A transição demográfica é, no geral, um processo de diminuição de taxas de mortalidade e natalidade, sendo que a primeira diminui mais rápido que a segunda, causando um período de aumento do crescimento vegetativo e, portanto, de grande acréscimo populacional. E esse termo, que é utilizado em demografia, ajuda a entender ao mesmo tempo dois fenômenos:
- Em primeiro lugar, explica porque o crescimento da população mundial se disparou nos últimos 200 anos (passando de 1 bilhão de habitantes no ano 1800 aos 6,5 bilhões na atualidade).
- Em segundo lugar, descreve o período de transformação de uma sociedade pré-industrial (caracterizada para ter umas taxas de natalidade e de mortalidade altas) a uma moderna ou postindustrial (caracterizada por ter ambas as taxas baixas).
Índice |
[editar] Um processo em quatro fases
A teoria arranca dos estudos iniciados pelo demógrafo estadunidense Warren Thompson no ano 1929 e é hoje mais vigente que nunca. Thompson observou as mudanças (ou transição) que tinham experimentado nos últimos duzentos anos as sociedades industrializadas do seu tempo com respeito às taxas de natalidade e de mortalidade. De acordo com estas observações expôs a teoria da transição demográfica segundo a qual uma sociedade preindustrial passa, demograficamente falando, por 4 fases ou estádios antes de derivar numa sociedade plenamente postindustrial.
===Fase 1===oie , ao mesmo tempo, morria muita gente (por causa dos conflitos bélicos, crises, epidemias...). O resultado de tudo é que o número de habitantes do planeta se incrementava, mas de forma muito lenta.
[editar] Fase 1
Os índices de mortalidade baixam de forma repentina graças às melhoras nas técnicas agrícolas (que aumentam os rendimentos), as melhoras tecnológicas, os avanços em medicina e alfabetização... Estas mudanças contribuem decisivamente a alongar a esperança de vida das pessoas e a reduzir a mortalidade.
Por contra,primeiro estádio as taxas de natalidade se mantêm muito altas, razão pela qual se produz um desequilíbrio que se traduz num incremento muito importante da população.I
[editar] Fase 2
Os índices de natalidade iniciam uma importante descida motivada por diferentes motivos: o acesso à contracepção, a incorporação da mulher à educação e ao mercado trabalhista, o acesso ao estado do bem estar, o processo de urbanização, a substituição da agricultura de subsistência pela agricultura de mercado, junto com outras mudanças sociais.
A taxa de mortalidade continua a tendência descendente iniciada já no estádio 2 e, por esta razão, o crescimento demográfico nesta terceira fase continua sendo relativamente alto.
[editar] Fase 3
Este último estádio é típico das sociedades postindustriais e se caracteriza porque a taxa de mortalidade "toca fundo" e a de natalidade se iguala; conseqüentemente, o crescimento natural da população volta a estancar-se.
[editar] Para uma fase 4?
Conquanto o modelo original de Transição Demográfica descrito por Warren Thompson apresenta só quatro estádios ou etapas, actualmente está aceite a irrupção de uma quinta fase na qual o crescimento da população não está estancado senão que registra-se um crescimento natural da população negativo, dado que as taxas de natalidade são tão baixas que caem por embaixo das taxas de mortalidade, como está sucedendo em países como Alemanha ou Itália.
[editar] A transição demográfica hoje
O quadro de abaixo permite captar a evolução da transição demográfica em nossos dias. Assim, escolheram-se 20 estados - com as taxas de natalidade e mortalidade correspondentes ao 2005 - que põem de manifesto os diferentes ritmos existentes à hora de completar as 5 fases do processo.
Há que assinalar, no entanto, que na atualidade não há nenhum país que se encontre ainda na fase 1 porque, felizmente, as taxas de mortalidade próximas ao 40 ou 50‰ faz décadas que não se registram.
