Doação de Constantino
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A Doação de Constantino (Constitutum Donatio Constantini ou Constitutum domini Constantini imperatoris, em latim) é um documento forjado, apresentado como um édito imperial romano. Preparado provavelmente entre 750 e 850 d. C., o documento registra um ato pelo qual o Imperador Constantino I teria doado ao Papa Silvestre e seus sucessores a primazia sobre a Igreja do Oriente e o imperium (poder imperial) sobre o Império Romano do Ocidente.
O propósito da falsidade documental foi, seguramente, a defesa dos interesses papais, possivelmente contra as reivindicações do Império Bizantino ou do Rei franco Carlos Magno, quem havia assumido a antiga dignidade imperial no Ocidente e com esta o título de "Imperador dos Romanos". A Doação foi utilizado pelo Papado durante a Idade Média para ampliar o seu território na Itália e fortalecer o poder secular do pontífice. Apesar de geralmente aceito naquele período histórico, o Imperador Otão III denunciou o documento como uma falsificação. O poeta Dante Alighieri menciona-o na Divina Comédia como sendo a raiz da mundanidade papal.
Em meados do século XV, a Igreja se deu conta de que o documento não poderia ser legítimo. Ao analisar a sua linguagem em 1440, o humanista italiano Lorenzo Valla provou que a Doação era falsa, demonstrando que, embora algumas fórmulas da época imperial fossem empregadas no texto, parte do latim utilizado não poderia ter sido escrito no século IV. Adicionalmente, a data mencionada na Doação é incoerente, pois se refere tanto ao IV consulado de Constantino (315) quanto ao consulado de Galicano (317). Estudos mais recentes demonstraram que outros elementos, como a alegada cura da lepra de Constantino por Silvestre, mencionada no texto, são lendas posteriores.