Estado | Taxa de natalidade (em ‰) |
Taxa de mortalidade (em ‰) |
Características | |
---|---|---|---|---|
Fase 1 | - | 40-50 | 40-50 | Na atualidade não há nenhum estado no mundo que apresente Taxas de Mortalidade tão altas. Para encontrar algum país do Terceiro Mundo nesta fase, teria que se remontar à primeira metade do século XX; e até o século XVIII para encontrar algum rico. |
Fase 2 | Níger | 48,30 | 21,33 |
A Taxa de Natalidade (TN) mantém-se alta. Por contra, a Taxa de Mortalidade (TM) experimenta uma forte baixada que se traduz num forte aumento da população. |
Mali | 46,77 | 19,05 | ||
Uganda | 47,39 | 12,80 | ||
Somália | 45,62 | 16,97 | ||
Haiti | 36,59 | 12,34 | ||
Fase 3 | Honduras | 30,38 | 6,87 | A TN inicia uma baixada, mas como a TM continua reduzindo-se o crescimento demográfico segue sendo marcadamente positivo. |
Camboja | 27,08 | 8,97 | ||
Filipinas | 25,31 | 5,47 | ||
Índia | 22,32 | 8,28 | ||
Marrocos | 22,29 | 5,64 | ||
Fase 4 | Reino Unido | 10,78 | 10,18 |
A TN e a TM reduzem-se até chegar a valores muito parecidos, pelo qual se produz um crescimento insignificante ou o estancamento (como no caso da Suécia). |
Noruega | 11,67 | 9,45 | ||
Espanha | 10,10 | 9,63 | ||
Japão | 9,47 | 8,95 | ||
Suécia | 10,36 | 10,36 | ||
Fase 5 | Alemanha | 8,33 | 10,55 |
A TN segue experimentando uma baixada até o ponto que se situa por baixo da TM, com o qual o crescimento demográfico é negativo (perdem-se habitantes). |
Itália | 8,89 | 10,30 | ||
Eslovénia | 8,95 | 10,22 | ||
Lituânia | 8,62 | 10,92 | ||
Áustria | 8,81 | 9,70 |
Fonte: dados obtidos do CIA World Factbook 2005.
[editar] Algumas considerações
De acordo com o exposto até aqui se podem sacar algumas conclusões:
- O resultado final ao início e ao fim do processo é o mesmo: um crescimento natural baixo. Ora pois, as circunstâncias são radicalmente opostas: no estádio 1 porque nasce e morre muita gente (taxas altas); e no estádio 4 porque nasce e morre pouca gente (taxas baixas).
- Desde suas origens e até o século XVIII, a humanidade esteve ancorada no estádio 1 da transição demográfica. O põe de manifesto a gráfica 2 que encontra-se à direita, onde se pode apreciar a lentidão com que cresceu a população mundial durante este longo período de tempo.
- Com o estalido da,eu sou vellho
Revolução Industrial, em meados do s.XVIII, os países hoje desenvolvidos fizeram o salto no estádio 2, iniciando o rápido crescimento da população mundial que reflete a gráfica 2. Os países ricos completaram todo o processo no final do século XX, momento no qual estabilizaram à baixa suas taxas de natalidade e mortalidade. Portanto, a transição demográfica começou aqui lentamente ao longo de uns 250 anos.
- Os países em vias de desenvolvimento ou do Terceiro Mundo, em mudança, iniciaram a transição demográfica mais tarde e repentinamente. Atualmente, a maioria deles -sobretudo os países africanos- se encontram no estádio 2 do processo: mantêm a natalidade muito alta mas, em general, estão reduzindo consideravelmente a mortalidade. Outros países, especialmente em América Latina, em Ásia e também algum de África, já se encontram na fase 3 do processo porque reduziram muitíssimo a mortalidade e, ao mesmo tempo, estão diminuindo paulatinamente a natalidade.
- Os demógrafos consideram que o atual ritmo de crescimento da população mundial tem data de caducidade, dado que os países em via de desenvolvimento, tarde ou temporão, completarão a transição demográfica e acabarão desfrutando de umas taxas de natalidade e mortalidade semelhantes as que têm os países desenvolvidos. Por esta razão, os demógrafos consideram que a catástrofe malthusiana prognosticada por Thomas Malthus ao princípio do século XIX não acabará produzindo-se.
- A moderação no crescimento da população mundial dependerá da velocidade com que os países em vias de desenvolvimento sejam capazes de completar a transição demográfica. Segundo cálculos da ONU, se os países pobres aceleram o ritmo, no ano 2050 terão no planeta uns 7,5 bilhões de habitantes. Se, por contra, o processo se modera a população mundial se poderia situar aquele ano em cerca dos 11 bilhões de habitantes.